Segunda Chance escrita por KayallaCullen, Miss Clarke
5 anos atrás...
A conversa da minha avó com Felipe ainda rondava a minha cabeça, mesmo que isso já tenha acontecido a dias. O que me deixava totalmente estranha na presença dele, e acho que ele já havia percebido isso.
—Valentina?- ouvi alguém me chamar e pisquei confusa tentando me localizar.
—Sim. - disse meio confusa e Fabrício riu.
Fabrício era meu amigo do curso de advocacia, nós dois viemos juntos estagiar na Guerra e Paz e acabamos sendo contratados.
—Como se eu acreditasse. O que está havendo?- ele sussurrou, já que o elevador estava cheio.
—Não ouve nada.
—O escritor tentou alguma coisa com você?- ele questionou serio e pisquei confusa.
—Claro que não.
—Tem certeza?
—Claro que tenho, se ele tivesse tentado alguma coisa eu mesma...- sussurrei sem saber como terminar a frase.
—Espera ai. Você está gostando dele?- ele questionou alto demais e todos do elevador viraram para nos ver.
—Claro que não. Que ideia. Somos apenas amigos.
—Como se alguém fosse se agarrar com o inimigo.
—Se fosse você com certeza, afinal não tem seleção.- apontei e ele me olhou feio.
—Não precisa ofender. Por acaso está naqueles dias?- ele questionou e lhe dei um beliscão discretamente.
—Ai, isso dói sabia?
—Estou atrapalhando?- Felipe questionou confuso enquanto entrava no elevador após todos saírem.
—Claro que não. Então, você é o famoso Felipe?- Fabrício questionou e Felipe o olhou confuso.
—Depende. Por quê?
—Relaxa cara, sou o amigo da Valentina. Esse seu namorado é nervosinho
—Nós não somos namorados. - dissemos juntos e Fabrício sorriu malicioso.
—Responderam rápido demais. Ai tem.
—Graças a Deus, o andar do direito civil. É o seu andar Fabrício. - o lembrei assim que o elevador parou no oitavo andar.
—Sei quando não sou bem vindo. E essa eu conto para a Laura. - ele disse sorrindo antes de sair do elevador.
—Ele é o seu amigo?- Felipe questionou descrente.
—É, mas hoje ele está impulsivo. - disse e percebi que Felipe estava tenso. - Aconteceu alguma coisa?
—Não.
—Acho que esses três meses de convivência me permitem dizer quando você está mentindo, e esse é um desses momentos. - esclareci e ele sorriu suave.
—Você tem razão.- ele disse e respirou fundo tentando tomar coragem.
—Eu ganhei um par de ingressos para a ópera hoje, e bom... Gostaria de saber... Se você gostaria de ir comigo?- Felipe questionou nervoso e fiquei sem saber o que dizer.
—Espera, isso é tipo um encontro?- perguntei receosa.
—O que? Não. Você é a melhor amiga da minha prima. Além do mais estamos trabalhando juntos, e não misturo trabalho com vida pessoal. - ele disse nervoso e sorri sem humor.
Tentando esconder o meu ressentimento pelas suas palavras.
—Se não é um encontro, eu aceito. Adoro ópera. - disse antes de chegarmos ao décimo segundo andar, onde deveríamos descer.
—Sério? Não sabia dessa. - ele disse surpreso enquanto andávamos em direção a minha sala.
—E qual seria a graça, se revelasse todos os meus segredos a você?- questionei antes de cumprimentar Gloria, que logo começou a me informar sobre meus compromissos do dia.
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—Acho que você devia tomar um calmante. - Laura disse enquanto eu tentava pela milésima vez me maquiar sem me borrar, o que claramente não estava conseguindo.
—Por que eu deveria tomar isso?- questionei confusa e ela sorriu.
—Você está uma pilha de nervos. Por acaso está gostando do meu primo?
—Claro que não. - disse nervosa e ela sorriu antes de vir me ajudar com a maquiagem.
—Tudo bem. Mas, eu ia achar legal se vocês ficassem juntos. - ela disse terminando de passar meu rímel.
—Serio? Não ia ser esquisito, afinal ele é seu primo e eu sou a sua minha melhor amiga. - a lembrei e ela sorriu.
—Não. Pode ser estranho, mas vocês combinam. Só mesmo o romântico incorrigível do meu primo para derreter seu coração de gelo. - ela zombou e revirei os olhos.
—Pronto, agora vá se trocar. Acho que Felipe já deve estar chegando. - ela disse e concordei antes de me vestir rapidamente. Afinal, não queria perder nada do concerto.
Assim que cheguei a sala pode ouvir Felipe conversando com meu irmão, com Fabrício e com Laura. Havia pedido aos meus amigos para cuidarem do meu irmão, já que meus pais tiveram que viajar a negócios, eles estavam pretendendo abrir uma filial da cafeteria no interior de São Paulo.
—Tem certeza que está tudo bem em vocês ficarem com o Daniel?- questionei interrompendo a conversa dos quatro.
—Nossa. - Fabrício disse admirado assim que me viu.
Ele foi o único que falou algo, pois todos ficaram sem fala, principalmente Felipe.
—Puxa você nunca se produziu toda para sair comigo e com a Laura. Por acaso isso é um encontro?- Fabrício questionou curioso enquanto olhava para Felipe e para mim.
—Isso não é um encontro Fabrício. São só dois amigos que gostam de ópera indo ver uma juntos.- Laura disse antes de rir.
—É isso mesmo, não tem nada demais. Não é Felipe?- questionei para ele que ainda me olhava como se nunca tivesse me visto.
—Felipe, acho que minha irmã está falando com você. - Daniel disse cutucando Felipe que piscou confuso tentando se orientar.
—É isso mesmo. E além do mais já estamos atrasados. - ele disse nervoso e concordei antes de sairmos.
—Tem certeza que você está bem?- questionei assim que entramos no carro.
—Claro que estou bem.
—Sei. Por acaso você queria levar outra pessoa?- questionei seria e ele me olhou confuso.
—Claro que não. Estou indo com a pessoa que queria.- ele assegurou serio antes de começar a dirigir.
O concerto era em homenagem ao compositor Antonio Lucio Vivaldi, mais conhecido como Vivaldi. Vivaldi foi um grande compositor e músico italiano do estilo barroco tardio, ele foi o compositor da famosa opera “ as quatro estações”.
A Primavera era a minha favorita.
—Estão são os seus lugares.- a recepcionista disse nos indicado a primeira fila.
—Obrigado.- Felipe disse sorrindo agradecido e ela sorriu de uma forma sedutora para ele antes de sair.
—Acho que a recepcionista gostou de você.- sussurrei enquanto me sentava e ele me olhou confuso.
—Claro que não.- ele sussurrou corando e sorri encantada.
Era a primeira vez que vi Felipe corar. E isso era adorável.
Não demorou muito para começar o concerto e fechei meus olhos para apreciar melhor a sessão maravilhosa que a musica clássica fazia comigo. Passei todo o concerto de olhos fechados enquanto batucava de leve meus dedos em minha bolsa, acompanhando cada nota.
Assim que terminou o primeiro ato abri os olhos e bati palmas como todo mundo, o único que não batia palmas era Felipe, que me olhava de uma forma que não conseguia descrever.
—Você não gostou da ópera?- questionei confusa enquanto se iniciava o intervalo.
—Não é isso. Você...- ele sussurrou sem palavras enquanto me olhava.
—Eu?
—Porque não me contou que sabia tocar piano?
— Aprendi a tocar com minha avó, e não toco a muito tempo . Além do mais não achei que isso seria interessante.- disse dando de ombros e ele sorriu suave.
— Você é realmente uma caixinha de supressas Valentina Torres.- ele disse e concordei antes de anunciarem a volta do intervalo.
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—E então, o que achou da sua noite?- Felipe questionou enquanto esperávamos o manobrista trazer o seu carro.
—Foi maravilhosa, muito obrigada pelo convite.
—De nada. Eu também gostei muito da sua companhia.- ele disse e agradeci.
—Só teve uma única coisa que me deixou intrigada.
—O que?- ele questionou assim que o manobrista lhe entregou as chaves.
—Como você sabia que eu tocava piano? Por acaso você toca?- questionei enquanto entravamos no carro e ele sorriu.
—Bem que minha mãe tentou me ensinar. Mas não. Quem toca é a minha mãe. E ela se comporta da mesma forma que você se comportou hoje, quando vai a um concerto.- ele disse assim que entramos no carro e em seguida ligou o mesmo antes de começar a dirigir.
—E depois eu que sou uma caixinha de surpresas. Você nunca fala sobre a sua família.
—Não há muito o que falar.
— Só acho meio injusto. Afinal, você conheci a minha família inteira e eu não sei quase nada da sua.
—É justo.- ele disse e pensou por um minuto para saber por onde começar.- Como você sabe sou o filho caçula do embaixador. Tenho um irmão cinco mais velho chamado Arthur, ele está seguindo os passos do papai. E também tenho uma sobrinha de dez meses chamada Alice.
—Você tem um irmão? E ainda uma sobrinha?- questionei surpresa e ele concordou sorrindo enquanto dirigia.- Aposto que você deve mima-la muito. Você tem cara de quem faz isso.
—Culpado.- ele disse e sorrimos.
—Como seus pais se conheceram?- questionei curiosa.
—Na Embaixada brasileira dos Estados Unidos, minha mãe trabalhava lá. Eles sempre dizem que foi amor a primeira vista, e acredito nisso. Afinal, depois de tantos anos eles ainda se amam como dois adolescentes.
—Os meus pais também são desse jeito.- disse me lembrando como os dois eram quando estavam juntos.
—E você, nunca pensou em se apaixonar?- ele questionou de repente e sorri sem humor.
—Isso é uma piada?
—Claro que não. Você nunca pensou nisso?
—Não. Nunca tive esse sonho romântico de casar. Isso nunca foi meu desejo.- disse dando de ombros enquanto Felipe fazia uma curva.- E você, sonha em casar?
—Sim. Só que a mulher certa ainda não percebeu....- ele começou a dizer mas foi interrompido por alguém que bateu com força na traseira do seu carro.
E tudo ao meu redor ficou escuro.
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Imagem do capitulo:
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