Eden e Gabrielle viajaram por muitos meses juntas e se tornaram boas amigas, um vínculo verdadeiro se formara entre elas a ponto de não imaginarem a vida uma sem a outra, certo dia, ao passarem próximo a Amphípolis Eden estava inquieta.

— Ainda não me contou para onde vamos.

— Você não deve conhecer muito da região, mas já estamos viajando a dois dias e em breve chegaremos.

— Apolônia?

— É, mas como você sabe?

— Não sei explicar ao certo, mas ouvi que essa cidade ficava a quase três dias de onde saímos.

— Tenho que deixar isto — A apontou para algo na mochila — Com um velho amigo.

Quando chegaram a cidade Gabrielle foi procurar seu amigo e deixou Eden livre para passear pelo mercado e templos, combinaram de se reencontrar no mesmo lugar antes de escurecer.

A garota estava encantada, a cidade era cercada de beleza e na praça havia homens discutindo política ou declamando poesias, conversando sobre filosofia. Andou distraidamente por toda a tarde, ao chegar a uma escadaria  no extremo da praça pôde ver ao longe uma velha construção, lembrava ruínas mas algo brilhava no topo, o sol reluzia de uma maneira bonita sobre aquele lugar, então decidiu ir até lá.

— Ei! Não entre aí! É amaldiçoado — Tentou avisar um garotinho, mas isso a assustou, fazendo-a correr para dentro do templo.

Quando pisou naquele lugar, teve uma visão: as sacerdotisas do templo correndo, e uma delas havia deixado cair o seu pergaminho, suas almas estavam presas já que não cumpriram a missão de destruí-lo, se ele caísse em mãos erradas o caos estaria feito, então suas almas estavam presas todo aquele tempo até que encontrassem alguém para ajudar.

— Eu farei — Disse heroica e pensando o quão orgulhosa Gabrielle ficaria quando soubesse que ela já estava ajudando o mundo.

 Então pôs-se a procurar por toda a tarde pelo caminho da visão que era a floresta, parecia uma espécie de atalho; logo a noite chegou e estava frio e escuro mas não podia voltar agora, estava tão perto.

Já era manhã quando uma luz forte invadiu seu rosto, ela nem mesmo lembrava-se de quando havia dormido, mas agora seus olhos curiosos varriam o chão espreitando qualquer tipo de anomalia, pulando por cima de um tronco caído, gritou com o que viu.

Era um esqueleto com uma expressão horrível, em seus ossos da mão havia um pergaminho envelhecido, porém parecia haver algo escrito; Assim que tocou nele as palavras do templo ecoaram de volta em sua cabeça: o pergaminho não pode cair em mãos erradas, ele guarda um grande poder a quem o obtém.

Ignorando qualquer ambição por grandes poderes, ela caminhou por toda a floresta tropeçando muitas vezes, até chegar ao templo e colocar o pergaminho sobre uma antiga pira que estava apagada, ela pegou fogo e pela exaustão a menina dormiu ali mesmo no chão.

Gabrielle estava desesperada, Eden estava desaparecida desde o dia anterior e ela não sabia o que fazer, procurou pela praça e casa de moradores sem achar nada, será que alguém a sequestrou? Será que ela decidiu depois de tantos meses voltar a Amphípolis?

Não conseguia acreditar que ela faria isso por vontade própria, estavam tão unidas nos últimos meses, sempre lhe contava as histórias de Xena e seus olhos brilhavam de animação.

A loira olhava para o céu e em sua mente pedia desculpas a Xena e talvez agora a Cyrene por ter perdido quem havia prometido proteger.

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Quando Eden acordou a pira ainda pegava fogo, havia folhas em seu cabelo e sua roupa estava suja de terra.

As almas das sacerdotisas estavam a sua frente e o pergaminho pegava fogo assim como o templo, mas era um fogo diferente, não causava calor nem queimava a menina, mas fazia o templo brilhar como se fosse feito de ouro.

Podia ver claramente as inscrições no templo visíveis agora pelo fogo vivo, era um templo dedicado a família, isso trouxe uma dor no coração dela e lágrimas vieram aos seus olhos, quem era sua família agora? O que estava fazendo ali? Gabrielle devia estar preocupada!

Virou pronta para sair correndo, mas algo a impediu

— Espere! — Uma voz soou.

— Os deuses não existem mais, mas seu poder preso por promessas ainda está aqui e você libertou nossas almas, terá sua recompensa.

— E- eu não sei o que pedir — Respondeu nervosa e envergonhada.

— Realizaremos o desejo de seu coração, você terá a chance de ter sua família, pelo menos por um tempo, já que não podemos mudar o que está feito.

Ela não entendeu, e ficou encarando a luz que projetava na parede e o fogo cessou.

Eden teve uma visão de Xena dentro do templo, percebeu que já havia sonhado com ela, pelas histórias de Gabrielle via suas batalhas e antes ainda conversando em seus sonhos, talvez estivesse realmente lhe avisando, a linha entre os sonhos e o outro mundo é tênue.

— Eu quero vê-la, quero conviver com ela — Sussurrou de olhos fechados e com a mão sobre o coração.

— Não posso trazê-la de volta para sempre — Dizia a voz que ecoava pelo templo — ela terá até o inverno antes que volte a seu lugar, tempo para resolver todos os assuntos inacabados com você, também deve se perguntar se ela quer voltar.

O flash de luz verde apagou, apenas para refletir do outro lado da sala onde uma mulher estava deitada.