Crash escrita por Cherry Pitch


Capítulo 3
Dois: Obsession With An Old Crush


Notas iniciais do capítulo

Pessoal que estuda de tarde, fiquem com esse capítulo fofo para sobreviverem ao primeiro dia da escola. E pessoal que estuda de manhã, fiquem com esse capítulo fofo para conseguirem superar também o primeiro dia da escola (e comentem qual grau de merda ele foi).

E quem trabalha... fale de como foi acordar nessa segunda-feira ensolarada hahahahah



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Eu finalmente abro os olhos, e a primeira coisa que percebo é uma dor de cabeça quase enlouquecedora. Minhas mãos vão diretamente para a região, e é nesse momento eu ouço um barulho, como se alguém tivesse se assustado com o meu gesto. Olho para o lado e vejo James ao meu lado.

Acho realmente incrível o efeito que a consciência da presença dele fez com que eu me esquecesse completamente da dor de cabeça por alguns segundos.

— Você... Está aqui? - as palavras saem da minha boca antes que eu pudesse perceber o quão ridículas elas eram. Era óbvio que ele estava aqui! Eu estava o vendo, na minha frente! Mas a impressão de que aquilo não era real continuava na minha cabeça.

— Aparentemente, sim. - a expressão dele parecia cansada. Talvez você esteja pensando que eu conheço a expressão de cansaço dele por causa das minhas perseguições "malucas", mas não. Eu ainda lembro. Da época da escola. Lembro de olhar para as olheiras debaixo dos olhos dele depois noites que passávamos deitados na cama, trocando flertes bregas, beijos e carícias. Eu lembrava dele chegando na escola com óculos escuros para esconder essas olheiras, e também me lembro de tirá-los, por amar os olhos dele, sem nenhuma lente escura cobrindo-os. Eu saberia ler cada traço da expressão dele mesmo que se passassem um milhão de anos.

— Por quê? - eu pergunto, tentando entender. Eu não queria deixá-lo ir, e sabia que era isso que ele faria se eu dissesse sobre as minhas manias de persegui-lo. Quem iria querer ficar perto de uma garota que tinha transtornos obsessivos? Eu não fui diagnosticada, mas eu sabia que era isso que eu tinha. É isso que acontece quando a sua mãe é uma psicóloga e você é uma fanática por leitura: livros sobre diagnósticos de gestalt-terapia se tornam uma espécie de hobby quando se está sem livros para ler. Eu sabia que tinha um problema, e perseguir um ex namorado sem conseguir se controlar era, definitivamente, obsessão. 

Eu não o perseguia porque queria. Eu o perseguia porque precisava. Eu não conseguia me sentir bem sem saber se ele estava vivo, se ele estava bem ou se tinha faltado as aulas da faculdade naquele dia. Eu não conseguia ficar bem sem vê-lo entrar na estação do metrô. Eu não conseguia ficar bem sem segui-lo por aí no carro da minha irmã, vendo todo o gel cair do cabelo dele, jogando todo o esforço para que este ficasse apresentável no lixo. Mesmo que eu achasse que o cabelo dele estava sempre lindo, e não era à toa. Era incrivelmente difícil não aumentar a nossa proximidade nesses últimos meses e acariciar o cabelo dele como eu fazia todos os dias quando namorávamos.

E eu sempre precisava vê-lo. E agora que ele estava ali, não podia deixá-lo ver o que eu era. Traduzindo, que eu tinha problemas psicológicos, que eu era uma louca. Eu não podia me dar ao luxo de tê-lo de novo e depois perdê-lo de novo. Se eu o tivesse, teria que ser para valer. E isso não aconteceria se ele soubesse o que eu realmente sou.

— Você poderia ter morrido naquele acidente, Lily! - ele diz. - Você tem ideia do quão difícil seria?! Teria sido culpa minha, você não entende?!

James puxa os cachos bagunçados para trás, e os seus olhos estão cheios de angústia. Tudo que eu queria era ignorar todas as ordens médicas de me mover o mínimo possível e pular em cima dele, abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem, como teria feito quando estávamos na faculdade. Mas eu não podia. A minha cabeça estava cheia de informações, e eu ainda tinha que pensar no que eu podia fazer e o que eu não podia, o que a nossa relação atual permitia. Será que era "permitido" segurar a mão do ex namorado que você persegue e beijá-lo, dizendo que está tudo bem? Será que eu deveria dizer que eu estava ali, são e salva, mesmo que aquilo fosse óbvio? Será que eu deveria dizer que eu estava feliz por ele ter ficado?

Uma lágrima cai dos meus olhos imediatamente depois de uma cair da dele. Eu ficava destruída ao vê-lo triste daquele jeito, principalmente quando eu sabia que a causadora era eu mesma. Irônico, não? Ele ficava triste por me ver destruída e pensar que era culpa dele, e eu fico destruída ao vê-lo triste e pensar que era culpa minha. Talvez nenhum dos dois tivesse culpa. Talvez aquela tivesse sido a maneira que o destino arranjou para nos reunir. Existem vários "talvez", mas eu não sabia qual era o certo naquele momento. Talvez fossem todos. Mas tudo que eu conseguia pensar era em beijar cada uma das lágrimas dele, fazê-las parar de escorrer, e fazer aquela expressão triste deixar o rosto dele.

Ex namorados.

Será que ex namoradas poderiam fazer essas coisas com ex namorados?

Eu acho que não. Mas, naquele momento, eu não me importei com o que eu deveria fazer. Acho que aquela foi a primeira vez. A primeira vez que não me importei com o que eu deveria fazer, eu apenas fiz. Talvez esse fosse o efeito que James Potter tinha em mim.

Com ele, eu tinha todas as minhas primeiras vezes, e era com ele que eu queria fazê-las. Era apenas com ele que eu tinha coragem para fazê-las.

E talvez fosse por isso que eu o amava e precisava dele tão desesperadamente.


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