Livro 1 - Alvorecer de uma nova era escrita por MsMistery


Capítulo 3
Cap 4 - Mudanças são nescessárias (Posso tentar novamente?)


Notas iniciais do capítulo

Projetos para uma nova lótus vermelha abastecem a mente da Korra; Zaheer, dando seu apoio, fornece uma informação que pode dar à ela a chance de reestruturar a organização, mudando o curso de toda a sua história.



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“Então o que você quer, é usar a lótus vermelha como seu exercito pessoal? Da mesma forma que Aang fez com a lótus branca?” Zaheer disse, incredulidade enlaçando sua voz.

“Você não me deixou terminar, achei que você já tinha se tornado mestre na arte da paciência de dominadores de ar” Korra disse ironicamente, não gostando do fato de que foi interrompida, e mal interpretada antes mesmo que ela pudesse falar sobre seus planos.

“O que gostaria que eu pensasse, quando a primeira coisa que me diz tem as palavra ‘recrutar’ e ‘reformular’ na mesma frase?” Ele se defendeu.

“Eu não quero RECRUTAR a lótus vermelha como um exército. Eu quero resgatar os membros que se separaram por causa de sua derrota, e apresentar minha nova filosofia a todos. Dessa forma posso trabalhar com eles ao meu lado, ao invés de tê-los me caçando pra instaurar o caos.” Korra disse indignada. Zaheer mal a escutou quando apresentou sua ideia, e já foi criticando. Nem parecia o cara que estava aberto à discussões dias atrás, ela pensou revirando os olhos.

Percebendo que talvez sua atitude anterior tenha deixado a Avatar num estado impaciente, mudou de tática. Não custava nada ouvir um pouco de coisas sem sentido pra manter sua única companhia presente. “Eu receio que talvez as pessoas que servem à organização não tenham seu pensamento suscetível a mudanças que vão contra o que acreditam. ”

Korra se permitiu sentar de novo, quando percebeu que Zaheer não estava oposto à ouvir o que ela tinha a dizer. “Eu não vou dize-los nada que eles já não saibam. Minha intenção não é aparecer pra entrar no caminho de vocês e ditar o que devem fazer...” Ela suspirou e fechou os olhos, pensando numa maneira de explicar o que tinha em mente “Eu só não concordo com a anarquia, e acho que o que tenho em mente é um meio termo que poderia ser a solução pros problemas atuais”

Algo que ela disse chamou sua atenção: Korra não lideraria a Lótus vermelha, da forma que o Avatar Aang tomou o controle da lótus branca. Ela apenas apresentaria uma ideia diferente... Mas o quão diferente? Zaheer olhou-a inquisitivamente, querendo saber o que se passava na cabeça da garota. “O que você tem em mente?”

Korra sorriu, percebendo que tinha o total interesse de Zaheer. “O dever da organização lótus vermelha seria o mesmo: Destruir líderes mundiais. A única mudança seria que, vocês não fariam de alvo todo e qualquer governante. Iriam atrás apenas dos que trazem nada além de desordem para seu próprio povo. Pessoas como a Rainha da terra, que eu sei que ainda existem por aí a fora. Eles seriam seus alvos, e o objetivo da lótus vermelha seria caçar, e eliminar esses opressores.”

Zaheer gargalhou, quando finalmente entendeu onde ela queria chegar com aquilo tudo “Quer dizer então que você pretende intimidar os outros líderes mundiais a serem justos, ao aplicar punição severa aos que não seguirem o que você julga certo?”

Korra entendeu a risada do Zaheer como algo negativo, então fechou a cara novamente, ficando com uma carranca que pôs uma breve pausa na crise de riso do antigo vilão. Sem tirar o sorriso do rosto, ele se explicou: “Não me entenda mal Avatar, não acho sua ideia ridícula. Simplesmente estou surpreso que o que tenha em mente não é nada mais do que um sistema de julgamento exclusivo para líderes mundiais. Algo similar ao que Amon fez, só que para governantes.” Ele riu novamente, mas fez um sinal com sua mão para que ela continuasse com sua explicação.

Bufando, Korra cruzou os braços na frente do corpo e passou a observar o cenário ao seu redor. Olhar pra Zaheer se acabando de rir, dava a ela a sensação de que ele não estava a levando a sério, e isso a incomodava. “Enfim, o que eu quero é reunir novamente os membros dispersos, e apresentar a eles meu novo plano. E não me compare à Amon, eu não acho que TODO o governante é mal, só acho que faria bem à sociedade se alguns deles fossem eliminados.”

Zaheer concordou com a cabeça, e fez um som positivo do fundo de sua garganta “Qual seu plano, Avatar? Já que não quer estabelecer a desordem com a anarquia, porque mataria esses líderes corruptos? Acho que se tem algo que aprendemos depois dessa crise, é que tudo que é ruim, pode piorar. E alguém pior do que o governante anterior pode se erguer através desses ataques”

Korra sacodiu a cabeça “Não vou dar abertura pra isso.” Ela se virou de frente pra ele e encarou-o nos olhos. Queria deixar o mais claro possível o que tinha em mente, e esperava que ele compreendesse a importância do que ela tinha pra dizer naquele momento “Kuvira saiu do controle, porque não tinha quem a supervisionasse. Ela tomou à força o poder, que se eu fosse completamente capaz de cumprir com meus deveres de Avatar, não teria entregado à ela. Entenda, uma vez que uma pessoa for destituída de seu cargo, EU nomearei outra para ficar no lugar, e se essa pessoa se desviar de seu propósito...”

“Ela será eliminada como seu anterior” Zaheer fechou os olhos e sorriu. Agora ele entendia. “Você ainda insiste em manter um semblante de ordem nesse mundo. Achei que já tinha desistido disso.”

Korra deu de ombros “Eu desisti de fazer grandes sacrifícios, e abrir mão da minha própria liberdade pra atingir meu objetivo. Mas ainda acho que é meu dever como Avatar restaurar o equilíbrio. Lamento te informar Zaheer, mas Caos não é sinônimo de liberdade. Sim, algumas pessoas vão conseguir a liberdade em meio ao caos, você seria uma dessas, mas pense nas pessoas que perdem famíliares para bandidos, porque não tem ninguém pra manter a ordem e impedir que esses malfeitores façam o que bem entendem sem consequências pra suas ações?” Zaheer desviou o olhar.

“Eu achava que era simplesmente o natural. Mas depois de perder P’li...” Zaheer não precisou terminar, Korra entendia.

“O equilíbrio é necessário para o mundo, Zaheer.”

Ele suspirou “Seria hipocrisia da minha parte dizer que não acredito mais na ordem, quando estou aliviado em saber que o reino da terra assumirá uma política democrática.”

Korra não conseguiu segurar um pequeno sorriso “Isso significa que concorda comigo?”

Impressionado com a atitude da Avatar, Zaheer sorriu de volta antes de responder: “Eu concordo. Mas do que importa minha opinião? Não vou fazer a diferença, acorrentado numa caverna isolada.”

“Faz mais diferença do que imagina” Ela passou a encarar o horizonte, voltando a falar no tom suave, que agora parece ser característica de sua nova personalidade. “No meu processo de recuperação, eu passei um tempo no pântano espiritual junto de Toph.”

Aquilo era novidade pra Zaheer. Ele sabia, através de guardas e murmúrios no mundo espiritual, que a Avatar estava desaparecida, mas nunca soube exatamente o que aconteceu com ela nesse tempo. Não é como se ele tivesse muita coisa pra entretê-lo na prisão, então uma história (como a que estava por vir) era sempre bem vinda. Ele passou a encarar a Avatar Korra com atenção.

“Ela me disse umas coisas que só agora vieram fazer sentido.” Korra se perdeu em sua mente, relembrando que lhe foi dito. “Ela mencionou algo sobre ‘aprender com os meus inimigos’, e na época, achei que era apenas não repetir seus erros. Mas o que eu não tinha parado pra pensar, é que na verdade, nenhum de vocês estavam completamente errados. Eu achava que tudo o que eu tinha que fazer era superar meu medo, mas eu estava errada. É como ela disse, vocês estavam apenas desequilibrados, e levaram a ideologia de vocês longe demais. Eu não precisava desconsiderar tudo o que tentaram fazer pra mudar o mundo, apenas absorver e tentar reproduzir de maneira que pudesse restaurar a ordem. Igualdade, espiritualidade, e liberdade não são ideologias ruins, se aplicadas de maneira sensata. Minha ideologia agora, é viver de constante aprendizado, e nunca ser resistente à mudanças. Acho que se eu tivesse entendido tudo isso antes, muito desastre poderia ter sido evitado”

Em todos os seus anos, Zaheer jamais pensou que alguém o faria ter fé numa sociedade controlada por governos. Mas tudo o que Korra estava dizendo, penetrava sua mente como uma faca atravessando manteiga derretida. Ele entendia agora qual era a nova filosofia da Avatar “Você tem um ótimo ideal à seguir, Korra. – ele suspirou – mas não tenho certeza se você vai ser capaz de convencer meus companheiros à te seguirem, não sozinha. Eles podem querer te matar à primeira vista, isso SE você for capaz de localiza-los. A essa altura, nem eu tenho certeza se eles estão nos antigos locais estabelecidos como ponto de encontro. Depois do que aconteceu com Ghazan, Ming Hua, e P’li, eles podem não ter confiança de que o movimento terá força pra se reunir tão cedo.”

Korra suspirou derrotada “Isso dificulta as coisas” Ela se apoiou na árvore atrás dela, e pôs se a encarar o céu, que parecia mais cheio de vida, no mundo espiritual. Mais uns segundos de silencio, e Korra voltou a falar sobre como ela se sentia, era quase como se Zaheer fosse seu psicólogo particular. “Eu realmente achei que, minha experiência com o veneno tinha sido o pior que eu poderia sentir na vida. Eu perdi o controle sobre meu próprio corpo, e me senti isolada, por mais que tivesse pessoas ao meu redor. Eu achava que tudo aquilo tinha acontecido apenas para que eu pudesse entender pessoas como Kuvira, e argumentar com elas...” Korra suspirou “Mas olha até onde argumentos me levaram? Se eu tivesse simplesmente derrotado Kuvira em Zaofu, Asami ainda estaria viva.”

“Você conseguiu argumentar comigo muito bem. Você me fez mudar meu ponto de vista, argumentos podem se tornar seu ponto forte, Korra. Você realmente aprendeu algo.” Zaheer tentou conforta-la

“Mas isso porque você estava aberto a discussões. E convenhamos, não tinha muita opção, já que está preso”

Ele riu e deu de ombros, “Mas você TEM talento com as palavras, e deveria praticar esse dom, assim como pratica sua dominação. A principal característica de um líder, é saber inspirar seus seguidores com bons discursos. E você tem potencial pra isso.”

“Hmm. Talvez. Eu só gostaria de poder saber de tudo isso antes, digo... Imagina a diferença que eu faria no mundo se eu realmente fosse a Avatar bem preparada que todos esperavam, quando cheguei em cidade república?”

“Só há uma forma de saber realmente o que aconteceria” Zaheer se levantou “Me siga. Vou te mostrar algo que possa lhe interessar.” Dito isso, ele se pôs a andar, quase deixando uma confusa Avatar pra trás. Vendo que Zaheer realmente não ia parar pra explicar nada, ela se levantou, apressando o passo pra alcança-lo logo.

Nenhum dos dois tinham reparado numa figura espiritual, de brilho azul, observando tudo atentamente.

Usando o transporte rápido, Zaheer e Korra se viram em frente da Árvore do tempo em menos de 20 segundos. Uma vez que chegaram lá, Zaheer adentrou aquele imenso tronco, e sentou-se em posição de meditação, chamando a Avatar para fazer o mesmo ao seu lado. Quando ela o fez, imagens preencheram o local, como da última vez que ela viu suas lembranças alí. A diferença era... Todas aquelas imagens eram lembranças do Zaheer. O que ele queria mostra-la?

“Ve ali, o momento em que me reuní com meus amigos?” Zaheer disse, apontando brevemente pra uma das imagens; Ao ver os beijos quentes que o dobrador de ar trocava com sua namorada, Korra corou e desviou o olhar brevemente. Porém quando aquela lembrança brilhou, ela teve que prestar atenção novamente.

“O que houve?” Ela perguntou, curiosa pra saber porque aquela lembrança de repente brilhou daquela forma. Isso não aconteceu com ela na vez em que viu suas lembranças.

“Essa árvore não mostra apenas suas lembranças, mas mostra também as possibilidades do que poderia ter acontecido. – Olhando atentamente aquela lembrança, Zaheer disfarçou as lágrimas umedecendo seus olhos – O que você ta vendo agora, é o que realmente aconteceu.”

Korra viu diante dos seus olhos, Zaheer comemorando a fuga com seus amigos, e falando animadamente seus planos para derrubar todos os governantes do poder. Todos estavam animados, e todos contribuíam à sua maneira para o plano. Dando a ela a ideia de que nenhum deles estava no comando, diferente do que ela pensava, todos eram líderes. Zaheer tinha uma presença mais forte, então era fácil assumir que ele quem tomava todas as decisões. Mas ao ver todos eles discordando nos próximos planos de ação, e finalmente chegando à um acordo como um TIME, ela percebeu que Zaheer não era capaz de impor nada àquelas pessoas.

“Observe agora o que aconteceria se eu me mantesse calado e deixasse eles planejando sozinhos”

A lembrança brilhou novamente, e ao lado da mesma, ela viu uma outra realidade ser reproduzida. Os outros estranharam o fato de que o ‘senhor-sabe-tudo’ (apelido que Ming-hua deu ao cabeludo) estava calado, e não contribuía com as idéias. Zaheer, que já tem seus ideiais diferente do que eram no passado, disse à eles que não achava uma boa ideia a destruição de todos os lideres mundiais, se não fossem ter apoio para substituí-los. Obviamente, ele foi zoado por Ghazan, e P’li o olhava como se ele fosse um estranho. Incapaz de mudar a decisão de seus amigos, ele foi forçado à segui-los e o resultado foi o mesmo.

Em qualquer que fosse suas lembranças, não importava o que zaheer fazia, sozinho, ele não consegui a mudar seu destino. 

Korra entendeu que mesmo que Zaheer quisesse voltar no tempo e mudar suas ações, ele não conseguiria evitar nada do que aconteceu. Só não entendia porque ele está mostrando pra ela esses “e se’s” quando ele mesmo a recomendou deixar de olhar pro passado e para as possibilidades do que poderia ter acontecido com ela.

“Se eu tivesse que voltar no tempo, pra acabar exatamente onde eu estou, acharia melhor deixar as coisas como estão.” Zaheer comentou, olhando agora para Korra. “Porém, se você voltasse, tenho certeza que suas ações alterariam o rumo da minha história completamente. VOCÊ é capaz de me ajudar a mudar tudo o que eu fiz de errado no passado, e me ajudar a convencer P’li e os outros de que a sua nova ideia pra Lótus vermelha é perfeita. Que eles só teriam a ganhar com esse acordo de trabalhar secretamente com você”

Korra franziu as sobrancelhas e o encarou com uma certa incredulidade “Está dizendo que, olhando minhas lembranças, e desejando fazer algo diferente, eu posso alterar o rumo das coisas?”

Zaheer gargalhou e disse, “Não, desejando fazer algo diferente, você pode ver o que exatamente mudaria, a árvore te mostraria as possibilidades. Mas se você chamar pelo o espírito que cuida de todas essas lembranças, e todas essas possibilidades alternativas, ele sim pode te dar uma chance de voltar no tempo e alterar o que você quiser.”

Ela ainda parecia cética, mas de qualquer maneira, desejou mudar o dia em que foi sequestrada por Zaheer; só pra ter uma ideia do que aconteceria se ela voltasse no tempo com o conhecimento de que ele não tinha nenhum dos dominadores de ar com ele.

A sua lembrança brilhou, e ao invés de se entregar, ela passou a argumentar com Zaheer tudo o que já havia conversado com ele no mundo espiritual. Intrigado, o Zaheer de suas lembranças acabou mudando seus planos de mata-la, e pediu para que ela tomasse parte nos seus planos de reestabelecer a ordem do mundo.

Vendo que aquilo realmente funcionava, Korra olhou para Zaheer com um sorriso no rosto. O mesmo se virou para encara-la e retribuiu o sorriso “Vê? Você é capaz de mudar tudo, Korra.”

“E o que eu faço pra ter essa chance?” Ela disse empolgada. Jamais imaginou que iria rever Asami. Se o que Zaheer disse for verdade, ela poderia evitar que muitas coisas horríveis acontecessem à ela, e a seus amigos.

“Apenas diga que quer voltar e refazer, que já sabe o que fazer.” Zaheer mal conseguia conter sua própria animação. Com o coração batendo acelerado no peito, ele já conseguia visualizar como seria o mundo com a lótus vermelha agindo ativamente; A maneira que Korra planejou reestruturar a organização, só trará vantagens à si e aos seus amigos.

Arqueando uma sobrancelha, Korra pediu pra que Zaheer esclarecesse o que tinha acabado de dizer: “que quero voltar e refazer? Que já sei o que fazer? Que rima é essa?”

Zaheer riu, seu bom humor um resultado da positividade de seus pensamentos, ele não conseguia tirar o sorriso do rosto “Esse espirito ancião, assim como a mãe das faces, tem um papel muito importante pra humanidade. Ele é o espirito que armazena o destino de cada pessoa. Quem medita nessa árvore, geralmente sai daqui sabendo melhor sobre si, porque vê todas as suas lembranças sob uma nova perspectiva. A perspectiva do espirito, que sabe tudo sobre quem você foi, é, e PODE ser. Se quem você foi, torna quem você é hoje, e o que acontece no presente, é o que molda seu futuro, porque você não pode voltar e mudar quem você quer ser agora?”

“Hãn?” Korra se perdeu no meio daquele discurso. Tudo o que ela entendeu é que a arvore aparentemente não é só uma árvore, e que o espirito que vive ali pode mudar seu presente. “So me diz como eu faço pra esse espírito me mandar de volta, Zaheer!”

Incapaz de controlar sua animação, Zaheer gargalhou antes de retrucar “Parece que não sou o único ansioso aqui.” Ele fechou os olhos e ordenou que ela fizesse o mesmo. “Esvazie sua mente, encontre seu eu interior”

“Korra, não faça isso!” A forma espiritual finalmente se pronunciou, fazendo Korra abrir os olhos, assustada com o grito repentino.

“Jinora? O que faz aqui?” Korra disse, reconhecendo a garota que usava a técnica de projeção de espírito.

“Eu estava preocupada com você! Você não conversa com mais ninguém, e seu silêncio tem preocupado a todos! Eu vim ver se você estava bem... O que estava fazendo. – Antes que Korra protestasse, Jinora voltou a falar, numa velocidade que impressionaria até mesmo a Ikki – Korra, você não pode fazer isso! Voltar alteraria o destino de muitas outras pessoas além de você mesma... Não pode-“ Foi a vez da Korra interrompe-la.

“É justamente por isso que devo voltar, Jinora! Sabe o impacto que vou causar, voltando para mudar tudo o que eu fiz de errado? Te garanto que vai ser pra melhor!”

“Não, Korra, você não pode imaginar as consequências... as coisas que aconteceram na sua vida, podem ter sido o ponto de mudança na vida de outras pessoas! Você não pode simplesmente alterar isso!”

“Tudo vai mudar pra melhor, eu sei disso...” Korra pôs a mão em seu coração “Eu sinto.”

“Korra, e quanto ao wu? Sem Kuvira ele jamais aprenderia a valorizar um governo justo...”

“E QUANTO A MORTE DA ASAMI, HÃ? E QUANTO AS PERDAS QUE VARIAS FAMILIAS TIVERAM GRAÇAS A ESSAS GUERRAS QUE PODERIAM SER EVITADAS?” Korra estava fumegando, se ela tem uma chance de mudar, ela pegaria essa chance, custando o que custasse...

Jinora abaixou a cabeça. “E quanto à mim? – Ela levantou o olhar, cheio de lágrimas – Desculpa por ser egoísta; nesse momento, é a última coisa que você precisa... Mas se você não necessitasse da minha ajuda durante a convergência harmônica, eu jamais conseguiria projetar meu espírito... E meu pai não precisaria ir atrás de mim no mundo espiritual, conseguindo a orientação que ELE mesmo precisava pra uma realização interior... Talvez eu, meu pai, tio Bumi e Kya não estaríamos onde estamos agora...”

Korra se acalmou quando percebeu do que tudo aquilo se tratava, ela abraçaria Jinora, se a garota não fosse apenas uma projeção “Mas é claro que você conseguiria, minha querida. – Korra transmitiu em sua voz todo o carinho que ela colocaria em seu abraço – E mesmo que vocês não fossem capaz de chegar onde estão agora sozinhos, eu garantiria isso. Nem que eu tenha que fingir tomar uma surra do Unalaq pra você voltar correndo pro meu socorro” Jinora riu um pouco, e fungou, observando as lembranças ao seu redor.

“Você não poderia ao menos voltar numa lembrança mais próxima? Como Kuvira atacando Zaofu? Lá, você poderia impedi-la ainda cedo...”

Korra olhou novamente suas lembranças, e percebeu que sim... Ela poderia. Mas isso mudaria as coisas apena pra ela, e olhando novamente pro homem ao seu lado, que observava tudo em silencio, ela lembrou seus planos, e porque sequer sabia da existência desse espírito do destino. “Não seria justo deixar aprisionado, o homem que me fez acreditar na liberdade.”

Zaheer sorriu, agradecido. Por um momento pensou que a Avatar iria abandona-lo na prisão, e deixar que o destino de seus companheiros fosse o trágico fim que tiveram nessa realidade. Aliviado, era a vez dele de tranquilizar o coração atribulado da menina. “Eu não sei se você sabe, mas algo que está destinado a acontecer, não pode ser mudado. Não interessa o que você faça, ou que decisões você tome, inevitavelmente algo que está predestinado, acaba acontecendo. – Ele se aproximou do espirito, e olhou nos olhos da garota flutuante – Eu acredito que seu poder espiritual despertando não foi algo situacional, mas sim destino se tornando realidade. Você é destinada a se tornar a mestra que você é hoje, Jinora. Pode levar um tempo à mais, ou até mesmo a menos, se Korra fizer algo a respeito... Mas você, utilizando de habilidades espirituais é algo que não pode ser evitado. Eu sei disso.”

Jinora aceditou no que ele disse, mas ainda se sentia estranha quanto à confiança que Korra estava demonstrando por aquele homem, que foi a razão de ter deixado-a tão quebrada no passado. De qualquer forma, resolveu dizer o que pensava, para que Korra pudesse fazer o que quer que ela tivesse planejado com a cabeça livre de preocupações.

“Não acho que você merece nossa confiança, mas agradeço pelo que disse, Zaheer. – Jinora sorriu, e então se dirigiu à Korra – Eu espero que tudo corra como você planeja. Apenas me prometa que não vai desistir de proteger o mundo...”

Korra sorriu apaziguadoramente “É uma promessa.”

Jinora assentiu e com um ultimo sorriso, se dispersou, voltando ao seu corpo. Quando abriu os olhos, ela viu Kai a encarando com uma pergunta pronta nos lábios: “Ela está bem?”

Olhando pro seu namorado, indagando se sequer o encontraria numa outra vida, beijou-o como se fosse a última vez que o veria “Espero que sim.” Ela fechou os olhos, desejando com todas as forças que esse amor seja predestinado. As palavras do Zaheer te deu esperanças, apenas esperava que Korra soubesse o que estava fazendo de verdade.

Sem questiona-la, Kai abraçou Jinora apertado, mal imaginando que sua atitude foi o que terminou de acalmar o coração da mestre dominadora de ar.

Na árvore do tempo, Korra voltou a fechar os olhos, e deixar que o silêncio penetrasse sua mente, esvaziando de tudo. Sem nem sentir, ela acabou entrando novamente na dimensão em que encontrou seu eu espiritual. “Vou ter que me tornar uma gigante de novo?”

“Haha... Não, é que o espírito habita nessa dimensão, e é aqui que vai encontra-lo.” Zaheer disse, sua voz tão próxima que deu a impressão de que ele estava do seu lado. Olhando ao redor só pra garantir que realmente estava sozinha alí, Korra voltou a encarar sua figura enorme, percebendo o quão assustador aquilo realmente era.

“O que eu faço agora?” Ela perguntou, mesmo sem saber se Zaheer a escutaria. Felizmente ele ainda a escutava.

“Chame pelo destino. Não se lembra? Diga que quer voltar e refazer. Que já sabe o que fazer. Repita: Quero voltar e refazer, Já sei o que fazer.”

Repetindo as palavras de Zaheer, Korra foi surpreendida quando uma luz branca muito forte brilhou do nada, forçando-a fechar os olhos para que evitasse ficar cega.

“Ora ora, faz uns bons séculos, desde que alguém veio me pedir por uma chance de refazer sua vida.” Era uma voz que parecia não ter genero... e ecoava de todos os lados. Sem conseguir abrir os olhos, pois ainda estava muito claro para faze-lo, Korra perguntou:

“É o espírito do destino?”

“Destino é um dos meus nomes, sim. Meu trabalho é guiar as pessoas, e faze-las atingir seus objetivos na vida de acordo com o que desejarem. Eu sou a intuição que as impedem de tomar certas decisões. Por ignorar algumas sensações intuitivas, as pessoas acabam tomando um caminho que eu sei que vão acabar se arrependendo no futuro. Por estarem desconectados do mundo espiritual, algumas pessoas não tem a capacidade de sentir quando eu tento guia-las. E é por isso que muitas delas vivem sem destino certo, tendo muitas aberturas e possibilidades para falhas. Acertos também, mas na maior parte das vezes, elas falham. E você, Korra, tem ignorado meus concelhos por muito tempo. Eu tentei te fazer impedir Kuvira à tempo... Tentei te levar à cidade república antes dela ganhar todo aquele poder... Pensei até que você fosse ignorar, quando eu mandei aquele espírito em forma de cãozinho atrás de você. Como Avatar, seu ‘instinto’ deveria ser o mais forte de todos. Eu e Raava estamos conectados diretamente. Asami não deveria ter morrido... Vocês foram predestinadas.”

Disso Korra não sabia, sua respiração falhou por um momento, mais uma vez, as possibilidades de uma vida com Asami sato preencheram a mente da jovem... “Não achei que fosse algo necessário a te dizer, Korra. Nenhum Avatar passado sequer cogitou a ideia de voltar no tempo. Achei que você trilharia seu caminho novamente, uma vez que superasse a morte dela.” Raava se explicou, tranquilamente.

“Será que posso ter a chance refazer esses meus erros?” Korra perguntou, mentalmente dizendo a Raava que estava tudo bem.

O espirito pareceu ponderar por um momento, visto que ficou em silencio por alguns segundos.

“Por favor, eu preciso dessa chance. Eu não vejo mais razão pra continuar lutando nesse mundo.”

Um som parecido com um suspiro ecoou ao redor de Korra, que ainda de olhos fechados, não poderia ver se o espirito tinha uma forma física e estava realmente soltando ar. “Posso deixar você voltar, sim. Mas você precisa ter noção do que você vai fazer, Korra. Como Avatar, suas ações afetam a vida de mais pessoas do que você pode imaginar. Então, por favor, se realmente for retornar pra mudar algo, ao menos esteja atenta às minhas instruções, vou tentar ao máximo te ajudar a evitar catástrofes.”

“Então eu posso tentar de novo?” Korra perguntou esperançosa.

“Sim, pode. Em que época você quer voltar?” O espírito perguntou a Avatar, que imediatamente se pôs a pensar no melhor momento.

“Se me permite interromper – A voz do Zaheer ecoou novamente, lembrando Korra que ela não estava sozinha, afinal de contas. Ela se perguntava se Zaheer estava tendo a mesma experiencia, onde quer que ele estivesse – Eu gostaria de saber se eu posso voltar com a Avatar Korra.”

O espirito surpreendentemente riu e disse: “Vai depender dela. E então, Korra. Quer que Zaheer volte com todo esse conhecimento futuro?”

Korra não sentiu em nenhum momento que ele iria traí-la, então sem nem hesitar, respondeu: “Sim, ele pode vir comigo. Será ainda mais fácil, pois não terei que convence-lo à mais nada. Ele já sabe exatamente tudo o que tenho em mente, e vai me ajudar bastante.”

“Muito bem” Disse o espírito “Então Zaheer voltará com você. Mas a época em que vão voltar ainda é escolha sua, Korra. A época em que você voltar, é a época em que ele voltará também.”

Korra mexeu a cabeça positivamente, e como não tinha certeza se o espirito tinha visto, ela decidiu dizer “Tudo bem”

“Não vai fazer diferença na minha vida, estou preso agora, e no passado estarei preso do mesmo jeito. Ao menos lá eu vou ter a expectativa da hora da fuga” Korra riu do comentário bem-humorado do Zaheer, que à sua maneira, lhe deu liberdade total pra voltar no momento em que ela achasse melhor.

Olhos cor-de-esmeralda brilharam como um flash na sua mente, e de repente ela tinha o dia perfeito. “O dia do baile de Gala que Tarlok preparou pra mim”

“Aquele dia inteiro, ou exatamente o momento em que você chegou naquele baile?”

Korra sorriu largamente “O momento em que pus os pés naquele salão de festas”

“Que assim seja” O espírito disse, e assim como a luz veio, ela foi embora.

Quando Korra abriu os olhos, estava num vestido de gala, olhando ao redor de um imenso salão de festas. Dessa vez, porém, ela sabia exatamente quem procurava. Asami sato, estava ainda mais linda do que Korra lembrava, seu vestido formal caía muito bem em seu corpo, como qualquer coisa ela vestia. Ao ve-la novamente, seu coração acelerado deu um pulo, lembrando-a de que aquele órgão ainda existia, e estava em seu devido lugar. Um sorriso completo, cheio de dentes, foi inevitável naquela situação.

A jornada recomeçou, e ela não poderia estar mais contente.


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Notas finais do capítulo

Livro 1, epi 4 - é o nosso ponto de partida! Agora é Korra lutando pra corrigir o que ela acha nescessário.



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