Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 9
Capítulo oito: Terceiro diedro.


Notas iniciais do capítulo

ACHARAM MESMO QUE EU NÃO IA POSTAR NADA HOJE?



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Residência dos Herondale - 11:00 pm - Quarto do Jace. 

Jace estava deitado em sua cama, fitando o teto, pronto para dormir. Mas não conseguia. Lembrava-se detalhadamente da conversa com o padre Hodge, logo após a confissão. 

Jonathan... - O padre havia falado, olhando em seus olhos com o olhar calmo. - Eu sei que é difícil resistir às tentações, mas, pois bem, veja... Venho vendo você desviando-se do caminho clerical cada vez mais no decorrer da semana. Você costumava vir aqui todo dia, ser prestativo em suas funções, e nesses dias nem veio cumprimentar a Deus. Creio que essa garota é uma má influência para você. 

E o que você espera que eu faça, padre? - Ele perguntou. 

Que você corte relações. Imediatamente. 

Pegou-se refletindo aquelas palavras. Ele deveria cortar relações. Deveria mesmo. Mas algo dentro de si abominava aquela decisão. Ele gostava dela. Em tão pouco tempo, desenvolveu um carinho de irmão por ela, de cuidado. Ao menos, era o que afirmava para si mesmo. Ele iria ser padre, oras. Não poderia amá-la como um homem, mas poderia cuidar dela. Zelar por ela. Ela seria a nova irmã dele... Será? Não sabia por quanto tempo aquela mentira iria valer para si mesmo, mas temia que não muito. Olhou o relógio na cabeceira. Já estava tarde. Tarde demais para sair. Seu toque de recolher em dias normais era às 10. E ele estava de castigo. Bufando, rolou na cama. Fechou os olhos e tentou dormir. 

Alguns segundos depois, seu telefone tocou. Ele o pegou e viu o número de Clary. Atendeu de imediato. 

— Acordado?

— Sim. Não está conseguindo dormir? - Ele questionou. Gostava mais do que poderia admitir para si mesmo do som da voz dela.

— Não... — Sua voz foi quase um suspiro. 

— Coisas demais na cabeça? - Ele engoliu em seco. 

— Uma em particular.

Fez-se silêncio. Ele sabia muito bem da coisa em questão. Ele era um idiota. - Eu... Sinto muito. Não queria ter de envolvê-la em uma mentira. Por Deus! Eu mesmo odeio mentiras. 

— Mas... Por quê? Por que essa mentira em questão? 

— É complicado... Preferia conversar pessoalmente. - Ele murmurou. 

— Bem, amanhã é o dia do baile beneficente e você está suspenso. Não quero adiar a conversa para depois de amanhã. 

— Clary, eu... não posso conversar sem estar na sua frente. Me desculpe. 

— Eu... estou confusa, Jace. Acho que não quero mais ir ao baile com você amanhã. 

— Não, Clary, espere! Eu... - Mas ela já havia desligado. Ele praguejou e retornou a ligação. Caiu na caixa postal. - Mas que droga!

Ele jogou o telefone longe, fazendo-o bater na parede e cair. Era capricorniano com ascendente em aries, o que podia fazer? Ser impulsivo - a mente dele falou. Respirou fundo e, segundos depois, já estava de pé, vestindo uma calça por sobre a cueca e colocando uma camisa de manga comprida. Pegou a carteira e o celular e olhou uma última vez para sua cama quase toda arrumada, onde deveria estar deitado e dormindo, como um bom rapaz. Suspirou. Ele queria ser um bom rapaz. Queria tanto... 

Com cuidado, ele passou para fora da janela, no segundo andar, e desceu pelas telhas, apoiando-se então na calha para passar para a casa na árvore que seu pai fizera para ele e Sebastian quando tinham nove e dez anos. Uma vez na casa, desceu as escadas e rumou por seu caminho na rua.

Ele queria ser um bom rapaz. Queria tanto... Mas sabia que um bom rapaz ficava em casa às onze da noite e ele tinha mais o que fazer.

                                    * * * * * * * * * *  

Residência dos Parker— 00:21 am - Quarto da Clary. 

Clary estava com o pé para cima, só por precaução, pois o inchaço diminuíra quase todo desde a manhã. Pensava em Jace e no beijo inflexível dele, bem na frente da mãe dele. Estava escuro, mas ela sabia que estava corando. 

Levantou-se da cama e foi até a escrivaninha, ligando o abajur e pegando o lápis. Aquela não era a primeira vez que passava uma madrugada desenhando em sua vida, mas era a primeira na casa nova. Olhou pela janela e começou a tracejar a rua, contornando tambem as casas, relaxando a mão e só curtindo a sensação de paz que desenhar trazia, combinada com o silêncio. Ela poderia viver disso. Focou-se tanto no desenho em si, que quase caiu da cadeira quando ouviu o estálido de alguma coisa acertando sua janela. 

— Deus do céu! - Murmurou. Outro estálido. Ela ergueu-se, para então ver uma pedrinha sendo chocada contra o vidro de sua janela. Abriu a mesma, para então sentir uma pedrinha em sua testa. - Ai! - Ela soltou. Olhou para baixo. Jace estava ali. - O que você está fazendo aqui? - Tentou falar o mais baixo possível e ainda assim compreensível. Ele mostrou o celular e logo ela tinha o dela em mãos. Atendeu a ligação. 

— Alguém pediu pizza? - Ele mostrou a caixa que tinha em mãos. 

— Na verdade, não.

— Ah, vamos lá! Você vai mesmo recusar pizza? Quentinha? 

— De que é? - Ela questionou. 

Eu poderia te contar, mas você tem que descobrir sozinha. 

Ela bufou. - Ok, pode subir, mas se tiver calabresa nessa pizza, eu mesma te jogo pela janela. Espere um minuto. 

Ela pegou um lençol no armário e lançou uma ponta pela janela. Ele compreendeu e amarrou a caixa de pizza. Ela puxou para cima ao mesmo tempo em que ele usou a estrutura de madeira onde as gavinhas de Emma se enrolavam para escalar. Já estava no último "degrau" quando ouviu um estalo e, então, ele foi ao chão. 

— AI MEU DEUS! - Ela berrou. Saiu correndo para fora do quarto, descendo as escadas correndo. Destrancou a porta da sala e foi para o jardim. - Jace? Está tudo bem? - Ela sussurrou. 

Ele ainda estava deitado na grama. - Nada ferido além do meu ego. 

— Clary? O que houve? - Sua mãe estava parada na porta, usando um robe e com os cabelos cheios de bobes. Ela olhou para Jace e então riu. - Que romântico!

— Querida? - A voz de Mike irrompeu lá de dentro. - O que está acontecendo? 

— Oh, Mike, nada demais! Foi só um esquilo amassando minhas plantas. Volte a dormir. Só vou ajudar Clary a arrumar. 

— Não quer ajuda, querida? 

— Clary e eu damos conta do esquilo gordinho. - Ela respondeu e então riu. Ouviu-se um bocejo de Mike. 

— Tudo bem, então, querida. Mas venha logo para a cama. 

Emma caminhou até lá fora, vendo Clary ajudar Jace a se levantar. - Ora, ora. Esgueirando-se para o quarto de minha filha, senhor Jonathan. 

— Uh, desculpe-me, tia Emma. - Ele tirou galhos de seu cabelo loiro. 

Ela balançou a cabeça. - Eu não tolero esse tipo de demonstrações adolescentes, mocinhos. Estamos entendidos? Clarissa, despeça-se de seu namorado. - Ela virou-se e seguiu para a porta, parando então abaixo do batente. Mas virou apenas o rosto para eles novamente. Ela estava sorrindo matreira. - E tentem não fazer muito barulho no caminho para o quarto. Comportem-se. 

Ela adentrou a casa. Clary olhou para Jace, que estava embasbacado. - Vamos lá, homem-aranha. Antes que eu morra de frio. 

Eles então seguiram para dentro da casa, subindo as escadas com o máximo de cuidado após trancarem a porta da frente. Eles foram para o quarto dela, onde fecharam a porta. Ele sentou-se no chão, enquanto ela foi desembrulhar a pizza. 

— Marguerita, hum... - Ela soltou, sentindo o cheiro do manjericão fresco. 

— Não gosta? 

— É a minha favorita. - Ela respondeu, pegando uma fatia. Sentou-se ao lado dele, repousando a caixa no chão. Ele se serviu. - Que pizza ótima! - Elogiou. 

— Tive que esperar cerca de vinte minutos numa esquina o entregador. Ele pensou que eu fosse algum assaltante. - Disse de boca cheia. 

— Não fale de boca cheia! - Ela repreendeu. - Não foi você mesmo que me disse isso?

— Não ligo! - Ele respondeu, ainda de boca cheia. Eles detonaram a pizza rapidamente, ela comendo mais que ele. Terminaram e deitaram no chão. Um ao lado do outro. - Nossa...

— Sim... - Ela respondeu. Ela alisou sua barriguinha proeminente. - Virei uma bolinha. 

— Também... Você comeu todas aquelas fatias

— Não foram tantas assim! - Ela respondeu, mas riu. Deitou-se de lado, olhando para ele. Ele à imitou. Ficaram em silêncio por alguns instantes, apenas se olhando. 

— Me desculpe. - Ele quebrou o silêncio. - Eu fui discutir com meu irmão sobre você e acho que fiquei enciumado por ele só implicar com você. Sebastian não é nada cuidadoso com as garotas e, acredite em mim, se ele implica contigo...

— O que?

— Ele deve estar interessado. Já vi isso acontecer uma vez, com Isabelle. Ele meio que tinha uma queda por ela na sétima série. Mas ela é nossa prima. 

Clary riu um pouco, mas tentou ser séria. - Essa é a ideia dele de sedução?

— Creio eu que sim. - Respondeu. - Então ele perguntou o que eu tinha a ver com isso e eu acabei falando que você era minha namorada. Teria durado até aí se minha mãe não chegasse no quarto no timing errado. Enfim, a mentira foi crescendo até parar no que parou. Mas fique tranquila que amanhã eu vou contar toda a verdade. 

— Eu... Não precisa. - Ela disse. 

— Quê?

— Isso vai te ajudar com a sua mãe e tirar o seu irmão do meu pé, agora que não tô mais "disponível". - Ela disse, naturalmente. - E você sabe que eu tenho uma queda por você, não vai ser desagradável para mim. 

— Huh...

— Mas eu tenho condições. - Impôs. 

— E quais seriam?

— Nós vamos agir como namorados em público sempre. Ninguém além de nós saberá desse segredo e...

— E...?

— Nós vamos nos beijar. - Soltou. - E não só em público. 

— Clary... - Ele balançou a cabeça. -... Eu quero ser padre. 

— Eu sei. Não vou te molestar. Mas também quero um pouco de diversão. 

— Compre um pula-pula. 

— Ok, então. Conta a verdade para a sua mãe. - Ela respondeu, olhando agora para o teto. Ele suspirou. 

— Ok. Mas apenas beijos. - Ele acrescentou. - E minhas mãos vão ficar paradas. Além disso, nós seremos o tipo de casal discreto. Combinado?

— Combinado. - Ela sorriu. - Agora vem cá que nós precisamos praticar um pouco...

Ele balançou a cabeça, mas se aproximou. Estavam ambos de lado agora, a mão dela na bochecha dele. Tocaram os lábios suavemente, mas ele deixou ela aprofundar o contato, chegando mais perto dele e...

— Se você vai dormir aqui... - A voz de Emma soou, ela estava de pé na frente deles, cheia de cobertas nas mãos. - Eu prefiro que seja no chão. - Ela soltou os cobertores sobre eles e riu. - Comportem-se. E durmam bem, crianças. 

Clary jogou um edredom para longe, sentando-se. Ele fez o mesmo. 

— Eu deveria ir para casa. Estou de castigo. 

— Você... fugiu?

— Fugi. 

— Por quê?

— Precisava falar com você. - Respondeu, resoluto. 

— Está tarde para ir embora. Durma aí. Amanhã eu ligo para a sua mãe e tenho certeza de que ela vai te desculpar. 

— Como você sabe disso? - Ele perguntou, sorrindo. Gostava da sensação de desafio que ela transmitia a ele. Gostava do jeito como se sentia. 

Ela deitou-se novamente no chão. - Posso ser bem convincente quando quero. 

— Vou acreditar. - Ele respondeu. - Agora, levante daí, quero forrar minha cama. - Ela riu e balançou a cabeça. - Que foi?

— Vem cá!

— Não. - Ele sorriu também. 

Ela anuiu com a cabeça. - Vem cá... - A voz dela estava mansa, baixa. Ele balançou a cabeça novamente, mas deixou-se seguir a maré. Logo eles estavam se beijando novamente. Beijar ela era calmo e, ao mesmo tempo, fazia o coração dele acelerar. Entre um beijo e outro, ele permitiu-se suspirar. Poderia se acostumar com aquilo. 


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Notas finais do capítulo

Gostou? Comente!
Não gostou? Comente para que eu possa melhorar!
Tá indiferente? Comenta uma coisa aleatória.
Mas por favor, comente!
Z, você já sabe, não leia minha fic. Te amo.
XoXo
Undisclosed Desires.