O Conde escrita por Manta do Deserto


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Depois de longas e tenebrosas 4 Estações eu finalmente voltei com um cap super atrasado de O Conde ! @.@
Espero que vocês possam me perdoar pelo susto, muita gente tava achando que eu tinha abandonado a história, mas eu já falei e repito, NUNCA vou abandonar essa fic tão adorada por mim. Posso até demorar um ano para postar de novo, mas abandonar nunca xD
Tenho muitas coisas a explicar ainda, mas posto elas por aqui depois, no momento estou com algumas coisas para terminar de resolver antes de almoçar @.@
BEM, CHEGA DE ESPERA. BOA LEITURA PARA VOCÊS MEUS QUERIDOS! *O*



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Mikoto POV

 

Já era tarde o suficiente para todos os convidados terem se retirado para seus quartos e só restarem os poucos empregados, também já se preparando para dormir. Se dependesse exclusivamente de mim também já estaria fazendo o mesmo, mas precisava encontrar Sasuke. Faz parecer que ele tomou um chá e sumiu por mágica!, de certa forma bem no meu intimo, mas bem lá no fundo, eu queria que isso realmente tivesse acontecido. Oh Céus! Por que eu não o avisei logo quando tive a chance? O que ele fará quando descobrir que o Duque está aqui?

 

E de repente me vi imaginando tiros e gritos graves de uma discussão. Até cheguei a me arrepiar, mas foi preciso me recompor e até consegui, por meros segundos, pois caso aqueles dois já tivessem se encontrado seria um caos! O Duque não gostava de receber ordens então era provável que ele mesmo tivesse ido a procura de meu filho e Sasuke não estava preparado para vê-lo, não fora avisado antes para pelo menos tentar manter a compostura; e era fato que aqueles dois não se entendiam desde que Sasuke voltara da guerra. Quando me lembrava disso até chegava a sentir uma pontada de culpa e dúvida, pois Sasuke e o tio não se entendiam desde... desde... Oh não, não é possível. É pura coincidência. Mas ainda assim algumas coisas deixam a dúvida, só que agora não era o momento de pensar nisso; tinha outras coisas para me preocupar agora.

 

Apressei o passo pelos corredores ao mesmo tempo em que estava escutando o salto do sapato tocar o chão e descobri que aquele sonzinho irritante já estava me deixando tão nervosa quanto meus pés doloridos. Agora o que eu mais queria era voltar para meu quarto; o dia havia sido agitado e no momento eu não estava com cabeça para ouvir meu filho esbravejando sobre o por quê de não tê-lo alertado antes. Sasuke podia meu herdeiro, mas quando estava irritado ele conseguia me intimidar um pouco. Deixaria para cuidar da crise dele amanhã pela manhã.

 

Estava tão concentrada em poder finalmente me deitar e descansar que não percebi um dos criados vindo correndo no corredor o que, lógico, ocasionou em um esbarrão e nós dois caindo no chão. Claro que eu tratava todos os serviçais como sendo da minha própria família, mas eu não tolerava descuidos tão bobos como correr no corredor arriscando esbarrar em alguém. E se não tivesse acontecido comigo, mas com um dos convidados? Dependendo do caso eu teria que aplicar um castigo que permitisse dissipar a fúria do nobre em questão e isso não me agradava em nada. Sabia muito bem o que os mais orgulhosos deles costumavam fazer tanto com mulheres quanto com os rapazes. Disciplinar agora com um bronca é o melhor a fazer.

 

Uma delicada mão apareceu em minha frente para me ajudar a levantar e só então prestei atenção em quem havia ido de encontro a mim; era a serviçal que tinha cantado mais cedo; Sakura se bem me lembro. Mas foi somente quando me levantei que reparei que ela tinha o rosto pintado em vermelho e segurava um pano, que devia ser do vestido, na testa entre as sobrancelhas finas estancando sangue. Mas o que foi isso?! A coitada estava tremendo e notava-se que havia chorado, mesmo que só um pouco e por sua palidez devia ter perdido uma quantidade de sangue considerável e ainda assim ela estava se mantendo firme e de pé, forçando um sorriso e me ajudando a levantar.

—-Sinto muito milady. Eu não estava prestando atenção por onde ia. Eu...

 

—-O que aconteceu com você meu bem? - interrompi o pedido de desculpas depois que me recuperei do choque de ver o estado dela.

 

Estava mais interessada em saber como ela havia se machucado e por que estava tão assustada. Cheguei perto o suficiente para tirar, delicadamente, a mão com o pano de perto da testa e senti que Sakura retesou-se com a pergunta e por eu ter tocado próximo ao ferimento; ele era pequeno, mas foi profundo. A garota devia estar com uma bela dor de cabeça.

 

—-Como você se machucou? - insisti.

 

—-Não foi nada milady – percebi que ela não iria continuar a falar, mas pelo visto o meu olhar sobre ela foi o suficiente para entender que eu queria explicações – Eu... escorreguei e me bati na porta. Não se preocupe.

 

Ela mentia muito mal, disso eu tinha certeza. A desculpa não funcionou e antes que eu pudesse fazer mais algumas perguntas Sakura já havia feito uma breve reverência e pôs-se a correr novamente. Eu já começava a ter uma nova preocupação: descobrir o que realmente tinha acontecido com ela.

 

Lembro um pouco de Tsunade me escrevendo avisando das duas novas serviçais e lá dizia que as duas moças, desde pequenas, já estavam acostumadas a lidar com problemas sozinhas, mas provavelmente lidar com soldados e guardas em um ambiente o qual você já está acostumada é bem mais simples do que se defender de um nobre em pessoa. E ambas deviam saber do que a maioria deles é capaz de fazer quando destratado.

 

Eu era amiga de infância de muitos dos presentes e, apesar de serem boas pessoas a maior parte era tão orgulhosa que quando sentiam-se ofendidos perdiam o controle e ofendiam aqueles que os insultara com o mínimo de detalhes possíveis, quando estavam em um bom dia até podiam ser mais gentis. Mas se algum deles quer disciplinar a força, então que seja um dos empregados de suas próprias casas, não na minha!

 

Continuei o caminho pensando no que realmente havia acontecido e em quem provavelmente havia machucado a garota. Será que foi...? Não ele não teria coragem... Já se tornava difícil encontrar um culpado, mas se fosse realmente um homem, em se tratando de Sakura, tenho certeza que eles não iriam usar de força; certamente seriam perfeitos cavalheiros e conseguiriam o que queriam com o tempo mais curto que lhes era permitido. É raro um deles se casar por amor, o que faz com que muitas vezes sejam mais gentis com as empregadas que com as próprias esposas.

 

Esposas... mas claro! Não só as esposas como também podem ser uma das filhas! Céus isso iria dar trabalho, mas talvez bastasse ver quem era a mais mimada e tola, essas se chateavam e reclamava por qualquer tolice e eu tinha certeza que Sakura havia sido agredida por puro capricho. Uma rápida lista mental me deu logo uma possível culpada. Sim, certamente ela já esta no topo da lista. Levei as mãos a massagear minha têmporas. Isso iria prolongar a minha lista de afazeres amanhã, mas pelo menos posso descansar por hoje.

 

Ou pelo menos era isso que eu pensava.

 

—-CHEGA DISSO! QUERO VOCÊ FORA DAQUI! JÁ!

 

Com tudo aquilo que preenchia minha mente a única coisa que eu havia esquecido era que, para chegar ao meu quarto, eu precisaria passar pela sala particular de meu antigo marido, Fugaku. Era lá que ele costumava resolver os problemas e era lá que Sasuke estava, enfurecido, socando sabe-se lá o quê.

 

—-NÃO SEM ANTES CONVERSARMOS CIVILIZADAMENTE! ACALME-SE! - respondeu uma voz um pouco mais grave que a de meu filho e que eu conhecia bem.

 

Escutei o som de algum dos objetos indo ao chão e em seguida um baque surdo. Mesmo não querendo eu tinha que entrar antes que os dois quebrassem a sala inteira e graças a Deus eu entrei. Sasuke já estava apontando a espada do pai na direção do homem alto com cabelos longos cor de ébano que apesar do perigo continuava com a elegante bengala negra e vermelha diante do corpo sem demonstrar medo de ser atingido. Madara... era com o encontro desses dois que eu devia ter me preocupado mais.

 

—-Sasuke! Abaixe isso. Já chega – aproximei-me devagar e ele me olhou furioso.

 

—-E POR QUE A SENHORA NÃO ME AVISOU QUE ELE ESTAVA AQUI?! EU VALHO TÃO POUCO QUE NÃO MEREÇO SABER O QUE ACONTECE NO MEU CASTELO?!

 

—-Não grite com ela Sasuke! Ela é sua mãe! - Madara tentou intervir e Sasuke já ia atacá-lo. Eu o puxei pelo braço o mais forte que consegui.

 

—-Sasuke!

 

—-E A SENHORA CALE A BOCA!

 

E aquilo era o que restava para que meus nervos estourassem. Já não bastava eu estar com dor nos pés e na cabeça com tantos problemas, ainda tinha que escutar meu filho falando assim comigo? Nunca! Eu era a maior autoridade ali simplesmente por ter trazido ele ao mundo. Dei-lhe um forte tapa no rosto e nunca achei que fosse dizer isso, mas a marca vermelha e o olhar assustado de Sasuke me deixaram orgulhosa. Ele nunca esperou que eu o repreendesse assim:

 

—-OLHA COMO FALA COMIGO GAROTO! EU TE PUS NESSE MUNDO, EU TAMBÉM POSSO TIRAR!

 

Até o presente momento Sasuke só havia sentido a ira do pai enquanto que a mim ficava o cargo de ser protetora e intervir quando achava que o castigo era muito pesado. Demorou uns segundos até ele se recuperar do choque de me ver gritando, mas tão logo ele se acalmou e aceitou a situação e não falou mais nada a mim ou a Madara. Ele estava esperando a minha última palavra. Respirei fundo, tirando a espada do pai da mão dele que ainda a segurava com um pouco de força.

 

—-É melhor você descansar por hoje Sasuke. Durma e amanhã quando sentir-se a vontade pode resolver qualquer que tenha sido o problema de agora, está bem? - tentei ser mais gentil. Ele deu um bom suspiro, estava cansado também.

 

—-Como a senhora quiser – ele pegou uma de minhas mãos e beijou-lhe a palma – Me desculpe – ele disse como se fosse um rapazinho arrependido. Sim, tinha vezes que ele sabia como ser fofo. Me tranquilizei um pouco.

 

Sasuke saiu sem se quer olhar Madara o que eu até achei melhor do que força-lo a ser educado e acabar despertando a raiva dele de novo. Depois de outro suspiro, educadamente me desculpei com meu cunhado e desejei-lhe uma boa noite. Já estava perto de sair da sala quando ele me chamou, parei próxima a soleira da porta, mas não o olhei diretamente, apenas virei o rosto minimamente, só para ouvi-lo falar com voz suave:

 

—-Estava com saudades.

 

Saí da sala tentando não demonstrar incomodo, mas depois daquilo eu sabia, tinha certeza que a noite ia realmente ser muito longa.

 

 

 

TenTen POV

 

Eu não sabia se ficava feliz pelo fato de ter acabado os trabalhos ou se me sentia um tanto irritada por ter poucas horas de sono até o amanhecer, sendo que os serviçais tinham que acordar uma hora antes do sol nascer. Isso por que era preciso tomarmos o dejejum antes daqueles nobres. Acho que não vou aguentar isso por mais muito tempo. Sinceramente eu nunca achei que fosse admitir, mas queria, quase que desesperadamente, ficar sob os cuidados de Jiraiya como quando eu ainda era pequena.

 

Naquela época eu e Sakura não passávamos de meninas de rua sem qualquer parentesco com aquele velho vendedor de bugigangas e ainda assim, sem ter condições de cuidar de duas garotas problemáticas, Jiraiya nos acolheu; antes que cedo ou tarde entrássemos para uma vida promíscua como acontecia com a maioria das meninas que moravam a merce das ruas. Nesses tempos arrumar confusão, principalmente com os guardas, era um vício, eu e Sakura eramos um dupla indomável, livre, aquele amontoado de casas, ruas e pessoas era o nosso mundo e nós o conhecíamos como a palma de nossas mãos.

 

E olha para nós duas agora! Servindo de empregadas par auso pessoal daquelas pessoas mesquinhas! O que diabos eu estou fazendo aqui? Amo Jiraiya como a um pai, mas viemos par ao campo para cuidar da saúde dele; o Velho já estava em boas mãos, Tsunade e Shizune cuidariam bem dele. Decidi, arrumaria minhas coisas e pegaria o pouco dinheiro que consegui economizar, falaria com Sakura e Jiraiya e iria embora para nunca mais ter que obedecer quieta, sem reclamações, as ordens de ninguém. Eu seria minha própria chefe. Não fui feita para ajudar a dar banho e vestir uma pessoa crescida o suficiente para fazer isso sozinha.

 

Nobres só dão trabalho! Desde que chegamos aqui só temos tido problemas. Primeiro aquele incidente com Sakura, depois aquela ruiva que me provocou no corredor e ainda houve um incidente com rapazes – um dos quais estava bêbado – que ficou me assediando e dou graças por ele não ter encostado em mim porque senão ele ia sentir o que é uma mulher braba. Quem sabe o que poderia ver depois até que todos eles fossem embora?

 

Não sei Sakura, ela é mais apegada em Jiraiya do que eu, mas irei embora na primeira oportunidade. Pronto, estava decidido. Abri um sorriso satisfeito e pus-me a andar novamente para o quarto que dividia com Sakura e uma outra garota, a única coisa que eu queria naquele momento era uma cama e as poucas horas de sono que ainda me restavam. Minhas costas começaram a doer um pouco e me estiquei, faltava pouco para me jogar na cama. Talvez a única coisa que me prenda aqui seja essa cama quentinha e macia. Eu tinha que confessas os criados aqui eram bem tratados e se não fosse o excesso de convidados eu poderia até me acostumar. Na casa de Jiraiya dormíamos em redes, cobertos por lençóis um tanto finos, o que era até gostoso em tardes de verão, mas ainda assim quando a noite caía fazia muito frio.

 

Foi de repente que o silêncio daquela ala do castelo foi quebrado pelo som de passos e no cruzamento entre os corredores mais a frente Neji passou e, não sei se por sorte ou por azar, não me viu. Meu coração, como todas as outras vezes, disparou de tal forma que corei e quase não consegui sair do lugar ao lembrar de tudo o que havia acontecido envolvendo nós dois nos últimos dias. Definitivamente a cama não era a única coisa que me prendia alí.

 

Havia Hanabi e Saji que se apegaram a mim e eu a eles mesmo tendo nos conhecido a tão pouco tempo, ambos carentes de atenção e de uma presença feminina mais adulta na casa que os ajudasse a lidar com os problemas. Quando conheci Hanabi ela parecia cansada, talvez por passar mais tempo ajudando Neji do que aproveitando a juventude fora de casa; quando passei a visitá-los ela voltou a ter um ar juvenil que qualquer moça tem na idade dela e eu sentia tal afeição por Saji que ele parecia um filho. Havia Neji... Neji que despertou sentimentos tão rápido quanto qualquer dos outros rapazes que já tinham tentado se aproximar de mim.

 

Isso me lembrou que ainda tínhamos assuntos pendentes a resolver. Ele devia ter entendido errado algum gesto ou fala que veio de mim. E estava feito: descobri quase que de repente que o amava e repentinamente os planos de sair do castelo sumiram e deram lugar ao impulso de segui-lo e esclarecer as coisas.

 

Rápida e na surdina, como qualquer boa ladra, fui na direção de Neji. De minha parte nem o som da respiração era ouvido, então não tinha como ele saber que estava sendo seguido, além do que eu estava vários passos a trás dele. Reconheci logo mais o quarto de Ino e, se me recordo bem ela tinha passado mal e estava no quarto desde então. Talvez ele só tenha vindo fazer uma visita... mas a essa hora da noite? Quando me dei conta fui tomada por uma vontade imensa de me aproximar do quarto e escutar o que estava acontecendo lá dentro.

 

—-Você deve estar precisando de muita ajuda par ater vindo me procurar a essa hora – escutei Ino dizer em um tom provocativo. Aquilo. Aquilo me irritou, Ino parecia ser uma boa pessoa a primeira vista. Mas o modo como Neji respondeu me deixou triste.

 

—-Fiquei o dia todo sem ver você. Não resisti – ele respondeu no mesmo tom. Ouvi risinhos logo depois e me afastei da porta.

 

Ele estava de caso com Ino?! Não podia estar acontecendo. Não agora, eu só podia ter ouvido errado. Ele não seria capaz de me beijar logo depois de ter dito para eu não me preocupar quanto a ruiva e em seguida correr para os braços de Ino. Seria? Eu detestava aquele sentimento de dúvida e infelizmente só havia um jeito de tirá-lo de mim. Voltei meus ouvidos e atenção novamente para o quarto.

 

Não devia estar acontecendo nada mais íntimo, o que me aliviou pelo menos momentaneamente, eles pareciam estar só conversando o que me fez voltar a imaginar que era só um visita entre amigos, mas se era assim então por que usar aquele tom provocativo de antes? Céus, estavam falando tão baixo que eu mal conseguia escutar.

 

Eu nunca fui de ser curiosa como Sakura, mas por mais que eu tentasse eu não conseguia sair dali e no momento seguinte eu me amaldiçoei por ter ficado.

 

—-O bebê precisa de uma mãe Ino. Não posso continuar sozinho nisso.

 

—-Neji acho que mal vou conseguir cuidar de um. Mas acho que posso ajudar enquanto você resolve as coisas.

 

—-Você já contou ao Gaara?

 

—-Não. Hoje ainda não encontrei com ele, mas assim que for possível eu lhe contarei. Não tem que se preocupar o susto já passou e não tenho mais nada a esconder.

 

—-Fico feliz com a notícia. É o melhor para todos.

 

Entrei um choque e senti as lágrimas subindo para meus olhos. Como Neji pode ser tão baixo? Ino está esperando um filho dele e ele me surge despertando sentimentos que nenhum outro foi capaz só para estraçalhar e passar por cima de meus sentimentos com uma notícia dessas. Mas então seria Saji o filho de Neji e Ino que eles estão escondendo de Gaara? Oh, ele também vai ficar decepcionado quando souber...

 

Meu corpo repentinamente amoleceu e eu perdi as forças, as lágrimas ameaçando correr pelo meu rosto a qualquer momento sem permissão. Foi então que tratei de me recompor, afinal de contas aos quatro anos eu aprendi que não deveria sofrer por amores por ninguém, aprendi isso com a única pessoa que achava que não iria me abandonar, mas que precisou me deixar: Mamãe.

 

Não seria eu a sofrer pelo que aconteceu. Engolir o choro e logo voltei pelo mesmo caminho que havia feito até ali. Neji não existia mais e os planos de ir embora foram refeitos.

 

Não chore por nada. Nem por ninguém”, foi a última frase de mamãe.

 

 

Sakura POV

 

Mas o que tinha sido aquela maldita reação?! Aquela louca estava com ciumes sem nenhuma justificativa, porque pelo que eu me lembre a única coisa que fiz quando estava junto ao conde Uchiha foi conversar para nos entendermos e nada mais aconteceu! Sem falar que eu tenho certeza que estávamos sozinhos mas cedo no jardim. Ou seja eu não tinha nada com ele que merecesse qualquer tipo de desconfiança por parte das outras pessoas. Sim, ele quase me beijou, mas foi quase, ou seja, aquela ruiva continua sem ter motivos para ter me batido!

 

Só que o que mais estava incomodando era a maldita falta de reação que tive. Não consegui responder a altura, nem de defender, apenas fiquei como um rato a mercê de uma cobra, tremendo – apesar de ser mais pela raiva do que pelo choque das ações daquela “lady” – e sem ter para onde correr. Talvez parte do susto e da tremedeira fosse porque durante todos esses anos eu nunca havia enfrentado realmente um nobre furioso, afinal eu era só uma olheira que cuidava para que TenTen não fosse pega durante os furtos. Lidar com os guardas era mais fácil.

 

Eu queria muito ter revidado aquele tapa e quando ela começou a me insultar me chamando de Ratinha eu tive vontade de chamá-la de coisas bem piores, mas infelizmente tive que ficar só na vontade, pois apesar da tremedeira de raiva eu sabia que se revidasse tudo aquilo seria pior para mim. Naquele castelo eu não passava de uma das criadas e caso fizesse algo contra a tal Karin – sim, eu a chamaria pelo nome, não pelo título ou pelo sobrenome para mostrar respeito, ela não merecia - eu sofreria um castigo de acordo com a fúria dela, mesmo que o conde já tivesse dito que tratava os criados como sendo de sua própria família.

 

Saí daquele aposento mais por medo de reagir do que por medo dela, que era provavelmente o que ela devia estar pensando de mim. Não quero nem imaginar o que ela teria feito à Ino para que desmaiasse no meio do serviço. Só sei que a coisa que eu mais queria quando saí daquele quarto era ir direto para o meu cuidar do machucado e descansar a cabeça, sem parar para atender a necessidade de mais ninguém. Não sei de feliz ou infelizmente acabei trombando com milady Mikoto e fomos ao chão, o que só fez com que minha ferida só doesse mais, por sorte eu já estava segurando um pedaço de meu vestido contra o sangramento. Tenho certeza que se fosse com outro nobre eu certamente teria apanhado outra vez, sem piedade por já estar machucada.

 

O meu maior impulso quando milady perguntou o que havia acontecido era de ter dito tudo, detalhe por detalhe, fala por fala, depois pensei que só seria pior, pois do mesmo jeito que poderia manter Karin longe de mim por medo de enfrentar os donos do castelo, também poderia fazer ela me infernizar por raiva, o que eu achava mais provável; ela não me pareceu alguém que se intimidava fácil, ao contrário, parecia que se irritada com o menor dos detalhes, talvez até se irritasse por se sentir intimidada, era bem complicado. Inventei uma desculpa tola que tenho certeza que milady não aceitou e saí de lá antes que fizesse mais perguntas.

 

Enfim, aqui estou eu em meu quarto tentando inutilmente fazer um curativo naquele corte perto da sobrancelha com um pedaço de vidro para servi de espelho, mas que mais estava atrapalhando do que ajudando. O sangue já havia estancado, graças aos Céus, e minha cor começava a voltar ao normal, embora a dor de cabeça continuasse forte. Eu já havia limpado o corte e amarrado um tira de pano na testa para evitar que ficasse exposto; não tinha condições de fazer um curativo descente por falta de material. Amanhã peço a Tsunade para me ajudar com isso, só o pensamento já me fazia imaginar ele me embebedando para que não sentisse a agulha e o fio atravessando minha pele afim de fechar a ferida.

 

Eu sabia que já não era hora de ficar pensando nisso, parecia que minha cabeça ia estourar a qualquer minuto, mas apesar disso eu só conseguia pensar que ficaria com uma bela cicatriz. Espero que isso faça com que aquela ruiva tola me deixe em paz. Minha cabeça doeu mais forte e eu deitei na cama, olhando para o teto, ainda tinha algumas poucas horas de sono que eu não estava conseguindo aproveitar e além do mais eu não tinha notícias de TenTen desde hoje de manhã e como dividíamos o mesmo quarto ela já devia ter voltado. Shion dividia o quarto conosco, mas ela desde muito cedo tinha outros planos para de noite então não precisava preocupar-me com ela. Já TenTen era diferente, perdia a paciência muito fácil e não queria saber se era com um nobre que estava discutindo.

 

Passaram-se segundos desde que deitei a cabeça naquele travesseiro macio e logo meus olhos começaram a pesar e pesar, até que devo ter pego no sono.

 

 

E viu-se num campo florido muito lindo, com o céu cheio de estrelas e apesar da escuridão conseguia distinguir tudo ao seu redor como se fosse dia. A brisa noturna lhe mexia nos cabelos longos e no vestido fino e ela não resistiu deitar-se na grama e aproveitar a sensação que o campo lhe dava.

 

—-Ajude ele – uma voz ao longe pediu e Sakura se sobressaltou, sentando-se e olhando ao redor sem ver ninguém – Ajude-o – a voz masculina pediu novamente.

 

—-Quem? - perguntou Sakura se levantando e por mais estranho que fosse não estava assustada, pelo contrário, queria saber o que poderia fazer – Quem devo ajudar?

 

Subiu uma colina esperando encontrar o dono daquela voz tão calma, mas ao invés disso viu uma cratera vermelha que aprisionava através de correntes negras um homem nu, com feridas pelo corpo e que fazia movimentos bruscos tentando se soltar. O homem gritou apavorado.

 

Sentiu então alguém atrás de si que respondeu:

 

—-Sasuke – era a mesma voz que pedia que ajudasse, mas dessa vez era ganhou forma. Sakura não conseguiu distinguir quem era, pois o grito de horror que se seguiu lhe tirou a atenção daquele estranho atrás de si, assustando-a.

 

 

Acordei sobressaltada, suando e com o coração pulsando freneticamente como se eu tivesse corrido por horas. Mal o que tinha sido aquele sonho? Ajudar Sasuke? O Conde? Aquilo tudo só podia ser fruto de um dia inteiro de agonia e nervosismo naqueles corredores, ajudá-lo em quê afinal de contas se em nada ele precisava de ajuda? Soltei um suspiro cansado, era melhor esquecer aquilo eu devia estar muito estressada pelo dia e devo ter acabado sonhando com coisas estranhas. O melhor seria ignorar.

 

Olhei o céu pela janela e suspirei novamente; notando assim que abaixei a cabeça que TenTen já estava na cama dela, de costas para mim, mas que sua respiração estava diferente, parecia que queria chorar e estava lutando contra isso. Aproximei-me e toquei-lhe o ombro, chamei por ela só para ver que ela estava chorando em silencio.

 

—-Tudo bem? O que aconteceu? - perguntei calmamente.

 

Ela me olhou tristonha, com olhos vermelhos fazendo um esforço para respirar entre os soluços. Com voz fraca ela me respondeu, sem disfarças a tristeza.

 

—-Amanhã... conversamos – ela forçou um sorriso fraco que logo desapareceu. TenTen fechou os olhos se esforçando para dormir.

 

O que fizeram para ela?! TenTen, pelo amor de Deus! Fiquei desolada vendo-a daquele jeito, ela sempre se mostrou tão forte, foram raras as vezes que eu a vi chorando desde que a conheci e na maioria das vezes era ela quem me confortava quando eu, sendo a mais frágil, chorava. Mas o que dizer a ela naquele momento se eu nem sabia o que tinha acontecido?

 

Num gesto de apoio mudo, deitei e a abracei, passando uma das mãos gentilmente sobre os fios morenos de TenTen como se ela fosse uma criança assustada que precisava de um gesto materno para confortá-la. Ela chorou mais forte, não se contendo e foi acalmando-se aos poucos até que dormiu e eu pude voltar a minha cama. A noite seria curta a partir dali, mas seria bem aproveitada e eu esperava não ter mais sonhos estranhos.

 

 

Sasuke POV

 

Algo próximo de um grunhido saiu de mim ao atingir com o punho o colchão pele enésima vez aquela madrugada. Só a presença de Madara para me fazer ficar daquele jeito, alterado como se tivesse bebido todo o estoque das melhores bebidas de Chouji. E o pior! Fui desrespeitoso com a única pessoa que não merecia aquela grosseria e era isso que me deixava incomodado até o último fio de cabelo. Não, o que deixava mais incomodado e nervoso fora a proposta indecente daquele porco que um dia eu chamei de tio! Depois de tudo o que ele fez no passado, vem me pedir um coisa daquelas dizendo que queria se reconciliar, onde já se viu! Aquele abutre carniceiro! Esperando a melhor hora para agir, mas eu não vou aceitar, nem que tenha que matá-lo para que me deixe a mim e minha mãe em paz!

 

Virei-me na cama, uma, duas, três, quatro vezes sem conseguir achar um posição confortável, meus músculos estavam tensos e doloridos e com as recentes preocupações... era óbvio que eu não conseguiria dormir tranquilamente. Bem, nunca achei que fosse dizer isso em menos de um dia, mas era mais confortável estar sem aquela máscara do que estar lá fora com ela. Toquei meu rosto lembrando do plano de mamãe e fechei os olhos, talvez aquilo não funcionasse e além do mais eu não queria me mostrar no jeito que eu estava.

 

Alguém começou a abrir a porta do quarto e eu, mais rápido do que achava ser capaz coloquei a máscara novamente, meio desajeitado, e pus a camisa que havia jogado no chão. Já estava preparado para descarregar toda a raiva contida quando vi a cabeleira ruiva e o sorriso manhoso de Karin já fechando a porta de meus aposentos. Ela se aproximou de mim felina, com uma camisola fina quase transparente como só ela usava para me provocar.

 

—-A que devo a visita? - perguntei tentando entrar no jogo dela.

 

—-Parece zangado, amor – ela sentou-se, subindo um pouco a barrada da camisola de modo que eu pude vislumbrar suas coxas e sorriu provocativa enquanto chegava mais perto e suavemente passava uma das mãos pelos meus ombros, pressionando, massageando – Deixe-me ajudá-lo a se aliviar – sussurrou próxima a meus lábios famintos.

 

Karin capturou-me num beijo que eu imediatamente tratei de aprofundar de modo que ela talvez tenha se assustado, no entanto assim que escutei algo próximo de um riso abafado descobri que ela estava gostando.

 

Eu a acariciava depressa, nunca me demorando numa só parte do corpo dela e como retribuição ela alisava as coxas no meu quadril e apertava a pele das minhas costas de modo a quase arranhá-la caso não fosse a camisa que eu ainda usava o que chegou a causar certo incomodo. Karin foi subindo uma das mãos pelo meu peito e quando chegou em meu pescoço foi como se as lembranças dos anos em que estive guerreando voltassem em pequenos pedaços.

 

Novamente algo parecido com um grunhido se formou em minha garganta e vi-me de repente segurando os pulsos de Karin com certa força, eu tremia, e parecia que eu estava fora de mim por uns instantes. Quando achei que tinha me recuperado notei que Karin me olhava num misto de susto e confusão e de repente aquilo que estávamos fazendo instantes antes parecia extremamente errado.

 

Ela até tentou agir como se minha abrupta interrupção não tivesse acontecido e quis continuar o que havíamos começado, mas segurei, dessa vez com mais gentileza, o pulso com o qual ela pretendia segurar meu rosto e a olhei nos olhos, sério.

 

—-Volte para o seu quarto Karin – e beijei-lhe a mão – Amanhã conversamos.

 

Saí da cama e fiquei parado de frente para a janela, sem reparar que o sorriso provocador que antes ocupada a face de Karin dava lugar a um semblante de quem não acreditava que aquilo realmente estava acontecendo.


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