Marcas de uma Lágrima escrita por Android


Capítulo 8
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

"A verdade é uma coisa bela e terrível, e portanto deve ser tratada com grande cautela."
ROWLING, J. K. Harry Potter e a Pedra Filosofal



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724105/chapter/8

Já  faz, alguns dias desde que eu desmaiei na sala de aula e fui parar no hospital. Para minha família é claro que aquilo virou um estardalhaço gigantesco e estavam todos querendo saber o que eu tinha, eu já sabia o que era, mas até então somente meu amigo Luan sabia.

Estou deitado em uma cama gelada de hospital com roupas leves e estranhas que fazem com que eu me sinta tão doente como alguém com uma doença fatal, o que eu talvez não tivesse ou somente ainda não sei. Minha mãe está recostada sobre uma poltrona ao meu lado. Ela fica tão bonita quando está dormindo, a pureza e serenidade em seu rosto é como observar um bebê dormindo o que me deixa mais calmo, mas ao mesmo tempo preocupado, pois aproxima-se do por do sol e ela dorme calmamente, provavelmente por que não conseguiu dormir a noite inteira de olho em mim como uma águia vigia seu ninho com voracidade. 

— Caham! - Pigarreia o médico entrando no quarto com um pequeno ponto de sarcasmo em seu rosto. O barulho que ele faz acorda minha mãe que se espreguiça lentamente, porém focada no medico.  

— Que ironia, não? - Começa o médico enquanto o sorriso sarcástico somente cresce em sua face. - Você espera mesmo se formar com isso? Você não duraria mais seis meses. - A expressão de minha mãe foi do sonolento ao alerta e depois de algumas horas de explicação ela finalmente entende do que o médico fala.  

Não sei o que iria fazer agora da vida, eu queria tanto fazer algo na área das artes que me deixaria extremamente feliz, porém minha família não aprovaria aquilo e veriam como uma perda de tempo. Me sentia completamente perdido e sem rumo na vida, meu chão fora arrancado de mim quando minha mãe descobriu sobre aquilo. E a ansiedade tomava conta de mim nos dias que se passaram, haviam noites que eu acordava tendo crise de pânico, o meu fôlego fugia de mim como se não houvesse ar a minha volta. E com o tempo eu já não conseguia mais dormir, meu cérebro não desligava, eu estava sofrendo, porem sozinho. Já não frequentava a faculdade ia fazer quase uma semana. Depois de tudo que estava acontecendo não podia me abrir com minha mãe e acabei me afastando dos meus amigos, por que todos me lembravam da estupida decisão que tive. Só eu seria estupido ao ponto de começar uma faculdade de medicina tendo hematofobia, para alguns pode parecer somente um medo bobo, porém eu passo muito mal e até desmaio... 

O mix de sentimentos ruins me arrebatava como um furacão ao meu redor, a minha vida já não havia sentido e meus dias não possuíam nem um mísero vislumbre de felicidade, porém tudo estava para mudar. Em mais uma das monótonas manhãs onde eu somente via séries encolhido no cobertor a campainha do apartamento tocou. Receei em atender, me encolhi mais esperando que fosse embora, mas a campainha tocou e tocou, já um pouco irritado me coloquei de pé e caminhei lentamente como um zumbi até a porta. Uma figura esguia e sorridente estava parada a minha porta, o olhei com certo desdém e ia fechar a porta em seu rosto, quando ele avançou e segurou a porta me impedindo de fechar. 

— Ora, Luk! Nós preparamos algo para você, não fuja assim! - A voz doce de Victor quebrou o silêncio. 

— Ela veio do Texas para te ver e você vai ficar aí de pijamas o dia todo - E por trás do corpo do garoto uma menina sorridente e saltitante pulou em meu pescoço me abraçando com ternura. 

— Luk, que saudade! - Ana havia voltado do Texas, parecia que já fazia quase um ano que não nos víamos, porem ia fazer quase um mês. Todavia, a presença dos dois não me fez feliz como eles esperavam. Comecei a chorar enquanto Ana me envolvia em seus pequenos braços. 

— Obrigado por não desistirem de mim... - Balbuciei em meio às lágrimas que escorriam. 

— Baka! Claro que não esqueceríamos - A voz fina e calma dela me acolhia por um instante, e a sua mania de sempre adicionar frases em japonês ao seu vocabulário me fez abrir um pequeno e amarelo sorriso no canto do lábio.  

— Anda, bebê chorão! Vá tomar um banho e tira esse pijama grudento logo. Até trouxe um roupão igual o meu pra você! - Ele me lançou um grande roupão branco igual ao que ele possuía e eu tanto zoava. Uma pequenina chama acendia novamente em meu coração e eu me sentia amado novamente, porém ainda extremamente perdido. 

Tomei um banho quente e relaxante e assim que desliguei o chuveiro e prontamente coloquei o roupão ao redor de meu corpo e aquele tecido leve e tão macio o tocando me deixava muito confortável. Me vesti mais do que rápido e os dois me esperavam na cozinha fazendo um café bem americano para nós, mas claro sem café, por que isso é horrível para mim e ambos sabiam. Os dois pareciam a equipe Rocket de tão bem planejados que estavam, me levaram até um parque de diversões, porém eles não sabiam que o parque só abria em uma hora, talvez assim como Jesse e James seus planos nem sempre dão certo. Ficamos sentados no gramado ao lado assistindo algumas aves tomando seu banho enquanto não abriam. 

— O que devo fazer? - Indaguei quebrando o silêncio enquanto observávamos a água. 

— Você não deve voltar para medicina - Respondeu Victor rapidamente. - É meio impossível sabe... Mas estamos aqui pra te alegrar e não pensar nisso, amigo! - Disse ele colocando-se de pé e rumando em direção à entrada do parque que estava para abrir. 

Nunca pensei que o Vih teria coragem de ir em todos os brinquedos, eu sabia que eu não teria, mas prometi a eles que tentaria a ir em todos. E entre tonturas e desesperos fui na maioria e nos divertimos muito, naquele momento já não pensava em problemas somente em aproveitar ao máximo aquele momento com meus melhores amigos. Os dois personagens principais da minha vida. Soltei uma leve risada enquanto pensei nisso. Quando me toquei Victor havia sumido, mas Ana prontamente explicou que ele havia ido ao banheiro e perguntou se não queria ir na Roda Gigante até que ele voltasse. Caminhei calmamente na frente liderando o caminho, porem ao subir os degraus quis me apressar demais e meu pé não encontrou o primeiro degrau da escada e assim choquei meu corpo contra o chão caindo de joelhos, doía porém a vergonha falou mais alto e corri para a cabine.  

Subimos calmamente enquanto conversávamos, Ana permaneceu com um semblante sério. Ela pediu para conversarmos algo muito importante, porém ela disse que gostaria de falar somente quando parássemos no topo do brinquedo. Quando estávamos no auge do mesmo o brinquedo deu uma pequena parada rotineira, para quem estivesse lá pudesse observar a vista.  

— Luk, primeiro eu gostaria de te pedir desculpas... - Disse ela enquanto abria sua pequena bolsa a procura de algo. - Sei que isso pode ter te deixado extremamente confuso, mas saiba que tudo que eu disse foi a mais pura verdade... - Ela retirou um envelope vermelho de sua bolsa o estirando a mim. Em minha cabeça fora como se um gatilho tivesse sido ativado, toda a história da carta veio a tona e não mais como um mistério e sim como um cofre aberto, agora tinha entendido tudo. Como aquilo veio parar em minha mochila, quem era a garota que a estagiária falou, fiquei espantado, pois nunca havia pensado nela daquela forma. Mas agora pensando bem, por qual outro motivo ela voltaria de outro pais por mim se ela não gostasse de mim. 

— Mas Ana, como assim você gosta de m... - Ela me impediu de falar, selou meus lábios com os seus. Seus lábios eram doces e aquele momento era especial porém eu não podia corresponder os sentimentos que ela sentia, não a via dessa forma e acho que nunca sentiria. Me senti mal, por ela ter vindo de outro país só para me ver e falar isso e não é reciproco, me senti um total babaca. Afastei seus lábios dos meus a olhando nos olhos perplexo. 

— Ana, eu te admiro muito e você é uma das melhores pessoas que conheço, mas nós não tem como acontecer, eu gosto de outra pessoa... - Um silêncio vergonhoso foi criado e não tínhamos coragem de nos olhar nos olhos e o bendito brinquedo não parava para sairmos, demos mais ou menos duas voltas ainda nela e o clima só piorava.  

— Ok, entendo que você não gosta de mim, mas porque me deixou te beijar, seu idiota? - Ela dava socos em meu ombro, porém voltou ao silencio novamente. Estávamos extremamente tensos e quando a cabine abriu ela foi a primeira a sair correndo, guardei o envelope em meu bolso e caminhei calmamente, porém atordoado. A perdi em meio a multidão, mas acredito que ela havia aceitado "bem". 

Caminhei por um tempo me afastando do brinquedo enquanto pensava, encontrei Victor perto do refeitório. Respirei fundo para começar a contar a ele tudo o que havia acontecido, porém ele nem me deixou falar e começou seu discurso.  

— Lukas, eu sempre estive ao seu lado sabe! E eu te conheço mais do que ninguém, porém eu não consigo mais mentir para você. Fui eu que te enviei aquela carta dizendo que te amava e ainda amo. - Ele falou muito rápido por causa do nervosismo, ele tremia enquanto estirava um exemplar de envelope vermelho idêntico ao que havia recebido a carta.  

— Mas, como assim Vih? - Indaguei sem entender o que havia acabado de acontecer novamente. - Você me ajudou a pesquisar sobre o envelope, foi comigo até a gráfica, foi tudo aquilo um teatro? E a Ana... - Eu estava sem entender mais nada, mas ele me cortou novamente. Entrelaçou seus braços ao redor de meu tronco e tocou seus lábios aos meus, corei um pouco, porém o calor de seus lábios me mantinha calmo. O afastei de meu corpo e o olhei em seus olhos profundamente. 

— O que deu em todo mundo para me beijar hoje? Que loucura! - Falei um pouco alto, porém quando Vih tentou se explicar o cortei continuando. 

— Victor, eu também te amo! Mas não dessa forma, amigo. Você é um irmão para mim, um companheiro de toda a vida, mas não vejo um futuro entre nós. No momento acho que estou apaixonado por outra pessoa... - Seus olhos se encheram de lágrimas e seu rosto corou, Ana se aproximava de nós, agora mais conformada, porém ele a ignorou e torceu seu corpo bruscamente saindo em prantos correndo para longe. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A história foi revisada, mas caso encontre algum erro, por favor me avisa!!

Os personagens são fictícios e as histórias também! ^^

A pedidos escrevi o capítulo mais rápido ♥

É umas das primeiras fics que escrevo, então, se puder deixar seu feedback ajudaria muito. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Marcas de uma Lágrima" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.