Além de mim escrita por Lara Queen


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um novo capítulo e espero que gostem, pois finalmente chegou a hora que muitos aguardavam.
Boa leitura :)



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Capítulo 2

Adrien estava saindo da biblioteca junto com Nino enquanto ria de algo engraçado que o moreno contava. O sorriso dele era cativante e adorável, do tipo que só de olhar, automaticamente sentia vontade de sorrir de tão contagiante que era. Essa era uma de suas qualidades, a de conquistar as pessoas logo de cara.

E foi seu pequeno sorriso que me conquistou naquela tarde chuvosa. Assim como seus olhos, tão verdes que às vezes me imagino rolando sobre as folhas do campo apenas por olhá-lo tão profundamente. Eu me perco totalmente...

Por que eu tinha que estar tão apaixonada? Por que eu tinha que amá-lo tanto?

Balancei a cabeça para recuperar o foco do meu objetivo. Sentia minhas pernas fraquejarem a cada passo que dava em sua direção. Minhas mãos já transpiravam de tanto nervosismo e meu coração batia tão rápido que era possível eu ter uma parada cardíaca a qualquer momento. Era provável que eu fosse amarelar.

Não, Marinette! Não dessa vez! Você consegue!

— Eu consigo! – exclamei em um sussurro.

Os garotos me viram aproximar e acenaram. Dei um sorrisinho e um aceno – parecendo uma completa idiota, como sempre – e parei na frente de Adrien, inspirando fundo para me pronunciar sem gaguejar.

— Marinette, você está bem? Está tremendo e seu rosto está vermelho. – Ele aproximou a mão da minha testa, o que me fez prender a respiração. – Acho que está com febre.

Não pude deixar de notar que Nino arqueou uma sobrancelha e deu um leve sorriso ao observar a cena.

— N-não! Eu estou bem! Na verdade eu queria falar com você... – Fiquei mexendo as mãos, ansiosa. Ele encarou confuso, aguardando que eu dissesse algo mais. Olhei para Nino que logo entendeu do que se tratava. – É importante e precisa ser a sós.

— Lembrei que preciso falar com Alya sobre uma pesquisa de geografia. Ela vai me ajudar com o trabalho, então... Falo com você depois, Adrien. – Nino acenou para ele e deu uma piscadinha para mim. Meus sentimentos eram tão óbvios que até Nino havia percebido, menos Adrien. É sempre assim... Quem a gente mais quer que saiba sobre nossos sentimentos, nem ao menos faz questão de nos notar.

Adrien ficou olhando de Nino para mim sem entender, até que o moreno se retirou. Por fim nossos olhares se cruzaram.

— Err... O que é importante e que te deixou assim? – Ele pôs a mão na nuca, bagunçando levemente seus cabelos, tentando parecer relaxado. Mas eu estava muito, mas muuuito tensa. E ele notou isso. – Pensando bem, vamos andar um pouco e encontrar algum lugar para que possamos conversar melhor.

Concordei com a cabeça e engoli em seco.

Andamos lado a lado pelo corredor. Acabamos entrando em uma sala de aula vazia. Ele fechou a porta e ficamos nos encarando. Ficamos por alguns segundos naquele silêncio esquisito e era evidente que ele estava ficando incomodado e ansioso.

— Então... O que tem a me dizer?

Respirei fundo mais uma vez. Eu não poderia voltar atrás. Já havia feito minha decisão. Se ele fosse me aceitar, seria maravilhoso, e se ele fosse me rejeitar, tudo ficaria bem e eu o respeitaria mesmo que aquilo fosse doer muito.

— Adrien... Você se lembra do nosso primeiro dia de aula há um ano? Naquela tarde de chuva... Quando você me emprestou seu guarda-chuva.

Ele olhou para um ponto fixo, como se buscasse a lembrança em sua memória.

— Você estava brava comigo porque pensou que eu tinha colado chiclete na sua cadeira quando na verdade tinha sido a Chloe. Como eu poderia esquecer? – Ele deu uma risadinha, fazendo-me sorrir e me deixando mais tranquila. – Era a minha primeira vez em uma escola nova e... Você está entre as minhas primeiras amizades que fiz de verdade.

Ouvir isso me deixou muito feliz. Fez sentir-me bem de uma forma inexplicável. Adrien estava feliz com suas amizades, depois de tanto tempo sozinho, estudando em casa, tendo como sua única amizade a filha do prefeito, Chloe, que era uma garotinha riquinha e mimada. Sua única solução foi sair de casa para estudar numa escola pública de Paris e conhecer novas pessoas. Mas eu acabei o conhecendo de uma maneira não muito agradável.

— Na verdade, Adrien, eu tenho uma pergunta – falei mordendo o lábio, sentindo o nervosismo voltando com força. – É possível uma pessoa se apaixonar pelo simples gesto de outra?

Silêncio.

Ele ficou sério de repente. Por um tempo sua cabeça parecia vagar para muito longe dali, fazendo com que a pergunta ficasse no ar por vários segundos; até que, com um leve sorriso, os olhos brilhando e um olhar sonhador, ele respondeu:

— Eu acredito, sim, que as pessoas podem se apaixonar pelos simples gestos de outras.

De fato, ele não pensava em mim quando respondeu minha pergunta. E doía muito só de ver que aquele sorriso não era para mim. Mas eu precisava dizer. Precisava dizer com todas as palavras o que sentia em meu coração mesmo que aquilo fosse me quebrar em vários pedaços logo em seguida.

— E se eu te dissesse que me apaixonei por um simples gesto seu? Não foi apenas por beleza... – Meu rosto estava vermelho, mas eu estava impressionada comigo mesma por dizer isso sem gaguejar. – Naquela tarde, mesmo eu ainda estando brava com você, ainda teve coragem de olhar nos meus olhos e dizer a verdade. Foi generoso e emprestou seu guarda-chuva para mim, e esboçou um leve e encantador sorriso. E eu me apaixonei... por você.

Era tudo o que eu queria dizer. Estava entalado por tanto tempo na minha garganta, que foi um alívio liberar e por fim poder respirar. Ele estava surpreso, os lábios parcialmente abertos, me fazendo desejar saber como seria sentir a textura deles.

E ficamos mais uma vez no silêncio, aguardando o que aconteceria em seguida. Fiquei batucando os dedos um no outro, nervosa, sentindo o coração saindo pela boca. A angústia tomava conta de mim, no fundo já sabendo o que aconteceria.

Depois veio a resposta que praticamente me destruiu.

— Marinette... Eu já amo outra pessoa. – Ele disse, segurando os meus ombros e com um olhar apreensivo. – Me desculpe não poder correspondê-la, mas essa pessoa é muito importante para mim.

Abracei o meu corpo, porque sabia que poderia desmoronar na frente dele.

Eu não era correspondida.

Claro que não seria correspondida.

Não pensei que doeria tanto. Eu queria chorar, mas eu tinha que segurar. Eu só conseguiria extravasar tudo assim que ficasse sozinha no meu quarto.

— Por que está se desculpando? Eu entendo. – Forcei um sorriso, controlando as lágrimas. – Você já tem alguém especial, não é? Estou me sentindo uma boba, uma tola...

— Não... Marinette, não diga isso.

— Acho que foi uma tolice minha ter te atrapalhado só para dizer isso. Desculpe-me. - Minha voz saiu embargada.

— Por favor, não se desculpe. Eu que deveria me desculpar por deixá-la desse jeito. – Então ele se importa comigo?— Olha... Espero que isso não afete a nossa amizade. Você é minha amiga e não gostaria de perdê-la. Você vai ficar mesmo bem? – Sua preocupação me dava uma pequena satisfação por pelo menos ele se importar com o que eu sentia. Tocou meu rosto, limpando uma lágrima que conseguiu escapulir. Sentir a mão dele em contato com a minha pele era tão bom. – Por favor, não fique triste.

Adrien era um bom garoto e nunca magoaria as pessoas. Eu é que estava sendo uma tola. Eu prometi a mim mesma que aceitaria a rejeição. Mas machucava, de qualquer maneira. Mesmo chorando, eu sorria para mostrar que estava tudo bem. E foi mais doloroso quando tirei sua mão de meu rosto e dei dois passos para trás.

— Não tem que se preocupar comigo. Está tudo bem. Eu só preciso... Ficar sozinha... – Corri para a porta com as mãos no rosto, ouvindo Adrien gritar meu nome.

Não quis saber se ele foi ou não atrás de mim, mas não parei de correr até ter certeza de que estava bem longe dali. Bem longe dele. O sinal para a aula havia tocado e não estava com disposição nenhuma para assistir a próxima aula. Eu só queria ir pra casa. Nem pararia para pegar as minhas coisas que ainda estavam na sala de aula. Pediria para Alya me devolver no fim do dia.

Fui andando para casa que era perto da escola e entrei pelos fundos. Meus pais estariam trabalhando na padaria que era no andar de baixo, enquanto em cima era a casa. Eles passavam a maior parte do tempo no trabalho, então nem notariam que eu estava matando aula. Subi correndo para o meu quarto e joguei-me na cama. Escondi o rosto no travesseiro e chorei sem parar.

Como era possível amar um menino com tanta intensidade como eu amava Adrien? O que eu tinha? Eu era louca? Obcecada? Por que tinha que doer tanto?

Eu estava desmoronando.

— Eu sinto muito, Marinette.  – A voz de Tikki estava próxima de meu ouvido. – Eu sei que você o ama, mas ainda é jovem e vai superar isso. Isso é apenas um amor adolescente. Vai encontrar outros amores na sua vida.

Grunhi, e meus ombros tremeram pelos soluços. Encolhi as pernas e fiquei em posição fetal. Tikki pousou em cima de minha cabeça e começou a fazer carinho. Depois de muito tempo na mesma posição, tranquilizando minha respiração e controlando o choro, estava quase dormindo de tão exausta, mas mesmo assim não conseguia tirar ele de meus pensamentos. O bolso da minha calça começou a vibrar e sem muito ânimo li a mensagem de Alya.

Mari, onde vc tá? Já perdeu o quarto tempo de aula e eu tô preocupada com vc. Adrien ñ tá com uma cara mt boa aki, o q me faz querer saber o q aconteceu...

Logo acima da mensagem dela, apareceu uma notificação de que havia uma nova mensagem. E eu fiz a besteira de visualizar.

Eu sinto muito.

Nada mais, além disso.


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Notas finais do capítulo

Tenho pena da Marinette. Afinal, não é fácil superar um coração partido, não é mesmo? A adolescência é justamente a fase em que os sentimentos são mais difíceis de ser controlados, ou seja, a gente sente tudo de uma maneira intensa.
Não sei o motivo de ter tido esse monólogo, mas acho que só queria explicar melhor esse sentimento tão intenso que a Mari sente pelo Adrien.
Kisses e até o próx cap :*