4º Capítulo

(Paul Lahote)

Calço meu tênis para logo em seguida ouvir uma batida insistente na porta. Reviro os olhos já prevendo quem é.
—Já tá pronto, maninho? -Pergunta Sophie entrando sem esperar resposta com um sorriso maior que o rosto.
—Eu não disse que era pra me esperar lá embaixo? -Me levanto da cama e vou em direção ao guarda roupa.
—Você estava demorando. -Ela dá de ombros e vai em direção a porta. -Te dou mais cinco minutos.

XXX

—Te encontro aqui na frente, não saia sem mim. -Falo olhando seriamente para Sophie. Ela combinou de ir no cinema com suas amigas e eu, como irmão mais velho, tive que traze-la.
—Eu sei, Paul. -Ela revira olhos mas depois sorri. -Não sou mais criança.
—Isso é o que você pensa. Mas não vou discutir. Se cuida.
—Eu vou. -Ela sorri travessa e me dá um abraço rápido, depois me larga e corre em direção as suas amigas. Meneio minha cabeça e dou partida no carro.

XXX

Percorro Port Angeles com o carro atrás de uma lanchonete na qual eu possa passar meu tempo. Abro a janela do carro e paro o mesmo no sinal vermelho. Começo a tamborilar meus dedos no volante no ritmo da música que toca no rádio. Estou quase colocando o carro em movimento novamente quando sinto o cheiro dela.
Viro meu rosto na direção da janela e respiro fundo. Com certeza é o cheiro de Bella, misturado com o de outras pessoas mas é o dela. O som de buzinas me desperta e eu logo coloco o carro em movimento seguindo o cheiro dela. A cada vez que me aproximo mais o cheiro fica mais forte.
Paro meu carro na esquina de um beco tendo certeza de que é ali que ela se encontra.
Ando apressadamente para dentro do beco e de longe consigo ver três figuras masculinas em pé. Apresso ainda mais meu passo.
—Por favor, me deixem ir. -A tom de voz desesperado de Bella me deixa aflito.
—Ah, por que gata?? -O cara da direita pergunta com a voz cheia de malícia, isso desperta um nojo e raiva tão grande que sinto minha mãos começando a tremer. -Nós ainda nem começamos.
O riso que os outros dois dão são o estopim para tudo. Puxei o cara da direita e desferi dois socos seguidos na cara dele. Após passar o susto dos outros dois, eles vem pra cima de mim. Derrubo um no chão e dou um soco no estômago do outro. Os dois últimos me olham assombrados, eles se levantam e saem correndo. O outro, aquele que disse aquelas palavras em um tom extremamente malicioso até tentou seguir os amigos, mas não teve tanta sorte. Eu o puxei de volta e comecei a socar a cara dele repetidas vezes. O sangue brota cada vez mais, mas eu preciso fazer isso para poder controlar minha transformação.
—Paul... -Congelo quando escuto a voz de minha Bella. Ela toca meu braço. -Vem...

XXX

—Você está bem? -Encaro os belos olhos cor de chocolate de Bella sem acreditar que ela me fazia essa pergunta.
—Sou eu que tenho que perguntar se você está bem, não o contrário. -Eu respiro fundo. -Você está bem?
—Sim, não é como se fosse a primeira vez. -Ela sussurrou a última parte, mas eu consegui escutar.
—O que?? Isso já aconteceu outra vez?? -Pergunta de olhos arregalados.
—Sim, mas... -Ela respira fundo. -Não quero falar disso.
—Tudo bem. -Aperto o volante do carro e acelero ainda mais. Olho de esguelha para Bella e ela faz uma careta. -O que foi?
—O carro está rápido demais. -Mal ela termina de fala e eu logo solto uma risada, ela revira os olhos.
—Não gosta de velocidade? -Pergunta risonho.
—Na verdade gosto mais de me manter viva.

XXX

Estaciono o carro em frente a um parque. Tiro o sinto e desço do carro indo em direção a porta do banco de passageiro, abro a porta e Bella desce me lançando um olhar confuso. Sorrio travesso e ela sorri de volta involuntariamente. 

Conduzo Bella em direção ao parque, em uma parte onde fica alguns trailers de alimentação com mesa de piquenique em volta. As folhas das árvores que estão lá balançam levemente com a brisa.
—O que...
—Vamos comer. -Eu falo simplesmente.
Indico uma mesa que fica em frente a um trailer de lanches e ela se senta mesmo estando um pouco exitante, eu me sento de frente para ela.
Logo uma senhora vem anotar nossos pedidos e sai dizendo que eles logo chegariam.
—Então... -Limpo minha garganta. -O que veio fazer em Port Angeles?
—Vim comprar um livro pra escola. -Ela me encara. -E você, o que veio fazer?
—Trazer minha irmã ao cinema. -Ela me olha desconfiada. -Não se preocupe, eu só vim trazer ela mesmo.
—Não gosta de cinema? -Pergunta confusa.
—Gosto, mas ela veio com as amigas. - Faço uma careta. Bella gargalha e o som é tão bom que gargalho junto.
—Deve ser legal ter irmã. -Ela diz parando de rir, contudo ela manteve um sorriso no rosto.
—É legal quando Sophie não quer dar uma de gente grande. -Falo assim que nosso pedido chega. Na minha frente a senhora deposita um cheseburguer duplo com batata frita grande e um copo enorme de milk shake de chocolate, na frente de Bella um cheseburguer normal e um copo pequeno de milk shake de morango.
—Sophie é um lindo nome.
—Fui eu que escolhi. -Falo em um tom orgulhoso.
—Quantos anos ela tem? -Pergunta depois de beber um gole do milk shake.
—16. Mas tem vezes que age como se tivesse 5.
—Você fala dela com tanto carinho.
—Eu a amo. -Encaro profundamente seus lindos olhos. -E eu cuido muito bom de quem amo.
—Eu... -Ela me olha corando. -Como sabia onde eu estava.
—Eu não sabia, só senti que precisava ir até aquele beco. -Falo o que não é completamente mentira. Mordo um pedaço do meu cheseburguer.
—Você me salvou. Obrigada. -Ela me olha mordendo o lábio.
—Não agradeça. -Eu pego sua mão sobre a mesa. -Eu sempre vou estar aqui para te salvar.

XXX

Assim que a picape de Bella sai do meu campo de visão ligo meu carro e dirijo em direção ao cinema. Sophie já havia me mandado uma mensagem avisando que o filme tinha acabado. Acelero o carro, não quero deixar Sophie sozinha.
—Finalmente, cabeção. -Sophie entra no carro revirando os olhos.
—Te dei uns minutos a mais pra fofocar e você fica me xingando? -Pergunta retoricamente negando com a cabeça.
—Eu não fofoco. -Ela cruza os braços e faz um biquinho.
—Ah, claro que não.

XXX

O quarto de Bella está silencioso e escuro. Me aproximo da cama e vejo ela encolhida no meio dos edredons. Me sento silenciosamente na ponta da cama e no mesmo minuto Bella solta um suspiro.
—Paul...