Sakura POV

Por mais estranho que os dois dias que se seguiram fossem, eu tentei fazer as coisas normalmente, embora com TenTen me perguntando como eu estava todo minuto as coisas não saiam como o planejado. As marcas – mesmo pequenas – ainda permaneciam em meu pescoço principalmente, mas por causa de meu cabelo ser longo era possível esconder um pouco os arroxeados.

Naqueles dias eu preferi não ir ao castelo, eu ainda me sentia desconfortável de pisar lá. TenTen ficou comigo na aldeia me fazendo companhia e ajudando nos trabalhos por lá e apesar dela querer aparentar estar bem, não era isso o que eu sentia vindo dela. O que será que aconteceu? Bem... perguntar não adiantaria, ela mentiria na certa. Jiraiya também estava aborrecido, me tratava como se eu tivesse voltado a ser aquela garotinha de rua que não sabia se cuidar. Que ódio! Eu sei que o que aconteceu comigo era se assustar a qualquer pessoa “inocente”, mas eu estava bem! Aquele conde – Graças aos Céus! - não havia concretizado aquele ato, então para quê ficarem desse jeito? Além do mais, cedo ou tarde nós duas teríamos que voltar ao trabalho com Ino e Tsunade, e de algum jeito eu teria que superar aquele medo de voltar lá, e nem TenTen, nem Jiraiya diriam o contrário, afinal eles sabiam que seria necessário.

--Está se sentindo bem, Sakura? - TenTen me perguntou pela enésima vez aquela manhã. E eu só estava enxugando o suor de minha testa, oras!

Eu me apoiei na foice e olhei para TenTen. Certo que minhas costas estavam me matando e que minhas mãos estavam ficando com calos e que minha febre estava ameaçando voltar, mas por Deus! Ela precisava exagerar tanto?

--Já disse que estou bem TenTen, não precisa se preocupar tanto – eu respondi sem perder a calma.

--Claro que eu me preocupo! Você ainda não esta bem e já esta trabalhando... - ela falava como se fosse uma mãe cuidando da filha.

--Como você é exagerada... - eu revirei os olhos e ela tentou falar novamente, mas eu fui mais rápida -. TenTen eu não estou machucada ou dolorida e nem mostro qualquer sinal de estar doente. Por que você não entende isso? Shizune me trata normal, e eu até entendo que Jiraiya fique tão preocupado, mas eu achei que você me conhecesse o suficiente para saber que eu já estou me sentindo bem.

Ela suspirou ante o meu semblante de chateação. Acho que eu consegui fazê-la entender e não contive um sorriso, que durou pouco por sinal. Ela havia me tirado a foice, mas me olhava com despreocupação, essa sim era a TenTen amiga que eu conhecia e não a TenTen mãe que estava me perseguindo nos últimos dois dias.

--Esta bem, se você diz que esta bem eu acredito – ela virou as costas -. Mas vamos fazer uma pausa, não é bom trabalhar debaixo desse sol e eu não quero Jiraiya a trás de nós dando sermões de que mexer com foices não é trabalho para mulheres – ela acrescentou com humor e saiu andando com uma foice em cada ombro e ia me deixar para trás se eu não apressasse o passo.

Uma preocupação a menos, eu não pude deixar de pensar.

Fomos até a o celeiro, lá era onde eram guardados também a maioria dos instrumentos de trabalho e não pudiamos simplesmente chegar carregando foices na casa de Tsunade, certo? No entanto parecia que TenTen havia empacado na entrada do celeiro, eu me choquei com ela, mas ela não se mexera e eu estava prestes a reclamar quando eu vi a provável razão de Tenten ter parado de andar. Neji?

Vi TenTen estremecer. Mas por que será que ela havia ficado desse jeito? Durante dois dias ela não largava de mim e nesse tempo em nenhuma vez eu a vi conversando com ele. Para falar a verdade eu realmente nunca tinha visto ambos conversarem. Então o que diabos estava acontecendo ali?!

Neji POV

Eu terminava de arrumar os frascos com leite e suprimentos, e os tecidos que Tsunade pedira, na carroça. Eu teria que amarrá-los direito, não queria que o leite derramasse e principalmente porque não estava com humor para levar sermão de Tsunade quando eu chegasse ao castelo e ela visse algo fora do lugar.

Balancei um pouco a carroça, nada se moveu além do normal, então fui selar um cavalo para enfim ir ao castelo. Eu teria que voltar cedo, Hanabi e Chyo também tinham outras coisas a fazer além de cuidar de Saji e não me custaria nada ajudar mais.

Mas maldita foi a hora que eu trouxe o cavalo para prendê-lo na carroça. Por que ela tinha que estar ali? Eu não tenho certeza se fora o fato de tê-la visto segurando duas foices ou... o fato de vê-la corada pelo sol, suando e com o cabelo desalinhado, mas por qualquer que fosse o motivo eu não conseguia me mover, eu fiquei a encarando, desconfortável e ela provavelmente deveria estar do mesmo jeito. Eu tinha que sair logo dali. Não sei se por sorte ou não, Sakura apareceu, fazendo eu desviar minha atenção e voltá-la para meus deveres.

--Como vai Neji? - Sakura me perguntou ao sair de trás de TenTen e andar até mim, explorando a carroça -.

--Vou bem – eu tentei ser simpático, mas o tom não saiu como planejado. Eu não estava acostumado a agir de outra forma que não fosse distante e indiferente -. E vejo que você também está. Que bom que já esta melhor.

--Obrigada – ela se esticou um pouco para ver o que havia na carroça -. Hmm... para onde vai levar esse carregamento?

--Para o castelo – eu fui direto e vi que Sakura se encolheu. Ela não podia ficar com medo para sempre e eu tinha certeza que ela sabia disso. Eu suspirei e fiquei mais perto dela, segurando em um de seus ombros -. Escute Sakura – ela me olhou -. Não pode ter medo de voltar para sempre. E pelo pouco que eu conheço de você, sei que é capaz de superar.

--Eu sei. Até pretendo voltar o mais rápido possível, mas ainda tenho medo... - a voz dela era baixa e ela apertava os dedos no vestido. De fato ela tinha razão de estar assustada, mas ela disse que logo voltaria lá, então isso já era um começo, ela só precisava de um pequeno empurrão.

--O medo passa com o tempo, mas para isso você precisa dar o primeiro passo – eu sorri e tive a ligeira impressão de tê-la visto corar -. Só peço que não tire conclusões precipitadas sobre...

--Sakura! Já guardei as foices – eu escutei TenTen chamar.

Era impressão ou ela simplesmente estava me ignorando ao não olhar para mim? Ora, essa garota...! Mas eu me faria presente. Segurei na rédea do cavalo e andei junto de Sakura para onde estava aquela morena orgulhosa, ela ficou vermelha. Irritação? Nervosismo?... Ciúmes...? Não sei, mas pelo visto aparentar estar mais perto de sua amiga podia ser um dos motivos que a levara a mudar de cor. Basicamente eu preferia crer nisso.

Apesar disso ela continuou agindo como se eu não estivesse ali, então por enquanto não adiantava insistir. Despedi-me de Sakura e quando passei ao lado de TenTen ela olhou para outro canto.

--Até mais – eu disse subindo na carroça e só podendo ver que os olhos dela estavam encobertos pela franja. Fui embora sem esperar nenhuma reação, do jeito que ela era provavelmente não faria nada do que eu queria ou imaginava que faria.

Sasuke POV

Aah! Fazia tempo que eu não tinha uma refeição tão agitada. Ino e Kiba não paravam de brigar, até pareciam irmãos e Guren tentava a todo custo parar aqueles dois – pelo visto ela esquecera a pistola no armário da cozinha dessa vez. Gaara não se atrevia a interromper, ele sabia que Ino odiava quando defendiam-na por se achar uma mulher capaz de fazer isso sozinha, eu até admirava esse lado dela. Tsunade estava ao meu lado na mesa e como sempre já estava se segurando para que sua paciência não estourasse e eu me segurando para não rir.

Depois do almoço me reuni com Gaara e ele me deixou a par das coisas que aconteciam na propriedade. No geral eu fiquei preocupado, afinal de contas Quem era o maldito que queria acabar minhas terras e tomar posse delas?! Por Deus, o que eu fiz durante esses anos? Me matando aos poucos enquanto não só Gaara, como Neji e todos os outros aldeões faziam o possível para cuidar do terreno. Mas isso não ficaria assim, agora que eu tinha acordado eu não descansaria até saber quem era esse ser que quase destruíra metade de minhas terras!

Agora sim eu teria fortes dores de cabeça e provavelmente minha reconciliação com aquela serviçal teria que ser posta para segundo plano.

--E não foi só isso, sabotaram o gado e mais da metade do trigo e alimentos foi queimado antes de serem retirados e guardados na reserva – Gaara terminava de falar e eu olhava para os campos pela janela -. Quem quer que esteja fazendo isso, faz sem deixar pistas o que nos deixa em maus lençóis Sasuke.

--Vamos com calma Gaara, não vamos ser precipitados – eu me virei e me apoiei na mesa da pequena sala que servia para reuniões -. Fale com quem for de nossa confiança, tanto nas cidades quanto nos povoados pertos daqui, vamos juntar cada boato sobre esses incidentes. Kiba e mais um pequeno grupo dos arredores ficam encarregados de rondar a propriedade. Enquanto isso vamos tentar recuperar o que foi perdido. Soube que minha mãe está vindo e ela tem muita influência sobre várias famílias, tenho certeza que ela pode nos ajudar com isso também.

--Só se ela não tiver outros planos para com essas famílias – Gaara comentou se recostando na cadeira a minha frente enquanto arrumava alguns papéis em um pequeno baú.

Eu suspirei pesadamente. Não havia como questioná-lo, minha mãe se preocupava tanto quanto qualquer um com as terras de meu pai, ela teve ter tido trabalho para mantê-las sozinha enquanto eu estava “doente” - se é que posso chamar assim -, mas coma temporada de verão chegando em menos de doze dias ela com certeza só iria querer saber de me arrumar um esposa. Como qualquer mãe ela queria ver o filho feliz e nada melhor que uma esposa para tal e para ajudá-lo com a organização dos problemas e a temporada de verão era definitivamente uma boa oportunidade para que ela reunisse o maior número possível de candidatas e suas famílias para me apresentar.

Só que eu não tinha tempo para isso eu precisava cuidar de outras coisas. Se ela quisesse abrir a temporada no castelo, que fosse! Mas eu não garantiria dar atenção àquelas damas, elas certamente ainda poriam os boatos sobre mim a frente de qualquer coisa e isso dificultaria um pouco o trabalho de uma mãe que queria bancar a casamenteira.

--É você esta certo – eu concordei com ele.

Passei a mão na cabeça e deu outro suspiro antes que Ino batesse na porta e dissesse que minha mãe havia acabado de chegar. Bem... só me restava ouvir o que ela tinha a dizer.

Desci as escadas em direção a sala onde as visitas costumavam ficar e de algum modo eu ficava apreensivo só de imaginar como ela estava.

Mikoto POV

Os ares do castelo haviam mudado um pouco embora ele continuasse um pouco escuro e abafado. Mas eu daria um jeito de ver esse lugar igualzinho a quando eu ainda morava nele com Fugaku. Que saudade daquela época, eu ainda podia fechar os olhos e lembrar das crianças correndo, dos vários serviçais amigos, dos passeios em família, era tudo tão real que eu quase podia chorar.

--Como esta a moça mais belas dessas terras? - eu o escutei. Sa-Sasuke... Meu filho. Ele estava encostado na porta aberta, com os braços cruzados e me dando aquele sorriso que o deixava tão bonito. Exatamente como ele sempre ficava desde mocinho.

Dessa vez as lágrimas foram inevitáveis. Eu levantei e corri até ele com os braços abertos, prontos para um abraço saudoso. Aah como eu sentia falta daquele abraço, mas... Sasuke estava tão magro, eu podia sentir-lhe os ossos e o cabelo estava grande de mais, ele parecia até o irmão, também estava meio pálido e eu ousava dizer que estava fraco também.

--Seu irresponsável! - eu dei-lhe um tapa no ombro, ele sentiu dor e massageou-se, sem dizer uma palavra – Eu sabia que não deveria ter ido embora sem te levar junto! Eu sabia que você acabaria assim – eu mostrei-lhe o quão frouxas estavam suas roupas -, mas se eu não fosse você iria ter constantes ataques de raiva por causa de minha insistência em te tirar daqui e iria se machucar mais do que já estava, mas... - um soluço me impediu de continuar e eu segurava o rosto de meu filho – mas antes eu ter ficado e insistido do que te ver assim agora... Oh! Seu tolo!

Ele acariciou minha cabeça como se eu fosse uma irmã mais nova. Que atrevido! Eu podia ser mais baixa que ele e os cabelos brancos podiam ainda ter começado a aparecer, mas eu não deixava de ser mais velha e mãe dele! Ainda assim eu achava o gesto fofo...

--Eu vou ficar bem, prometo - ele falou e disse para sentar-me na cadeira -. Tenho planos mãe, logo a senhora verá o seu filho como antes.

--Eu espero que sim – eu disse cruzando os braços, mas ainda soluçando -. Faz mal você ficar frágil desse jeito – eu vi que ele não gostou de ser chamado de frágil, ele nunca gostou na verdade, então eu logo acrescentei mudando de assunto: -. Sem falar que assim ficara mais difícil alguma moça se aproximar de você, querido.

Ele suspirou e sentou-se.

--Espero que você fique preparado Sasuke. Tomei a liberdade fazer o início da temporada aqui no castelo, será uma boa oportunidade para você conhecer as moças e de se fazer presente como antes.

--Como se alguma dessas senhoritas fosse se interessar por mim depois de todos os boatos que surgiram nesses anos.

Eu me inclinei para frente e toquei a cicatriz no rosto pálido, também passei os dedos pelo cabelo negro e senti que Sasuke tremeu. Eu esqueci que ele ainda era um pouco... “sensível” nessa região. Continuei olhando para ele até me lembrar de que alguns dos boatos não seriam de total maldade, afinal um pouco de mistério podia ser interessante para despertar o interesse dos convidados.

--Uma máscara talvez... - eu pensei alto.

--Como? - ele me perguntou sem entender.

--Sasuke, você sempre foi bom em despertar o interesse de qualquer uma, então por que não ser mais misterioso? Uma máscara põe um pouco de mistério e curiosidade em você, enquanto você age normalmente ganhando mais atenção.

--É? E que diferença isso irá fazer quando me virem por trás da máscara, mamãe? Eu não estou pronto para isso...

--Vai ficar meu querido. Claro que você não vai se mostrar para qualquer um que pedir e que achar que tem sua atenção por completo. Quando você achar aquela moça especial que te ame pelo que você é e não por sua posição e estado, você vai saber quando será a hora de se mostrar. Até lá você vai estar mais do que preparado – eu me levantei e segurei o rosto dele entre as mãos, fazendo com que ele me olhá-se e deu um sorriso orgulhoso -, afinal de contas você é um Uchiha.

Ele sorriu e gargalhou com vontade, este sim era meu filho. E eu fiquei surpresa de ver como ele não se aborreceu ou questionou de mais sobre o que eu havia dito sobre a temporada, ele nunca foi de gostar muito de multidões, por isso sempre preferiu o campo, fazia-o sentir-se mais tranquilo.

Ficamos a tarde conversando, tinhamos muito o que falar um com o outro, mas uma tarde apenas não seria o suficiente para falar de tudo o que acontecera em três anos.

Quando Sasuke precisou sair para resolver um assunto com os rapazes e Tsunade me fez companhia eu tive a certeza que havia esquecido de avisa uma coisa muito importante para Sasuke, o problema era que eu não conseguia me lembrar do que se tratava e tinha certeza que assim que ele descobrisse ele ficaria com raiva. No entanto eu estava tão alegre por ele que só conseguia pensar em organizar o castelo para o inicio do verão.

TenTen POV

Céus! Eu estava ficando louca, só podia ser isso! Do contrário que outra razão eu teria para ficar nervosa na presença de Neji? Se não fosse loucura só podia ser culpa, afinal eu sabia que havia sido muito mal educada e impulsiva com ele das vezes que chegamos a nos encontrar, mas especificamente dois dias antes eu havia extrapolado os limites e talvez por isso eu me sentisse tão mal.

Em meu impulso de raiva e anciosidade eu julguei o conde sem sequer conhecê-lo ou saber pelo que ele havia passado e acabei por ofender a ambos. Até Jiraiya ficou surpreso com meu comportamento, eu percebi isso, mas ele não disse nada.

Naquele início de tarde, Sakura disse que o mínimo que eu podia fazer era pedir desculpas pelo ocorrido o único problema era que eu era orgulhosa e teimosa de mais para fazer isso e ela sabia! E o pior de tudo era que eu me sentia intimidada perto dele, eu dificilmente ficava envergonhada, mas era só ele aparecer que eu mudava de morena clara para vermelha num piscar de olhos! Mas o que está acontecendo comigo afinal?!

Como se já não bastasse eu fiquei o resto da tarde pensando sobre isso enquanto trabalhava, Sakura bem que notou que eu estava meio avoada e ficava me chamando a atenção. Vez ou outra eu olhava para os lados para ter certeza que ele não estava por perto e... mas o que eu estava fazendo? Eu parecia uma ladra fugindo de um guarda! ... Espera, eu era um ladra, mas eu não tinha por que fugir ali.

Eu já estava ficando irritada com meu comportamento, tinha que acabar logo com aquilo e ver se me sentia melhor, mesmo que só um pouco. Quando terminei de ajudar a re-plantar o trigo eu fui falar com a irmã mais nova de Neji, Hanabi. Ela disse que ele estava no castelo e que provavelmente voltaria só de noite. Bem, faltavam poucas horas para o sol se pôr então pedi para que me chamasse assim que ele chegasse.

--Tudo bem eu aviso – ele respondeu sorrindo e logo saiu correndo para encontrar com os amigos perto do poço. Uma preocupação a menos, agora era só conseguir engolir o orgulho – coisa que seria difícil, mas eu ainda tinha algumas horas para me preparar.

Quando o céu começou a ficar alaranjado eu reparei que o sol se pondo a trás do castelo dava um belo contraste e de repente a morada não parecia tão sombria assim. Eu e Sakura ficamos conversando um pouco com as outras mulheres – bem extrovertidas, por sinal – até que Shizune nos chamou para a refeição. Tsunade já estava de volta e o jantar foi um pouco mais animado. Acho que Jiraiya servia de instrumento para que ela ficasse calma o dia inteiro no castelo, esses dois não podiam ficar minutos juntos e começavam a abrigar, era incrível.

Enquanto arrumávamos a casa após o jantar alguém bateu na porta avisando de um recado que Hanabi tinha deixado, eu já sabia do que se tratava eu me apressei a sair da casa, mas não sem antes lançar um olhar raivoso para Sakura que ria com a minha situação. Ela me paga..., eu não pude deixar de pensar no que fazer com ela, que tinha posto na minha cabeça que eu precisava pedir desculpas.

Andei até a casa de Neji com passos largos, era incrível como só esse mínimo esforço fazia meu coração bater mais rápido. Parei em frente a casa dele e hesitei, puxei o máximo de ar que meus pulmões permitiram e quando enfim eu iria bater à porta ela se abriu sozinha e uma Habani mais arrumada que o comum saiu saltitante agradecida de alguma coisa. Quando eu voltei meus rosto para a entrada da casa, lá estava ele, de pé me encarando indiferente.

--Deseja alguma coisa? - Sim! Sair daqui e me enterrar em algum lugar!

--Err... bem eu... e-eu – Maldição eu já estava tropeçando nas palavras, senti meu rosto esquentar.

Neji olhou rapidamente para dentro e depois novamente para mim. Ele deixou um espaço na porta para que eu entrasse.

--Entre – ele convidou -. Sei que não é apropriado, mas esta ficando frio e eu tenho responsabilidades aqui – ele não tardou a completar, pois só a voz dele pronunciando um “Entre” foi o suficiente para fazer minhas pernas tremerem.

Eu entrei e até me senti bem a vontade. A casa não era tão grande quanto a de Tsunade, mas era confortável. Neji me conduziu até a sala e me ofereceu alguma coisa para beber, eu já tinha sido mal educada demais com ele para recusar uma simples bebida, então aceitei. Ele disse para mim ficar a vontade enquanto pegava as bebidas então fui me sentar.

No entanto, enquanto eu me aproximava da cadeira eu reparei em algo pego da mesa. Era muito semelhante a um cesto, cercado com alguns pedaços retos de madeira e um barulhinho que parecia uma risadinha me chamou a atenção e eu me aproximei do cesto. Vi algo se mexendo dentro dele e olhei para o lado para ver se Neji estava voltando. Ao me esticar um pouco mais eu comprovei espantada que tavez Neji não fosse exatamente como aparentava: uma pessoa indiferente e séria, pois no cestinho eu vi um serzinho que me sorria sem dentes e que tinha um olhar tão cristalino quanto água. Um bebê..., que esticou os bracinhos para mim como que pedindo para que eu o segurasse e eu não resisti.

Esqueci completamente de Neji e nem pensei que ele poderia ficar nervoso, apenas peguei aquele pequeno no colo e andei um pouco com ele pelo recinto. Não sei ao certo quando comecei a cantarolar, mas vi aquele pequenino se aconchegar a mim. Eu estava formando um sorriso quando me assustei com a imagem de Neji com as sobrancelhas franzidas e provavelmente não gostando de eu estar segurando seu filho.