Segunda Chance escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 25
24 - Segunda chance




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Três anos depois...

O tempo havia passado tão rápido.

 Nem parecia que havia passado por tanta coisa nos últimos anos.

Tanto sofrimento foi recompensado por anos seguidos de felicidade e amor, ao lado da minha família.

—Tem certeza que você vai ficar bem? –Felipe questionou assim que pegou sua bolsa carteiro de cima da poltrona que havia em nosso quarto.

—Tenho. Não se preocupe.- assegurei suave enquanto me sentava devagar na cama.

—Como não me preocupar? Você passou a noite toda vomitando, só não a levei para o hospital porque você ameaçou se divorciar de mim se fizesse isso.- ele lembrou e revirei os olhos.

—Por que você é paranoico quando se trata de doença. E além do mais, se você demorar mais Rafael vai chegar atrasado a escola.

—Certo. Mas se você sentir qualquer coisa me ligue. Promete?

—Prometo.- jurei e ele sorriu antes de me dá um beijo de bom dia.

—Pai, já estou pronto.- Rafael disse aparecendo na porta do nosso quarto já devidamente uniformizado.

—Já estou indo filho.- Felipe disse me dando um ultimo beijo antes de ir pegar a chave do carro.

Rafael veio correndo até mim, para me dar um beijo de despedida antes de sair com o pai.

Esperei alguns minutos após a saída de Felipe para ligar para Laura, pedindo que ela viesse até aqui.

Laura e Fabrício se casaram um ano depois que o mesmo a pediu em casamento, e eles estavam sendo muito felizes.

—Você é louca. Não quero nem imaginar a cara que meu primo irá fazer quando descobrir o que você andou aprontando.- ela disse enquanto me esperava do lado de fora do banheiro.

— E então?- ela questionou assim que abri a porta já chorando.

Assim que me viu chorando Laura me puxou para um abraço e chorou junto comigo.

—Sinto muito, queria tanto que tivesse dado certo.- ela sussurrou com pesar e me separei dela com um sorriso no rosto, deixando-a confusa.

—E deu.- disse feliz e ela sorriu emocionada.

—Há meu Deus. Você está grávida.- ela disse feliz.

—Sim.- disse e nos abraçamos enquanto pulávamos feito duas loucas no meu quarto.

Em seguida Laura foi até o som que havia no meu quarto e conectou seu celular, enchendo o ambiente com a nossa musica. Não demorou muito para que fizéssemos a nossa performance de Madonna, para comemorar a minha gravidez.

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Agora havia chegado à parte difícil.

A parte de contar para meu marido sobre a gravidez. Afinal depois da minha primeira gravidez, Felipe havia colocado na cabeça a idéia de que jamais poderia ser pai de forma natural, mas havia uma forma.

Uma que havia descoberto há muito tempo, mas havia me esquecido completamente dela. E só fui lembrar da mesma, quando Arthur comentou que ele e a esposa queriam ter mais um filho, mas ele estava com medo de que o filho nascesse com a mesma doença que matou meu filho. Então, sugeri a ele que procurasse uma clinica de mapeamento genético.

Como Felipe era o portador recessivo da doença, ele teve que ir a clinica para que mapeassem seus genes defeituosos, antes de analisarem o sangue do irmão. Através dessa bateria de exames, podemos descobrir que Felipe havia herdado esse gene da sua mãe, mesmo ela não sendo a portadora. Segundo os médicos esse gene pode ter se originado em algum antepassado distante dela, que resolveu se manifestar agora.

Fazendo com que Felipe fosse o único portador.

—Será que poderíamos conversar?- perguntei assim que me sentei na cama.

—Está tudo bem? Parece que você vai confessar um crime Valentina.- Felipe brincou enquanto deixava o notebook de lado para me dar atenção.

Ultimamente Felipe não desgrudava do notebook, o que indicava que provavelmente ele deveria ter voltado a escrever.

—É mais ou menos isso.- disse nervosa e ele se aproximou de mim preocupado.

—Você está gelada amor.- ele sussurrou preocupado assim que segurou minhas mãos frias.- Agora você está me deixando preocupado.

—Promete que vai me ouvir do começou ao fim? Que não vai me interromper?- implorei quase chorando.

—Prometo.- ele sussurrou aflito e respirei fundo tomando coragem para falar.

—Lembra quando seu irmão disse que queria ter outro filho, e dei a ideia dele procurar uma clinica de mapeamento genético?- questionei e ele concordou. – Você fez uma bateria de exames para mapearem o seu gene defeituoso. E como você estava viajando a trabalho, eu fui buscar o resultado. Curiosa, perguntei para o medico sobre o exame, e ele me explicou tudo. E descobri que você possuía cinco por cento de chance de ter um filho sem Cardiomiopatia hipertrófica.

—O que foi que você fez, Valentina?- ele questionou serio.

—Eu usei os seus espermatozoides saudáveis, que haviam sido mapeados na clinica por causa dos exames, e fiz uma inseminação artificial. E... Eu estou grávida. - disse e ele me olhou como se não estivesse acreditando no que havia lhe falado.

—Você não fez isso. Isso é alguma pegadinha? Por que não tem graça. - Felipe disse furioso comigo.

—Não. É verdade. Se quiser mostro o exame de sangue que fiz hoje a tarde.- disse entre lagrimas.

—Você não podia ter feito uma coisa dessas, sem meu consentimento. Valentina, você me traiu.

—Isso não é verdade. Tudo que fiz foi pensando em nós.

—Não, você pensou apenas em você. Como acha que nosso filho vai se sentir, sabendo que irá ter um irmão?

—Feliz. Perguntei ao Rafael antes de fazer a inseminação e ele disse que adoraria ter um irmão.

—Que bom que você perguntou. Apenas esqueceu de perguntar pra mim.- ele gritou furioso.

—Para de gritar Felipe. Nosso filho está dormindo.- pedi com a voz de choro.

Estava grávida de algumas semanas e os hormônios já estavam me fazendo chorar descontroladamente.

—Não sei porque você está tão furioso. Pensei que iria ficar feliz, não contei nada porque queria fazer surpresa. Só que ao em vez de ficar feliz, você está agindo como um idiota sem coração que está gritando com a sua esposa grávida.- solucei entre lagrimas e ele me olhou sem saber o que dizer, afinal Felipe jamais havia me visto chorar dessa forma.

—Valentina. Me desculpe.- ele sussurrou culpado.

—Sei que fui errada por fazer isso sem lhe perguntar, mas queria tanto que pudéssemos vivenciar uma gravidez de uma forma feliz. Sofremos tanto durante a gravidez do Miguel.- solucei entre lagrimas e Felipe me puxou para um abraço apertado.

—Me desculpe. Só que fiquei preocupado, ou melhor, estou apavorado. Só de pensar que podemos passar por toda aquela dor de novo, não sei se vou suportar dessa vez.- ele sussurrou com a voz embargada.

—Vai ficar tudo bem. Nosso bebê vai nascer saudável e nos trará muitas felicidades.

—É tudo que desejo. - Felipe sussurrou enquanto me abraçava mais forte.

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A noticia da minha gravidez deixou todos da nossa família felizes e preocupados, mesmo que eu assegurasse que dessa vez meu bebê estava bem.

 Felipe só conseguiu entender que nosso bebê não tinha problema nenhum no coração, quando fui fazer a ultrassom e a medica assegurou que o coração do nosso filho era saudável. Ou melhor, filhos já que eu estava esperando um casal.

O que foi uma grande surpresa, afinal jamais imaginei que poderia ficar grávida de gêmeos. Rafael ficou eufórico ao saber que ganharia dois irmãos de uma só vez.

 Felipe ficou praticamente em choque com a noticia, toda vez que ele olhava para mim chorava de felicidade, o que sempre me fazia rir antes de abraçá-lo com carinho tentando acalmá-lo. Meu marido havia pedido uma licença da sua editora, que estava se tornando mundialmente conhecida, para ficar ao meu lado como antes. Era até engraçado vê-lo como a minha sombra enquanto eu trabalhava, me fazia lembrar do começo da nossa historia.

Havia entrado de licença da empresa por volta do sexto mês, pois minha barriga já estava pesada demais e eu estava me cansando rápido.

—Aqui está amor.- Felipe disse assim que me entregou um grande copo de suco de melancia bem gelado, afinal estava um calor insuportável essa tarde e minha barriga de quase nove meses me fazia sentir ainda mais calor.

—Obrigada.- disse deitada no sofá da sala.

Em seguida Felipe começou a acariciar minha barriga de leve, e logo senti alguns chutes.

—Helena e Vinicius, devagar. Assim vocês machucam a mamãe.- Felipe disse suave antes de beijar minha barriga de leve.

Havíamos escolhido os nomes juntos, sugeri Helena porque foi por causa dessa personagem que conheci Felipe, e além do mais já tínhamos o Rafael, o nome do outro protagonista do livro do meu marido.  E Felipe sugeriu Vinícius, segundo ele seria o seu nome se seus pais não tivessem se encantado com Felipe. E eu concordei, afinal adorava aquele nome.

Sem ao menos saber, Felipe havia dado aos protagonistas do seu livro, os nomes dos nossos futuros filhos. Provando assim que estávamos no destino um do outro.

Mas apesar do carinho e das palavras reconfortantes do pai, meus bebês estavam inquietos. Me fazendo gemer de dor.

—Que foi amor?- Felipe questionou preocupado e senti um liquido escorrer pelas minhas pernas.

—Acho que eles vão nascer.- sussurrei e gemi de dor assim que senti uma pontada em meu ventre.

Rapidamente Felipe começou a gritar para que Madalena pegasse a bolsa dos gêmeos e a minha mala, ambas já estavam devidamente arrumadas só esperando a hora, enquanto ele me ajudava a levantar do sofá.

Madalena prometeu que ligaria para todos avisando antes de pegar Rafael na escola.

—Amor, respira fundo.- sussurrei colocando minha mão esquerda em cima da perna de Felipe, que estava tão nervoso que não acertava nem ligar o carro.

—Vou tentar.- ele sussurrou e respirou fundo algumas vezes. – Esquece, não vou conseguir dirigir desse jeito.

Incrédula, vi meu marido sair do carro e começar a gritar Paul antes de me ajudar a sair.

Apesar de meu sogro não ser mais o embaixador, ainda tínhamos que possuir seguranças, afinal Hugo não havia conquistado a simpatia de muitos, pois ele sempre se manteve incorruptível conseguindo assim alguns inimigos.

Assim que estava devidamente acomodada no banco de trás tendo Felipe ao meu lado, Paul ligou o carro e dirigiu como um piloto em fuga em direção ao hospital.

Passei praticamente quatro horas em trabalho de parto, o que já estava me deixando desesperada, pensando que havia algo de errado com meus filhos. Mas Felipe sempre me acalmava, dizendo que tudo ficaria bem.

—Preciso que empurre no três com toda a sua força Valentina.- Dr. santiago pediu para mim e olhei para Felipe.

—Eu não aguento mais. Estou sem forças.- sussurrei exausta e ele acariciou meu rosto de leve.

—Eu sei. Mas sei que você é forte e valente. E não desiste fácil de nada, você é uma guerreira amor. E é a mulher mais forte e corajosa que conheço.- ele sussurrou para mim.- Apenas, tente uma ultima vez. Estamos tão perto de ter nossos filhos no colo.

—Pronta, Valentina?- meu medico questionou e concordei.

Ele contou até três e usei toda a força que consegui encontrar em mim, uma que nem sabia que existia. Logo ouvi um chorinho alto preencher a sala, o que me fez chorar.

—Você conseguiu amor.-Felipe disse orgulhoso antes de beijar meus lábios com carinho.

—Meus parabéns, é uma menina linda e saudável.- meu medico disse e sorri feliz por saber disso, mas logo meu sorriso deu lugar a dor. – Empurre, Valentina.

Fiz o que o Dr. Santiago pediu e logo a sala se encheu com o segundo choro de um bebê.

—Meus parabéns, é um menino lindo e saudável.

—Posso pegá-los.- implorei já chorando e meu medico sorriu emocionado.

—Dessa vez, sim.- ele disse e colocou meus filhos em meu colo.

Sabia que Dr. Santiago estava feliz por nos proporcionar esse momento, afinal ele havia acompanhado toda a nossa dor durante a minha primeira gravidez.

—Oi meus amores, esperamos tanto por vocês.- Felipe disse chorando enquanto nossos filhos olhavam para nós.

Assim que ouviu a voz do pai, Helena virou para vê-lo e sorriu revelando que havia herdado as encantadoras covinhas do pai assim como seus olhos azuis. Vinícius também sorriu ao olhar para o pai, só que ele não havia herdado suas covinhas e nem seus olhos azuis. Meu filho possuía meus olhos e compartilhava com a irmã a cor dos meus cabelos.

—Eu te amo tanto meus tesouros.- sussurrei chorando enquanto dava um beijo nas testas dos meus filhos.

—Obrigado por me proporcionar esse momento maravilhoso, Valentina.- Felipe agradeceu entre lagrimas assim que desviou os olhos dos nossos filhos.

—Eu é que agradeço por você ter entrado na minha vida e ter me ensinado a amar Felipe, sem você não seria a mulher feliz que sou hoje e mãe de três filhos maravilhosos.

—Eu te amo tanto.

—Eu também te amo. - sussurrei e ele se inclinou para me beijar.

E naquele momento senti que toda dor, magoa e frustração que ainda restava por nosso bebê ter morrido, havia sido substituída por um sentimento puro e mágico.

Um sentimento chamado amor, que nossos pequenos Vinícius e Helena haviam despertado em nós, assim como Rafael havia feito no passado.


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