Segunda Chance escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 3
2- De volta ao lar




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Dias atuais...

Depois que Felipe saiu de casa decide que devia fazer o mesmo, afinal não conseguia ficar naquele lugar sem lembrar o quanto havíamos sido felizes ali. Era como se nossa casa me torturasse com as lembranças felizes de momentos que há muito tempo não vivíamos.

Ainda em choque com  a decisão do meu  marido, decide fazer minha mala e peguei Thor, antes de ir para o único lugar que me daria estabilidade para passar por essa tempestade em que me encontrava.

Assim que cheguei à cafeteria que pertencia a minha família, logo fui vista por meu irmão que estava com seu expresso na mão. Com certeza ele estava de saída para mais um dia de estagio em um consultório odontológico, já que Daniel estava quase se formando em odontologia.

Meus pais haviam transformado a loja de ferramentas do meu avô materno, a qual minha mãe havia herdado com a sua morte, em uma cafeteria.

Trabalhei durante toda a minha adolescência e vida adulta naquele lugar.

A cafeteria era uma segunda casa para mim.

—O que aconteceu?- meu  irmão questionou  serio assim que parou em minha frente e me olhou com mais atenção.

Daniel, era dez anos mais novo que eu, sempre fomos muito unidos, quase como se fossemos gêmeos.

Meu irmão sempre sabia quando algo de ruim havia acontecido comigo, e nem adiantava eu tentar esconder.

—Não aconteceu  nada. Onde está a mamãe e o papai?- questionei tentando desviar do seu olhar.

—Não tenta mentir por que você é péssima nisso. Valentina, o que aconteceu?- Daniel questionou preocupado e suspirei enquanto olhava para a cafeteria lotada.

—Podemos conversar em outro lugar. - pedi e ele concordou enquanto saímos da cafeteria e íamos em direção a pracinha que sempre brincávamos quando éramos crianças.

—Pensei que você só fosse aparecer amanhã. - Daniel disse confuso enquanto nos embalávamos no balanço que havia na pracinha.

Estávamos sozinhos na pracinha, àquela hora as crianças ainda estavam  na escola, o que me permitiu sorrir de leve por ter um momento naquele balanço com o meu irmão, como tínhamos no passado.

—É, mas as coisas mudaram. - disse suave enquanto fazia um carinho na cabeça de Thor que estava sentado ao meu  lado.

—Você e o Felipe brigaram de novo?- ele questionou cansado.

—Mais ou menos.

—Nos últimos três anos é o que vocês mais fazem. Não entendo por que vocês vivem brigando. Me lembro o quanto se amavam. Qual foi o motivo da briga dessa vez?

—Daniel, o Felipe pediu o divorcio. - solucei entre lagrimas e meu irmão piscou confuso.

—Ele fez o que?- ele questionou atordoado com a  noticia.

—O Felipe quer se separar de mim. Ele acabou de sair de casa, e não duvido que dentro de alguns dias eu receba o comunicado oficial do divorcio.

—E o que você vai fazer?- ele questionou me olhando com seus olhos castanhos.

—Como assim, Daniel?

—Você vai lutar pelo Felipe ou irá simplesmente desistir dele?

—Ele desistiu de mim primeiro. Foi ele que saiu de casa e me deixou sozinha. - esclareci seria e Thor me olhou de lado.

—Nem o seu cachorro concorda com você.

—Como se você e Thor fossem especialistas em relacionamento.

—Não somos é verdade. Mas quer saber o que eu acho?- ele perguntou e concordei.

—Você não é a mesma desde que o Miguel morreu. E ainda por cima culpa o Felipe pela morte do próprio filho.

—Isso não é verdade.

—É sim. Minha irmã, desde que meu sobrinho morreu você se transformou  nessa mulher fria e insensível, principalmente com o seu marido.

—Eu perdi meu bebê por culpa dele, Daniel. - disse com dor e meu irmão sorriu triste antes de me abraçar de lado.

—Você sabe que Felipe daria a vida dele pela do Miguel, só para não ter que ver a acusação velada nos seus olhos. Acho que você precisa falar com alguém sobre tudo que passou.

—Não preciso disso, eu estou bem. - disse me soltando do meu irmão e enxugando minhas lagrimas. - Acho melhor irmos, não quero que chegue atrasado ao seu estagio.

—Tem certeza que irá ficar bem?- ele questionou preocupado e sorri de leve.

—Claro que vou, sou forte. - assegurei suave antes de levantarmos do balanço e seguirmos de volta para o café.

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—Vou sentir falta do meu genro, ou melhor, ex-genro. - meu pai disse suave enquanto servia mais café em minha xícara, depois que contei aos meus pais sobre o divorcio.

—Carlos. - mamãe o repreendeu de leve enquanto acariciava minhas costas com carinho.

Quando voltei do parque com  meu irmão a cafeteria estava deserta, então decide que era hora de contar o motivo da minha visita inesperada.

—Tudo bem mãe.

—Você questionou por que ele decidiu se separar?- meu pai questionou  ignorando os olhares da minha mãe.

—Não pai, e nem sei se quero saber o motivo. Talvez devesse dar o que ele quer. -disse perdida.

—Por enquanto você não irá fazer nada. Ficará aqui pensando em qual decisão tomar, não pode decidir o futuro do seu casamento de cabeça quente. E no tempo certo seu coração lhe dará a resposta.

—Sua mãe tem razão. Fique o tempo que precisar querida. E bem vinda de volta ao lar. - meu pai disse amoroso antes de se levantar para me abraçar.

Depois da conversa que tive com  meus pais decide ir para casa, que ficava na parte de cima da cafeteria. Estava precisando de um bom  banho , pois ainda estava usando a roupa que havia desembargado do avião naquela manhã.

Assim que entrei em meu antigo quarto fui inundada por recordações de todas as fases da minha vida, o que me fez sorrir, afinal aquelas lembranças eram um balsamo para a minha mente confusa. Respirei fundo e fui tomar um longo banho, mas antes coloquei água e comida para Thor.

Depois que tomei banho me sentei em minha cama e olhei para o meu celular que estava em cima da cama, e uma idéia louca me passou  pela cabeça.

Quando percebi já havia pegado o celular e ligado para Felipe.

 Uma parte dentro de mim me dizia que ele não iria me atender afinal, ele havia me pedido o divorcio hoje cedo. Mas a outra parte queria saber o motivo de tudo aquilo.

—Nunca pensei que você me ligaria depois do que eu disse essa manhã. - Felipe sussurrou com a voz rouca assim que atendeu ao telefone.

—Você está bem?- questionei preocupada e ele suspirou

—Não.  Achei que seria fácil acabar com cinco anos de casamento, mas não está sendo. Pelo menos um de nós parece estar aceitando tudo muito bem. - ele disse serio e suspirei.

—Na realidade acho que estou em choque. Ainda não me dei conta de que acabou, para mim parece um pesadelo. - disse perdida.

—Dos quais você tem de vez em quando?

—Sim, só que dessa vez você não vai estar do meu lado para segurar a minha mão e me dizer que vou passar por isso, por que sou forte. Não sei se sou forte o bastante para não naufragar. Não vou agüentar isso sozinha, Felipe. - solucei com dor enquanto as lagrimas molhavam  minha face.

—Você nunca precisou de mim Valentina. Sempre foi uma mulher forte e destemida, eu que sempre precisei de você.

—Isso não é verdade.

—É sim. Quando nos conhecemos você disse que não queria casar com ninguém, e acabou se casando comigo. Só agora percebo que não devia ter tentado mudá-la. - ele disse com pesar e senti um nó se formar em minha garganta.

—Então, é por isso que está se separando de mim? Por que percebeu que nunca me amou?- solucei desesperada.

—Não estou me separando de você por falta de amor Valentina, e sim por que te amo demais para prendá-la a alguém como eu, que não pude lhe fazer feliz. Espero que entenda. Me desculpe se não fui o marido que você queria, mas saiba que tentei ser. Adeus. - Felipe sussurrou chorando antes de desligar o telefone.

Coloquei o telefone no criado mudo, que ficava ao lado da cama, antes de me encolher como uma bola em minha cama e chorar desesperada.

Naquele momento pude sentir toda a dor me queimar por dentro.

Felipe me amava, mas não me queria por perto.

 Em que tipo de mulher havia me transformado para afastar meu marido?

Era uma pergunta da qual não tinha resposta.


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Notas finais do capítulo

Imagens do capitulo:

Casa de Valentina e Felipe:

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Cafeteria:

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