Além de mim escrita por Lara Queen


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Eu pretendia postar na segunda, mas eu estava ansiosa para agradecer a Taila Avlis pela recomendação inesperada que eu recebi. Muitíssimo obrigada por esse presente, meu anjo ♥
Eu percebi que a inspiração só surge nos momentos mais inoportunos, e eu fico fascinada por isso. Tipo, de dia eu não consigo pensar em nada, mas de noite... Parece que eu encarno um JK da vida.
Bom... eu estou com muito medo de postar esse capítulo, pq eu acho que exagerei no misticismo. Eu não sei se esse capítulo vai fazer algum sentido, e eu tô que nem uma louca tentando encaixar isso no próximo capítulo.
Eu espero que gostem e aproveitem :3
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724831/chapter/14

Capítulo 14

 

O GATO

Eu corria.

Corria como se minha vida dependesse disso. Corria a ponto de meus pulmões não suportarem mais a falta de oxigênio e meus músculos não aguentarem o esforço excessivo. Corria no meio daquela noite sombria, olhando todos os pontos da cidade em busca de algum tipo de sinal da Marinette. Não descansaria até encontrá-la e ter certeza de que tudo ficaria bem.

— Adrien, assim vai acabar se matando. Descanse um pouco e recupere suas forças para quando encontrarmos Hawk Moth. 

Tikki – a kwami da ladybug – segurava-se em meu ombro enquanto atravessávamos Paris em busca de sua portadora. Mesmo que ela tivesse razão, eu não queria parar de procurar. Tinha que encontrá-la a todo custo, fazê-la entender os meus verdadeiros sentimentos e acabar com todo o mal entendido entre nós.

 Então eu a ignorei, mas não era por mal. Continuei correndo e saltando pelos telhados, aflito e beirando a loucura. O tempo já não fazia mais sentido para mim, apenas me preocupava com a minha busca incessante. Foram-se horas, logo amanheceria. 

Era inútil, não importava o quanto eu procurasse. Não havia vestígios, pistas, nada que pudesse me ajudar. Não havia mais esperanças, e o pânico já me dominava por completo.

Acabei tropeçando em alguma coisa, provavelmente em uma telha do pequeno prédio em que eu estava enquanto corria, e coloquei as mãos na frente do rosto para me proteger, sentindo o impacto do corpo no chão. Tikki voou alguns metros a minha frente, sendo levada pela inércia.

Gemi ainda sentindo a perna dolorida pela batida anterior que dei na mesa, agora os hematomas se espalhariam para todo o corpo. Soquei o chão com revolta, grunhindo e me arrastando para perto de Tikki. Estava exausto, o corpo certamente implorando por repouso.

Por fim eu desisti, deitando no chão e de frente para o céu. Coloquei o braço por cima da máscara, sentindo a umidade escorrer por ela. Provavelmente eram as minhas lágrimas de frustração. Eu estava fraco, aborrecido e melancólico.

Marinette deveria ser a minha prioridade, mas não havia mais forças sobre mim. Estava esgotado e desesperado, sem saber o que mais eu deveria fazer.

— Eu te avisei, Chat. Precisa descansar. Assim como me preocupo com Marinette, também me preocupo com você. - A voz dócil de Tikki me alertava com preocupação.

Virei a cabeça, as lágrimas escorrendo para os cantos dos olhos e pelo nariz, olhando a pequena Kwami. Curvei levemente os cantos da boca em um sorriso cansado e triste. 

— Prometi que iria encontra-la. – Eu disse com a voz rouca.

— Eu sei disso, mas também precisa cuidar de si mesmo. Está fazendo isso há horas e nem sequer parou para comer alguma coisa.

Tão diferente de Plagg... Tão afetuosa e amável, que parecia uma mãe que se preocupava com seus filhos. De certa forma, o modo como ela falava, aquelas palavras aflitas traziam a tona um sentimento que até um tempo atrás eu nem me lembrava de que sentia. Era parecido como quando minha mãe cuidava de mim quando eu ficava doente. Era protetora e carinhosa; alguém que se importava com meu bem estar. Sentia-me grato por isso.

Mesmo contrariado, era obrigado a concordar com ela. A mesma deu um sorrisinho, apoiando-se novamente em meu ombro. Levantei-me do chão e continuei seguindo o rumo em direção à minha casa, dessa vez em um ritmo mais lento.

Assim que entrei pela janela, os primeiros raios de sol começaram a surgir pelo horizonte. Dei um suspiro, desfazendo a transformação. Deitei-me na cama, sem conseguir mexer um músculo, sentindo as consequências de uma noite em claro sem parar para descansar. Meu corpo ardia, a carne pulsando de dor. Não consegui conter um gemido quando estiquei o corpo para tentar relaxar. 

E eu fiquei ali por muito tempo, até sentir os olhos pesarem. Ficava encarando o teto do meu quarto sem realmente enxerga-lo. Estava perdido num estupor sem pensamentos, afundando no colchão, agindo como um morto. 

Fui acordado por vozes que pareciam distantes – não que eu tenha conseguido dormir. Vozes finas que murmuravam perto de meu ouvido. Levou vários segundos para conseguir identificar. Abri lentamente os olhos, recuperando o foco de minha visão, virando um pouco a cabeça para encarar os pequenos seres que conversavam entre si. Ainda não compreendia o que diziam, e uma vez ou outra olhavam para mim com expressões preocupadas.

Cada minuto que passava era como uma eternidade. Tentei me mexer mais uma vez, mas meu corpo não mais me obedecia. Tentei mais uma vez, dessa vez rolando pelo colchão até a ponta da cama. Fiz mais um esforço para me levantar, o corpo pesando como se tivesse acabado de sair de uma piscina. 

Os raios de sol já invadiam meu quarto, fazendo meus olhos arderem pela claridade excessiva. 

— Adrien, finalmente acordou! 

Os kwamis me encaravam com pequenos sorrisos, mas seus olhos expressavam pesar e angústia. Eles tentavam inutilmente me tranquilizar, mas nem eles mesmos tinham certeza se tudo ficaria bem. Aliás, se Marinette foi mesmo akumatizada, não haveria uma Ladybug para purificar a borboleta, então como eu poderia salvá-la? Primeiramente: como eu poderia encontra-la por toda a Paris?

— Que horas são? – Perguntei colocando a mão na têmpora, sentindo a mesma latejar. 

— Ainda é muito cedo. Faltam duas horas para o despertador tocar, mas não parece estar disposto a ir à escola. – Plagg respondeu concluindo o óbvio. Eu provavelmente não estava com uma aparência muito boa, e nem fazia questão de me olhar no espelho. Precisava me aprontar e continuar com a minha procura.

A casa ainda estava silenciosa, então eu poderia ir á cozinha tranquilamente e sem ser barrado pela Nathalie ou meu pai. Quando cheguei lá, comi apenas um sanduíche, peguei alguns queijos para Plagg e algumas guloseimas para Tikki, já que eu não sabia o que ela gostaria de comer. 

Subi para o meu quarto e entreguei a comida para que os Kwamis pudessem se fortalecer. Enquanto isso eu lavava o meu rosto, tentando ficar acordado.

— Precisamos continuar. – Me pronunciei, passando pela porta do banheiro e jogando a toalha de rosto em cima da cama. Olhei para os dois que me encaravam de volta ainda mantendo suas expressões preocupadas.

— Adrien, você não está bem... – Tikki suspirou.

— Não importa, eu não posso parar agora.

— Claro que pode. Você não tem pistas e nem mesmo um lugar para começar a procurar por ela; e aliás, Marinette não iria querer que se arriscasse tanto assim. Ela se preocupa demais com você e não permitiria que saísse nesse estado. – Contestou.

Ouvir o nome de Marinette sendo pronunciado fazia meu coração pulsar mais rápido, e a respiração ficar mais descompassada. De alguma forma, a menção a ela trazia a tona uma mistura de emoções boas e ruins, todas misturadas, bagunçando ainda mais os meus pensamentos e deixando-me confuso e enlouquecido. Sim, ela não iria querer isso para mim, pois eu a conhecia bem o suficiente para entender que seu coração era grande demais a ponto de se importar mais com os outros do que consigo mesma. Essa era uma de suas grandes características e que se assemelhavam bastante aos de seu alter ergo, e essa era uma das tantas qualidades que eu mais admirava nela. Meu interior gritava, dividido entre a razão e a emoção. A razão de que deveria seguir o conselho de Tikki e restaurar todas as minhas energias, e a emoção, o ódio e o desespero para encontrar Hawk Moth, e principalmente Marinette e salvá-la de todo aquele mal que lhe consumia. De todo o mal que eu lhe causei. 

Coloquei as mãos sobre a cabeça, puxando os cabelos com força, querendo berrar em plenos pulmões, desejando uma resposta do que eu deveria fazer. Minha respiração estava acelerada, prestes a ter um colapso. Estava perdido, necessitando de uma luz que pudesse me guiar. 

— Fique calmo, por favor! Sei que está aflito, mas escute o que eu estou te dizendo. Você está sendo impulsivo, e isso vai te levar a cometer muitos erros precipitados. Tem que parar um pouco e se acalmar, sua cabeça está muito cheia e passou por muita coisa. 

O problema é que por mais que eu tentasse, não estava conseguindo me acalmar. Eu estava com medo, apavorado a ponto de sentir o meu corpo convulsionar com tremedeiras e a garganta fechar-se, deixando-me necessitado de ar. A culpa era minha, toda minha. Se eu não tivesse sido tão impulsivo, nada disso teria acontecido. Eu deveria tê-la respeitado e esperado que estivesse pronta para revelar quem era de verdade. Como se não bastasse todo esse peso de consciência, o meu cérebro involuntariamente despejava imagens de Marinette em perigo, machucada ou até mesmo... morta. Não sabia do que Hawk Moth era capaz, mas eu entendia que ele estava disposto a tudo pelos miraculous.

Não era a primeira vez que tinha um ataque de pânico, mas naquele momento em muito tempo, desde que minha mãe desaparecera, que eu sentia toda aquela adrenalina excessiva. Os kwamis tentavam se comunicar comigo, mas não entendia nada do que diziam. Tudo parecia girar, e um enjoo descomunal apossava-se de mim.

Então me lembrei de uma das minhas primeiras crises, que foi dias depois de minha mãe sumir. Nathalie estava ao meu lado, agachada junto a mim e segurando os meus ombros, fazendo-me olhar para seus olhos. Ela ditava calmamente cada passo de tudo o que eu deveria fazer ao mesmo tempo em que tentava transmitir toda a sua tranquilidade para mim. 

Fechei os meus olhos e tampei a respiração, procurando focar apenas nas batidas rápidas de meu coração. Em seguida soltei o ar lentamente, as mãos sobre o peito tentando acompanhar o ritmo ainda frenético de meu corpo. Tentei mais uma vez, tampei o ar por quatro segundos, soltando-o e sentindo o mundo ao meu redor voltar a ter sentido. Eu ainda tremia ajoelhado no chão e as lágrimas descendo em meu rosto sem que tivesse percebido. 

— Adrien, olhe para mim! Foco, garoto! – Plagg estalava os dedos na minha frente com o olhar apavorado. Ele deu um suspiro aliviado quando o encarei, ainda sentindo a adrenalina. – Por favor, não me assuste desse jeito de novo.

Foram-se minutos tentando voltar ao normal, mas ainda assim não estava me sentindo melhor. Meus músculos continuavam doloridos e não tinha mais capacidade para levantar e continuar o meu objetivo. Então eu fiquei ali no chão, deitado e com os olhos pesando mais uma vez.

— Durma mais um pouco, Adrien. – Era novamente a voz de Tikki ao pé de meu ouvido, falando de maneira mansa e gentil. 

Senti minha cabeça sendo levemente levantada e algo macio sendo colocado por baixo de mim. Fui envolvido por um cobertor, sendo embriagado pelo cheiro de sabão em pó do tecido. Sabia que aqueles dois kwamis estariam cuidando de mim, e não lutaria contra suas investidas para me impedir de seguir com minha busca. Eles sabiam o que era melhor para mim e para Marinette. Fechei lentamente os olhos, sendo engolido pelo mais pesado dos sonos.

E eu não pude evitar ser completamente arrastado pela escuridão.

 

***

“Se realmente ama tanto aquela garota, você sabe muito bem onde me encontrar.” Eu conhecia aquele timbre de algum lugar. A voz era tão cortante quanto às lâminas de uma faca e perfuravam profundamente os meus ouvidos. Era frio, sombrio e causava calafrios na espinha. “A borboleta lhe guiará para seu destino e por fim teremos a nossa sentença. A decisão final para a nossa luta.”

Eu não precisava de nomes ou imagens para identificar quem era. Eu sabia de quem se tratava e não estava com nenhum pouco de medo. Sentia-me determinado, sendo preenchido pelo ódio e sede de seu sangue. Estava prestes a esmagar aquela maldita mariposa e o faria virar pó com meu cataclismo. 

Faltava bem pouco para o veredito.

“Onde ela está?”

Nenhuma resposta. Eu não podia enxerga-lo. Estava tudo escuro e frio, apenas ouviam-se as suas gargalhadas que trovejavam ecoando por toda aquela imensidão.

“Se você machuca-la ou tocar em um só fio de cabelo dela... Se arrependerá amargamente da própria existência, Hawk Moth!”

Então veio o silêncio enlouquecedor, trazendo aquela maldita sensação agonizante por não saber o que viria a seguir. Estava completamente indefeso e aflito em meio a todo aquele breu. 

“Chat...”

Todos os meus músculos travaram. Era ela.

“Marinette, onde você está!” Me prontifiquei a berrar desesperado, suando frio e tremendo de pavor. Olhava para todos os lados, mas não havia nada além do vazio. 

“Chat...” a voz aos poucos sumia como se estivesse perdendo as forças. Aquilo me preocupou a ponto de fazer-me correr como um louco e sem direção, tentando de maneira inútil encontrá-la. Eu gritava seu nome até perder a voz enquanto ela repetia o meu suplicando por ajuda. As gargalhadas maldosas e grotescas de HawkMoth retornavam, apreciando todo o pânico que me domava.

Gritei colocando as mãos sobre a cabeça, ouvindo o choro fino da joaninha em minha mente, não suportando todo aquele sofrimento.

“A borboleta lhe guiará para o seu destino.” Ele repetiu como um ultimo aviso.

 

***

 

Acordei em um salto, a cabeça dolorida com tudo girando pela tontura. Passei a mão pela testa suada, o sonho ainda vívido em minha memória. Estava ofegante e assustado, olhando para todos os lados para ter certeza de que ainda estava no meu quarto. Olhei para o relógio de cabeceira que marcavam seis da tarde.

— Você dormiu por mais de doze horas. Nathalie viu você caído no chão ardendo em febre, e concluiu que era melhor ficar em casa. Até mesmo desmarcou as suas sessões de fotos. – Avistei Plagg do outro lado do cômodo. – Ela chamou aquele cara grandão para te colocar na cama. Ela estava mesmo muito preocupada com você.

Dei um suspiro, fechando os olhos e jogando o cabelo para trás. Eu estava acabado, e parecia que o sonho havia esgotado ainda mais das minhas energias. Pelo menos da parte psicológica, é claro.

A borboleta lhe guiará para o seu destino.

Como Hawk Moth conseguiu se comunicar comigo? Isso não fazia nem o mínimo do sentido, mas tratando-se de um mundo onde existiam heróis mascarados e magia, não era algo que eu deveria duvidar. Ainda assim era questionável.

Balancei a cabeça tentando recuperar o foco do que era realmente importante. Talvez fosse apenas um sonho idiota tentando me atormentar, mas uma pequena parte de mim desconfiava de que poderia ser o sinal que eu tanto clamava.

— Plagg... é possível Hawk Moth comunicar-se comigo através de sonhos? – Perguntei rouco, fazendo a pequena criatura me encarar confuso.

— O que quer dizer com isso? 

— Eu tive um pesadelo... E ele me dava uma pista de onde ele e Marinette poderiam estar.

— E... o que ele disse para você? – perguntou hesitante, fazendo-me franzir as sobrancelhas com sua atitude estranha.

— A borboleta guiará para o meu destino.

Ele ficou em silêncio, pensativo, tentando compreender o que aquilo significava. Depois de alguns segundos notei a falta da outra kwami. Olhei para os lados e não a encontrei.

— Onde está a Tikki? – perguntei, tirando Plagg de sua linha de pensamentos.

— Ah, ela está dormindo na gaveta da escrivaninha. Ela também parecia muito cansada, e toda essa preocupação com você e Marinette acabou a esgotando.

Soltei um pequeno resmungo, assentindo com a cabeça. Levantei-me da cama e caminhei até a escrivaninha. Antes de abri-la, coloquei a mão no bolso da calça e tirei os pequenos brincos que estavam guardados. Fiquei o olhando por vários segundos pensando numa possibilidade. Talvez fosse uma ideia idiota, mas que poderia dar certo.

Abri a gaveta e encontrei a pequena figura vermelha deitada no meio de um monte de papéis espalhados. Eram provavelmente as muitas das cartas de fãs que eu recebia por causa da minha profissão. Alguma hora eu teria que dar um jeito de reorganizar aquilo. Sem atrapalhar o descanso de Tikki, remexi em algumas cartas para tirá-las da gaveta e arrumá-las, mas acabei encontrando um papel em especial. Era rosa, com formato de coração e uma caligrafia impecável. As letras redondas e bem desenhadas pareciam ter sido feitas com todo o cuidado e dedicação. 

— Marinette esqueceu-se de assinar o cartão como em todas as outras vezes. – murmurou Tikki, esticando o corpo para bocejar.

— Então era mesmo dela... – sussurrei abismado. – Mas como ela sabia? Quer dizer... a carta que eu escrevi era para a Ladybug, mas aí eu joguei fora.

Ela deu uma pequena risada.

— Naquele dia dos namorados, ela viu você escrevendo no meio da aula. Depois que você jogou fora, ficou tão curiosa em saber o que tinha ali, que acabou pegando dentro da lixeira e lendo. As descrições batiam perfeitamente com ela. Marinette ficou tão eufórica achando que era para ela, que decidiu mandar uma resposta. Se bem que... era mesmo para ela.

Marinette era mesmo uma caixinha de surpresas. Ri com a grande coincidência da situação. O destino era bastante irônico, como se tudo aquilo estivesse programado para acontecer. De repente eu fiquei sério, lembrando-me da pergunta que eu deveria fazer a ela.

— Tikki... – Ela olhou para mim. – Eu poderia usar os brincos da Ladyb...

— Não. – Interrompeu-me, sendo muito direta. 

— Mas por que não? Você nem me deixou terminar de falar.

— Se está pensando que pode usar os brincos, salvar a Marinette e purificar o akuma? Não, você não pode. Não foi o escolhido para ser o portador da joaninha. Você é o Chat Noir, o herói da destruição, já tem o seu próprio miraculous.

— Mas isso não faz nem um pouco de sentido. Que grande mal poderia acontecer se eu o usasse? – Perguntei indignado. 

— O problema é que sua aura não é compatível com o do miraculous da purificação. Isso poderia acabar com você. Não é qualquer pessoa que pode usar esses poderes. – Ela respondeu calmamente, mas com o olhar sério quase beirando a frieza; algo que não combinava nem um pouco com ela. 

— Estou ficando sem opções. Eu não sei o que fazer para ajuda-la. Tudo o que o meu cataclismo faz é destruir as coisas.

— Isso não é verdade, garoto. – Plagg já se prontificava ao meu lado. – Você é capaz de muito mais do que imagina, só não descobriu ainda. 

— Como assim? – Indaguei, não entendendo mais nada. Plagg respirou fundo e balançou a cabeça.

— Ladybug e Chat Noir são como o Ying e Yang. Vocês dois são o equilíbrio entre o bem e o mal. Assim como todo o bem tem um ponto maligno, o mal também terá um ponto benigno, entende?

— Ainda é meio confuso. – Disse sinceramente, colocando a mão na nuca. – Mas como saberei o que fazer? Eu vou estar sozinho nessa, tenho medo de piorar as coisas e estragar tudo. 

Mordi os lábios, apreensivo. Ainda com os brincos na mão, voltei a olhá-los, pensando nas minhas lutas ao lado da Ladybug. Ela sempre me guiava com seus planos, era quem comandava tudo e salvava a todos. E eu? Era o parceiro brincalhão que sempre arriscava a própria vida para protegê-la. Esse era o meu objetivo, cuidar dela e fazer com que tudo corresse bem. 

Sentia-me completamente perdido, totalmente dependente de um guia, alguém que pudesse me ajudar saber o que fazer. Não estava acostumado a trabalhar sozinho. 

— Você não está sozinho, Adrien. Nós estamos aqui com você. Faça o que deve ser feito e siga seus instintos felinos. – Tikki finalizou dando uma piscadinha. Ela parecia ler os meus pensamentos, talvez fosse fácil deduzir o que sentia devido às minhas claras expressões preocupadas e assustadas.

— Obrigado. – Eu disse olhando para ela e depois para Plagg. – Vocês dois.

Eles deram um sorriso gratificante, e acabei sorrindo também. Depois Plagg virou-se para Tikki, dessa vez o olhar tinha uma mistura entre a seriedade e confusão.

— Tikki, acho que Hawk Moth nos deu uma pista de como encontra-lo.

— Mas como? – Ela perguntou intrigada.

— O sonho de Adrien. Desconfio que eles tenham mesmo algum tipo de ligação.

— Espera aí! Como é que é? – Estava confuso e indignado, olhando para o pequeno felino. – Explica isso aí que eu não estou entendendo. Como assim uma ligação?

— Mas é claro! – Exclamou Tikki, como se uma lâmpada se ascendesse em sua cabeça. – Agora tudo faz sentido. Você e Marinette estão ligados pelo destino.

— Isso está ficando cada vez mais confuso. – Gesticulei as mãos e balancei a cabeça, o cérebro quase dando um nó.

— O que eu quero dizer é que vocês dois estão ligados como um fio que conecta suas almas.

— Assim como o ying precisa do yang, Ladybug precisa do Chat Noir. Vocês se completam, um pode pressentir o outro. Acredito que Hawk Moth sabia disso e usou essa ligação de almas para conectar-se com você. – Plagg completou. 

Coloquei uma mão na cabeça, sentindo uma grande enxaqueca. Sentei-me na cadeira da escrivaninha e esfreguei os olhos, ainda perplexo com tanta informação em tão pouco tempo.

— Está me dizendo que Hawk Moth sabia que Marinette era a Ladybug e que estávamos ligados? Mas como?

Tikki e Plagg trocaram olhares e depois se viraram para mim.

— Não sabemos, Adrien. Sinto muito. – Ela falou cabisbaixa.

Respirei fundo e soltei o ar lentamente para tentar recuperar a calma. Levantei-me da cadeira e andei até a janela, encarando um ponto fixo e observando os prédios que começavam a se iluminar com o início de mais uma noite.

— Mais do que nunca precisamos dar um fim nessa história maluca, salvar a Ladybug e acabar com o Hawk Moth de uma vez por todas.

Fiquei ali, parado por vários minutos em silêncio e pensando no que seria dali em diante. Os kwamis não disseram mais nada, apenas flutuavam ao meu lado, cada um em sua linha de pensamento. 

Eu e Marinette estávamos ligados, destinados a nos conhecer de qualquer maneira. Uma ligação fatal. Nós definitivamente éramos como o Ying e o Yang. Ela era o meu ponto de salvação, aquela que me trouxe a felicidade, um sentimento tão intenso de amor no qual eu nunca tinha sentido na minha vida, enquanto eu era o seu ponto de destruição, aquele que lhe trouxe rancor, sofrimento e muitas lágrimas.

Eu não era bom para ela. 

Virei-me para o relógio de cabeceira e vi que estava na hora de partir. Logo após me transformar em Chat Noir, saí pela janela com Tikki ao meu lado. Estendi o bastão para que me desse impulso e saltar para os prédios mais altos. Não sabia bem o que estava fazendo, apenas seguia meus instintos felinos – como Tikki me recomendou a fazer. Seguia em direção à Torre Eiffel, o estômago se contorcendo de ansiedade.

Quando cheguei à torre, fiquei sentado entre as grades por um tempo olhando a paisagem, procurando por alguma coisa.

— Você tem algum plano ou algo assim? O que está procurando? – Perguntou a kwami. 

Quando pretendia responder, algo inesperadamente surgiu voando em nossa direção. Uma pequena criatura de asas arroxeadas que pousava delicadamente em uma das grades de metal da torre. Olhei para a borboleta de aparência incomum e a reconheci como um estalo em minha memória. 

A borboleta guiará para o meu destino. — disse por fim, prontificando-me a segui-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu decidi levar a ligação deles muito a sério. Assumo que estava sem ideia de como fazer o Chat encontrar-se com Hawk Moth, então veio essa ideia maluca. Me desculpem se ficou sem sentido e caso não tenha ficado bom.
Me deem a opinião de vcs, pq eu estou preocupada. Aguardarei vcs para o confronto final *__*
Kisses :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Além de mim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.