Réglisse escrita por Ana Barbieri


Capítulo 1
Take us back where we started


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Ela o veria outra vez... “Como se sentiria se eu mesmo lhe trouxesse uma cópia?” Como ela se sentiria? Era muito para colocar em palavras, mas, seu sorriso provavelmente entregara completamente seus pensamentos. Parecia improvável que em tão pouco tempo ela houvesse se afeiçoado a alguém, no entanto, ali estava: havia se afeiçoado a Newt Scamander e o veria outra vez. Não era realmente um adeus e a morena se apegou o suficiente àquele pensamento para pular um de seus passos e se permitir um trejeito que achava ter perdido há muito tempo... desde a morte de seus amados pais. Sua vida fora colocada mais uma vez nos eixos e Tina Goldstein podia se considerar membro necessário para a comunidade mágica norte-americana mais uma vez. O sorriso em seu rosto e a leveza de seus passos pareciam permanentes... até que viu-se a dois passos da porta de seu apartamento.

A vívida noção do que encontraria lá dentro foi suficiente para abalar toda a alegria daquela manhã. Na semana anterior, eles haviam se despedido do no-maj e sua irmã colocara-se em estado tão deplorável que mal conseguira reunir força para trabalhar nos dias que se seguiram. Fora doloroso demais para Tina assistir a tudo aquilo. Ela com sensatez alertara Queenie, naquela primeira noite em que ambos foram jantar em casa, para não se apegar a Jacob. No entanto, ao que parecia, fora mais forte do que ela. Então, teve que presenciar toda a dor naquele rosto que nunca causara mal a ninguém se pudesse evitar; sua doce irmãzinha, que era muito mais do que aparentava para muitos. Queenie era sempre tão boa e tão carinhosa com Tina – Teenie – soava errado demais permitir que tamanha dor lhe fosse acometida.

Uma semana depois, as lágrimas haviam secado, porém, ainda não havia música no apartamento e sua irmã não demonstrava o mínimo interesse em suas revistas de moda, seus desenhos ou seus manequins. Recusava-se a cozinhar também. Durante aquele ínterim, Tina teve que fazer tudo sozinha e o fez de bom grado, satisfeita pelo simples fato de sua irmãzinha ao menos aceitar alimentar-se. Encontrou-a sentada diante da lareira, encolhida na poltrona, como fazia quando ficava amuada. Seus olhos fixos no fogo... sua irmã fora escolhida para a casa que favorecia os curandeiros, mas qualquer erva ou feitiço estava muito aquém de curar aquilo que precisava ser remediado. Muito menos por Porpentina... ela nunca sabia ao certo o que dizer, nem mesmo quando acontecera com elas e seus pais...

— Queen... – chamou cautelosamente, colocando a mão em seu ombro. A loira se virou para fitá-la, um pouco assustada e foi capaz de sorrir um pouco. Não faria sentido perguntar se ela estava bem... – O que gostaria de almoçar? Que tal panquecas? Café da manhã no almoço, lembra?

Queenie sorriu com doçura. Aquela era uma piada interna que possuíam com sua mãe, quando crianças. Doentes, muitas vezes as irmãs Goldstein se recusavam a comer qualquer coisa, mas, passada a tormenta, nada as deixava mais contentes do que um enorme prato de panquecas. Munindo-se de grande força de vontade, colocou-se de pé e começou a ordenar as panelas de um lado para o outro. Estava tentando, mas visível para Tina que ainda não estava completamente bem... faltava um pouco da graça em seus movimentos. Suspirando pesadamente, foi em seu auxílio. Queria muito saber o que fazer e o que dizer, nesse ponto, ela e Newt eram extremamente parecidos.

— Ele partiu bem? – indagou Queenie de repente, com a voz baixa, chamando a atenção dela que a fitou um tanto confusa, surpresa com a tentativa de sua irmã de iniciar uma conversa. – Newt?

— Ah, sim. Sim, correu tudo bem... como era de se esperar... é mais fácil ir embora do que chegar...

— Nem sempre. – retrucou a loira, dando outro sentido às suas palavras, seus olhos ganhando o brilho tristonho da semana anterior mais uma vez.

— Queenie, - começou Tina, pisando em ovos, - já faz uma semana... eu sei que é difícil para você e que... mas você precisa seguir em frente...

— Não posso... – rebateu a outra, negando veemente com a cabeça e erguendo os olhos marejados na direção de sua irmã. – Ele... não existe outro como ele...

— Queen, a Lei de Rappaport...

— Eu sei, Teenie... Eu sei. – interpôs Queenie sorrindo gentilmente. Seguiu-se um pequeno instante de silêncio entre elas, continuando a preparar o almoço. – Mas, eu estou feliz por você... vai conseguir ver Newt outra vez...

— Queenie... – estava prestes a censurá-la por ler sua mente, mas, nas circunstâncias não seria capaz... se uma pessoa era mais fácil de ler em momentos de tristeza, ela mesma deveria ficar incontrolável quando em seus próprios momentos. Na verdade, a loira também poderia ver Jacob Kowalski novamente. Ele estava vivo e morava em Nova York, logo, abriria sua padaria...

— Mas você acha que eu não devo. – observou Queenie lendo sua mente mais uma vez. Tina sorriu, complacente, assentindo e sua irmã imitou-a. Nada mais foi dito e uma semana depois, Queenie estava de volta ao trabalho.

†††

 Três meses após aquela conversa, uma moça vestida em várias camadas de cor de rosa andava pelas ruas de Nova York, voltando de mais uma tarde tediosa no Macusa. Seus olhos estavam baixos e apenas se erguiam para verificar as travessas e os automóveis. Em uma destas olhadelas para cima, fisgaram algo que fez seu coração parar por um segundo. Um pacote de pães com o nome Kowalski; uma senhora o levava sob o braço, acompanhada de uma garotinha. Impetuosamente, Queenie se aproximou, indagando a respeito de onde teria conseguido uma fornada tão bonita. Com a resposta em mãos, ela parou por um segundo, virando-se. Ainda era possível ver a torre do Macusa de onde estava parada... “Mas você acha que eu não devo”... “A lei de Rappaport”... Teenie era a sensata entre as duas e não estava errada naquele caso.

Seria contra a lei. Seria arriscado... e talvez ela perdesse muito mais do que achava-se disposta a perder. Todavia, lembrou-se do que leu na mente de Jacob naquele tempo que dividiram juntos. Não havia um único pensamento sujo nela; e aquele que tivera quando a viu pela primeira vez não poderia entrar em sua linha de julgamento, visto que parecia ser um traço em comum entre todos os homens. Lembrou-se de sua risada peculiar e de como a divertira, como fora lisonjeiro com suas habilidades culinárias, como tão fervorosamente a impedira de seguir Teenie e Newt no duelo contra Graves, que na verdade era Grindewald... e de como abraçou-a com carinho, mesmo que por reles milésimos de segundo, quando o beijou sob a chuva...

Era contra a lei. Era arriscado e perigoso. Mas Jacob valia aquele risco.

Com passos leves e resolutos colocou-se em direção a padaria; sem hesitar, entrou. Foi como da primeira vez. Ele a fitou como se fosse um anjo, mas, dessa vez, ao invés de pensar o que a maioria dos homens pensava ao vê-la à primeira vez, passou por sua mente a ideia de que a conhecia de algum lugar; ela adentrara o estabelecimento com a ideia de que seria como começar do zero. Novas apresentações, talvez novas primeiras impressões e, portanto, tentou manter a compostura. No entanto, ao notar que ele parecia reconhece-la... tudo o que havia lido nele uma vez ainda ali... fez toda a calma ruir e seu sorriso mais luminoso e também ansioso subir em seus lábios. Diante dele, Jacob tocou o local onde havia sido mordido... e sorriu para ela...

— Olá. – disse a loira, mal conseguindo se conter.

— Olá. – respondeu Jacob, hipnotizado. – Como... como posso ajudá-la? – indagou voltando a si, o que a fez rir um pouquinho e ele a imitou, ainda admirado com o que quer que ela tivesse de diferente. Queenie olhou em volta e avistou um dos bolinhos que se parecia com um seminviso.

— Gostaria de um desses. – respondeu apontando. Enquanto ele se apressava em atender o pedido, ela olhou em volta. Sabia que ele havia ficado infeliz por não ter conseguido o empréstimo da primeira vez e agora entendia porque... seu sonho era realmente lindo. – É uma loja maravilhosa. – comentou recebendo o pacote. – Não me lembro de ter...

— Ah, não. Abrimos recentemente, hoje fazem três meses... – respondeu, tropeçando um pouco nas palavras, fitava-a como se fizesse parte de algum sonho. E então, tocou mais uma vez o local onde fora mordido pelo Murtisco. – Uma história bastante engraçada... – acrescentou, parecendo tentando se lembrar de algo. Queenie tentou reprimir a expectativa em seus olhos enquanto o fitava. – Bem, em todo caso, fico feliz que tenha nos descoberto e também espero que goste do... – apressou-se a dizer, acenando para o pequeno embrulho nas mãos dela, dispensando suas ideias anteriores.

Evitando demonstrar um pouco de desapontamento, a loira assentiu gentilmente.

— Ah, tenho certeza... senhor... – ela virou o rosto para o letreiro no vidro da loja, fingindo dúvida.

— Kowalski. – respondeu Jacob prontamente.

— Todos os que avistei saindo de sua padaria antes de entrar me pareceram satisfeitos, senhor Kowalski. Não será diferente comigo, com certeza. – tornou a elogiar gentilmente, balançando a cabeça em seu maneirismo habitual. Jacob ainda a fitava como se se esforçasse para se lembrar de onde a conhecera e Queenie não continha o sorriso diante de seu esforço. – Então, tenha um bom dia... e, até logo. – despediu-se com um giro gracioso, deixando um pouco da sua recém recuperada luz para trás e um sorriso abobalhado no rosto do dono da padaria.

Do lado de fora, Queenie avistou o aviso de que ajuda era necessária e sorriu de lado... ele provavelmente a veria mais cedo do que esperava.


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Notas finais do capítulo

Olá, queridos leitores e bem-vindos à Réglisse. Esta é uma palavra em francês que significa alcaçuz e muito em breve, breve mesmo, vocês irão descobrir o significado dela por essas bandas. Primeiramente, eu gostaria de dizer que estou muito empolgada com esta fanfic, estou me divertindo muito ao finalizá-la e espero agradar muitos de vocês.

Trata-se de uma short fic de dez capítulos, uma vez que eu não gosto de divagar muito sem saber as informações do canon... porém, neste início de temporada - asuhuashau - espero atender algumas expectativas de fãs que, tal qual eu, também glorificaram de pé quando Queenie entrou na padaria. Um beijo a todos! Reviews são bem vindas, mas, não obrigatórias.



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