4:00 AM

É, acho que alguém vai pra escola cheia de olheiras daqui a pouco.

Eu não conseguia dormir, a minha cabeça estava a mil desde aquele quase beijo na praia. Jace e eu fizemos o caminho pra casa dele em completo silencio, ele só falou comigo quando chegamos à sua casa e eu me preparei pra entrar no meu carro.

Flash Back On

Fizemos a viagem de volta em um total silencio, Jace estava todo molhado pela brincadeira com os amigos na praia, estava lindo. Ele sempre estava lindo. Desci do carro e me virei pra ele.

—Tchau Jace, até mais. –Ele parecia meio desconcertado, será que isso era por causa do quase beijo? Não, não podia ser. Ele não se importava desse jeito comigo, ele só tinha olhos pra Camille. –Tchau Clary, obrigada por tudo. –Eu me limitei a dar um leve sorriso e acenar com a cabeça, fui em direção ao carro e quando coloquei a mão na porta, fui puxada pra trás gentilmente.

Antes que eu pudesse perceber, estava nos braços de Jace e ele estava me abraçando, demorei uns segundos pra responder, mas logo o abracei de volta e inalei o seu perfume. Assim que nos separamos, eu olhei pra ele de forma interrogativa, Jace sorriu.

—Obrigada de verdade Clary, não sei o que faria sem você lá. –Dizendo isso ele se abaixou e me deu um beijo no rosto. Logo em seguida, se virou e entrou em casa, eu fiquei completamente atordoada, mas consegui entrar no carro e dirigir.

Flash Back Of

Graças a deus, quando cheguei em casa, ela ainda estava vazia. Se meus pais estivessem aqui, eu estaria com sérios problemas pra explicar por que eu estava coberta de areia. Suspirei aliviada e subi as escadas rapidamente e tomei um longo banho, em seguida me deitei, e estou aqui olhando pro teto desde então.

A minha cabeça estava a mil, minha mente estava completamente confusa. Ele pareceu completamente bobo quando viu a Camille, depois quando eu achei os dois juntos ele parecia nervoso, como se não a quisesse por perto, aí teve o quase beijo( que ele parecia querer tanto quanto eu, aliás), em seguida ele ficou junto com os amigos e me esqueceu completamente, fizemos a viagem em silencio e ele sequer me olhava, daí a gente chega na porta da casa dele e ele me abraça e depois me dá um beijo no rosto falando que não sabia o que iria fazer sem mim lá.

Meu Deus, que garoto confuso.

Suspirei e me levantei, eu não ia conseguir dormir mesmo, então decidi fazer algo pra me distrair até dar o horário de me arrumar pra escola. Decidi ler, era uma das minhas paixões, embora eu não contasse pra todo mundo, já que não queria ser taxada de nerd.

Me sentei  confortavelmente na cama e liguei o abajur, puxei de baixo do travesseiro Anna e o beijo francês, eu confesso que estou apaixonada por esse livro, ele é simplesmente perfeito, Anna e Étienne me fascinaram desde o primeiro momento. Comecei a ler e logo estava completamente envolvida na narrativa, em determinada parte do livro eu parei de respirar. Anna estava divagando sobre seus sentimentos em relação à Étienne.

“O que é isso? É paixão? Ou outra coisa tudo junto? E é possível que me sinta assim por ele sem que os sentimentos sejam recíprocos?”

Bufei e fechei o livro, será possível que nem lendo eu conseguia sossego? Eu estava tão confusa, não sei o que é isso que sinto em relação ao Jace, nem sei como posso pensar em sentir algo por alguém que mal conheço e que de quebra é apaixonado por outra garota.

Olhei no relógio e vi que já poderia começar a me arrumar. Tive que usar muito corretivo pra disfarçar as olheiras, mas logo estava pronta, ainda era bem cedo, então desci e tomei o café da manha com os meus pais calmamente.

—Conseguiu terminar o trabalho querida?

—Claro mãe, demoramos uma eternidade, mas deu certo.

—Hum, Simon ligou pro seu pai ontem e disse que provavelmente terá uma folga dos trabalhos da faculdade e virá pra cá esse final de semana. – Meus olhos brilharam, eu adorava passar um tempo com Simon. Me virei pro meu pai. –Sério? Ele vai vir mesmo? –Ele sorriu pra mim. –Claro querida, ele também está com saudades de você.

Sorri pros dois e em seguida escutei a buzina do carro da Maia.

—Tchau mãe, tchau pai. –Dei um beijo nos dois e saí de casa.

Assim que entrei no carro, olhei pra trás e vi que Emma também estava lá.

—Antes que você pergunte, o meu carro quebrou, então peguei carona com a Maia, agora vamos ao que interessa. –Emma e Maia começaram a me bombardear de perguntas, elas tinham combinado?

— Como foi o encontro?

—Ele era bonito?

—Vocês se beijaram?

—Vão sair de novo?

—Epa, epa, epa. Calma aí gente. Nossa senhora. –Elas continuaram me olhando inquisidoras, eu não podia falar pra elas do encontro, nem podia dar nenhum tipo de esperança de um possível namoro, se não elas não me deixariam em paz. Droga, eu ia ter que comprar um caderno pra poder escrever todas as mentiras que eu estava tendo que inventar, logo eu que sempre fui sincera, que nunca fui de esconder nada. –Bom, resposta pra pergunta um, o encontro foi legalzinho. Pergunta dois, ele era bonitinho. E a resposta é não pras perguntas três e quatro. –Revirei os olhos pra elas e me afundei no banco.

—Nossa que coisa mais sem graça. –As duas passaram a viagem inteira dizendo que esse encontro provavelmente tinha sido o pior da historia dos encontros. Felizmente, quando chegamos à escola e descemos do carro, o assunto já estava esquecido. Quando entramos na escola, vi Isabelle parada no corredor, assim que me viu, acenou discretamente e foi em direção à biblioteca.

—Éééééér meninas, podem ir na frente, eu vou dar um pulinho na biblioteca antes e depois encontro vocês. –Elas estavam entretidas com algum blog de moda no celular, então apenas acenaram e continuaram andando.

Fui em direção à biblioteca, que estava vazia, Isabelle me esperava.

—Então, como foi lá na festa? –Sério que ela me chamou aqui pra perguntar isso? –Você não poderia ter perguntado isso pro seu irmão? –Ela revirou os olhos. –Sério ruiva? Achei que você fosse mais esperta, é logico que ele não ia me falar nada, então resolvi nem perder tempo. –Suspirei e resolvi começar a falar então. –Bom, nós estávamos certas. Ela estava querendo se exibir pra ele. –Ela se sentou e seus olhos adquiriram um brilho meio furioso. –Eu sabia, aquela vaca. Agora senta aqui ruiva e me conta TUDO.

Respirei fundo e me sentei com ela, contei tudo desde a conversa no carro até a brincadeira dele com Jordan na praia. Não sei o porquê, mas eu me sentia bem perto da morena, mesmo sabendo que ela me odiava, é como se eu não precisasse guardar segredos, então contei tudo, inclusive as minhas ameaças pra Camille(omiti apenas a parte do beijo, porque dai já é demais né) e o que ela disse sobre poder ter o Jace de volta quando bem quisesse. Quando terminei, Isabelle me olhava divertida.

—Parabéns, você fez tudo direitinho. A propósito adorei saber que você colocou aquelazinha no lugar dela. Mas ela é uma cobra, então vou ter que ficar esperta, é bem capaz d’ela começar a tentar algo com o Jace só pra mostrar que tá por cima.

Ela se levantou calmamente e caminhou em direção à porta, mas pareceu se lembrar de algo e virou-se pra mim. Ela sorria.

—Obrigada, eu te odeio um pouco menos agora. Mas ainda te quero longe do meu irmão, patricinha. –Ela piscou e foi embora.

Ok, podemos dizer que isso foi uma evolução e tanto.

Olhei no celular e vi que já estava no horário da aula, porem eu não estava nem um pouco a fim de assistir a aula de matemática hoje, então decidi ficar por aqui mesmo. Resolvi continuar a minha leitura de mais cedo, puxei o livro da bolsa e comecei a ler.

...

Quando saí da biblioteca, encontrei com as meninas e expliquei que não quis ver a aula de matemática, depois disso o dia seguiu normalmente. As mesmas aulas, os mesmos professores, quem diria que a escola podia ser tão monótona. Não voltei a ver Isabelle.

Quando cheguei em casa, esquentei a comida e almocei. Minha mãe era pintora e meu pai advogado, então nem sempre eles podiam vir pra casa na hora do almoço, devido a esse fato minha mãe sempre deixava comida congelada pros dias em que ela não pudesse vir fazer o almoço.

Depois de terminar a minha refeição e lavar as louças, decidi procurar algum filme pra assistir na sala, resolvi ver As branquelas. Definitivamente, esse era um dos meus filmes favoritos.

Estava na metade do filme, quando escutei o toque do celular. Me assustei quando vi o nome na tela. Sebastian.

Queria falar com você. Me liga quando puder conversar, beijos.

O que ele queria comigo? E ainda mandou beijo pra mim? Será que ele estava arrependido por ter feito toda aquela palhaçada comigo?

Escutei o barulho da campainha e fui atender, era o moço do correio com uma encomenda pro meu pai. Peguei o embrulho e o coloquei em cima da mesa, voltei pra sala decidida a ligar pro Sebastian. Assim que peguei o celular vi que eu tinha outra mensagem, eu não tinha o número salvo.

Como você foi tão prestativa comigo ontem, pensei se você não gostaria de me ajudar mais uma vez? Vai ter uma peça na escola e eu tenho que passar as falas, preciso de alguém pra me ajudar com isso.

Sorri pra tela. Era o Jace.

Claro, onde te encontro? A proposito, como você conseguiu o meu numero? Kkkkkk

Anotei o numero dele e logo em seguida, recebi outra mensagem.

Que tal aqui no IHOP? Eu já to aqui, então. Peguei o seu numero no celular da Izzy.

Mandei um ok pra ele e subi pra me arrumar. Mas peraí, como diabos a irmã dele tinha o meu numero? Essa garota é da CIA por acaso? Afastei esses pensamentos e desci as escadas rapidamente.

Somente no caminho pra lanchonete parei pra perceber uma coisa.

Assim que Jace mandou mensagem eu me esqueci completamente do Sebastian, não liguei pra ele, na verdade nem lembrei que ele havia me mandado mensagem.

Eu estava ignorando o meu ex, por quem até uns dias atrás eu era apaixonada pra ir encontrar um cara que eu conheço a uma semana.

Me veio na cabeça outra frase do livro que estava lendo.

“Como posso ser tão estúpida? Como pude acreditar por um momento que não estava apaixonada por ele?”

É Anna, nós duas somos cegas. Não dá pra negar, não diante de tudo isso. Eu estou apaixonada pelo Jace.

E agora, o que eu faço com isso?