Segunda Chance escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 14
13 - Da felicidade a dor


Notas iniciais do capítulo

E chegamos ao nosso ultimo capitulo sobre o passado do nosso casal favorito.
Espero que tenham gostado de acompanhar como esses dois se apaixonaram, e daqui para sempre acompanharemos a trajetória de ambos em busca da felicidade depois de tanta dor.

Musica do capitulo:

https://www.youtube.com/watch?v=oQCMSBhuMaU



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5 anos atrás...

— Felipe não vem hoje?- Gloria questionou assim que entrou na minha sala e não viu Felipe em seu lugar de costume.

—Não, o período de laboratório dele acabou. -disse e ela concordou antes de sair, logo comecei a ler todos os documentos que tinha para hoje.

No meio da manhã me levantei da cadeira para pegar meu café, ou como dizia Felipe, estava na hora da minha droga diária e seu comentário sempre me fazia rir.

Sentia falta dele, era como se ele fizesse parte da empresa agora. O que era natural, afinal ele passou dez meses aqui.

—E então, já decidiram quem ganhou o bolão?- ouvi Fabrício questionar enquanto me aproximava da sala de café e parei para saber do que eles estavam falando.

—Ainda não, ninguém sabe se eles estão ou não se pegando.- ouvi Marcela dizer, ela trabalhava no mesmo andar que Fabrício.- Você é amigo dela, deveria saber.

—Me desculpe, mas não vou ficar falando por ai com quem minha amiga anda dormindo.- ele disse e ouvi alguém arfar.

—Eu sabia que eles estavam se pegando.- Marcela disse eufórica.

—Coitado do Felipe, tanta mulher linda e cheia de amor para dar nessa empresa e ele acha de escolher logo a mais fria.- ouvi Sabrina dizer com inveja.

Essa dai sempre teve inveja de mim, afinal concorremos a mesma vaga para chefiar o setor de direito ambiental. Mas nunca me importei com sua inveja, pois não ia perder meu tempo com Sabrina.

—Quer dizer que vocês estavam apostando pelas minhas costas?- questionei assim que entrei na sala assustando a todos.

—Claro que não.- eles disseram  sem jeito e sorri enquanto ia pegar meu café.

—Sei. Quem foi que apostou nesse bolão?-questionei antes de tomar um gole do meu café.

—Todo mundo da empresa, menos o Fabrício. -Marcela disse e olhei surpresa para meu amigo.

—Isso é serio? Você não contou nada para ninguém?

—Isso até me ofende Valentina, sou seu amigo. E não vou ficar por ai contando para a empresa toda quem anda frequentando sua cama.

—Isso foi uma grosseria Fabrício, mas agradeço por ter respeitado a minha privacidade.

—Como se aquele homem maravilhoso fosse frequentar a cama dela.-Sabrina disse e sorriu antes de tomar seu café.

—Não só frequenta como ele adora. E posso ser fria no meu local de trabalho, mas com o meu namorado as coisas são intensas, se você me entende.- disse para Sabrina que me olhou com raiva.

—Há, e esse dinheiro é meu.- disse pegando o envelope das mãos de Marcela.

—Por quê?- ela questionou confusa e sorri.

—Por que ninguém acertou.

—Acertou sim, afinal você acabou de dizer que estavam se pegando.

—Não. Felipe e eu estamos namorando serio, e não apenas se pegando. Então ninguém acertou.- disse sorrindo antes de começar a conferir o dinheiro.- Puxa, dois mil reis. Vocês estão bem de bolso.

—Pois é, como disse todo mundo apostou menos o Fabrício. O que você vai fazer com o dinheiro? Afinal, preciso explicar para todo mundo.

—Vou doar para o orfanato em que Laura é voluntaria, vou dizer que é uma doação dos funcionários da Guerra e Paz para os dia das crianças. - disse e ela concordou suave.

—Esse dinheiro não teria um destino melhor que esse, tenho certeza que todos ficaram felizes com isso.

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—Não acredito que eles fizeram isso?- Felipe questionou surpreso enquanto abria uma garrafa de vinho tinto nacional e servia nas taças.

Meus pais e meu irmão haviam ido ao cinema para nos dar privacidade, claro que disse a minha mãe que não era necessário, mas ela não me ouviu.

—Pois é eles fizeram. Pelo menos a atitude deles irá fazer inúmeras crianças felizes. - disse antes de tomar meu vinho.

—Estou orgulho do seu gesto, poucas pessoas fariam isso. - ele disse admirado e sorri sem jeito enquanto ele me olhava com admiração.

—Para com isso, você está me deixando sem graça.- disse constrangida e ele sorriu carinhoso para mim.

—Eu te amo muito.- Felipe disse suave enquanto olhava em meus olhos.

—Eu também te amo.- sussurrei suave antes dele me beijar com carinho.

—E você está me enrolado. - sussurrei sem fôlego assim que nos separamos para respirar.

—Do que você está falando?

— Você prometeu que iria enviar os capítulos do livro para que eu lesse, e até agora nada. Esqueceu da sua promessa?

—Não, é que queria lhe fazer uma surpresa. - ele disse suave antes de se levantar do sofá em que estávamos sentados e ir até a sua bolsa, voltando em seguida com uma caixa nas mãos.

—O que é isso?- questionei confusa assim que ele me entregou a caixa.

—Um presente. Espero que goste é que me dê uma resposta positiva para ele.- Felipe disse suave antes de me incentivar a abrir a caixa.

—É o seu livro?- questionei encantada com a capa dele e Felipe concordou.

—Ficou lindo.

—Ele foi impresso ontem, pedi para meu editor reservar duas copias e essa é a sua.- ele explicou e agradeci antes de abrir o livro para ver o seu interior.

—Isso, é serio?- questionei confusa assim que terminei de ler a pagina da dedicatória.

—Claro que é.- Felipe assegurou antes de tirar uma caixa de joias atrás da almofada do sofá.

—Como você... -sussurrei confusa e ele sorriu suave entendendo a minha pergunta.

—Escondi enquanto você foi tirar os saltos no seu quarto. - ele explicou antes de se ajoelhar na minha frente e abrir a caixa revelando um lindo e incomum solitário que possuía uma pedra preta.

— Valentina Albuquerque Torres, me apaixonei por você sem ao menos perceber e foi uma das melhores sensações que já senti na vida. Não consigo mais imaginar minha vida sem você, e mesmo sabendo que seu sonho nunca foi casar, estou aqui na sua frente de joelhos para lhe implorar que se case comigo, e me permita fazê-la feliz pelo resto da nossas vidas. Você me daria a honra de aceitar ser a minha esposa?- Felipe questionou repetindo as mesmas palavras que estavam na dedicatória do livro.

—Sim.- sussurrei em meio as lagrimas e ele pareceu surpreso com a minha resposta.

—O que você disse?- ele questionou entre lagrimas e sorri amorosa para ele.

—Eu disse que quero me casar com você. Que para mim será uma honra ser sua esposa.- disse e ele sorriu feliz enquanto colocava o anel em meu dedo.

—Eu te amo tanto.- ele sussurrou feliz antes de nos beijarmos apaixonadamente.

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—Você está tão linda, nem acredito que irá se casar.- minha mãe disse emocionada assim que coloquei meu vestido de noiva.

Felipe e eu havíamos decido nos casar dois meses depois de seu pedido, pois ele teria que passar esses meses viajando para divulgar seu novo livro que se intitulava Inesperado, o qual estava fazendo o maior sucesso nas livrarias.

—Isso é para a senhora ver, que não adiantou eu viver dizendo que não queria me casar.

—Mas você está feliz com sua decisão?- ela questionou preocupada e sorri.

—Estou. Apesar de sermos tão diferentes, ele me completa e eu o amo.- disse segura e ela me desejou boa sorte antes de sair da sala em que estava me arrumando.

Escolhemos nos casar em uma casa de festas que era famosa por seus lindos jardins, afinal Felipe sempre quis se casar em um jardim e concordei com ele.

—Olhe só para você, está tão linda.- minha avó disse amorosa assim que entrou na sala e veio me abraçar em seguida.

—Obrigada vovó.- sussurrei enquanto a abraçava.

—Tenho algo para lhe dá.- ela disse suave enquanto nos separávamos.

Confusa vi minha avó tirar da sua bolsa um enfeite de cabelo que na possuía pequenos detalhes em azul

—É o seu grampo de cabelo preferido.- disse confusa enquanto ela afastava meu cabelo para um dos lados e prendia o enfeite lá. - É o enfeite de cabelo que você usou no dia do seu casamento com o vovô.

—Sei disso querida, e sei também que você sempre gostou dele, então agora ele é seu. Espero que lhe traga muita felicidade, assim como trouxe para mim.

—Obrigada vovó. - sussurrei agradecida antes de abraçá-la e ouvir meu pai me chamando.

—Seja feliz querida. - vovó desejou antes de sair.

—Pronta querida?

—Pronta pai.- assegurei antes  dele me levar em direção ao homem que eu amava.

 

Dois anos depois............

—Você tem certeza disso?- Felipe questionou feliz e balancei a cabeça concordando.

—Sim. - disse e ele sorriu mais antes de dá a volta na mesa de jantar e me abraçar com força.

—Você me faz o homem mais feliz do mundo a cada dia, e eu te amo por isso.- ele sussurrou enquanto me olhava nos olhos.

—Você também me faz a mulher mais feliz do mundo, e sempre vou ser grata por você ter aparecido na minha vida. Eu te amo.- sussurrei e ele sorriu antes de nos beijarmos.

—Nem acredito que vamos ser pais.- ele disse eufórico assim que nos separamos e sorri.

Minha primeira gravidez estava sendo tranquila, Felipe me paparicava de todas as formas possíveis, e quando ele soube que eu estava grávida de um menino só faltou anunciar para o mundo.

Decidimos juntos toda a decoração do quarto, as roupinhas e até o nome do bebê, que se chamaria Miguel, em homenagem ao seu avô paterno.

Por volta do sexto mês de gestação passei mal no escritório e Fabrício me levou imediatamente para o hospital, onde Felipe já estava me esperando. Após uma bateria de exames meu obstetra concluiu que deveria fazer uma cesárea de emergência o que me deixou apavorada.

Afinal, sabia que meu filho poderia morrer, pois ele ainda não estava totalmente formado.

—Quando vamos poder ver o nosso bebê, Dr. Santiago?- Felipe questionou ao meu lado assim que acordei após a cesariana.

—Vamos ter que conversar antes Sr. Montenegro.- Dr. Santiago disse serio e respirou fundo antes de começar a falar o porque teve que  me submeter a uma cesariana as pressas.

Meu filho havia nascido com uma grave doença genética chamada Cardiomiopatia hipertrófica, que causava um aumento de espessura da parede do coração causando a diminuição da função cardíaca, ocasionando uma parada cardíaca que o levaria a óbito. Mas o pior foi descobrir que Felipe era o portador desse gene mortal. Não conseguia se quer olhar para ele sem culpá-lo pela dor que sentia naquele momento.

Todo amor que sentia por ele havia se transformado em raiva e magoa.

—Quando posso pegá-lo?- perguntei a enfermeira assim que pode ir a UTI neonatal.

—Ele ainda não pode sair da incubadora senhora, seria perigoso.- ela esclareceu e concordei enquanto tocava a sua pequena mãozinha pela abertura que havia na incubadora.

—Você precisa lutar meu amor, eu acredito em você. Se não tiver forças, lhe dou as minhas, apenas não desista.- implorei entre lagrimas enquanto via meu bebê tão pequeno e frágil lutar para respirar.

—Ela não pode simplesmente te proibir de ver seu filho.- ouvi Arthur dizer furioso assim que me aproximei da capela que havia no hospital com a ajuda de uma enfermeira.

—Depois que fiz as duas pessoas que mais amo nesse mundo sofrerem, acho melhor ficar longe.- ouvi Felipe dizer com dor.

—Por Deus. Meu irmão, você não teve culpa de nada. Isso foi uma fatalidade. Tenho certeza que no final, Miguel vai conseguir.- Arthur disse e ouvi Felipe começar a chorar.

—Ele não vai conseguir, o pediatra acabou de me informar que o quadro dele está pior, e não tenho ideia de como vou contar isso para minha mulher. Nós não vamos suportar se nosso filho morrer.- Felipe soluçou e pode sentir as lagrimas molharem minha face.

Sem dizer nada voltei para a UTI neonatal, pois não ia deixar meu filho sozinho um só instante.

—Sei que você não me quer aqui, mas, por favor, me deixe ficar ao lado dele também.- Felipe disse com a voz a rouca e os olhos vermelhos assim que se aproximou da incubadora em que nosso filho estava.

—Me desculpe pelo que disse, não devia ter te proibido de vê-lo.- disse sem desviar os olhos do meu filho.

—Não precisa pedir desculpas, você estava nervosa.- ele sussurrou antes de se sentar ao meu lado.

Ficamos horas acompanhando a respiração irregular de Miguel, até que os monitores começaram a apitar loucamente e logo uma equipe médica começou a realizar as manobras de ressuscitação, enquanto  pedia a Deus para que salvasse meu pequeno.

—Sinto muito.- o medico disse com pesar para nós dois.

—Não. Você tem que tentar de novo, meu filho não pode ter morrido.- disse enlouquecida enquanto agarrava o médico pelo jaleco.

—Valentina, eles fizeram tudo que podiam.- Felipe disse entre lagrimas enquanto me tirava de cima do médico.

—Não toca em mim, a culpa é sua. Você matou o meu filho, e vou te odiar pelo resto da minha vida.- gritei em meio a dor enquanto saia da lá, tudo o que eu queria era respirar.

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Mal podia acreditar que havia passado um mês que meu bebê havia morrido, e durante todo esse tempo não deixei de sentir a sua falta.

—Ela levantou da cama?- ouvi Felipe questionar a minha mãe assim que a mesma saiu de nosso quarto.

—Não, e isso já está me preocupando. Você já conversou com ela sobre a possibilidade de falarem com um psicólogo?- ouvi minha mãe questionar.

—Já sugeri isso a ela, mas Valentina não quer. Até Laura já se ofereceu para conversar com ela, mas minha esposa não quer. Então resolvi tentar outra coisa.- ele disse antes de entrar no quarto.

—Olha só o que trouxe para você, meu amor.- Felipe disse suave assim que se sentou ao meu lado na cama.

Incrédula olhei para o pequeno filhote de labrador que estava no seu colo, e ele latiu para mim.

—Acho que o Thor gostou de você. Não quer fazer um carinho nele?- ele questionou carinhoso enquanto acariciava a cabeça do cachorro.

—Um filhote de cachorro não vai substituir o meu filho.- disse furiosa e Felipe me olhou chocado.

—Eu jamais sugeriria uma coisas dessas, só achei que você pudesse se sentir melhor com o Thor. Laura me explicou que em alguns casos de depressão, os cachorros conseguem ajudar.

—Não estou em depressão. Apenas estou de luto, algo que você também deveria estar.- acusei e ele suspirou.

—Se você me olhasse de verdade como antes, veria que estou sofrendo tanto quanto você. Só que tenho que ser forte por você, porque não quero vê-la doente.

—Me deixe sozinha, e leve esse cachorro de volta.- disse seria e voltei a me deitar na cama.

Mas logo senti alguém puxar o meu edredom de leve.

Furiosa, virei para o lado e vi que era o filhote que Felipe havia trago. Apesar de não querê-lo não pode evitar pegá-lo no colo, afinal ele era uma fofura.

—Então, seu nome é Thor. É um belo nome.- sussurrei com ele em meu colo e o mesmo latiu antes de lamber meu rosto me fazendo sorrir de leve.

E naquele momento aquele pequeno filhote, se tornou um grande companheiro para mim. Contava todas as minhas tristezas a ele, que sempre me fazia um carinho em resposta.

E quanto a mim e Felipe, acabamos nos tornamos dois estranhos que moravam na mesma casa, e que dividiam a mesma dor de ter perdido um filho.

Por que podia entender que Felipe jamais quis machucar Miguel, mas no fundo ainda não o havia perdoado por ter me proporcionado a pior dor do mundo.

A dor de perder um filho.


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Notas finais do capítulo

Imagem do capitulo:

http://www.polyvore.com/segunda_chance_capitulo_13/set?id=213248209


Bom carnaval gente.
Beijos e até segunda.