Eden estava com as outras garotas de Amphipolis com uma expressão furiosa, ouvia Lorcan discutir o preço das garotas como se fossem animais.

Não demorou muito e um homem alto e feio aproximou-se dela, apertando seu rosto com força para que mostrasse os dentes.

— Me largue! — Disse empurrando a mão dele com a força que tinha.

Lorcan se aproximou da discussão e esbofeteou o rosto da garota.

— Tenha mais respeito com seus senhores menina, ou não irá durar muito – cuspiu ele.

 — Essa atitude pode diminuir seu preço, é ela que eu quero – Pechinchou o homem horrível olhando-a com profundo desprezo, mais uma mercadoria adquirida.

As outras meninas olhavam assustadas, Cherryl abraçava a amiga enquanto o mercador tentava separá-las com chutes, ele terminou conseguindo o que queria.

A seguir, Eden foi amarrada e levada para um lugar além das colinas , lá passou uma noite muito fria em um lugar repleto de outros escravos.

— Pobre menina – lastimou uma escrava antiga – Que triste fim para uma criança tão jovem.

A escrava alimentou a menina faminta e lhe explicou como tudo funcionava ali.

— Fique longe da vista de qualquer um deles, qualquer um que não seja escravo, não precisam de motivos para castigar alguém, tente fazer o que deve e aparecer sempre menos do que o dia anterior.

A garota concordou com a cabeça, mas não sabia como iria sumir, tentava unir-se a massa de escravos, escondendo-se no meio, mas quando ia fazer alguma tarefa com as outras garotas, sabia que se destacava, era a mais alta e os homens a olhavam com desejo, sentia-se envergonhada, ela sabia que tinha olhos bonitos, mas eles não a olhavam nos olhos; mantinha-se o mais longe que podia deles.

Mesmo cercada de tantos escravos e com trabalho o dia todo, ela se sentia sozinha demais, conversava com um animal vagabundo que vinha até ela acariciar suas pernas em busca de comida, um gato muito branco, com olhos azuis como os dela, quando ele estava agitado a pupila se tornava escura como a noite e quando estava tranquilo era clara como um dia de céu azul.

No dia seguinte não demorou muito para que a notassem, um dos guardas solicitou-, mandando um menino chamá-la, porém ela se escondeu o dia todo, as outras garotas já a haviam alertado de sua fama, Eden passou o dia inteiro entre as árvores escondida, esperando que o crepúsculo a ocultasse, portanto, ao pôr-do-sol ela se dirigiu para o local em que todos os escravos dormiam; percebeu que já estava fechado, um guarda estava na porta, mas não avistou nenhum no grande portão de saída; sorrindo com sua sorte, a jovem garota correu até ele e pôs-se a escalar, pronta para fugir, mas o inesperado aconteceu, os guardas estavam do lado de fora e a garota havia saltado direto para eles.

Com o coração acelerado Eden tentou lutar, chutando, empurrando e até mordendo dois dos guardas para se ver livre deles; Quando finalmente foi capturada, amarraram-na em uma espécie de tronco e o dono das terras pôs-se a chicoteá-la.

— Eu deveria saber que me daria trabalho sua pequena vadia, mas irei domesticá-la — dizia ele entre as pausas para recuperar a força e chicoteá-la novamente — Diga, irá fugir novamente? Fale sua desgraçada! Ficará aí até que eu decida soltá-la.

Após dizer essas palavras o maldoso se retirou para seus aposentos deixando a garota amarrada ao relento e muito machucada, voltando apenas no dia seguinte para torturá-la novamente, abrindo os portões para que todos pudessem ver o quanto ele era soberano.

O único apelo era de um animal miando na escuridão e dos murmúrios dos escravos estarrecidos que fechavam os ouvidos a cada chicotada.