Livro 1 - Alvorecer de uma nova era escrita por MsMistery


Capítulo 7
Cap 6 - Parte II: O Conselho


Notas iniciais do capítulo

Parte 2 de 3, enjoy!



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"Definitivamente não!" Disse Tarlok imediatamente assim que a ideia de inserir a avatar no conselho foi apresentada.

"Você nem levou em consideração-" Tenzin tentou contestar, mas foi cortado novamente pelos protestos de Tarlok.

"E nem preciso! Uma avatar de 16 anos, que nem domina os quatro elementos, é completamente despreparada, e incapacitada para a função. Não é porque seu pai fundou esse conselho, que devemos aceitar qualquer avatar subsequente. Devo te lembrar do que constitui os requisitos básicos pra fazer parte desse conselho? Vou dizer só o mais básico dos básicos: ter no mínimo vinte e cinco anos” Disse com um ar de superioridade que deu vontade da Korra arrancar aquele penteado ridículo e fazê-lo engolir.

Um dos conselheiros, que pelos trajes parecia ser do reino da terra, adicionou sua própria opinião. Muito útil sua opinião. Algo tão relevante que fez Korra revirar os olhos apesar de querer agir de maneira madura. "Tarlok tem razão, Tenzin. Sem contar que já somos cinco, como ficaria a situação em caso de empate nos votos?"

"Em caso de empate eu me abstenho da votação, visto que não estou aqui pra tomar decisões, e sim pra ser porta-voz da sociedade. A muito eles foram ignorados, enquanto vocês resolvem seus destinos de portas fechadas... Eles se sentem isolados das decisões do governo, e eu só vou estar aqui pra dar a vocês uma ideia do que realmente acontece lá fora."

"Ora, é muita ousadia sua vir aqui e dizer que não sabemos tomar decisões pelo povo de cidade república. Estão vendo, senhores? Ela mal botou os pés aqui dentro e já se acha a dona da verdade." Distorcendo minhas palavras... Típico. Pensou Korra. "Você chegou em cidade república a menos de um mês! Não aja como se soubesse o que é ou não melhor pros cidadãos. Você acha que sabe o que acontece lá fora? Eu vou te dizer o que acontece lá fora: Dominadores estão sendo caçados por radicais igualitários! Se você se importasse com a 'vontade da sociedade' daria apoio a minha força tarefa" Em nenhum momento Korra abriu a boca pra se defender, ou aparentou estar irritada com a tentativa de manipulação do Tarlok, embora estivesse com muita, muita vontade de dizer umas poucas e boas sobre essa força tarefa... e sobre esses conselheiros covardes também. Eram todos como Raiko... A diferença é que eles não foram nem eleitos pelo povo.

Ah como ela queria jogar na cara dele, de todos eles, o que ela achava desse conselho patético.

Mas lá vai ela ser toda argumentativa de novo. "A primeira coisa que vi quando cheguei em cidade república, foi um trabalhador, dono de uma loja simples, sendo extorquido por membros de uma das tríades. Eles agiam como se dominassem essa cidade... Se eles tem essa confiança de agir em plena luz do dia de maneira tão desinibida, então isso já tem acontecido a tanto tempo que eles já se acham no direito de agir como bem entendem, pois sabem que não vão ser pegos. Se eu não tivesse os impedido, não sei nem o que teria acontecido com aquele pobre homem. A polícia de cidade república não é onipresente, e ainda não cobre todas as áreas que precisam de segurança a tempo de agir quando situações como essa acontecem. E eu acredito que os líderes das gangues já aprenderam sobre essa falha. Sabem onde agir, e quando agir, pra evitar confronto com a polícia. Isso faz a segurança de cidade República parecer ineficiente, e com um conselho feito apenas de dominadores, que cria uma força tarefa para proteger outros dominadores, qual é a reação que vocês esperavam dos não-dominadores?" Quando Tarlok abriu a boca pra provavelmente chama-la de simpatizante igualitária, ela continuou "Eu vou lidar com Amon pessoalmente. E não preciso da sua força tarefa pra isso. Ao invés de perdermos tempo caçando chi-bloqueadores - que podem facilmente ser substituídos - devemos levantar a moral da polícia de cidade república. De maneira que os não dominadores se sintam seguros, e não se joguem nos braços de Amon. Devemos diminuir sua influência."

Tenzin foi rápido em complementar "Vejam o resultado da noite de estreia da Avatar. As pessoas celebram a sua chegada! Eles têm esperança de que tudo pode melhorar de novo."

Korra sorriu ao lembrar-se de como foi abordada por algumas pessoas que a agradeciam por lutar por eles, enquanto passeava pela cidade. É de aquecer, e partir o coração ao mesmo tempo. Eles pareciam tão... Ansiosos. Situações como essa faz com que ela lembre de sua responsabilidade como avatar.

Tarlok riu, cinicamente "Você vai lidar com Amon sozinha? E como vai fazer isso, se nem mesmo eu e minha força tarefa sabemos onde localiza-lo? Não prendemos esses chi-bloqueadores a toa. Eles podem nos dar pistas importantes sobre como encontrar seu líder."

"Então deixe que a Chefe Beifong lide com eles! Você não percebe que ao criar uma força especial para proteção de dominadores, faz com que não dominadores se sintam particularmente desprotegidos? Por acaso você tem a intenção de botar gasolina nessa revolução?"

Tarlok percebeu que estava aos poucos se colocando contra a parede. Uma rápida olhada de canto de olho, o fez perceber que a mente dos outros conselheiros estava processando o que a Avatar Korra estava dizendo. E o rumo que aquela conversa estava tomando era potencialmente perigoso para ele. "Claro que essa não é a minha intenção. Como você mesma disse, a polícia de cidade república tem muito em suas mãos, lidar com essa revolução é preciso um grupo completamente focado na captura do Amon. Pra mais efetividade."

"Ainda não muda o fato de que essa equipe poderia ter sido criada sob o comando da polícia de cidade República. Porque você tem que ser o líder das investigações? Como conselheiro, suas ações representam o conselho como um todo. As pessoas acham que TODO o conselho é a favor da violência contra não dominadores. Suas ações tem afetado negativamente a imagem de um conselho imparcial, que faz justiça a todos." Korra sorriu de lado; ao expor um pouco dos planos do Tarlok, esperava que os conselheiros fossem inteligentes pra entender que no fim dessa investigação toda, a intenção do dele é ter poder absoluto sobre cidade república. Ela duvidava que eles fossem enxergar a pessoa que Tarlok é de verdade, mas esperava que no mínimo, deixassem de apoia-lo tão cegamente. Apoia-lo, significa jogar cidade República numa guerra civil. Ela queria que eles percebessem ao MENOS isso.

Tarlok percebeu a intenção da avatar. Ela realmente sabia de seus planos? Ou disse aquelas coisas aleatoriamente, na esperança de fazer parte do conselho pra ser essa 'voz imparcial'? Se perguntava. Ele apertou seus olhos, em suspeita. Era melhor que ele fingisse ser cooperativo com Korra, do que ter outro comentário como aquele fazendo suas atitudes parecerem inadequadas. Onde ela quer chegar? Pensou. Mas logo forçou um sorriso carismático, e tentou a tática amigável "então o que tem em mente? Já que não planeja tomar decisões conosco, pra que quer fazer parte do concelho? Você nunca foi envolvida em atividade política, foi?"

Korra adorava a maneira como era tão fácil ler as intenções do Tarlok. Era claro que ele esperava que Tenzin fosse ir ao socorro dela, para que ele pudesse tratá-la como uma criança tola, e então dispensar de vez a proposta de tê-la no conselho. Ele queria convencer dois dos conselheiros que ela precisa que concordem com Tenzin, a deixa-la fazer parte. Aquele sorrisinho descarado é tão óbvio... como nunca, ninguém percebeu antes?

Korra não deu espaço pro Tenzin agir em sua defesa, em segundos ela trouxe à mesa a razão exata do porque precisavam dela ali. "Eu atrasei em semanas, o planejamento dos igualitários com o discurso que dei no baile, disso tenho certeza. Acredito que eles esperavam mais pessoas se juntando a causa, depois do anúncio da força tarefa... Ao me posicionar imparcialmente, eu me coloquei como defensora de dominadores e não dominadores. E é só isso que os não dominadores precisam.” Deixou de fora o 'Por enquanto' “Eles só precisam se sentir tão seguros quanto os dominadores se sentem com a força tarefa pra acalmar os ânimos..."

Tarlok não esperava essa resposta. De tudo o que ela poderia ter dito. 'Eu sou a avatar', 'eu tenho direito', ele não esperava que ela fosse mencionar aquela noite. E isso o deixou extremamente irritado. "Mas não foi como se você tivesse planejado isso."

Korra sorriu de lado "Não, porque você quem planejou me fazer juntar a força tarefa, não é mesmo, Tarlok?"

Como ela...? Não, ela não poderia saber. Com certeza está apenas o provocando. Ela é só uma adolescente abusada. "Daonde tirou essa conclusão, Avatar?"

"Suposições, suposições. Esqueça isso." Disse Korra com um sorriso debochado no rosto. Ela não conseguiu resistir, teve que acertar os nervos dele mais uma vez antes de voltar sua atenção aos outros conselheiros.

Brincadeiras à parte, Korra sentiu que era hora de mostrar a que veio, o sorriso debochado em seu rosto foi substituído por um sorriso mais sereno, quando voltou a encarar os outros conselheiros. "Vejam por esse lado: minha presença no conselho só vai solidificar a ideia de que o conselho não quer nada com essa guerra; dará esperança aos não dominadores de que vocês estão tomando provisões pra acabar com a violência das tríades, e vai dar confiança aos dominadores que se sentem ameaçados pelo movimento igualitário. Eu sou uma imagem de poder, que é potencialmente mais influente que Amon. Minha presença aumentará ainda mais a influência de vocês, pois terão apoio do público." Sabia que era isso que queriam ouvir. Que teriam poder.

Queria empurrar o nariz deles pra dentro de suas cabeças com um soco, mas manteve o sorriso.

Tenzin era o único com boas intenções naquele lugar, não era a toa que o ódio contra dominadores cresceu tanto. Esse é o exemplo que as pessoas tem de dominadores.

Inúteis. Pensou Korra. Tenho que desmanchar logo esse conselho, assim que acabar essa crise. Processava planos em sua mente, enquanto os conselheiros trocavam olhares entre si, obviamente vendo quem teria a audácia de discordar de Tarlok primeiro.

Sabendo que ninguém expressaria sua própria opinião sem apoio, 'expor seu pescoço' metaforicamente falando, Tenzin sorriu e disse o que achava da ideia "Como eu disse, sou a favor da Korra tomar parte do conselho. Tem muito que ela pode aprender conosco. Quantas pessoas podem dizer que tem a oportunidade de ajudar o Avatar a atingir seu potencial completo? Temos a oportunidade de ensina-la como tomar decisões." Sem mencionar que é dever do avatar agir em crises políticas que afetam o equilíbrio de uma sociedade. Pensou Korra, sem interromper seu mestre. "Ver como o mundo funciona, e tendo contato direto com o nosso trabalho, a ajudará a ter uma ideia de como agir futuramente, quando tiver que tomar decisões por conta própria." Tenzin estava aliviado por não ter que vender essa causa sozinho. Korra ofereceu um sorriso como quem diz 'não poderia ter dito melhor', e Tenzin retribuiu, admirado dos argumentos utilizados por ela. Korra demonstra tanto potencial... É fácil defende-la nessas circunstâncias. Pensou.

Tarlok ficou vermelho. Uma veia saltou em seu pescoço, com o esforço que ele fazia pra não explodir de raiva. Ela sabia exatamente a influência que tinha... ela sabia, e se recusou se juntar a ele. De agora em diante, ele tem que manter os olhos bem abertos perto dessa garota. Ela não é idiota. Era hora de parar de tratá-la como criança. É realidade que ela quer? Realidade ela terá. "Muito bem. Todos de acordo?" Perguntou rispidamente. Ele sabia que tinha perdido aquela batalha. Todos pareciam muito interessados na imagem da Avatar... Ele não poderia ser o único contra naquela situação, seria patético. Era óbvio que, com os termos impostos pela Avatar, não tinham o que perder com aquilo. Seria suspeito demais de sua parte, recusar pro conselho, o que ele queria pra sua força tarefa: A influência da Avatar.

Como esperado, todos levantaram as mãos a favor.

"Então está decidido. Avatar Korra fará parte do conselho de cidade República. O anúncio será feito hoje a noite na rádio, e semana que vem faremos uma coletiva de imprensa pra esclarecer a situação pros cidadãos de cidade República. Esteja preparada para responder perguntas." Disse Tarlok, numa última tentativa de parecer estar sob controle.

Korra sorriu de lado, atenta ao seu desconforto. "Sempre estou."

Tarlok trincou o maxilar. Foi necessária muita força de vontade para não quebrar o martelo na mesa.


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Notas finais do capítulo

Uepaaa Korra no Conselho! xD

Eu estava na dúvida entre escrever Korra com uma atitude mais agressiva, trabalhando na polícia de cidade República caçando as tríades, sua imagem sendo a de justiceira... ou com uma atitude mais diplomática, se envolvendo na política, com sua imagem invocando nas pessoas um senso de admiração.

A segunda opção se escreveu sozinha, no momento em que eu comecei a refletir no que Korra passou pra chegar onde ela está. Na minha mente fez mais sentido.

Espero que gostem!



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