Marcas de uma Lágrima escrita por Android


Capítulo 2
Cápitulo II


Notas iniciais do capítulo

“Não há nada entre nós. Nunca houve nada entre nós. Apenas ar.”
COMDEN, Betty. Cantando na chuva.



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Já faz quase uma semana que encontrei com Andrey no parque, aquela cena não sai de minha cabeça por nada. Os sentimentos que me preenchem são agridoces e não sei como lidar com isto. A felicidade de encontrar com alguém que ha muito não via, porém a tristeza de não o reconhecer no primeiro momento. Como que aquele garoto que estudou comigo quando era criança do nada se esbarra comigo e ainda por cima descubro que estuda na mesma universidade. Tudo muito estranho, não acredito muito em destino, mas deve ser algo do tipo.

Me toco que já estava no banho fazia quase meia hora quando meu telefone toca sem parar, minha mãe já estava embaixo do prédio a minha espera. Me arrumo correndo, pois não quero chegar atrasado. Eu não dirijo ainda, mas acompanhar ela no táxi não é uma má ideia, ultimamente estreitamos nossos laços de forma que eu amo sua companhia e ela também. Ela vai viajar para algum lugar que não me lembro com minha tia e avó, alguma coisa de presente de aniversário adiantado.

Ela mal entra no avião e um sentimento de vazio preenche meu âmago, odeio despedidas. Sinto um calafrio percorrer meu corpo e minhas mãos começam a suar, enquanto a vejo andar para longe sorrindo e abanando sua mão meu peito se aperta e minha cabeça se preocupa que aquela talvez seja a última vez que a via, não sei se só eu que tenho essas paranoias e medos, mas eu realmente não gosto de despedidas. Sei que ela vai voltar, mas é algo tão triste. Recolho meu celular do bolso traseiro e chamo um Uber, quando entro dentro do carro uma leve e calma chuva começou a cair. Os sons das gotículas caindo no teto do carro faz com que meu corpo relaxe, recosto, então, minha cabeça na janela fria enquanto observo a água escorrer pelo vidro como uma bela paisagem.  Aqui o clima tende a ser instável, porém na estação que estamos chuvas inesperadas já se tornaram normal do meu dia-a-dia e elas sempre me deixam felizes.

Não entendo aqueles que dizem que chuva é algo ruim, que o dia está triste e aquele mimimi todos. Chuva é linda, um dia só se torna perfeito com uma bela chuva, se for aquelas fortes é melhor ainda. Chuva é sinal de renovação. Quem nunca saiu brincando e correndo pela chuva, pisando no máximo de poças possíveis e reencenando Cantando na Chuva? Acho que talvez só eu faça isso, mas é revigorante. Se não me engano nessa vez eu peguei pneumonia, mas valeu a pena.

Meu celular vibra, o procuro nos bolsos e finalmente o encontro no compartimento dianteiro do casaco. Vejo que é uma mensagem do Luan. Olho para o retrovisor do carro um pouco preocupado, não é que sou muito desconfiado, mas não gosto de quando recebo a notificação e já venha uma prévia da mensagem, vai que estou tendo uma conversa íntima com alguém e quem não devia ler olha. É sempre bom prevenir do que remediar.

Mensagem de Whatsapp:

“Festa, amanhã lá em casa. Topa?”

“Tu sabe que não sou muito de festa!"

"mas já que toda vez que marcamos algo você desmarca...”

“Vou ir...”

“Saiba que ainda me deve aquele cinema!”

“kkkk de boa”

Solto uma leve risada ao me lembrar do tamanho paspalho que Luan é, não faço a mínima ideia de como ele sozinho deve estar organizando uma festa, mas espero que dê certo. O motorista estrala o dedos na minha frente e finalmente percebo que já cheguei em casa. Acabei me distraindo o caminho todo. Saio correndo para tentar me molhar o mínimo possível até chegar a portaria do prédio, subindo os degraus quase escorrego, porém me seguro no corrimão. Cumprimento a porteira com um simples aceno de cabeça e me direciono ao elevador, aperto o pequeno botão azul que brilha com vontade. Ao entrar no elevador me encontro com minha vizinha, Nayara.

— Como vai o Ramsay? - Pergunto sobre o cãozinho novo dela.

Ele é lindo, chora bastante a noite, mas como não durmo muito então não faz diferença, na verdade acabo por gostar do choro dele, me faz pensar que não estou sozinho. Ele sempre estará lá na janela uivando e chorando independente do que acontecer e isso é confortante. 

— Vai ótimo e crescendo como nunca - Ela molda um leve sorriso enquanto brinca com uma mecha branca do seu cabelo.

— E as suas histórias de Game of Thrones? - Gargalho ao perguntar sobre as Fanfics que ela é fissurada por escrever. As vezes a invejo, ela escreve bem e eu nem tanto...

— Nossa comecei uma nova onde o Theon e o... - ela me conta sobre toda a nova história e acabo que percebo que estamos parados na porta de nossos apartamentos já faz algum tempo.

— Vê se não arranja encrenca com esses machistas do prédio, Nay. Precisamos ter uma convivência pacífica - Digo a zombando enquanto procura a chave em sua mochila.

— Pode deixar - Ela ri enquanto destranca seu apartamento e ao entrar ouço os inúmeros barulhos dos animais dela.

Jogo os sapatos no canto da sala e me acomodo no sofá, pego meu celular e tento o desbloquear, porém como sou a leseira em pessoa tenho certa dificuldade, mas na terceira tentativa consigo. Começo a ver alguns vídeos no youtube e fazer a minha rotina de ver todos os "snaps" de manhã, adormeço e quando acordo já estava perto da hora do almoço. Vejo que recebi uma mensagem de Chris.

Mensagem de Whatsapp:

“Vou almoçar com o Santos perto da sua casa, quer ir?”

“Na vdd n, sabe como não me dou bem"

"com esse seu novo namorado.”

“acho ele mt doido pra minha conta kkk”

“Se der e quiser passa lá.”

 

Faço algo básico pra almoçar e decido ver uma série que todos estavam falando, algo que se passava nos anos 80 e tem uma ótima trilha sonora. Acabo por me perder na série vendo um episódio atrás do outro e quando me toco já anoiteceu. Aquele dia inteiro eu não fiz nada de importante, somente me enraizei no sofá enquanto fugia da realidade através da melhor empresa de todas: Netflix.

Meu celular toca e é a Ana, não posso deixar de atender. Geralmente não gosto de falar pelo telefone, então sempre que alguém me liga acabo por achar que é uma situação de vida ou morte.

— Oi, Ana. Tudo bem? - Pergunto já preocupado.

— Preciso de ajuda com o que vestir amanhã na festa do Luan - Ela fala.

— Mas é festa na piscina, você não vai estar vestindo nada além de um biquíni - Digo sem entender.

— Por isso mesmo, a moda está nas pequenas coisas. Vou te mandar a foto dos dois você escolhe o melhor. Ok? - A ligação dela trava, todavia presumo o que ela queria falar e respondo.

— Claro! - Mal respondo e ela já havia desligado na minha cara.

Ela é sempre fofa, mas as vezes é uma loucura quando se trata de roupas e compras no geral, se não me engano uma vez sua mãe me contou que ela gastou 5 mil reais em roupas em um dia no shopping. E ela sempre diz, não faz mal se vestir bem. Me envia duas fotos de biquínis, um extremamente estranho e outro simples, escolhi o simples a final ele era verde e é a minha cor predileta.

Me lembrei que Victor tinha me convidado para ir com ele ver alguns parentes, ele nunca gosta de ir sozinho por que fala que eles são muito problemáticos e diferente dele, lufano né, sabem como é, sempre da paz. Eu geralmente vou com ele, adoro a dona Olívia, mãe dele, mas justo hoje ele estava indo visitar aquele primo dele que eu não gosto. Não é que eu não goste, só que ele é muito convencido e ele faz com que Vih minta pra mim e se tem uma coisa que eu não gosto é mentira. Não há necessidades para mentiras em uma relação verdadeira entre amigos. Eu sei que as vezes ele mente que não pode sair comigo, mas ele na verdade tá saindo com o primo dele, mas é a vida. Não posso culpar ele, talvez eu esteja sendo possessivo demais.

Procuro meu celular e não o acho, decido então não avisar para ele que não quero ir, somente me jogo em cima da cama e acabo por dormir, estava cansado apesar de não ter feito muito.


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Notas finais do capítulo

A história foi revisada, mas caso encontre algum erro, por favor me avisa!!

É umas das primeiras fics que escrevo, então, se puder deixar seu feedback ajudaria muito. ♥



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