Marcas de uma Lágrima escrita por Android


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

“Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim...”
CHBOSKY, Stephen. As Vantagens de ser Invisível.



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Novamente eu abro meus olhos, acho que já é a quinta vez que a merda do despertador toca. Eu não quero levantar do meu mundinho perfeito e quente debaixo daquela coberta. Tento voltar a dormir, mas dessa vez não é o despertador que me mantém acordado, meu celular vibra inúmeras vezes recebendo notificações. Eu já sei quem é, somente uma pessoa me manda tantas mensagens seguidas, respiro fundo e estiro meu braço para fora da minha fortaleza de tecido e apanho o celular.

Mensagens de Whatsapp:

“Já acordou?”

“Preciso de ajuda!”

“Não”

“consigo”

“entender”

“ele”

Acho que já é o quinto amor dela só esse mês. Eu adoro ela, mas sério? Oito horas da manhã e já está querendo conselhos? A ignoro por um momento jogando o celular sobre a cama enquanto me escondo novamente embaixo do edredom tomando coragem para levantar.

Não tenho muita fome, mas bebo um copo de água. É meio que uma mania, eu li alguma vez em um site que beber um copo de água todo dia quando acorda faz bem, então fico me forçando a tomar isso como rotina e acabei me acostumando. O ronco do meu irmão rasga o silêncio daquela manhã de março, como um pedaço de biscoito e me arrumo rapidamente para sair.

O caminho para faculdade é bem curto, mas eu decidi que iria todos os dias pelo mais longo por que ele é mais bonito. Eu tenho essas loucuras de vez em sempre. Ainda estou um pouco sonolento, mas essa manhã está muito linda para dormir. - Droga - , penso. - Esqueci de responder a Cris - , ligo, então, o 3G do meu celular.

Mensagens de Whatsapp:

“Oi”

“O que aconteceu, Cris?”

“sabe minhas amgas falam que ele gsta de mim"

"mas ele não me abrça!”

“sério cris?”

“vc as vezes é bem paranoica”

“Já tentou falar isso pra ele?”

Cris se apaixona muito fácil e geralmente alopra, mas ela é gente boa, só que me tira muito do sério, mas sei lá. Quase perco a parada que eu devo descer do ônibus pensando nos muitos amores que ela já teve e que tive de ouvir toda a sua ladainha, é divertido só que cansativo. Eu não sou muito assim, eu gosto da minha própria companhia não vejo necessidade de namorar alguém para me sentir completo. Reparo que estava parado no meio do nada pensando sozinho, quando a música acaba que me toco que já estava atrasado.

Me encontro com Leve e Victor nas escadarias fora do campus, eles sempre me esperam lá. Se não me engano nos conhecemos naquele mesmo exato lugar quando eramos calouros. L vem de uma família de aristocratas centenária no Brasil, então da pra saber que ele é todo certinho e inteligente. Vitor é mais relaxado, mas não menos esperto. Sua mãe o teve após que todas suas irmãs já haviam crescido, então ele é meio mimado, mas adoro o modo que ele é cheio de manias. Somos estranhos e totalmente diferentes e mesmo assim, muito amigos.

A aula é extremamente chata e massante, acabo cochilando e desenhando na maior parte dela, eu queria cursar algo na área das artes, mas quero orgulhar minha mãe então acabei por fazer medicina. Não é algo que eu goste muito decorar tantos nomes de doenças, mas espero que algum dia valerá a pena. Finalmente a sirene toca e o professor decide nos liberar, arrumo minhas coisas o mais rápido que posso. Não aguento mais ficar naquele ambiente chato. Ao sair é a mesma história de sempre, Ana está lá rodeada de garotos enquanto distribui flertes. Eu odeio boa parte deles, gente insuportável e com rei na barriga, acho que por ser uma faculdade particular e serem alunos de medicina, o padrão era esse. 

Me meto no meio deles e seguro na mão de Ana, que sorri ao me ver. A arrasto para longe daqueles abutres que voavam ao seu redor tentando tirar um pedaço daquela carne.

​- Já te disse que não gosto quando você fica com esses garotos idiotas! - , falo irritado enquanto esperávamos o elevador, percebo que havia sido um tanto quanto "possessivo", mas ignoro.

— Ah! Luk, eles não são tão ruins, são meus amigos - , ela fala com uma voz calma e com um sorriso no rosto.

​- Você vai poder ir ao parque comigo hoje? Eu sei que você adora alimentar os patos - , digo tentando mudar de assunto.

— Não vai dar, Luk. Tenho que estudar - , ela diz com tristeza no olhar.

Ana, apesar de ser extremamente popular ela não é aquele esteriótipo de garota dos filmes de Hollywood. Pelo contrário, ela é uma das pessoas mais esforçadas que conheço. Seus cabelos negros se escorriam por cima de seus ombros delicados, sua bochechas morenas a tornavam ao mesmo tempo fofa, porém linda. Apesar de baixa ela é uma ótima pessoa para abraçar, seus pequenos braços são ótimo abraçadores. Ótima estudante e provavelmente a melhor da sua turma de Relações Internacionais. Há um boato que tem até uma faculdade no Texas querendo que ela se mude pra lá para ser sua aluna. 

O vestiário da universidade está vazio aquele horário, entro no primeiro chuveiro e fecho meus olhos enquanto a água quente percorre meu corpo. A água quente tocando minha pele me causa uma sensação reconfortante, o vapor entrando pelas minhas narinas me fazia me sentir revigorado e em paz. Eu amo tomar banhos quentes, eles me fazem esquecer da realidade por míseros momentos que sejam. Visto uma roupa confortável que está no meu armário e calço um tênis azul florescente que Ana vive falando mal e que iria jogar fora, mas ele é tão confortável. Acabo rindo sozinho ao lembrar disso, o som da minha voz ecoa por todo o recinto e termino ficando em silêncio assustado com isso.

O parque não fica longe do campus, vou caminhando calmamente observando a paisagem. Não entendo muito bem de clima, mas acho que o outono está chegando, percebo como são lindas as folhas que avermelham e mudam toda a cor daquele parque. O ar fresco entrando em meus pulmões eu simplesmente me sinto completo! Coloco meus fones de ouvido enquanto sigo até o meu lugar favorito de todo o mundo.

Chego tão rápido que nem parece que acabei de cruzar metade do parque, aquela colina é tão linda. De lá eu consigo ver toda a cidade. O sol já está abaixando e aquele tom alaranjado misturado com as cores do outono chegando, é como assistir o próprio Monet pintando um de seus quadros. Deito-me na grama cerrando meus olhos, quando me dou conta já havia anoitecido, era melhor eu voltar logo para casa. 

Tento ligar para minha mãe e avisar que chegarei tarde pro jantar, mas meu celular acaba a bateria. Distraído um vulto me acerta em cheio enquanto tento ligar o celular. Caio no chão meio desnorteado e tentando entender.

— Desculpa, cara! - Ele diz enquanto me ajuda a recolher minhas coisas, enquanto segura seu skate debaixo do braço.

— Já nos vimos antes? - Pergunto enquanto analiso estático o garoto a minha frente. Seus cabelos negros encaracolados caem por seu rosto, suor pingava de seu pescoço repousando no tecido de sua camiseta que o absorvia. Uma brisa fria me arrepia e acabo por me perder em seus olhos verdes, seu rosto não me é estranho.


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Notas finais do capítulo

A história foi revisada, mas caso encontre algum erro, por favor me avisa!!

Os personagens são fictícios e as histórias também! ^^

É umas das primeiras fics que escrevo, então, se puder deixar seu feedback ajudaria muito. ♥



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