—Isso é bom, ruiva. –Eu apenas ri e continuei com as caricias.

Depois de uma longa rodada de beijos na chuva (vulgo aspersores) Jace e eu decidimos nos sentar pra descansar um pouco e acalmar os nossos corações que estavam extremamente acelerados, diga-se de passagem. Agora estávamos aqui, sentados em baixo de uma macieira, Jace com a cabeça em meu colo enquanto eu acariciava o lindo cabelo dourado dele.

Estávamos totalmente molhados e cansados e mesmo assim eu não poderia estar mais feliz, agora eu sabia o que era amor, agora eu entendia o significado da expressão “borboletas no estomago”, agora eu entendia o que os livros queriam dizer com a frase “talvez casa seja uma pessoa e não um lugar”.

—Como as coisas estão na escola? –Jace abriu os olhos e me encarou.

—Bem, eu estaria mentindo se dissesse que as coisas estão fáceis.

—Como assim? –Jace se levantou e me puxou pro seu colo, agora era eu que recebia um cafuné.

—Mudanças são difíceis sabe? –Senti o loiro assentir com a cabeça. –Eu percebi que minhas amigas não são tão amigas assim e que elas não gostavam de mim, elas gostavam da pessoa que eu me tornei por elas e sinceramente eu não gosto dessa pessoa. Eu gosto dos meus óculos, eu gosto de ler, eu gosto de ficar até tarde vendo comedias românticas na netflix, eu gosto de ir a lugares simples e simplesmente odeio ficar andando como uma barata tonta dentro de um shopping comprando tudo o que eu vejo pela frente. Não está sendo fácil pra elas aceitarem isso, acho que elas ainda não entenderam direito o que está acontecendo.

—Você é incrível Clary e se elas não percebem isso, o melhor que você faz é se afastar delas. Elas são fúteis e você fingia ser pra agradar, se elas gostassem realmente de você, bem, você não precisaria fingir nada. –Essa foi a minha vez de assentir. Passei os braços pelo pescoço de Jace e fiquei ali escutando as batidas do coração dele enquanto sentia aquele cafune gostoso e alguns beijos sendo depositados no topo da minha cabeça.

—Clary acho melhor a gente ir, já está ficando tarde e estamos completamente encharcados. –Sorri pra ele enquanto saía do seu colo e me levantava. –Culpa sua, de quem foi a ideia de ir direto pros aspersores?

Jace se levantou parecendo indignado e me puxou pela cintura. –Ei, eu estava realizando o seu sonho dona Clarissa, deveria ser mais agradecida. –Fiquei na ponta dos pés e dei um beijinho em seu queixo. –Obrigada loiro. –Ele deu um sorriso de canto. –Disponha ruiva.

Jace abaixou a cabeça em direção a minha e esperou, eu logo destruí aquela mínima distancia entre nós dois e colei nossos lábios. O beijo era lento e delicado, nossas línguas se moviam com maestria e nossas mãos passeavam sutilmente pelos corpos um do outro. Nem sei quanto tempo ficamos curtindo aquele beijo, mas senti quando a urgência foi aumentando, de repente nossas mãos estavam mais afoitas e nossos corações batiam desesperados.

Senti Jace me puxando ainda mais pela cintura e me prensando contra arvore, eu agarrei forte em seus cabelos e puxei sua boca pra mim, queria que ficássemos mais colados ainda, se é que isso é possível. Nossa diferença de altura era perceptível mesmo eu estando de salto, então senti as mãos do loiro indo em direção ao meu quadril, Jace me ergueu facilmente e eu passei as pernas ao redor da cintura dele, agora sim estávamos totalmente colados e nessa posição eu sentia cada centímetro do corpo dele contra o meu.  Nos separamos por falta de ar e Jace migrou pro meu pescoço dando leves beijos, logo ele intensificou tudo e começou a dar chupões e mordidas também, Deus aquilo ia deixar marcas e eu não estava nem ligando. Cheguei ao meu limite quando Jace mordeu o ponto perto da minha orelha esquerda, soltei um leve gemido e isso pareceu estimular o loiro que rapidamente se afastou do meu pescoço e voltou pros meus lábios.

Esse beijo não tinha nada de delicado, era puro fogo, nossas línguas brigavam entre si e isso era quente, quente demais, nos beijávamos com volúpia e logo senti as mãos do loiro em baixo da minha blusa passeando pelas minhas costas, decidi não ficar pra trás e infiltrei minhas mãos por baixo da sua blusa também, senti Jace dar uma mordida mais forte em meus lábios quando arranhei o seu abdome. Eu estava quente, estávamos suando, o frio que sentíamos devido às roupas molhadas tinha desaparecido completamente.

Quando nos afastamos novamente, colamos nossas testas e começamos a respirar no intuito de acalmar os batimentos. Não precisamos de palavras, conversamos apenas por olhares e decidimos que já era hora de parar, estávamos em um local publico e não havia a mínima necessidade de apressar as coisas. Jace me colocou no chão e deu um suave beijo em minha testa, fomos de mãos dadas até o carro.

O caminho todo foi feito em um silencio confortável, Jace dirigia somente com uma das mãos, já que a outra ainda segurava a minha. Uma musica tocava bem baixinho e o clima estava totalmente perfeito.

Eu não sabia o que éramos e tinha quase certeza que não definiríamos isso essa noite, mas definitivamente não éramos mais apenas amigos, não mesmo.

Dessa vez Jace parou um pouco mais perto da minha casa, no começo do meu quarteirão. Soltei o meu cinto e logo vi que ele fazia o mesmo.

—Bom, eu já vou indo. Se eu demorar mais meus pais ficarão preocupados. –Sorri pra Jace e ele deu um leve beijo na minha mão. –Queria poder te deixar em casa.

—Eu sei, também queria isso. Mas se você aparecer lá agora vai ouvir um discurso e prováveis ameaças de morte e depois você vai fugir assustado, não posso correr esse risco senhor Lightwood. –Jace riu e aproximou o rosto do meu. –Isso não vai acontecer, você não vai escapar de mim Clarissa.

Sorrimos um pro outro e trocamos um leve beijo, eu sentia vontade de aprofundar o contato, mas não podíamos correr o risco de deixar o clima esquentar como no parque, eu tinha vizinhos e eles eram bem fofoqueiros por sinal. Assim que nos separamos eu acariciei o seu rosto e abri a porta do carro. –Tchau loiro.

Jace deu uma piscadela pra mim e recolocou o cinto. –Tchau senhorita Fray.

Saí do carro e andei a passos lentos pra casa, eu estava extasiada. Jace passou por mim buzinando e me jogando um beijo, eu apenas ri e joguei outro de volta.

Entrei em casa assoviando e dei de cara com meus pais saindo da cozinha. Os dois me olhavam confusos.

—Por que você está toda molhada?

Merda, mil vezes merda. Eu me esqueci desse fato. Ok Fray improvise, você é boa nisso!

—Nós fomos a uma pizzaria pai e quando saímos de lá fomos pra um parque, o pessoa deu a louca e inventou de se enfiar no meio dos aspersores. Resultado, todo mundo ficou encharcado.

Meu pai arqueou a sobrancelha e minha mãe olhou com desgosto, acho que ela não gostou dos meus novos “amigos”!

—Ok, mas da próxima vez não deixe que isso aconteça, você pode pegar um resfriado, vai pro quarto tomar um banho e tirar essa roupa molhada.

—Tá bom pai, boa noite gente.

Subi rapidamente as escadas e fui direto para o banheiro, tirei aquela roupa molhada e quando olhei no espelho dei graças a Deus pelo meu cabelo estar todo jogado pra frente, se eu tivesse mexido nele meu pescoço ficaria a mostra e eu estaria encrencada. Varias manchinhas rochas apareciam por todos os lados, mas essas eram fáceis de cobrir com maquiagem, o problema era a que estava perto da minha orelha esquerda, Jace tinha mordido com mais força ali e como consequência ela tinha ficado muito mais escura, não conseguiria cobrir aquela.

É, amanha é dia de ir pra escola com um penteado lateral.

Sorri comigo mesma e tomei um bom banho quente, depois disso me deitei e comecei a repassar todos os detalhes dessa noite na minha cabeça.

Adormeci com a mão sobre os lábios, eu ainda sentia o gosto dele!