Mais um dia comum escrita por Jotagê


Capítulo 2
A cruel crise do papel


Notas iniciais do capítulo

SIM, EU MUDEI DE IDEIA! Aqui está mais um capítulo novinho, e sim, eu pretendo continuar escrevendo,

Foi muito legal ver o apoio de vocês e eu espero que gostem desse capítulo tanto quanto eu gostei de escrevê-lo.



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AAAAAAAAAAAAAAAAAAA ELE ME DEU O NÚMERO DELE, LAISA!!!

FICA CALMO TOMÁS, RESPIRA VIADO

O que eu faço? O que ele quer? Uma ficada? Ficar, pra mim, virou tão ZzzZzZz

Tu só ficou com 3 caras, não vai se achando a Gretchen do rolê não

Sei lá, seria legal se ele quisesse tomar um sorvete, assistir um filme...

...E depois te jogar na parede e te beijar loucamente.

Tá estragando a magia, sua devassa

Só to dizendo que vcs nem se falaram, tu só tentou tirar uma foto dele e foi fail... Não espera que nasça um romance da Disney disso

É, vc tá certa... Só vou ligar pra ele e ver no que dá, sem expectativas

E devassa meu cu, eu não me agarrei com o Lucas no banheiro pra tirar o BV

NÃO ME JULGA

E PARA DE FALAR DISSO

~~~~~~~~~~~~+~~~~~~~~~~~~

Mesmo após um dia cansativo de aula e muitas conversas no WhatsApp com a Laisa, que me deixou sozinho essa semana porque pegou dengue — maldito Aedes Aegypti! —, eu não conseguia parar de pensar no que aconteceu mais cedo. Ainda bem que o Aristóteles não reclamou muito, eu não estaria no clima pra isso.

A primeira coisa que eu fiz ao chegar da escola foi ir direto ao meu quarto e passar um bom tempo encarando o papelzinho que o desconhecido havia me entregado. Li, tentei encontrar algo nas entrelinhas, amassei e joguei no lixo, para depois pegar de volta e desamassar... Várias vezes. Sério, inúmeras vezes mesmo.

Por que ele iria querer manter contato com um estranho — em vários sentidos — que tenta tirar fotos dele e nem consegue fazer isso direito? Argh, Tomás, para de pensar demais e aproveita, liga pra ele! E para de discutir consigo mesmo nos seus pensamentos!

Com tantas coisas na cabeça, decidi relaxar. Joguei o papel no lixo uma última vez e me atirei na cama. Uma simples cama de solteiro, feita com uma madeira grossa e resistente de cor clara. Me estiquei por cima do colchão coberto com um lençol branco, e descansei minha cabeça no travesseiro rechonchudo.  Peguei, logo abaixo dos meus pés, meu edredom com estampa de galáxia e me cobri, mas o frio que eu sentia era mais na barriga que no corpo. Não que eu estivesse criando expectativas, procurei me agarrar ao que a Laisa disse, mais forte do que me agarrei com o Luc... Caham, mas o nervosismo é inevitável numa situação dessas, né? Né?

Resolvi respirar fundo e tomar uma atitude de vez...

Mas antes, um banho relaxante pra ajudar a pensar, né? 

~~~~~~~~~~~~+~~~~~~~~~~~~

Voltei do banho, ainda esfregando minha toalha do Ben 10 na cabeça para secar meus cabelos espetados, com uma bermuda de moletom azul, pois sou uma criatura civilizada que não anda sem roupa pela casa. Entrei no quarto assobiando feliz, decidido a buscar o papel pela lixeira mais uma vez para telefonar pro desconhecido do metrô e marcar pra tomar alguma coisa. Um sorvete, um refrigerante, um banho... O que eu tinha a perder?

Pelo que parece, a lixeira era o que eu tinha a perder, já que ela não estava em nenhuma parte do quarto. Depois de procurar umas cinco vezes por todo canto daquele cômodo, decidi chamar a pessoa mais apta a encontrar coisas naquela casa.

— Mãe! – dei um grito demorado até ouvir seus passos se aproximando do quarto, então perguntei antes que ela entrasse — A senhora sabe onde tá a lixeira? Eu procurei em todo lugar e não encontro...

— Aposto que não procurou direito, se eu procurar aqui e encontrar... — ela começou as ameaças típicas, enquanto adentrava o quarto com o seu longo cabelo preto preso em um coque, e franzindo seus olhos puxados, até ganhar uma expressão calma de repente — Ah, você tá procurando aquela lixeirinha azul do seu quarto?

— Isso.

— Com o lixo que eu pedi pra você levar pra fora já faz três dias?

— Hã... — minha barriga remexeu de nervosismo e eu hesitei por um instante, sentindo que nada de bom sairia dessa conversa — Aham...

— Eu levei pra fora. — ela respondeu, com a serenidade no olhar de quem havia destruído minhas chances e não sabia — Mas se você ficar fazendo corpo mole pra tirar o lixo de novo, vou cortar sua mesada!

— A senhora fez o quê? — berrei sem parar, em pânico, correndo de um lado para o outro do quarto sem saber o que fazer.  Minha mãe só ficou parada ao lado da porta, assistindo o meu surto enquanto revirava os olhos, como se quisesse fugir dali o mais rápido possível pra não ter que aturar uma crise besta de adolescente.

Como eu conseguir falar com o cara agora? E se eu nunca mais vê-lo na vida? E se ele só estava indo para o shopping naquele dia e a gente nunca mais vai se encontrar, mesmo que eu pegue o metrô no mesmo horário todos os dias?

— Calma, criatura de Deus! — mamãe disse, segurando os meus ombros e me chacoalhando para me ajudar a me recompor. Ela é boa em controlar um filho surtado e em deixa-lo enjoado com tanto chacoalho, isso eu devo admitir — Eu só vou cortar a mesada pela metade, não precisa gritar pelos cantos por isso!

— Silêncio, os dois! Eu estou assistindo novela! — a vovó gritou da sala, em coreano, para que a vizinhança inteira ouvisse e nós fizemos silêncio de imediato. Ela é a cabeça da casa, e uma cabeça bem esquentada, então o melhor a fazer é obedecer sem desafiar.

— Beijos, mamãe te ama! — minha mãe sussurrou com carinho, enquanto saía do meu quarto na ponta dos pés para não incomodar os ouvidos sensíveis da vovó. Aquela velha tem uma audição do cão, literalmente. Mamãe abriu a porta com cuidado para que não rangesse, e antes de sair, finalizou com uma cara cínica — Ainda vou cortar sua mesada pela metade esse mês, por causa dos berros, boa noite!

Mas que dia maravilhoso. Sem o número do cara, sem metade da mesada, sem moral com a minha vó... O que me restava a fazer era cair de cara no travesseiro e não levantar até que amanhecesse. Desliguei as luzes do quarto e me arrastei até a cama, desanimado. Peguei meu edredom e me encolhi debaixo dele, com o celular nas mãos.

Fiquei encarando a tela escura e tentei respirar fundo pra relaxar... Mas a única coisa que me ajudaria em um momento daqueles seria desabafar com a Laisa.

 

 Laisa, me socorre

Você criou expectativa e quebrou a cara?

To muito chateado... Não tive nem tempo pra isso, eu perdi o número

Mano, é só isso?

E daí se vc perdeu o número? Vocês nem interagiram, tu mal sabe o nome dele

Ele não é o único cara legal e bonito por aí, Tom

Aliás, ninguém sabe se ele é legal, por isso eu disse pra não criar expectativas

Você criou, e eu não te culpo, mas você não precisa de homem pra ser feliz

Ninguém precisa, eu to mais feliz depois que você me ajudou e eu terminei com o Vitor

Descansa, ok? Amanhã é um dia novo, talvez você encontre o cara no metrô

Mas se não encontrar, e daí? Ele não paga suas contas, tu não depende dele

E o Lucas ainda quer repetir, chega com ele no banheiro qualquer dia e papapum

sahushauhsuh tonta

Só você pra me animar nessas horas mesmo, obrigado

Estamos aqui pra isso, lembra sempre que eu te amo

Vai lá dormir, pegador s2 A gente se fala amanhã

 

Naquele momento, eu sabia que escolhi as amizades certas. A Laisa sempre esteve ao meu lado, me mandando a real e sendo a palhaça que é pra me animar e eu não poderia me sentir mais grato por tê-la comigo. Sem que eu notasse, todas as minhas preocupações foram embora enquanto eu conversava com ela, e minha cabeça relaxava com muito mais leveza no travesseiro.

Após nos despedirmos, desliguei a internet para que nada me distraísse, e aos poucos eu fui fechando os olhos. De repente, caí no sono, e foi uma das noites mais relaxantes e pacíficas que já tive, sem uma enxurrada de pensamentos na minha cabeça pra atrapalhar. Ao acordar, não conseguia desligar a confiança que surgiu em mim, nem o sorriso radiante que estampava meu rosto E acabou me ajudando bastante na hora de escovar os dentes.

Eu também te amo muitão, Laisa... Obrigado por estar na minha vida.


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Notas finais do capítulo

Se puderem deixar uma review ou comentário, ajuda bastante! Não esqueçam de acompanhar a história para não perderem as atualizações. Kisu ~