Hasta Morir escrita por Ducta


Capítulo 8
Talvez, só talvez.


Notas iniciais do capítulo

Um milhão de desculpas gente! É que eu resolvi mudar algumas coisas na fic, ela tava muito parada então eu dei um jeito de "movimentar" as coisas, consequentemente, 3 capítulo apagados e sendo reescritos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/72468/chapter/8

POV Nico

Angie e eu acabamos ficando no acampamento, como nós ainda somos os únicos filhos de Bóreas e Hades, respectivamente, os chalés ainda nos pertenciam. Nós ficamos acordados até as sete da manhã, talvez porque estávamos bêbados ou porque a noite estava linda, como era no acampamento.

Nós estávamos deitados na campina onde tinha sido o casamento. Angie ainda estava com o vestido de seda, mas seu penteado já estava reduzido a uma presilha e os pés descalços.

Meu smoking fora reduzido a calça e camisa apenas. Nós tínhamos uma garrafa de vinho pela metade e uma de champagne já finalizada ao nosso lado.

-Uma música. – Eu perguntei.

-I’d lie, Taylor Swift.

-Por quê?

-Porque o refrão me lembra você. – Ela disse.

Eu fiquei olhando pra ela em um pedido mudo. E com um sorriso lindo, ela começou a cantar:

- And I could tell you his favorite color's green, he loves to argue, born on the seventeenth. His sister's beautiful; he has his father's eyes. And if you ask me if I love him… I'd lie. (E eu posso te dizer que a cor favorita dele é verde, ele gosta de discutir, nasceu dia dezessete. Sua irmã é bonita, ele tem os olhos do pai dele. E se você me perguntar se eu o amo... Eu mentirei.)

-Existem alguns erros sobre mim. – Eu disse. – Eu não gosto de verde e eu não nasci dia 17.

-Eu sei, mas nessa música ela conhece o cara tão bem, do jeito que eu conheço você.  – Ela disse passando a mão no meu rosto delicadamente.

Ela estava quase fechando os olhos, ela devia estar caindo de sono.

-Melhor você ir dormir, não acha?

-Você também, afinal já tem mais de dois dias que você não dorme. Tecnicamente. – Ela disse fechando os olhos.

-Vamos os dois dormir então.

 

Quando eu acordei já se passavam das quatro da tarde. Pouco tempo depois eu encontrei Angie na arena duelando com um campista moreno, grandão. Eu o conhecia, ele chegou ao acampamento no ano que eu saí. Seu nome era Mike, filho de Hefesto.

Angie ganhou o duelo, mas ao meu ponto de vista de uma maneira forçada. Se ele tivesse girado o pulso mais um pouco ele tinha desarmado Angie com muita rapidez. Mas eu não comentei nada.

Ela se virou pra mim sorridente e ofegante.

-Isso é muito legal!

-Sempre é. – Eu disse sorrindo. – Você está com a mesma carinha de quando conseguiu desarmar o Percy sabia?

-Ele me deixou fazer aquilo. – Ela disse um pouco sem graça me fazendo rir.

Nós passamos a tarde fazendo algumas atividades do acampamento e decidimos voltar pra Orange County logo pela manhã. E assim fizemos. A viagem foi tranqüila a nossa medida. Quando chegamos à porta do prédio de Angie, já passavam das três da manhã.

-Tem certeza de que você vai entrar agora? – Eu perguntei a encarando.

-Como assim? – Ela perguntou confusa.

-Quero dizer, hoje é terça-feira, seu namorado vai trabalhar daqui a algumas horas. Se você entrar agora ele vai acordar e vai querer saber da viajem e tal. Ele vai ficar cansado no trabalho por culpa sua.

Ela pensou um minuto e por fim disse:

-Não tinha pensado nisso. Mas se eu não entrar eu vou pra onde até amanhecer?

-Você pode ir lá pra casa. – Eu disse com um sorriso.

Ela me encarou alguns minutos enquanto eu sustentava seu olhar.

-Ah, que isso, tem quarto de hóspedes no meu apartamento e ele é bem confortável. – Eu disse.

Ela sorriu e aceitou meu convite.

O óbvio seria chegarmos à minha casa e nós jogarmos na cama de tênis e tudo. Mas quem disse que éramos óbvios?

Angie foi tomar banho enquanto eu fazia lanches pra gente.

 

POV Angie

 

Depois que tomamos nosso lanche, eu fui lavar a louça enquanto Nico tomava banho. Eu ainda estava meio fascinada por ter lembrado quem eu realmente era. Encontrar meu pai no casamento do Percy me fez ter certeza de que aquilo não era invenção. Meu pai era um deus. Por mais que fosse um deus menor, eu ainda achava fascinante. Eu estava me sentindo com 16 anos de novo.

Eu não ouvi os passos de Nico e fui pega de surpresa quando seus braços envolveram minha cintura.

-Nico que susto!

-Desculpa - ele disse rindo em meu ouvido.

Eu me virei pra ele, mas ele não tirou suas mãos da minha cintura. Nós estávamos muito próximos agora. Muito, muito próximos. Nossos corpos estavam praticamente colados.

Eu olhei nos olhos negros de Nico e podia sentir sua respiração se misturando com a minha.

-Me deixa fazer uma coisa? – Ele perguntou mordendo o lábio inferior.

-O que?

-Você confia em mim?

-Confio.

-Então fecha os olhos. – Ele disse.

-Não se esqueça que eu confio em você. – Eu reforcei. Não vou negar, eu podia sentir que ele ia me beijar. No fundo, eu queria que ele fizesse isso. Só que mais no fundo ainda, eu sabia que isso era errado. Ele era meu amigo, só isso. E tinha o Stefan nisso, que vivia dizendo que confiava a vida a mim, eu não podia traí-lo nem da maneira mais leve.

-Não vou esquecer.

E assim, eu fechei meus olhos. Minha respiração ficou descompassada quase instantaneamente. Mas nada aconteceu tão rápido. Eu senti o olhar de Nico por uns dois minutos ou mais. Até que, de repente, sua boca estava meu pescoço. Eu suguei o ar surpresa e ele riu ainda em meu pescoço.

-Não abra os olhos. – Ele sussurrou.

Ele deus beijos demorados em toda a curvatura do meu pescoço enquanto suas mãos desciam e subia pelas minhas costas. Em questão de segundo, eu estava arrepiada.

-ah, meus deuses. – Eu sussurrei e os lábios de Nico abandonaram meu pescoço. Eu fiquei levemente decepcionada.

-Abre os olhos. – Ele disse. Eu obedeci.

Seu rosto bem perto do meu de novo.

-O qu... – eu tentei dizer, mas ele me interrompeu.

-Shhh.

Eu obedeci mais uma vez.

Ele começou a passar a ponta do seu nariz pelo meu rosto. Ele fechou os olhos e eu mantive os meus abertos. Alguns segundos depois os lábios dele começaram a roçar nos meus de uma forma leve, eles mal se tocavam. Eu não ousei me mexer, mas as mãos dele começaram a percorrer desde as minhas costas até a borda do meu short – que não era muito comprido – e de volta. Porque ele estava fazendo aquilo? Não sei, não queria descobrir a resposta tão cedo. Então me deixei levar por seu joguinho. Eu beijei o canto de sua boca algumas vezes e ele sorriu satisfeito. Depois ele mordeu meu lábio inferior e suas mãos sumiram do meu corpo. O corpo dele sumiu de perto do meu me deixando frustrada.

-Seu quarto é a segunda porta à direita. Boa noite, Angie. – Ele disse enquanto dava as costas pra mim e sumia pelo corredor.

-Mais que diabos...? – Eu me perguntei em voz alta enquanto saia da cozinha.

Agora eu estava frustrada, constrangida e com a cabeça cheia de pensamentos perversos em relação ao Nico. Meus deuses, porque ele foi fazer aquilo comigo? Porque ele não me beijou de uma vez? Ele está querendo me deixar louca ou o que?

Eu não dormi tão rápido quando eu queria. Fiquei pensando em respostas pras milhares de perguntas em minha cabeça. Mas a que mais me incomodava era: porque eu queria que ele me beijasse?

Nós éramos amigos, nada mais. Ele nunca demonstrou que queria algo mais, nem eu. Então porque aquilo agora? Porque eu o queria agora?

Eu coloquei um travesseiro em cima da cabeça e dei um grito, que saiu abafado, e me forcei a dormir. Mas não dormi muito. 7 horas da manhã eu já estava de pé. Antes que eu desse conta do que estava fazendo, eu já estava parada na porta do quarto de Nico com a mão na maçaneta.

“Sai já daí, Angie!” – Eu disse a mim mesma mentalmente, mas eu não me obedeci e abri a porta o mais silenciosamente possível.

Nico estava atravessado na cama com um travesseiro na cabeça e um no meio das pernas, a camiseta que ele usou na viagem estava junto com o edredom branco, caídos sobre o carpete.

Eu me encostei ao batente da porta e fiquei olhando pra ele por alguns minutos. Então eu comecei a pensar no que ele me disse na praia, algumas semanas atrás: na vida que nós tivemos juntos na imaginação dele.

E se talvez, só talvez, eu pertencesse a ele e vice-versa? Assim como o Percy e a Annabeth se pertenciam, mas ao nosso modo.

Eu não pude evitar sorrir quando uma imagem de Nico me abraçando por trás, assim essa noite, me passou pela cabeça. Mas na minha imaginação ele era mais do que agora, ele era meu e só meu.

Em algum lugar meu celular começou a tocar, eu corri até o quarto de hóspedes de Nico e peguei meu celular, “Stefan” estava piscando na tela. Eu senti um peso cair sobre meus ombros.

-Stefan?

-Angie, te acordei amor?

-Não.

-Como você tá?

-Bem e você?

-To com saudades de você. Volta quando?

-Hoje à tarde eu to aí, tá?

-Vou te esperar então.

-Tá bom amor.

-Te amo. – Ele disse.

-Eu também. – Eu disse inconsciente e desliguei o telefone.

-Angie? – A voz de Nico vinha do corredor, sonolenta.

Eu saí do quarto e atendi ao chamado de Nico.

Eu estava meio envergonhada ainda, mas eu vi que Nico estava fingindo que nada aconteceu, então eu resolvi fazer o mesmo.

Voltei pro meu apartamento e fiquei sozinha a tarde toda o que me deu mais tempo pra pensar em Nico.

-Já chega, Angelina. – Eu disse enquanto fazia o jantar. – Isso está indo longe demais.

Eu mal terminei de falar e ele voltou a minha mente. Eu tentei cantar. Mas toda música que eu tentei, me lembrava o Nico.

Eu fiquei tão nervosa comigo mesma que joguei um prato na parede oposta. Mas ele não foi à única coisa a explodir.

Vento. Era isso que havia explodido dentro de mim. Nunca tive oportunidade pra aprender a controlá-lo, e no que isso rendeu? Minha cozinha completamente destruída. Eu fiquei automaticamente exausta e caí no chão.

-Angie que é isso?! – Era o Stefan.

Ele entrou na cozinha em pânico, mas eu estava calma, aliviada de certo modo.

-Que aconteceu aqui? – Ele perguntou se ajoelhando ao meu lado. – Parece que um vendaval passou aqui!

-Quase isso. – Eu disse em um sussurro.

-Você destruiu a cozinha toda! Porque você fez isso?

-Eu não me controlei. Não consegui.

-Tá tudo bem agora. – Ele disse me pegando no colo.

-Não está não. – Outra voz disse entrando na cozinha.

 -Nico? – Eu chamei.

-Que você tá fazendo aqui? – Stefan perguntou.

Mas Nico ignorou a pergunta.

-Angie você tá bem?

-Como você sabia do que eu fiz?

-Eu sei lá, eu senti. – Ele disse confuso. – O importante é que não está nada bem. Se você fez isso uma vez, você vai fazer de novo.

-Como você sabe?

-Do que vocês estão falando?

-Eu não sei como, eu só sei. – Ele disse e me ajudou a levantar.

-Pra onde você vai me levar?

-Se fosse há alguns anos atrás, eu diria “acampamento meio-sangue”, pra ser sincero, eu só quero que você esteja longe de coisas quebráveis pra você poder explodir (?) em paz.

Eu não disse mais nada, só me deixei ser carregada até o carro no Nico. Eu estava me sentindo relaxada, relaxada até demais. Eu não conseguia mexer um músculo sequer, como Nico podia esperar que eu fizesse aquilo de novo?

Eu podia ouvir Stefan gritando enquanto Nico me levava.

-FICA FORA DISSO! – Nico gritou enquanto arrancava com o carro.

-Pra onde? – Eu perguntei.

-Pro mirante. Se alguma coisa estiver errada, o céu e o mar vão estar estranhos. – Ele disse em com um tom de voz tenso. Eu podia sentir a preocupação vinda de Nico.

-Não acho que esteja alguma coisa errada. Eu só fiz isso por que fiquei nervosa demais. – Eu disse, mal conseguindo sustentar o peso de minhas pálpebras.

-Eu abri uma passagem pro inferno no estacionamento.

-Nervos?

-Muito pelo contrário, eu estava muito calmo.

Quando saímos do carro – Nico ainda me apoiando – Um raio atravessou o céu na linha do horizonte, tornando o pôr-do-sol azulado, e caiu no mar provocando uma onda enorme ao longe.

-Você tentou falar com o Percy?

-Não vai ser preciso. Olha lá.

Eu segui a direção do olhar de Nico até a baía.

Saídos de uma onda, porém totalmente secos, lá estavam Percy e Annabeth de mãos dadas. Annabeth tinha uma expressão decidida enquanto a de Percy era de puro mal humor. Quando outro raio atravessou o céu, ele travou o maxilar. A coisa tava feia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero a opinião de vocês: O que vocês acham que aconteceu? ;O



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hasta Morir" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.