O Conde escrita por Manta do Deserto


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Gente eu tive que forçar um pouco para sair esse cap, então não tenho certeza se o POV do Sasuke ficou muito =/
Mas espero que gostem \õ



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TenTen POV

 

Egon está pronto. Corra para casa e diga para Shizune o que aconteceu, vá rápido e cuide de Sakura!

 

O que Tsunade disse não saiu de minha mente nem sequer por um minuto desde que sai do castelo em disparada para a aldeia. Ela disse que ficaria para ajustar as coisas com o conde e que nos encontraria mais tarde. E ali estava eu, apoiando Sakura em minha frente e forçando Egon a correr mais rápido.

A poeira da trilha levantou um pouco e a noite estava fria, nem parecia que estavamos quase entrando em temporada de verão. Sakura estremeceu de novo e agarrou a manga do meu braço, ela desmaiou no meio do caminho, eu já estava preocupada. Graças a Deus eu avistei o vilarejo com as lamparinas acessas das casas e Egon chegou rapidamente na casa de Tsunade. Chamei, não, gritei por Shizune e junto dela também veio Jiraiya.

Nosso velho me ajudou a tirar Sakura do cavalo e eu não sei de onde ele tirou forças para carregá-la escada acima e pôr deitada na cama. Eu contei o que aconteceu para Shizune, mas só o que eu havia visto quando entrei no quarto, mas a mulher subiu tão rápido comigo que parecia que não precisava que eu fala-se mais nada. Ela pediu para Jiraiya esperar na sala enquanto nós cuidavamos de Sakura.

Shizune observava o pescoço de Sakura de testa franzida, tocou-lhe a testa e o rosto e pediu para que eu ficasse com ela enquanto ia até a cozinha. Eu sentei-me na cama ao lado de minha amiga e quando parei para olhá-la melhor vi as marcas escuras que estavam no pescoço dela e a toquei com a ponta dos dedos para ver do outro lado, onde também tinha uma marca. O que diabos aquele aproveitador havia feito com ela?! Ele parecia mais um... um... Ah! Ele parecia qualquer coisas menos um conde!

Sakura estava meio vermelha e quente. Febre? Era bem provável, ela já estava com sintomas de gripe desde antes de termos saído da cidade. As doenças nela pareciam esperar até o último momento para realmente serem um problema, como estava acontecendo agora. Ela tremia muito. Ainda bem que Shizune não demorou, eu abri a porta e ela entrou com um balde de água morna e panos, seguida de Jiraiya que trazia numa bandeja chá de ervas. Antes de sair do quarto, ele olhou para Sakura como um pai fervendo de ódio por ver a filha naquele estado.

Shizune e eu tiramos o vestido de Sakura e molhamos dois panos longos, molhando-os. Precisavamos ao menos limpar Sakura, antes de vestir uma camisola e deitá-la de novo. Ela acabou acordando e estava mais quieta do que de costume, como se ela não estivesse realmente ali. Estava fraca, como sempre ficava ao estar doente e depois do que tinha acontecido eu não me admirava dela estava assim. Eu lhe ofereci apoio para que Shizune a fizesse beber o chá.

--Pegue, beba. Vai te acalmar e aliviar as dores e a febre – Sakura pegou a simples xícara e bebeu do chá sem dizer muita coisa.

Ela disse para Sakura procurar dormir um pouco, o que ela fez logo. Pomos uma toalha menor e umedecida na testa dela para tentar baixar a febre mais rápido. E ficamos junto dela por mais um tempo.

--E quanto essas marcas no pescoço dela, Shizune? - perguntei preocupada, apesar das marcas serem pequenas ela parecia mais ter sido espancada por uma vara fina, como as freias costumavam fazer no orfanato para nos castigar.

--Não se preocupe, vão sumir, mas pode demorar um pouco – ela tentou me acalmar.

--Sei disso. Quero saber o que ele fez com ela para aparecerem essas marcas – disse me sentando na beira da cama, olhando para Sakura e depois para Shizune. Por qual motivo ela estava corada?

--Bem, TenTen... - ela fez uma pausa. Pensando em como me explicar, provavelmente – Pode não parecer, mais são marcas de beijos.

Eu fiquei atônita. Beijos, ela disse? Toda minha vida eu sonhava com o meu primeiro e sentia inveja das outras moças ao falarem o quão bom era beijar um homem e agora eu vinha saber que elas eram mesmo umas loucas por gostarem de sofre com beijos! Pobre Sakura ela não merecia isso...

Acho que Shizune reparou no meu semblante e tentou melhorar o que havia dito:

--Escute. Sei que no momento pode parecer meio violento, mas acredite quando digo que...

--Acreditar no quê, Shizune? - eu levantei-me da cama -. Sakura não merecia isso e eu não vou culpá-la se não quiser voltar! Agora eu até duvido se ter vindo para cá era mesmo melhor para nós duas... - eu fitei o chão e passei a mão na cabeça.

--TenTen... - Shizune se levantou e me abraçou maternalmente – Você deve estar cansada, vá se deitar – ela viu o olhar preocupado que eu lancei para Sakura -. Pode deixar, eu cuido dela. Descanse. Amanhã falamos.

Eu nemeei a cabeça e saí do quarto. A preocupação e o nervosismo para chegar até ali me deixaram incapaz de conseguir dormir, então decidi ir à ala da cozinha para beber alguma coisa, aproveitei também para deixar meus cabelos livres dos coques. Conforme me aproximava da escada eu escutava Jiraiya falando com alguém e desci os degraus devagar para escutar a conversa.

--Eu juro que mato aquele desgraçado por ter feito isso com minha menina! - escutei Jiraiya esbravejar e depois bater, provavelmente, na mesa de centro da sala. Eu andei devagar pelo corredor e me encostei na parede, ouvindo-o.

--Jiraiya, tente entender o estado dele também – Espera, eu conheço essa voz -. Você, tão bem quando qualquer um, sabe que Sasuke não é daquele jeito. Ele estava fora de si! - Como ele se atreve a defendê-lo?!

--Antes ele ter pensado em parar de beber como Mikoto disse! Por Deus, ele é um conde, Neji! E devia agir como tal, assim como todos os que foram para guerra como ele!

--Os outros não voltaram como ele voltou – Jiraiya, ficou em silêncio. Por que ele não falou nada dessa vez? -. Você o viu da última vez que veio aqui a três anos. Ele sofreu muito e...

--Sofreu? - eu não me pude aguentar. Tinha que falar alguma coisa – O que você sabe sobre sofrer? - eu andei até Neji e ele se levantou, a luz da lareira dava certo contraste quando ele me olhava, mesmo que sério e frio. Eu o encarei furiosa e praticamente cuspindo as palavras nele – Eu lhe garanto que, nem ele nem você sabem o sentido dessa palavra!

--Você não sabe o que fala, lady. Então é melhor ficar quieta. Você nem o conhece.

--Talvez conheça o suficiente para saber que ele não presta! Você não viu o estado da Sakura depois de tê-lo encontrado! Ela estava machucada e nervosa e você ainda vem me dizer que o seu conde sofreu?! - eu o olhei com mais raiva e meu olhos lagrimaram quando eu despejei as palavras seguintes – Eu vou lhe contar o que é sofrimento, Neji. É você ser a bastarda de alguma família, é você ser abandonada pela mãe! É morar num orfanato onde lhe batem todas as noites até você implorar para pararem! É ter que fugir sempre e viver nas ruas de uma cidade impiedosa... - minha voz falhou, eu já chorava, mas não parava de olhá-lo e pelo visto ele ficara até assustado com tudo o que eu falei – É ter a amiga desonrada e não poder fazer nada... - eu mordi meu lábio inferior, pela primeira vez desviando o olhar e voltando-o para Neji de novo -. Isso é sofrer verdadeiramente. E vocês não sabem o que é isso...

Quando eu terminei de falar o semblante dele tinha voltado a ser impassível e sério.

--Pode não parecer, mas ele nem sempre foi assim – escutei-o dizer, mas não o interrompi, não conseguia -. Sasuke perdeu, não só o irmão como também a identidade no campo de batalha, eu o entendo dessa forma – ele aproximou-se de mim e eu me afastei, olhando para o chão e ele sussurou de modo que só eu escutei: - Sinto muito por você, se fosse há alguns anos eu não deixaria você sofrer – ele levantou a mão, talvez fosse tocar-me, mas passou por mim e parou na porta da sala, olhando para Jiraiya uma última vez – Perdão pelo incomodo Jiraiya. Melhoras para Sakura.

Quando eu ouvi a porta da frente se fechando eu desabei em lágrimas e joguei-me no sofá. O que havia dado em mim para ter falado praticamente todo o meu passado para uma pessoa que eu conhecia a meros dias? Nem queria pensar nisso, eu só queria chorar para ver se me acalmava. Jiraiya afagou minha cabeça e meus ombros, me dando consolo e me encorajando. Nem lembro quanto tempo chorei no ombro dele, mas quando me acalmei e me retirei para dormir uma coisa ainda me incomodava.

O que ele quis dizer com não me deixaria sofrer?

 

 

 

 

 

Tsunade POV


 

Eu estava enlouquecida! Sasuke já me dera problemas suficientes desde que era criança e principalmente agora depois de adulto. Por Deus! Assim que eu desse um sermão nele eu queimaria todas as garrafas de bebida que ainda haviam no castelo!

Tinha acabado de mandar uma carta para Mikoto avisando o ocorrido e ela provavelmente viria antes do início da temporada de verão para cuidar do filho. Depois dessa noite, ele teria que se por no lugar e teria que, de algum jeito, concertar o que havia feito a Sakura. Deus queria que ela tão tenha problemas futuros por causa disso.

Todos já deviam estar dormindo, mas mesmo que meu pequeno patrão já estivesse deitado eu o acordaria nem que para isso tivesse que virar o colchão da cama. Abri aquela imensa porta sem maiores dificuldades e encontrei Sasuke sentado na beira da cama com o rosto entre as mãos. Ele respirava tão fundo que qualquer um poderia achar que ele havia dormido sentado, mas eu o conhecia muito bem e saiba que ele só estava nervoso. Aproximei-me um pouco mais calma e fiquei de frente para ele, que me olhou como se pedisse perdão e voltou a baixar a cabeça para fitar o chão. Diabos! Como eu poderia brigar com ele? Com alguém que eu mesma tratei de ajudar a criar.

--Sasuke... – eu iria começar a falar, mas ele foi mais rápido.

--Como ela está? – ele perguntou sem levantar a cabeça. A voz carregada de amargura.

--Deve estar bem. Shizune está cuidando dela.

--Hm... – ele olhou para a porta – Tsc! O que eu fiz Tsunade? Como pude ser tão impulsivo e egoísta?

--Você bebeu muito, como sempre veio fazendo desde que volto – eu disso num tom de censura -. Sempre sem querer escutar a nenhum de nós Sasuke – eu o toquei na cabeça e ele me olhou e eu lembrei da criança que me olhava do mesmo jeito – Você não pode voltar a trás no que fez, mas pode tentar se redimir. E pode voltar a ser o que era antes de ter partido.

--Como eu vou me redimir se ela deve estar morrendo de medo de mim? Como eu posso voltar a ser quem eu era se essas cicatri...

Eu lhe dei uma tapa na cabeça como há muito tempo era costume meu e ele me olhou com raiva, pronto a responder, mas eu o interrompi:

--Não são as cicatrizes que dizem quem você é Sasuke. É você mesmo quem deve dizer – como ele não falou anda eu continuei: - Você nunca ligou para o que as pessoas diziam de você, então para que ligar agora?

Ele apenas desviou o olhar de mim. Eu suspirei e levantei-o levando-o para frente do espelho quebrado, mas que ainda serviria. Levantei-lhe o queixo para que ele olhasse o próprio reflexo.

--As fofocas correm rápido Sasuke e as pessoas só fazem acrescentar detalhes nelas. Podem dizer de você o que quiser, mas eu ainda vejo aquele garotinho que defendia a todos sem sequer julgá-los pela aparência ou que quando botava alguma coisa na cabeça era difícil fazer com que mudasse de ideia. Também vejo o rapaz que não gostava de ser o centro das atenções e que gostava de um bom desafio. Me diga onde está aquele jovem Sasuke?

Eu fiquei olhando-o através do espelho, esperando uma resposta que ele parecia procurar nos estilhaços de vidro.

 

 

 

 

 

Sasuke POV


 

No fundo eu sabia que Tsunade estava certa, mas parecia que eu não queria escutar, parecia que eu queria continuar acreditando no que eu vinha ouvindo das pessoas que nem me conheciam quando na verdade eu deveria dar ouvidos ao que todos que ficaram no castelo tentavam me dizer.

Eu perdi a conta de quantas vezes Kiba me convidava para sair e caminhar alegando que fazia mal eu ficar o dia todo naquele quarto escuro, de quantas vezes Ino tentou me fazer rir com seus comentários indevidos e eu a ignorava e de quantas vezes eu certamente deixei Guren irritada ao jogar a comida dela fora. E ainda tinha minha mãe. Como eu a deixei sozinha por tanto tempo? Certamente eu ouviria boas reclamações dela, mas até que seria bom, afinal eu não a via a meses.

Me olhando melhor agora eu pecebia que meu corpo também havia mudado, eu estava magro por não comer direito e isso com certeza explicava minha fraqueza quando Kiba me puxou e me manteve imóvel horas a trás. No meu rosto a cicatriz que deveria ficar horrenda, a que trespassava meu rosto pelo nariz, agora era apenas uma sombra um pouco mais escura que o tom de minha pele e as pequenas no maxilar haviam ficado pouco salientes. Tsunade fez um bom serviço enquanto cuidava de mim. E meu cabelo havia crescido novamente, ele estava bem liso, mas eu poderia dar um jeito nele mais tarde. Ele ficaria como costumava ficar.

E eu voltaria a ser exatamente como antes, começando pelo meu físico eu tinha muito o que recuperar, voltaria a aparecer em público e cuidaria de minhas terras devidamente. Gaara não ia mais ter que se preocupar em cuidar disso, ele cuidava tão somente de números, me informando quanto eu gastara e quanto ainda podia usar, coisas desse tipo. E delimitar terras e entrar em acordos eram coisas que ele mesmo me dissera que não gostava de fazer. E depois disso, ainda me restava uma coisa muito importante para fazer e um relâmpago de minha memória fez eu me lembrar da jovem que eu quase tomara a força.

--Me diga onde esta aquele jovem Sasuke? - Tsunade me perguntou e depois de me olhar por mais alguns instantes, pensando no que fazer e no que dizer.

Eu dei o sorriso de canto que ela já conhecia, ele sempre indicava que eu tinha uma ideia e que não desistiria dela tão fácil e eu vi Tsunade sorrir também.

--Ele esta aqui Tsunade – eu respondi convicto -. Sempre esteve – eu a abracei como a uma mãe, de fato ela era e sempre fora minha segunda mãe -. E ele vai permanecer por aqui por um longo tempo – eu ri e usei o que me restava de força para ergue-la um pouco e girá-la.

Bom foi o tempo em que eu conseguia carregá-la sem fazer muito esforço. Dessa vez eu mal a levantei e pus no chão. Definitivamente eu precisava me exercitar e rápido ou eu não saberia dizer até quando conseguiria subir as escadas do castelo sem desmaiar.

--Cuidado rapaz, não se esforce tanto. Você ainda não tem aquele porte de antes – ela me repreendeu e colocou as mãos na cintura. Há, Tsunade e sua velha posse de madame...

--Mas pretendo voltar a tê-lo. Assim como pretendo recuperar meu lugar.

Ela ia falar alguma coisa, mas eu não deixei. Ela podia não admitir, mas já era uma senhora e precisava de descanso, assim como eu também naquele momento. Ela saiu reclamando como já era previsto, mas eu a convenci a ir para casa dormir e voltar amanhã e acho que até ela entendeu que já passara da idade de dormir de madrugada.

O início daquela noite fora turbulenta, e inicialmente eu só queria dormir, mas agora eu rezava para que o dia viesse logo e eu pusesse meus assuntos em dia.

Nada irá me atrapalhar dessa vez. Nada.


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Notas finais do capítulo

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