Contos e crônicas com humor escrita por Cherrys moon


Capítulo 6
O novo morador




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724292/chapter/6

    Domingo  a tarde e Carol estava na sala com a filha Clarice e o filho Luca deitado em seu colo assistindo Procurando Nemo no Disney Channel.  Hora do intervalo  e uma propaganda chamou a atenção de Clarice, era o comercial de uma  Barbie Arlequina e os olhos da menina de onze anos brilharam. Desde que viu a personagem Arlequina num site achou ela o máximo, os cabelos coloridos e o coraçãozinho no rosto era tudo de bom. Virou fã e fez o pai a levar no cinema para assistir Esquadrão Suicida. Nem gostou tanto assim do filme, mas saiu ainda mais fã da personagem.

—__ Mãe eu quero uma dessas ___ pediu Clarice

—__ Ih filha, isso deve ser caro ___ respondeu Carol

—__ Podia pelo menos ver o preço? ___ disse Clarice

—__ Tá, mas não vou comprar agora. Talvez no seu aniversário, só faltam dois meses.

A expressão de Clarice mudou e uma tristeza tomou conta de seu olhar.

—__ Deixa a boneca pra lá ___ disse a menina ___ não é isso que eu quero de aniversário

  Carol sabia do que a filha estava falando. Desde os quatro anos de idade Clarice pedia para ter um cachorro, Carol nunca gostou de bichos e descartou a ideia, achando que era só uma fase. Mas não era. A menina tentou de tudo para convencer os pais a lhe darem um cachorro e isso acabou gerando até mesmo brigas entre Carol e o marido Bruno.  Carol alegava que Clarice era pequena demais e não ia cuidar do animal, por isso disse que quando ela ficasse mais velha poderia pensar no caso.  E assim o tempo foi passando, todo aniversário, dia das crianças, natal e até na páscoa quando alguém perguntava a Clarice o que ela queria ganhar, a menina era direta “quero um cachorro”.

Quando fez sete anos, Clarice preparou uma verdadeira tática de guerra para provar aos pais que era responsável suficiente para cuidar de uma animal. Bruno apoiava a filha e Carol estava quase cedendo, mas aí ela descobriu que estava grávida. “Não podemos ter um bebê com um cachorro em casa”  alegava ela. Clarice mostrou a mãe uma série de vídeos que ela buscou no youtube mostrando a relação amigável e fofa entre bebês e cachorros. Mas não teve jeito, Carol não quis e para não estressar a esposa nessa fase delicada Bruno acabou convencendo a filha a esperar até o irmãozinho nascer.

Hoje Luca tem quase quatro anos, não é mais um bebê e Clarice prestes a completar doze  não vê mais motivos para a mãe continuar se recusando a lhe dar um cachorro.

—__ Clarice já conversamos sobre isso. Cachorro não ___ disse Carol

—__ Por que não? Eu já sou grande e o Luca não é mais bebê, por que não podemos ter um cachorro?

—__ Porque eu não quero. Não gosto de cachorros

Clarice saiu da sala com a cara emburrada, foi pro quarto e bateu a porta com força, numa atitude típica de uma pré adolescente.  Não era justo. Ela queria um cachorro, o pai queria um cachorro e Luca queria um cachorro, só a mãe que não queria. Eram três contra um, cadê a democracia? Por que a opinião da mãe valia mais do que a dos três juntos?

 

Nas semanas seguintes o clima na casa foi tenso. Clarice falava com a mãe somente o essencial, estava claro que ela estava magoada. Bruno tentou convencer a esposa a aceitar um cachorro.

—__ A gente pega um desses que não cresce muito e não solta  pêlo ___ disse ele

—__ Não Bruno, não insista. Não vamos ter um cachorro

 

O aniversario de Clarice se aproximava a cada dia mais, porém diferente dos outros anos, este ano ela não quis festa.

—__ Por que não querida? ___ perguntou Bruno ___ Você adorava suas festas

—__ Mas não quero. Aniversário é uma data triste pra mim

—__ Meu Deus! Mas porque esta dizendo uma coisa dessas?

—__ Porque todo ano eu fico com esperança de que vou ganhar um cachorro, imagino o senhor chegando na festa com uma caixa e quando eu abro tem um cachorro dentro. Só que isso nunca acontece. Eu não sou mais criança pai, sei que isso não vai acontecer, então melhor eu passar meu aniversario sozinha no meu quarto. Vai ser melhor

A garganta de Bruno deu um nó. Ele não sabia que a filha se sentia assim e que sofria tanto por não ter um cachorro.

—__ Já entendi que só vou poder ter um cachorro quando eu fizer dezoito anos e sair de casa ___ completou a menina

 

O dia do aniversario de doze anos de Clarice chegou. Era uma quarta feira e a menina acordou cedo para ir a escola. Era um dia comum. Assim que chegou na cozinha viu uma mesa de café da manha toda linda. Tinha pão, bolo, torradas, geleia, queijo  e presunto.

—__ Feliz aniversário filha ___ disse Carol abraçando a menina e lhe entregando um presente

—__ Obrigada mãe ___ disse ela abrindo o embrulho e encontrando uma Barbie Arlequina ___ ela é linda.

O pequeno Luca estava sentado em sua cadeirinha com o rosto lambuzado de Nutella e um presente do lado.

—__ Dá o presente pra mana Luquinha ___ disse Carol

O menino empurrou o presente pela mesa e a Clarice pegou

—__ Tó

—__ Obrigada maninho

Era uma jaqueta jeans com bordados de emoji que Clarice estava doida para comprar. Ela ficou muito feliz,  o inverno estava chegando e ela ia arrasar na escola com sua jaqueta.

Clarice tomou um caprichado café da manhã e depois foi para escola. Suas amigas também lhe deram presentinho e cantaram parabéns pra você no meio da aula de português. Foi divertido.  Assim que voltou para casa, a menina almoçou e  foi para o quarto. A mãe a convidou para sair, ir ao parque ou cinema, mas ela não quis.

—__ Podemos pelo menos sair para jantar quando o seu pai chegar? ___ perguntou a mãe

—__ Não sei, vou ver

Clarice passou a tarde toda na internet, era o seu refugio, e nem viu a hora passar. Quando  deu por si já eram quase seis horas.

—__ Seu pai disse se ia em algum lugar? ___ perguntou Carol vendo a filha lanchando na cozinha

—__ Não

—__ Estranho ele ainda não ter chegado, e o celular não atende

—__ Ele deve estar no trânsito ___disse Clarice

Carol estava preocupada, o marido costuma chegar as cinco e quize e já eram pouco mais de seis, mas aí ela se lembrou que era aniversario da filha e ele provavelmente devia ter ido comprar um presente.

 

Eram por volta de seis e quarenta quando Bruno chegou em casa com uma caixa grande decorada com um laço cor de rosa. Clarice estava na sala com a mãe e com o irmão vendo a Nickelodeon e se levantou assim que viu  o pai. Luca também pulou do sofá e correu para o pai vendo o embrulho nos braços dele

—__ Que isso? ___ disse o menininho

—__ É o presente da sua irmã ___ disse o pai

Bruno se aproximou da filha com carinho e lhe entregou o embrulho

—__ Feliz aniversário princesa. Segure com cuidado

Clarice estava super curiosa para saber o que era, o embrulho era lindo, não tinha papel, a própria caixa que era estampada com um tom lindo de lilás. Ela colocou a caixa no sofá e tirou a tampa lentamente. Seus olhos não acreditaram quando ela viu um lindo cachorrinho dentro da caixa. Ele era pequeno, num tom caramelo claro e tinha uma gravatinha verde.

—__ Ai meu Deus! Eu não acredito ___ disse Clarice chorando de felicidade.

Ela colocou o cachorrinho de volta na caixa e deu um abraço apertado no pai, um abraço desses que marca a gente pelo resto da vida

—__ Obrigada pai. Muito obrigada

As lágrimas escorriam dos olhos de Bruno ao ver a felicidade da filha. Ele estava feliz, mas sua felicidade foi abalada quando ele olhou a cara da esposa no sofá

—__ Eu não acredito que você fez isso Bruno ___ disse Carol com fúria no olhar.

Clarice e Luca estavam tão encantados com o cachorrinho que nem perceberam o clima tenso entre os pais.

—__ Ele é tão pequeno ___ disse Clarice ___ é um pingo de cachorro

Luca riu do comentário da irmã

—__ É verdade ___ disse ela ___ A vovó não diz que você é um pingo de gente? Então, ele é um pingo de cachorro

—__ Pingo ___ disse Luca rindo

—__ É, esse vai ser o nome dele. Pingo ___ declarou Clarice.

Não saíram para jantar naquela noite. Bruno pediu pizza, mas o clima não era de comemoração, pelo menos não para os adultos. Clarice e Luca não desgrudaram de Pingo enquanto Carol engoliu a pizza com a cara amarrada.

—__ Você não podia ter feito isso sem me consultar ___ disse ela

—__ Você não ia concordar

—__ Exatamente. Aí você vai e faz pelas minhas costas

—__ Amor, olha a alegria das crianças. Será que você não se importa com a felicidade delas?

Carol nem respondeu ao comentário, encheu a cara de Coca Cola e foi lavar a louça.

 

—__  Luca  e Clarice ta na hora de dormir ___ anunciou Carol pouco antes das dez horas

—__ O Pingo pode dormir no meu quarto? ___ pediu Luca

—__ É claro que não. Ele é meu, vai dormir no meu quarto ___ disse Clarice

—__ Vocês estão malucos? Esse bicho não vai dormir dentro de casa ___ disse Carol

Foi quase meia hora de discussão e muito choro de criança, mas Carol se recusou a dormir dentro da mesma casa que um cachorro.  Bruno pegou a caixa em que o cachorro veio e abriu um dos lados para fazer uma portinha. Colocou uma almofada dentro e um potinho com água e ração do lado. Ajeitou tudo na varanda e colocou Pingo em sua caminha

—__ Amanhã a gente vai na Pet Shop e compra uma casinha  pra ele tá ___ disse Bruno

As crianças ainda estava com lágrimas escorrendo pelo rosto, não queriam deixar Pingo do lado de fora.

—__ Venham, já esta tarde e ele vai ficar bem ___ disse Bruno levando os filhos para dentro e os pondo na cama.

 

Com as crianças em seus devidos quartos, Bruno pode enfim deitar, tinha sido um longo dia e ele estava exausto

—__ Boa noite amor ___ disse ele ao deitar na cama.

Carol não respondeu, ainda estava muito brava com o marido. Não passou nem cinco minutos quando um barulho quebrou o silêncio da noite. Era Pingo chorando, aquele tradicional choro de filhotinho de cachorro, agudo, que entra tão alto no ouvido que chega a irritar os tímpanos.

—__ Olha aí o que você foi arranjar ___ disse Carol cobrindo a cara com o travesseiro

Bruno se levantou, os olhos fechando de tanto sono, mas ele tinha que se levantar e dar um jeito na situação.  Assim que chegou a sala, Clarice já estava lá, olhando Pingo pela janela

—__ Ele esta chorando pai. Deve estar com frio.

Bruno abriu a porta e Pingo entrou.

—__ Não, seu lugar é lá fora ___ disse Bruno pegando o cachorrinho e o colocando de volta na caminha improvisada.

Clarice pegou uma manta velha de Luca e cobriu Pìngo. Agora ele estava quentinho e calmo, mas assim que pai e filha entraram e fecharam a porta o choro recomeçou.

—__ Ele não pode dormir aqui dentro só hoje? ___ pediu Clarice

—__ Não, vai se pior. Se ele acostumar dentro de casa, aí mesmo que não vamos conseguir tira-lo

—__ Já sei ___ disse Clarice correndo para o quarto e voltando com um bichinho de pelúcia ___ os filhotinhos choram porque sentem falta da mãe e se você colocar um bichinho de pelúcia eles se acalmam pois acham que é outro cachorro

—__ Onde você aprendeu isso? ___ perguntou o pai curioso

—__ Passei minha vida inteira lendo sobre cachorros

A noite não foi tranquila. O bicho de pelúcia ajudou, mas as vezes Pingo ainda soltava uns sons agudos. Carol não falou nada, mas Bruno sabia que ela estava furiosa.

 

No dia seguinte, tirando Luca que dorme com qualquer barulho, o resto da família estava com olheiras enormes. Clarice teve medo de ir para escola e da mãe se desfazer de Pingo enquanto ela estava lá.

—__ A senhora promete mãe?

—__ Prometo, mas não vou cuidar desse bicho, não vou nem tocar nele

—__ Eu cuido dele ___ disse Luca

A menina foi para escola com o coração na mão e não via a hora de voltar para casa.  Luca ainda estava tendo dificuldades de ficar na escolinha por isso passava o dia em casa e pode ficar brincando com Pingo.  Carol fez seus afazeres domésticos normalmente, mas se irritava com cada latido de Pingo. Uma grade foi colocada na porta para que Pingo não pudesse entrar.

—__ Brinquem lá fora ___ dizia ela a toda hora ___ não quero esse bicho dentro de casa.

Após a escola Clarice passou a tarde com seu cãozinho, ela queria poder leva-lo ate seu quarto, mas a mãe não deixava então ela passou a tarde toda no quintal. Só assim pra ela desgrudar do computador.

 

Nos dias que se seguiram Pingo se acostumou ao novo lar e já não latia mais a noite, porém os problemas não acabaram.

—__ Ai, eu não acredito. Clarice vem aqui limpar isso agora ___ gritou Carol ao ver um montinho de fezes no tapete de entrada da sala ___ quem deixou ele entrar?

—__ Clarice vem ver o que esse bicho fez ____ disse Carol ao ver seus vasinhos de planta todos comidos e pedaços de flores espalhados pelo quintal

—__ Clarice você vai me comprar um chinelo novo com a sua mesada entendeu? ___ Ordenou Carol ao encontrar um pé de seu chinelo totalmente mastigado

Todos os dias quando chegava em casa Bruno tinha que ouvir a esposa reclamando por todas as travessuras de Pingo e o culpando por tudo, afinal foi ele quem levou o cachorro para casa.

—__ A pior coisa que você fez foi trazer esse bicho pra cá

Bruno não aguentava mais as reclamações da esposa, mas ao ver a alegria dos filhos tudo valia a pena. Clarice estava se mostrando ser extremamente responsável, ela cuidava de Pingo com todo carinho. Limpava a sujeira dele, dava banho, comida, água, levava para passear, cuidava com atenção da caderneta de vacina, e se divertia muito com ele.

 

A vinda de Pingo serviu também para fazer Luca ir para escolinha. Embora ele quisesse ficar em casa brincando com o amigo de quatro patas, o pai prometeu que se ele fosse para escola e não chorasse, quando fosse um pouco maior ia ganhar seu próprio cachorro. O menino topou o trato e é claro que Carol não ficou sabendo dessa promessa.

 

Com Luca na escolinha, Carol tinha mais tempo para cuidar da casa e de si mesma. Certa manhã, logo que os filhos saíram para escola e o marido para o trabalho, ela decidiu fazer pudim de leite condensado, o preferido das crianças. Preparou tudo com carinho e colocou o pudim em banho maria. Tirou o lixo e começou a dar uma faxina na casa, mas sempre de olho de pudim. Após tirar o pudim do fogo,  Carol começou a preparar o almoço, mas percebeu que a casa estava silenciosa demais. Geralmente Pingo fica latindo no portão para cada pessoa que passa na rua. Estranhando o silêncio e temendo que o cachorro estivesse  fazendo alguma travessura ela foi procura-lo.  A primeira coisa que ela viu quando chegou na varanda foi o lixo todo revirado. Ela sabia que o cachorro estava aprontando e foi atrás dele pronta para dar aquela bronca.

—__ Pingooooo ___ gritou Carol

Foi encontrar o cãozinho em um canto, atrás da poltrona da varanda. Ele estava com a cara enfiada na lata de leite condensado.

—__ Ah bem feito. Quem mandou revirar o lixo ___ disse ela ____ agora vai ficar entalado até a Clarice chegar da escola

Carol pegou a vassoura e começou a juntar o lixo que Pingo tinha espalhado, mas percebeu que ele estava muito quieto, ele é sempre tão elétrico, mas estava deitado e só mexia um pouco as patinhas tentando se livrar da lata. 

Carol não acreditou quando percebeu que estava com pena do animal e decidiu ir tirar a lata da cara dele, afinal ninguém estava olhando mesmo. Pela primeira vez ela pegou Pingo no colo e tentou puxar a lata com cuidado, mas não saia, estava realmente presa.  Ela teve medo de puxar demais e acabar machucando ele, pois a lata foi aberta com um abridor comum e estava cheia de pontas afiadas.

—__ Olha o que você aprontou ___ disse ela sem saber o que fazer.

 

Ainda eram dez e quinze. Clarice chega da escola quase uma da tarde, ela não ia deixar o bicho entalado por tanto tempo, então decidiu pedir ajuda.  Tocou a campainha da vizinha, Judite, e contou o que estava acontecendo. Judite pegou Pingo e tentou tirar a lata, mas estava realmente presa.

—__ Eu acho que deu ar, por isso não sai ___ disse Judite ___ temos que fazer um furo no fundo da lata, o ar vai sair e vai desentalar.

E foi o que fizeram. Carol segurou pingo no colo, enquanto Judite pegou o abridor de lata e com cuidado  fez um furo no fundo da lata. Não foi uma tarefa fácil, ela não sabia se o focinho de Pingo estava até no fundo da lata e se estivesse poderia machuca-lo, mas era a única opção.  Após vários minutos de apreensão o furo foi feito

—__ Vamos tentar agora ___ Disse Judite puxando a lata delicadamente

Saiu. Enfim a lata saiu e Judite não tinha ferido Pingo com o abridor, porém ele não estava bem, estava mole.

—__ Deve ser medo ___ disse Carol

—__ Não, acho que não ___ disse Judite examinando Pingo ___ você tem que levar ele pro veterinário agora mesmo

—__ O que? Por que?

—__ Olha isso

Judite mostrou as patinhas de Pingo , suas unhas estava arroxeadas, sinal claro de falta de ar. Ele ficou muito tempo preso naquela lata sem conseguir respirar direito e agora não estava nada bem.

Quando viu aquilo o coração de Carol disparou.

—__ Ai meu Deus! Se esse bicho morrer a Clarice nunca vai me perdoar

—__ Então corre pro veterinário

—__ Eu vou. Você pode pegar o Luca na escolinha pra mim, se eu não voltar a tempo?

—__ Claro vai tranquila ___ disse Judite

 

Carol pegou a bolsa, colocou Pingo no carro e correram para o veterinário mais próximo que ela achou no Google Maps. 

Enquanto dirigia ela olhava para Pingo e percebeu que estava realmente preocupada. Apesar de tudo ela já estava acostumada com ele, e não queria que ele morresse. Estacionou em frente a veterinária, pegou Pingo no colo e correu para dentro.

 

Quando chegou da escola e Judite contou o que tinha acontecido Clarice entrou em pânico e até achou que a mãe tinha tentado matar  Pingo. Ela ligou imediatamente para mãe para saber em que veterinária estavam e pegou um ônibus para lá. Clarice chegou desesperada na clinica veterinária e se deparou com a mãe ao lado de Pingo, segurando a patinha dele.

—__ Como ele esta? ____ perguntou Clarice aos prantos vendo seu cachorrinho cheio de tubos no focinho e soro na patinha

—__ Agora esta melhor.

O veterinário explicou a Clarice que Pingo estava fora de perigo, mas que se ele tivesse ficado mais alguns minutos preso na lata não iria resistir.

—__ Sua mãe agiu na hora certa ___ disse o médico ___ e foi muito esperto furar o fundo da lata para conseguir solta-la

Clarice deu um abraço apertado na mãe e agradeceu por ela ter salvo a vida de seu amado Pingo.

 

Pingo teve que ficar um dia na clinica para observação, mas assim que voltou para casa foi uma festa só. Carol tirou a grade da porta e permitiu que o cão entrasse e ficasse no quarto de Clarice, mas ele ainda tinha que dormir lá fora. Aos poucos o jeitinho de Pingo amoleceu o coração de Carol e ela passou a ama-lo e quando Luca completou seis anos também ganhou seu próprio cachorro, um labrador que encheu a casa de bagunça e o coração de todos com muito amor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!