Hasta Morir escrita por Ducta


Capítulo 10
O banho ácido da guerreira traidora


Notas iniciais do capítulo

capítulo grandinho e cheio de emoções, OMG



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POV Angie

 

Não pense você que uma guerra explodiu instantaneamente, porque não foi assim. Por quase três horas nós permanecemos ali quietos. Até que a densa escuridão começou a dar lugar a um céu azul escuro salpicado de estrelas e com uma lua linda. Eu fiquei intrigada, o que teria feito Érebo mudar de idéia quanto a acabar com as lindas noites californianas? A resposta veio logo.

-Nyx. – Annabeth disse em voz alta. – Ela é a deusa primordial da noite, esposa e irmã de Érebo.

-Lady Artemis não deve estar nada feliz com isso. – Thalia disse com cara de quem chupou limão enquanto olhava a lua.

-Nenhum dos deuses está feliz com essa situação eu posso lhe assegurar – Nico disse.

Ele estava sentado em um banco à minhas costas. Sua voz não era tensa como a dos outros, parecia quase relaxada. Isso me intrigou mais. Eu sentei do lado dele no banco.

-Você está bem?

-Ótimo. E você? – Ele perguntou sorrindo.

-A cada segundo mais assustada. - eu disse - Você não está com medo?

-Na verdade, não. Olha, se for pra lutar, eu vou lutar. Mas com deuses primordiais e titãs até Zeus sabe que não tem chance alguma se eles se juntarem. Nós todos aqui vamos morrer e depois de nós, os deuses e depois dos deuses, a humanidade. Depois de uma onda de caos e destruição em massa, claro. Sem querer te assustar mais Angie, mas esse é o fato. No final, todos nós vamos morrer.

-Adoro seu otimismo – Eu disse azeda.

Não vou negar, eu sabia que as palavras de Nico eram verdadeiras. Mas você lutar com o pensamento de que vai morrer não importa o que você faça, não ajuda em nada.

Duas horas depois e vários campistas já tinham adormecido no colo que amigos ou meio-irmãos. Percy e Annabeth estavam abraçados em um banco, Nico conversava com Thalia, ambos sérios. Eu estava deitada no banco de antes, pensando em como Stefan estava.

Finalmente o dia começou a clarear fazendo alguns campistas despertarem e outros dormirem. A luz do sol parecia tornar aquilo tudo menos verdadeiro e perigoso do que era. A prova eram as armas que tinham sido todas jogadas de lado, as vozes que pareciam menos tensas e as conversas mundanas.

-Legal, nós fomos esquecidos aqui. – Percy disse se levantando irritado. – Me deixa só dizer uma coisa: - Aí ele começou a gritar olhando pro horizonte - Nós passamos frio a noite toda, estamos com fome, com sono e sedentos por informação, alguém pode ajudar nisso?

Instantaneamente quatro mesas enormes e cheias de comida apareceram ali junto com sacos de dormir e um pergaminho enrolado.

-Obrigado! – Percy disse indo direto no pergaminho enquanto todo mundo atacava as mesas de comida.

Ele se aproximou de Annabeth de novo e começou a ler, poucos minutos depois ele atirou o pergaminho no chão com uma expressão de puro ódio e foi comer. 

Eu peguei o pergaminho, estava morta de curiosidade.

“não temos muita informação e as poucas que temos não vamos compartilhar com vocês ainda.”

Ótimo, era tudo o que nós precisávamos. Eu imitei o gesto de Percy e fui me juntar a Nico e Thalia.

Em poucos minutos, todos já tinham lido o papel e todos estavam com a mesma expressão de Percy.

Eram quase quatro horas da tarde quando outro deus veio conversar conosco. Dessa vez foi Hermes.

-Nós não temos muitas informações, como vocês já sabem – Ele disse tranquilamente – E peço pra que vocês não fiquem com raiva de nós. Nós estamos apenas tentando não deixar vocês mais assustados.

-Mas nós temos que saber contra o que vamos lutar! Não podemos simplesmente erguer as espadas e esperar pelo desconhecido! – Annabeth disse quase aos gritos.

-Parece que vai ser assim, Annabeth. Apropósito tem um hotel reservado pra vocês aqui – Ele disse e entregou o endereço ao campista mais próximo.

Sem dizer mais nem uma palavra ele se foi.

Aos poucos campistas se dispersaram do mirante em grupos. Percy e Annabeth ficariam no apartamento de Nico e eu combinei de encontrá-los lá depois, fui pro meu próprio apartamento, eu devia explicações a alguém.

 

Quando cheguei à porta do meu apartamento eu respirei fundo e comecei a pensar numa explicação pra Stefan. Nenhuma me ocorreu então eu entrei.

-Angie! – Ele exclamou e pulou do sofá direto ao meu encontro.

Eu não me mexi enquanto ele me enchia de beijos e me apertava.

-Onde você estava? O que aquele filho de uma puta fez com você?

-Não fala assim do Nico. – Eu disse por fim. – Nós tivemos uns problemas familiares.

- Você é da família dele?

-De certo modo.

Stefan me fez várias perguntas sobre minha noite e sobre o suposto “problema de família”, mas eu não podia dizer a ele. Tentei disfarçar e mudar de assunto, mas ele se irritou.

-EU NÃO AGUENTO MAIS ANGIE! FOI SÓ ESSE CARA REAPARECER E VOCÊ COMEÇOU SEGREDOS PRA CIMA DE MIM. SABE O QUE EU ACHO, SINCERAMENTE? QUE VOCÊ ESTÁ ME TRAINDO. SE FOR ESSE O CASO, NÃO PRECISAVA ME ENGANAR, EU SAIA DA SUA VIDA SEM PROBLEMA NENHUM! – Ele estava aos berros, vermelho de raiva, de um jeito que eu nunca tinha visto.

-Não Stefan, eu nunca te traí e nunca quis que você se saísse da minha vida. Mas acho melhor você sair agora, estou vendo que você não confia mais em mim e você sabe que eu odeio que finjam pra mim. – Eu disse calmamente enquanto tentava segurar as lágrimas.

Com um pensamento repentino eu entendi que seria melhor que não estivéssemos juntos. Se ele saísse de Orange County ia ser melhor pra ele, mais seguro.

-Ótimo então. – Ele disse e saiu da sala.

Eu sentei no sofá e esperei. Não muito tempo depois Stefan apareceu na sala com duas malas.

-Depois eu venho pegar o resto – Ele disse abrindo a porta. – Adeus Angelina.

-Adeus Stefan. – Eu disse sem me levantar do sofá e sem encará-lo. Quando a porta bateu, eu deixei as lágrimas rolarem. Mas me fiz entender que seria melhor assim, melhor pra ele de qualquer jeito.

Eu enchi minha mochila com roupas pra mim e pra Annabeth e fui pra casa do Nico.

Nico parecia bem como antes, Percy havia relaxado um pouco pelo visto, mas Annabeth continuava tão preocupada quanto antes.

Durante o jantar nós quase não nos falamos e depois Percy e Annabeth se trancaram no quarto de hóspedes de Nico.

Nico pediu pra que eu dormisse no quarto dele com ele, mas jurou pelo rio styx que não faria nada que eu não quisesse por isso eu aceitei.

Eu não consegui dormir logo, nem Nico então eu contei pra ele que havia terminado com o Stefan.

-Você fez o que você achou certo, então não se sinta mal por isso. – Ele disse abraçando.

Lá pelas três da manhã Nico disse que ia fazer chá pra gente e ele voltou com duas xícaras e segurando o riso.

-Que foi? – Eu perguntei pegando uma xícara da mão dele enquanto ele sentava na cama.

-Percy e Annabeth estão transando no meu quarto de hóspedes, acredita? – Ele disse rindo.

-Como você sabe?

-Ouvi Annabeth gemer o nome do Percy quando passei pela porta. E não venha me dizer que isso não significa nada. Annabeth não gemeria o nome do Percy dormindo. Não daquele jeito pelo menos. – Ele disse sorrindo e me fazendo rir.

-Bom você mesmo disse que vamos todos morrer, então eles devem estar se despedindo.

-Acho que nós deveríamos fazer o mesmo. – Ele disse com um sorriso malicioso.

Eu simplesmente o olhei com as sobrancelhas erguidas.

-Eu me referi à despedida, sua pervertida! – Ele disse rindo.

-Você que me vem com mensagens subliminares e eu que sou pervertida?

-Claro você entendeu minha mensagem então você é pervertida tanto quanto eu.

Eu tive que rir. Ele acompanhou, mas logo seu rosto ficou sério.

-Que foi? – Eu perguntei.

-Você me promete uma coisa?

-O que?

-Que você só vai morrer depois de mim.

-Porque isso, Nico?

-É que eu não vou suportar olhar você morrer. – Ele disse me olhando com dor tanto nos olhos quanto na voz. – Promete?

-Prometo.

-Ah, quando eu morrer, não pare pra chorar por mim. Ajude onde precisarem de você ok?

-O mesmo pra você.

-Não. Você me prometeu, não pode voltar atrás. – Ele disse.

Eu não pude dizer mais nenhuma palavra, um nó se formou em minha garganta me impedindo de dizer qualquer coisa. Nós nos abraçamos longamente e eu chorei em seu ombro por medo de perdê-lo, medo da guerra, não dela em si, mas pelo fato de saber que uma guerra perdida explodiria mais dia menos dia.

Nico dormiu rápido depois disso, já eu continuei acordada.

Eram quase quatro e meia da manhã quando o silêncio dentro do apartamento foi quebrado pelo barulho de porta abrindo. Eu fui até a porta do quarto de Nico e espiei por uma fresta. Cheguei a tempo de ver os cabelos de Annabeth passarem pra sala, poucos segundos depois, outra porta se abriu, a da sala agora. Eu peguei meu celular e corri atrás de Annabeth o mais silenciosamente possível. Pra onde ela vai às quatro e meia da manhã?

Eu segui Annabeth de longe até que ela parou no píer. Mas não era a única lá. Tinha uma mulher de vestido vermelho-sangue, pele e cabelos cor de terra e o mais estranho: seus olhos eram totalmente brancos. Eu me aproximei mais. Ao lado da mulher estava um homem com um terno azul escuro, da cor do céu à noite, pele bem branca e os olhos totalmente brancos também. Próximos a eles tinha outro casal. Só que eles pareciam ter a mesma idade de Annabeth. A moça usava calça jeans skinny, regata branca simples e tênis; seus cabelos eram pretos e os olhos dourados. O rapaz ao seu lado usava jeans, uma camisa preta e tênis; seus cabelos eram pretos e arrepiados como o de Stefan e seus olhos também eram dourados.

Os dois homens se encaravam com puro desprezo enquanto as duas mulheres se ocuparam olhando Annabeth. Eu não podia ver seu rosto e foi isso que me deixou mais preocupada.

-Você vai nos seguir Annabeth? Nós podemos dar a você o que você mais quer. Nós já sabemos o que é e já temos a solução pra isso. – O homem mais novo disse.

-Saia já daqui menina! – A mulher de vestido vermelho ordenou.

-Ela vai ficar e vai nos obedecer! – A moça de jeans disse, desafiando a outra com um olhar de puro ódio. – Ela quer isso, não quer querida? – ela continuou sussurrando no ouvido de Annabeth.

-Quero. – Minha amiga respondeu em uma voz confiante.

-Então você tem que fazer hoje! Você já sabe o procedimento. – O rapaz de jeans disse.

-Eu deveria impedir você de fazer isso – O senhor disse ainda olhando o rapaz.

-Então vá lá e conte a Zeus! – O rapaz desafiou.

-Porque ela? – A mulher de vestido perguntou.

-Porque eu quero que seja ela. Ela é a que tinha a ligação mais forte com o outro, Luke Castellan. – O rapaz disse.

-Como chego lá, meu lorde? – Annabeth perguntou olhando pro rapaz.

-O filho de Hades disse a filha de Bóreas que havia aberto uma passagem dentro do estacionamento do prédio dele. – a mulher de vestido disse - Ele não foi fechar e Hades estava muito ocupado tentando conter a revolta de Tânato.

-Então vá, faça logo e eu te encontro em breve minha pequena. – O rapaz disse sorrindo e alisando o rosto de Annabeth.

Eu esperei que ela desviasse a mão dele, mas ela não o fez. Eu não sabia quem eram aquelas pessoas, mas sabia que eles não iam nos ajudar, e sabia que Annabeth não estava em seu estado normal.

Quando ela se pos a andar, eu virei a esquina mais próxima e me pus a correr. Eu tinha que chegar ao apartamento, acordar Nico e pedir pra que ele fechasse aquela maldita passagem. Enquanto corria peguei meu celular e liguei pra Nico, mas ele não atendeu. Insisti mas ele não atendeu. Eu amaldiçõei seu sono pesado enquanto corria.

Pra mim não ser vista por Annabeth eu tive que ir por caminhos mais longos me forçando a correr mais do que eu conseguia e as vezes indo muito lentamente pra que eu não corresse o risco de ser vista trocando de rua.

Devido a minha incoerente falta de ar na hora errada, Annabeth me viu quando estávamos a uma quadra do prédio de Nico.

-Droga! – Ela disse e começou a correr.

-Annabeth espera! – Eu gritei e comecei a correr atrás dela.

Eu chamei seu nome várias vezes enquanto tentava ligar pra Nico, mas nenhum dos dois me atendeu.

Quando chegamos no estacionamento Annabeth parou e se virou pra mim com sua faca empunhada, eu parei com a faca a milimetros da minha garganta.

-Annabeth, que isso? Que aconteceu com você? Porque você tá fazendo isso?

-Fica fora disso. – Ela disse com o maxilar travado.

-Annabeth para!

Ela paroximou a faca da minha garganta me fazendo engolir seco.

-Para você! Não sei porque tinha que se envolver! Esquece tudo o que você viu e pronto.

-O que você vai fazer? – Eu perguntei ignorando sua ordem.

-Não é da sua conta.

E sem dizer mais nada, ela entrou na passagem. Eu tentei seguí-la, mas ela apontou a faca pra mim de novo.

-Droga! – Eu exclamei quando meu celular começou a tocar. Era o Nico.

-Cadê você? Eu acordei com o celular cheio de chamadas suas.

-Eu já vou subir. – Eu disse e desliguei o celular.

Eu fiquei olhando pra passagem tinha uma escada que parecia sem fim por causa da escuridão no final. Eu consegui ver o cabelo de Annabeth - um ponto amarelo no meio da escuridão – ela estava no final da escada.

Eu entrei na passagem e comecei a descer as escadas.

Eu cheguei a tempo de ver Annabeth cair de costas no rio styx e ficar totalmente submersa.

-Annabeth! – Eu gritei, mas não podia me aproximar da borda.

Enquanto eu esperava, minha respiração ficou descompassada e o pânico se apossou de mim. Eu pensei que estava sozinha, mas quando olhei pro lado um cara alto e moreno, com uma cara cruel e cheia de cicatrizes e cabelo cortado rente a cabeça. Ele vestia uma túnica branca e armadura de bronze. Ele segurava um elmo de guerra com uma pluma em cima embaixo do grasso. Mas os olhos dele eram humanos r13; um verde pálido, como um mar raso r13; e uma flecha coberta de sangue saindo da panturrilha esquerda dele, logo acima do tornozelo.

-Aquiles? – Eu perguntei olhando seu tornozelo ensangüentado.

O fantasma assentiu.

-Eu a avisei pra não fazer. – Ele disse olhando pro rio – A freqüência com que os semideuses estão fazendo isso está diminuindo assustadoramente.

-Não quero nem perguntar quantos morreram na última década.

Antes que eu pudesse sequer olhá-lo Annabeth surgiu na areia, sua pele estava vermelha, completamente queimada, mas sua expressão era um misto de alívio e certeza.

-Annabeth! – Eu chamei e ela veio ao meu encontro, sua pele voltando ao normal.

-Cadê o Percy?

-Com o Nico no apartamento.

-Vamos sair daqui antes que Hades apareça. – Ela disse me puxando pelo braço.

-Adeus. – Eu murmurei pra Aquiles e me deixei ser arrastada pra fora dali.

-Você vai me dizer por que fez isso? – Eu perguntei quando chegamos ao estacionamento.

-Não. Provavelmente não. – Ela respondeu ainda me puxando pelo braço.

Quando chegamos ao apartamento Annabeth se jogou nos braços de um Percy que passou de preocupado para aliviado quando ela passou pela porta.

Já eu fui puxada pro abraço de Nico.

-Onde vocês estavam? – Percy perguntou.

-Angie é sonâmbula. – Annabeth disse prontamente – eu vi quando ela ia sair do apartamento e fui atrás dela. Não é?

-É. – eu confirmei – Quando dei por mim estava no píer.

Pelo resto da manhã eu fiquei trancada no quarto de Nico digerindo tudo o que tinha acontecido. E agora que eu havia parado pra pensar, eu reconheci as pessoas no píer. A mulher de vestido só podia ser Gaia e o homem de terno, Urano. E os mais jovens com toda a minha certeza eram Cronos e Réia. Eu só não entendia porque Annabeth decidiu passar pro lado deles agora sendo que Cronos já tinha feito aquela proposta a ela anos atrás. O que teria mudado na cabeça de Annabeth nos últimos anos?


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Notas finais do capítulo

deixem-me esclarecer alguns pontos.
Cronos não seria capaz de se reerguer tão rápido, mas na minha mente ele pode porque eu quero dar mais emoção pra história tá? Dúvidas, pedidos, agradecimentos e etc; reviews por favor
e aí, rola recomendar a fic?
beijos beijos s2



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