—Huuuuuuuuum, pelo sorrisinho eu acho que a noite foi boa em!

—Não enche Izzy e sim a noite foi maravilhosa.

Continuei caminhando pro meu quarto e senti minha irmã atrás de mim, era óbvio que ela não me deixaria em paz tão cedo. Nem me dei o trabalho de fechar a porta, sabia que ela entraria mesmo.

—Pode começar a contar tudo, quero detalhes loiro. Pra começo de conversa, por que você tá todo molhado? –Revirei os olhos pra ela. –Isso é um bom ponto, eu estou todo molhado então a menos que você queira que o seu irmão pegue um resfriado seria bom você me deixar tomar um banho quente antes de começar com o interrogatório. –Dessa vez foi Izzy quem revirou os olhos. –Dramáticoooooooo, vai logo tomar o seu banho, mas não pense que não vamos conversar porque eu vou ficar bem aqui e tenho a noite toda.

Dizendo isso minha irmã se sentou confortavelmente em minha cama, eu apenas dei um suspiro e fui em direção ao banheiro.

Enquanto a agua quente escorria pelo meu corpo, eu ostentava um sorriso idiota no rosto, a noite realmente tinha sido perfeita e a cada minuto que passava eu descobria como a Clary era incrível, apesar de todas essas mentiras. Isso é algo que ela tem que resolver, mentir nunca é a melhor solução.

Eu ainda podia sentir as mãos da ruiva pelo meu corpo e o seu gosto em minha boca, por mim ficaríamos ali nos beijando e trocando carícias pra sempre, pois estar com ela me fazia feliz, mais feliz do que qualquer outra coisa, mais feliz do que já estive um dia com a Camille.

Camille, o que eu sentia por ela nunca foi amor e hoje eu podia entender. Ela era a garota mais bonita da escola e olhou pra mim, eu nunca tinha namorado antes e achava que ela era perfeita e mesmo com os chiliques dela o namoro ia muito bem na minha opinião. Acho que se ela não tivesse me traído, esse namoro estaria acontecendo até hoje, foi graças à babaquice dela e do Raphael que eu consegui tirar essa venda dos meus olhos e ver quem ela era de verdade, ver que eu era melhor que tudo aquilo e ver que eu ainda não sabia o que era amar de verdade. Até aquele dia no estacionamento.

—Morreu aí foi? Anda logo antes que eu entre nesse banheiro e te puxe pelos cabelos. –Dei uma leve risada e desliguei o chuveiro. –Que feio maninha, querendo me ver pelado. Eu sou o seu irmão. –Mesmo por detrás da porta, eu podia sentir o sorriso irônico da minha irmã. –Coração, o que você tem no meio das pernas não é nenhuma novidade. Eu já vi muitos em caras mais gostosos que você. –Argh, pelo amor de Deus. Era necessário colocar essa cena nojenta na minha cabeça. –Obrigada Izzy, eu não precisava dessa cena maravilhosa na minha mente, agora vou demorar mais aqui dentro porque vou vomitar. –Minha irmã apenas deu risada. –Sai logo desse banheiro babaca.

Revirei os olhos e comecei a me vestir, coloquei uma blusa branca e uma calça cinza de moletom, saí do banheiro e minha irmã tinha voltado à mesma posição em que estava. Respirei fundo e caminhei até minha cama, eu sabia que não tinha como fugir dela então assim que me sentei encarei os olhos negros e me preparei pra responder as perguntas dela.

—Então, pode começar respondendo o porquê de você ter chegado aqui todo molhado? –Dei de ombros. –Eu e Clary entramos no meio dos aspersores. –Minha irmã parecia confusa. –E por que vocês fizeram isso?

—Bem, a Clary me disse algo sobre ser beijada na chuva nos filmes românticos e que isso era um sonho da maioria das mulheres, então resolvi realizar o sonho dela. –Izzy me olhava com cara de quem tinha entendido tudo. –Safado, usando a desculpa de realizar um sonho pra pegar a ruiva né. –Eu apenas dei risada, sabia que ela estava brincando. Izzy mais do que ninguém sabia dos meus sentimentos pela Clary.

—Como eu te disse outro dia, eu percebi que a Clary é uma pessoa legal. Gosto que você fique com ela. –Sorri mais ainda, Clary tinha conseguido uma coisa e tanto, o respeito e admiração da minha irmã. –Quero ir devagar, fazer as coisas direito sabe?

Izzy apenas assentiu e se levantou.

—Se precisar de ajuda é só me falar. –Dizendo isso, ela me deu um leve beijo na testa e saiu do quarto.

Me deitei e meu pensamento voou até Clary, será que ela tinha gostado da nossa noite? Será que ela estava pensando em mim? Eu parecia um garotinho de 12 anos apaixonado, mas o que eu podia fazer? A ruiva era viciante e o seu beijo era o melhor de todos.

É, Jonathan Lightwood está amando Clarissa Fray.

...

Fui tirado do sono por um barulho horrível e quando olhei pro lado me deparei com o meu despertador. Deus será que a bronca seria muito grande caso eu quebrasse aquela coisa? Me levantei preguiçosamente e fui rumo ao banheiro.

Depois de tomar banho, fui escovar os dentes e só ai que eu realmente parei pra me olhar no espelho, meu abdome estava levemente arranhado. Sorri comigo mesmo ao lembrar que as coisas ontem ficaram intensas. Decidi parar com os devaneios e ir me arrumar logo, ligaria pra Clary mais tarde e combinaríamos algo, eu já estava com saudades da baixinha.

Depois de estar completamente arrumado desci as escadas e fui pra sala de jantar, encontrei minha mãe sentada enquanto bebia calmamente o seu café. Me aproximei dela e  dei um beijo em sua testa.

—Bom dia mãe, cadê todo mundo?

—Bom dia querido. Max está dormindo, pois estão dedetizando a escola e ele não terá aula hoje, Robert tinha coisas pra resolver no trabalho hoje e por isso saiu mais cedo e Isabelle também já saiu, ela disse que o carro da Chelsea quebrou então ela teria que ir busca-la.

—Tudo bem, então somos apenas nós dois hoje. –Minha mãe deu um leve sorriso e continuou bebendo seu café. Ela era realmente bonita, mesmo não sendo mais tão jovem, minha mãe possuía uma elegância natural.

Comecei a me servir de torradas, café e salada de frutas, mas parei com a xicara de café na boca quando senti minha mãe me encarando. Abaixei a xicara e olhei pra ela.

—Então, como foi o encontro ontem? Quando vou conhecê-la? –Ok, por essa eu não esperava. Graças a Deus que eu ainda não havia bebido café, se não provavelmente eu cuspiria. –Encontro? Ela? Do que você tá falando dona Marise? –Minha mãe abriu um largo sorriso. –Ora Jonathan não se faça de bobo, estou falando da sua namorada, a garota que você foi se encontrar ontem à noite. –Isabelle eu vou te matar, fofoqueira. –Eu vou matar a Izzy e aquela língua grande dela. –Minha mãe começou a rir e eu fiquei confuso. –Querido, eu te coloquei no mundo, acho que consigo perceber sozinha quando seus olhos estão brilhando, não preciso da sua irmã me contando nada.

Mães, elas sempre sabem de tudo. Suspirei e ela segurou minha mão direita.

—O nome dela é Clary e ela é a garota mais incrível que eu já conheci. Estou apaixonado, mas ainda não a pedi em namoro, quero fazer tudo com calma. –Quando olhei pra minha mãe, ela estava com os olhos marejados e senti o aperto em minha mão se intensificando. –Fico tão feliz meu filho, depois do que aquela garota fez com você, tive que ver você se fechando pro mundo, você não tem ideia do quanto estou feliz por você ter encontrado alguém. Apoio a sua decisão de ir com calma, mas estou ansiosa pra conhecê-la.

Sorrimos um para o outro e passei o resto do café da manha falando sobre a Clary, fazia muito tempo que não via minha mãe tão empolgada com algo.

Depois de me despedir dela, entrei no carro e fui pra escola e assim que estacionei dei de cara com a Camille.

—Oi Jace, tudo bem? –A cada palavra ela se aproximava um pouco mais. –Tudo ótimo Camille e se você me dá licença, estou atrasado. –Ela segurou o meu braço e se aproximou. –Mas o primeiro sino ainda nem tocou, é por causa dela não é? Aquela ruiva sem sal. –Senti as unhas dela se fincando em meu braço e o puxei com brusquidão. –Escuta aqui, não fala dela desse jeito, ela é melhor que você em todos os aspectos e não é por causa dela e nem de ninguém, é por mim mesmo, eu quero distancia de você e de toda a sua falsidade.

Saí de lá pisando duro e deixei uma Camille atônita pra trás, acho que ela não esperava por isso. Todos estavam acostumados com o Jace que corria atrás dela como um cachorro, mas acontece que esse Jace tinha sumido e não voltaria mais.

As aulas se arrastaram, mas não houve nenhum problema. Hoje não tínhamos ensaio da peça de teatro, mas eu precisava falar com o professor antes de ir embora.

—E aí parceiro. –Olhei pra trás e vi Jordan.- E aí cara.

—Jace, o que diabos você falou pra Camille? Ela estava na aula de química hoje amaldiçoando até a sua quinta geração. –Apenas dei de ombros e revirei os olhos. –Falei o que ela precisava escutar, já estava de saco cheio dela no meu pé.

—É isso aí cara, mostra pra ela quem manda. Eu vou indo já. Acho que vou pro IHOP. –Fizemos o nosso cumprimento e Jordan foi embora.

Procurei o professor pela escola inteira e só depois de andar por todos os lugares possíveis é que me disseram que ele já havia ido embora. Que ótimo, perdi 20 minutos da minha vida por nada.

Estava saindo da escola quando acabei trombando em alguém, vi que era a Dany.

—Oi Dany, desculpa eu estava distraído.

—Que isso Jace, tudo bem. A proposito você e a Camille brigaram? Por que ela estava na aula de química amaldiçoando até a sua quinta geração. -Dei risada e revirei os olhos. -É, você não é a primeira pessoa que me conta isso, eu apenas coloquei ela no lugar dela. -Dany sorriu pra mim. -Fico feliz com isso, sabe por todo o tempo que vocês namoraram, todo mundo via que ela não servia pra você. Eu particularmente gosto muito mais de você com aquela ruiva que veio ver o nosso teste de teatro. -Eu estava confuso, ela havia percebido?

—Quem, a Clary? 

—Ah, esse é o nome dela? É um nome muito bonito. Sim, eu tô falando dela, eu reparei o jeito que você olhava pra ela e também vi você mandando o seu irmão tirar ela de lá quando ela estava conversando com o Matt. -Sorri pra Dany e apenas confirmei com a cabeça. -Sim, eu gosto dela, mas não achei que estava tão na cara assim. -Ela apenas riu e deu uma piscadela. -Está na cara sim e eu estou feliz por você, espero que dê certo entre vocês dois. -Ela virou as costas e foi embora e eu fiquei rindo sozinho, parece que eu não conseguia mais esconder os meus sentimentos pela ruiva.

Fui até o estacionamento e quando peguei chave do carro no meu bolso, o celular tocou. Olhei pra tela e vi que era minha irmã.

—Oi Izzy.

—Jace, acho que as amigas da Clary descobriram sobre a armação do baile, rolou o maior barraco e ela saiu da escola correndo e chorando. Tentei segui-la, mas acabei perdendo ela de vista, acho que ela foi pro IHOPE.

Desliguei o celular sem nem me despedir e corri pro carro.