Karin POV

Mas um aperto no espartilho e eu estaria pronta para por o vestido para a festa de Sasuke, apesar de eu querer adiar o momento de ter que tocá-lo de novo. Que nojo! Eu me arrepiava só de pensar em ter que tocar aquelas cicatrizes de sua barriga de novo, nem queria imaginar como seu rosto havia ficado. Certamente com uma marca horrível, no entanto os beijos dele ainda eram calorosos e gostosos e por eles eu poderia aguentar ficar na companhia de Sasuke pelo menos por tempo o suficiente para ele me pedir em casamento e então poderiamos por os planos em prática.

Olhei-me no espelho simples de mais. Eu certamente seria a dama mais bonita daquele salão e Sasuke não poderia tirar os olhos de mim, não deixaria que ele se distraísse, tal como ele fez no jardim ao se interessar em beijar uma reles serviçal. Que ódio ele me deu ao se aproximar daquela magricela, feia, e nem reparar que eu estava em sua frente... Mas eu suportaria, eu não deiraxia que ele olhasse para mais ninguém além de mim.

Dei mais uma boa olhada no espelho... vestido... cabelo... olhar meigo... sim, tudo em perfeita ordem. Agora só teria que descer e esperar pelo meu querido conde.

Sasuke POV

Depois que Karin apareceu eu havia ficado confuso com tudo o que tinha acontecido lá no jardim. Parecia que nem a água quente da tina era capaz de apagar a lembrança daquele curto beijo com aquela serviçal e agora eu me sentia dividido.

De um lado Karin, que eu ainda amava depois de todos esses anos e parecia que ela sentia o mesmo, talvez naquele dia, quando eu voltei para casa ela só estivesse assustada em me ver. E de outro havia aquela serviçal que eu mal sabia o nome, ela me parecia tão tímida e sensível e ao mesmo tempo orgulhosa e forte, essas eram qualidades que eu admirava em uma mulher.

No entanto eu sabia que se viesse a ter algo com ela seria só uma aventura de poucos dias. Karin com certeza seria capaz de me fazer esquecer essa jovem enquanto estivesse ali, então eu não tinha que me preocupar quanto aos meus sentimentos.

Já era hora de eu sair do banho, a festa já estava começando e não seria educado deixar os convidados esperando. Depois de me arrumar, rumei para o salão principal, os serviçais haviam feito um bom trabalho pendurando as tapeçarias nas paredes e colocando belos arranjos florais nas mesas e os músicos estavam até bem animados.

Não demorei e encontrar Karin em uma roda com os amigos. Dei-lhe um beijo terno nos lábios, mas por algum motivo preferi não me demorar, e fiquei abraçando-a pelas costas enquanto as jovens reunidos com ela tentavam uma conversa comigo, de modo que eu respondia só por educação ao mesmo tempo em que tentava não ser grosseiro quando um dos rapazes fazia uma brincadeira infantil que irritasse as moças.

Depois de uma longa hora conversando, Karin disse que queria conversar comigo. “Que tal irmos ao labirinto no jardim?”, ela sugeriu em meu ouvido. Eu olhei-a, travesso, lembrava muito bem das coisas que fazíamos quando íamos ao labirinto, por isso resolvi deixar o passeio para o fim da festa.

--Dance comigo primeiro – eu pedi galantemente enquanto segurava uma de suas mãos e a beijava. Levei-a para o centro do salão, onde os casais dançavam e não deixei de reparar que muitas senhoritas nos olhavam, invejosas de Karin e desejosas por quererem dançar comigo.

TenTen POV

Seu semblante logo se suavizou quando viu que Saji estava bem aconchegado e dormia tranquilamente nos braços de TenTen, ela arriscaria dizer que até viu o início de um sorriso nos lábios de Neji, mas logo desapareceu.

--Vejo que você e Saji já se conheceram – ele disse se aproximando com dois copos de chá de hortelã. Um desses com um bico buscando imitar um seio.

--Err... desculpe eu... ele... - TenTen tropeçou nas palavras. Neji deu uma risadinha e pôs o chá na mesa.

--Beba do chá, você parece inquieta – ele estendeu os braços para pegar Saji -. Você mocinho, acorde um pouco. Tem que se alimentar.

Ele falara aquilo com tanta ternura que TenTen ainda o observou tentando acordar gentilmente o bebê, antes de pegar seu chá e sentar-se na cadeira. Completamente distraída com aquela mudança de personalidade de Neji, foi pega de surpresa quando ele se pronunciou:

--Então... – ele pegou o copo do bebê e sentou-se de frente para TenTen -. você ainda não disse o que veio fazer aqui a essa hora – ele disse indiferente.

O tom desagradou TenTen e ela estava pronta a responder quando Saji começou a se agitar nos braços de Neji enquanto se recusava a tomar do leite.

--Ei... fique calmo. O que aconteceu com você rapaz? - Neji balançava devagar Saji querendo acalmá-lo, mas não funcionou.

--Dê-me-o – disse TenTen se levantando para pegar Saji.

Delicadamente ela o segurou nos braços e ele imediatamente parou de reclamar, agarrando-se ao vestido de TenTen e enterrando o rosto em seu pescoço. Ela esticou uma das mãos, enquanto cantarolava uma música lenta, pedindo o copinho para Neji. Ela sentou-se e ajeitando Saji em seus braços fez com que ele se alimentasse. Naquele momento, enquanto olhava a cara tranquila do bebê, ela esqueceu-se de Neji por um momento e não reparou como ele a estava olhando.

--Volte quando quiser – ele disse enquanto TenTen fazia Saji arrotar.

--Como?

--Volte quando quiser – ele repetiu e apontou para o bebê -. Saji vai gostar de lhe ver por aqui...

No começo eu ia a casa de Neji só para ver Saji, brincar com ele e conversar com Hanabi, mas... depois de alguns dias eu comecei a duvidar do verdadeiro motivo das visitas e de repente a fala de Neji pareceu ter vários significados que eu não percebi antes. Saji vai gostar de lhe ver por aqui...

E depois disso ainda houve... aquele beijo. Aquele beijo que havia me deixado confusa, principalmente depois que ele simplesmente me deixou sozinha para lavar os lençóis. No entanto eu não conseguia parar de pensar nisso e só me peguei mergulhando o dedo na cerveja e passando nos lábios quando Sakura me chamou.

Sakura POV

Eu estava nervosa, tremia só de pensar no beijo que o conde me dera esta tarde. Eu não sabia o que achar daquilo, era certo que fora diferente dos beijos agressivos de nosso primeiro encontro e eu chorei justamente por ele ter mexido tanto comigo com tão pouco. Sentia como se pudesse perdoá-lo agora, ele me pedira desculpas por tudo afinal, mas eu sabia que não devia perdoá-lo, não ainda pelo menos, ele ainda me dava um pouco de medo.

E outro bom motivo pelo qual eu ainda não podia perdoá-lo era porque, de algum jeito, eu sabia que ele estava se aproveitando, brincando comigo e com meus sentimentos como todos os homens – da côrte, principalmente – faziam com mulheres que se mostravam inocentes em assuntos de homens e mulheres como um casal. E isso só ficou mais evidente quando ele me deixou e começou a beijar uma dama ruiva. Uma dama, não uma serviçal. Era sempre assim.

Só Deus sabia o quanto eu havia procurado TenTen e quando eu a encontrei na cozinha - descansando com metade dos outros serviçais enquanto os outros tratavam de servir as visitas – fora um alívio. Eu a chamei uma vez, mas ela não prestou atenção, estava ocupada de mais passando vinhos nos lábios e pelo visto estava com os pensamentos bem distantes do castelo.

--Sakura, onde esteve? - ela se assustou quando eu a chamei de novo. Sentei-me ao lado dela na mesa.

--Eu que deveria perguntar isso – eu me servi de sopa e um pouco de cerveja, ainda não havia comido nada desde a primeira refeição da manhã -. E então – eu fiz uma pausa para tomar o caldo – em que você estava pensando? Ou seria melhor dizer: em quem você estava pensando?

Ela engasgou com a bebida e corou. Eu não pude deixar de rir.

--O-o que te faz pensar que eu estava pensando em alguém? - ela guaguejou.

--O simples fato de que você está avoada de mais e isso já faz um tempo – eu levei meu dedo indicador ao queixo e olhei travessa para TenTen -. Mais precisamente, desde quando você foi se desculpar com o Neji a mais de dez dias.

Vi-a corar ainda mais. Ótimo, eu estava certa, definitivamente havia acontecido alguma coisas com esses dois. Minha queria amiga não iria conseguir dormir de tanto escutar minhas perguntas sobre isso. E ainda tinha o fato que eu pretendia contar para ela da conduta do conde para comigo naquela tarde. TenTen sempre me compreendia.

--Não tem anda a ver com ele! Você esta enganada, Sakura!

Eu a olhei pelo canto do olho e respondi assim que mastiguei a carne da sopa:

--Então por que você acabou de se sobressaltar? - perguntei-lhe com calma. Adorava fazer isso para provocá-la.

Acho que eu estava sendo meio sádica com ela. Me divertia só por ver-lhe o rosto vermelho de vergonha e ao escutá-la tentando arrumar uma desculpa, mas eu sempre respondia algo que só fazia com que minha teria ficasse cada vez mais certa e TenTen mais sem jeito. Até que ela percebeu o quanto eu estava me divertindo.

--Ora sua...!

--Deus nos ajude! - condessa Mikoto estava quase desesperada do lado de fora da cozinha. Fora ela quem impedira TenTen de continuar sua frase – Como se não bastasse eu esquecer de avisar a Sasuke que Ele está aqui...

--Pode ficar calma, nós daremos um jeito – assegurou-lhe Tsunade -. Agora, trate de voltar para os seus convidados.

Ao entrar, finalmente, na cozinha, Tsunade soltou um suspiro profundo e exausto antes de deixar-se cair em uma cadeira ao lado de Guren.

--O que foi que aconteceu agora? Uma das moças perdeu o sapato? - Guren perguntou irônica. Tsunade riu baixinho.

--Antes fosse isso – respondeu e deu um gole demorado na cerveja do grande copo que Guren que serviu -. O problema é que a moça que Mikoto pediu para cantar não pode vir para a temporada, pois está adoentada. No entanto, nossa condessa já havia anunciado que teríamos uma atração cativante durante a refeição.

--Não seria mais fácil só dizer que a apresentação não poderá acontecer? - TenTen perguntou. Graças aos Céus desviando a atenção de mim.

--Nunca! Os Uchihas são conhecidos por nunca voltar atrás em suas decisões! - Tsunade esbravejou – Mas temos que dar um jeito nisso, rápido.

Vi TenTen olhar-me sugestivamente pelo canto do olho e fiquei alarmada. Ela não faria isso comigo!, eu teimava em pensar, mas quando ela sorriu e olhou para Tsunade eu sabia que sim, ela se vingaria da minha insistência com isso. Tentei impedi-la, segurando seu braço e tentando tampar sua boca, mas já era tarde.

--Sakura pode cantar. Ela tem uma voz muito boa – ela já havia dito.

E o olhar de Tsunade voou sobre mim, como uma águia que havia acabado de encontrar uma lebre.