Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 8
Capítulo sete: Segundo diedro.


Notas iniciais do capítulo

Katchau



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Centro da cidade - 7:00 am - Loja de roupas. 

Clary provou o terceiro vestido daquela manhã. Já estava atrasada para a aula, mas Emma não se importava. Tudo começara na noite anterior, durante o jantar, quando Emma soltou que estava animada para o baile beneficente e Clary atualizou a mesma sobre seu novo acompanhante. Ela sorriu e disse que levaria a menina para comprar um vestido de baile, agora elas estavam ali. 

O vestido da vez era verde e longo, com detalhes brilhantes por todo o corpete justo, ficando mais frouxo na cintura e descendo rente pelo corpo. 

— Que linda! - A vendedora disse, animada. Falara isso dos dois anteriores, o que não tinha muita credibilidade aos olhos de Clary. - E então, Emma, o que achou?

— Gracioso, sem dúvidas, Amantis. - Emma respondeu. - Mas... Eu não o acho animado o suficiente. 

— Talvez eu deva usar balões ao redor do corpo. - Clary brincou, alisando o tecido do vestido. 

— Contrasta com o cabelo dela. - Amatis disse suavemente. 

— Aí é que tá. Não queremos contraste, queremos? Não. Quero um foco. Total. - Havia um fogo nos olhos de sua mãe, uma paixão. 

— O que quer dizer com isso?

— Traga todos os vestidos vermelhos que você tiver. Rápido. Não temos muito tempo. 

                                      * * * * * * * * * * 

Clary chegou na escola no fim do segundo tempo. Sua mãe avisou à portaria para que a deixassem entrar, e deixaram. Ela seguiu para o corredor principal e lá estava ele. Seu recém-arqui-inimigo, Sebastian, encostado em seu armário, amassando uma garota. Não qualquer garota. A tal da Camille. Jesus Cristo. 

Parou em frente à cena explícita, puxando a gravata pra baixo, e pigarreou. 

— Com licença, mas acho que tem um espaço vago dentro do armário, pro caso de vocês quererem dar o próximo passo. 

Ele parou de beijar a garota para prestar atenção em Clary. Ela notou o sorrisinho arrogante dele dizendo que aquilo fora puramente proposital. Maldito bastardo!

— Se você queria participar, querida, era só me pedir. Não precisa bancar a enciumada. - Ele respondeu, segurando Camille pela cintura. Ela não parecia tão feliz.

— Como é que é? - Camille berrou. 

— Uh, relaxe, gatinha. Você é quente, mas eu estou meio entediado. 

— Seu babaca nojento! - Ela disse, dando um tapa bem dado na cara dele. Ele ficou chocado pelo impacto e levou a mão ao rosto. Camille, naturalmente, ajeitou a blusa e seguiu seu caminho. - Me avise quando você amadurecer.

— Vadia! - Ele murmurou para ela. Clary, não podendo mais segurar, desatou de rir. 

— Parece que o feitiço se virou contra o feiticeiro. - Ela disse, debochada. - Na próxima, se esforce mais. 

No segundo seguinte, ela estava sendo erguida pelas lapelas do blazer. Sebastian tinha cerca de 1,92 metro de altura, enquanto ela tinha 1,63 metro. Ele era forte, tendo em mente que era capitão do time de futebol, e levantou o corpo dela de modo que a cabeça dela ultrapassava a altura da cabeça dele. Ela estava a pelo menos 30 centímetros do chão. Era o suficiente para que ela se debatesse, tentando se soltar. 

— Me solte, covarde! 

— Agora vejamos o quanto você gosta de rir de mim. - Ele estava raivoso, a cara vermelha e a expressão irritada. - Você me soca e então as pessoas começam a achar que esse tipo de coisa é permitida. Não se esqueça de quem manda nessa escola. 

— Aparentemente não é você, já que ninguém parece te respeitar. - Ela soltou. Sabia que estava numa posição arriscada, mas não costumava fugir dos valentões. 

Sebastian sorriu de um jeito macabro. - Olha que gracinha, você sabe responder. Uau. - E então ela foi bruscamente jogada contra os armários. As costas queimaram e o choro subiu pela sua garganta, expulsando todo o ar de seus pulmões. Mas ele não à soltou. - Parece que alguém perdeu a voz agora.

— Se-sebastian!

— O que foi? - Ele questionou, irado. Ela ficou em silêncio. Ele puxou-a dos armários para chocá-la novamente contra eles. Ela gemeu de dor. - Responda, idiota! - Mas ela não tinha mais voz. Ele então aproximou a cara da dela e, com fúria nos olhos, disse, baixo o suficiente para ser aterrorizante. - Eu vou fazer da sua vida um inferno. - E então, ele tirou todo o apoio e ela caiu no chão. Primeiro, o pé sentiu o impacto e seu tornozelo não aguentou. O cotovelo chocou-se contra o chão, junto do joelho, e sua cabeça bateu num armário. Ele se afastou dela, mas a mesma permaneceu ali, dolorida. Tentou levantar-se, mas o braço não sustentou o corpo. Voltou para o chão e fechou os olhos, aguardando. 

Ouviu passos. Pensou ser Sebastian, pronto pra tripudiar dela. Abriu os olhos, pronta para xingar, mas não era ele. Era um garoto gótico, que usava delineador marcado e argolas de metal no lábio inferior. Simon. O garoto da sua turma de artes. Ele tirou o cabelo pranchado da cara e estendeu a mão. 

Ela desconfiou, temerosa. Como ela saberia se ele não era algum tipo de Sebastian gótico? Talvez ele também fizesse isso para tripudiar dela. 

— Eu vi o que ele fez. - Simon disse. A voz dele parecia solidária. - Ele costumava pegar no meu pé no segundo ano. 

— E como foi? - Ela encontrou um fio de voz para dizer, sentindo ainda as costas doerem como o inferno. 

Simon prendeu o ar por algum tempo e então seu olhar ficou vago. - Difícil. - Ele respondeu, soltando o ar. Ela aceitou a mão dele e, com cuidado, ele à ergueu. 

— Obrigada. - Ela disse, desajeitada, enquanto mantinha-se de pé. Simon pegou a mochila dela, que estava no chão. - Meu tornozelo... 

— Consegue andar? - Ele questionou. 

— Acho que sim. 

— Venha, vou te levar à enfermaria. - Com um braço ao redor dos ombros dele, ela mancou o caminho todo, rumo à enfermaria. Estava tremendamente grata àquele garoto, que nem à conhecia, mas já à ajudava. 

                                  * * * * * * * * * *

O sinal do intervalo soou e ele então tinha dez minutos para estar na sala sete. Não havia visto Clary naquela manhã, o que era estranho, considerando a mensagem dela. 

Clary: Estou atrasada. Chego pra terceira aula.

Foi procurar ela no corredor e na próxima sala dela, mas não à encontrou. Pegou o celular no bolso e mandou uma mensagem. 

Jace: Onde vc está?

A resposta chegou alguns segundos mais tarde. 

Clary: Enfermaria. 

Ele correu pelo corredor lotado, subindo as escadas para encontrar então a entrada da enfermaria. Lá estava ela, sentada na maca, mexendo no celular enquanto o pé estava erguido e envolta de almofadas. Ao lado dela, sentado num banquinho, estava o garoto Simon. 

— O que aconteceu? - Jace questionou a enfermeira. 

— Jace! - Clary soltou. Ele foi até ela, segurando seu queixo e examinando. 

— O que aconteceu, encrenca? 

— Eu caí. - Ela respondeu, com os olhos arregalados. Ela não tinha caído, ele sabia. 

— Fale a verdade. O que acon- Ela o cortou. 

— Eu caí. Já disse. - A voz dela era mais dura agora. 

— Escute, criança, vou pegar um atestado para você na secretaria. - A enfermeira disse. - Vocês aí, não deixem-na sair daqui.

— Pode deixar, senhora. - Jace respondeu. Ele esperou a enfermeira sair para falar novamente. - O que aconteceu de verdade?

— Nada... - Ela murmurou. 

— Seu irmão. - Simon respondeu por ela. - Eu o vi erguendo ela e jogando contra o armário algumas vezes. Aquele psicopata ainda está solto por aí. 

— Ele...? Ele fez o que?

— Agrediu Clary. Mais de uma vez. 

Jace puxou seus cabelos. - Como você está se sentindo? O que dói? Caramba, a enfermeira já te deu algum analgésico?

— Ela me deu ibuprofeno. - Clary respondeu. - Minhas costas estão doendo menos, mas meu tornozelo está inchado. Ela disse que se eu ficar de repouso hoje e colocar gelo, amanhã já vai estar melhor. 

A mão de Jace formou um punho. Ele depositou um beijo na testa dela, num gesto incrivelmente terno, e então virou-se para Simon. 

— Não deixe ela socar ninguém, por favor. - pediu. 

Simon ajeitou a franja e quase sorriu. - Como queira. 

— Jace, o que você vai fazer? - Ela questionou. 

— O que eu já deveria ter feito. Com licença. 

Ele correu para fora da sala, seguindo pelo corredor.

Meu bom Deus, perdoe minha alma. Ontem eu menti e antes disso cobicei e agora estou prestes a pecar novamente. - Ele achou a sala de Sebastian. Entrou. - Perdoe-me, Deus, por não permitir que meu temperamento seja abafado. Por querer tanto fazer isso que não posso parar. - Viu Sebastian rindo, sentado em cima da primeira mesa de uma das fileiras. - Perdoe-me, Deus, pelo que eu vou fazer. 

— Sebastian! - Jace gritou, jogando a bolsa carteiro no chão. 

Ele riu, virando-se, para encontrar o irmão. - Ah, oi, pirralho. - Mas não se levantou. 

Jace se aproximou. Dê a ele o direito da dúvida. Apenas um segundo. Para não perder todos os seus valores. — Você machucou a minha garota?

Minha garota? Agora ela era a garota dele. Céus. A mentira estava tão presa na mente dele que parecia quase verdade. 

— Do que você tá falando?

— Você machucou ou não a Clary?

Sebastian riu. Isso foi o suficiente. Jace conhecia bem o irmão. No segundo seguinte, o punho dele estava no rosto de Sebastian. Era a fagulha que ele precisava pra perder a fachada de bom moço. Era justamente a gota que fazia o copo transbordar. Bateu forte e certeiro e Sebastian caiu, inconsciente. O professor Mongestern chegou bem na hora.

— Que diabos está acontecendo aqui, senhor Herondale? 

— Eu fiz o que tinha que fazer. 

— Ele socou o prórprio irmão. - Raphael, o amigo dele, soltou. 

— Aqui não toleramos violência, Sr. Herondale. Vamos agora mesmo para a direção. 

Jace olhou mais uma vez seu irmão, que agora erguia-se, meio desconectado. Pegou a bolsa carteiro e, seguindo o professor Valentim, foi aceitar sua punição. 

O que estava acontecendo com ele? Logo ele, que sempre fora um bom garoto. No fundo da mente, ele sabia que era ela. Não sabia quão profundamente ela tinha impactado nele, mas sabia que algo dentro de si mudou. E ele não tinha mais como reverter a mudança. 

                                 * * * * * * * * * * 

Clary saiu da escola com uma muleta emprestada, pronta para encontrar com sua mãe. Mas deparou-se com Jace. 

— Estava esperando você.

— O que você está fazendo aqui fora? - Ela perguntou, surpresa. Ele caminhou até ela, parecia confuso. 

— Eu fui suspenso. Soquei o meu irmão. - Ele agora estava próximo. Não o suficiente, mas também quase o bastante. 

— Ora, ora. Senhor violência zero carregando más-influências... Nunca pensei que fosse ver isso...

— Eu... Fiz besteira, Clary. Uma besteira grande. E eu... - Ele parou de falar.

— O que você fez?

— Eu menti. 

— Sobre o que?

— Sobre... - Uma buzina interrompeu a fala dele. Ele se virou. Era a sua mãe. Ela o viu e acenou feito doida, já descendo do carro. - Oh, droga! Me perdoe!

— Olá! Eu sou Celine, a mãe do Jace. Você seria...? - Disse ela, se aproximando. 

— Eu sou Clary, a... - Jace cortou ela. 

— Minha namorada, mãe. 

— Namorada? - Clary questionou. Ela abriu a boca pra começar a falar, mas no segundo seguinte ele já estava beijando ela. 

Foi algo duro por falta de prática da parte de ambos e ela ficou tensa por não entender a situação, não tendo como responder. Ele deu um beijo mais longo que o primeiro nela, para calá-la, ela acreditou. O que estava acontecendo? Ele cortou o beijo. 

— Eu... te vejo amanhã, na festa, hum, meu amor. Vamos logo, mãe! - Ele puxou o braço da mãe para longe. 

— Oh, mas espere, meu filho! Deixe-me falar com a moça!

— Não! Ela é tímida! Acabamos de começar! Ela acha que é cedo demais para conhecer minha família, não é, Clary?

— Eu...

— Viu só, mãe? Ela perdeu a fala. Vamos logo! - E então, ele conseguiu arrastá-la para o carro, embaraçado. Ele olhou para a Clary confusa, parada na fachada da escola, olhando diretamente para os olhos dele. 

— Que mocinha linda! Que bom gosto, meu filho! Ela é pequena e fofinha e parece tão meiga que... - O falatório da sua mãe começou, mas ele não conseguiu prestar atenção. 

— Hã, mãe, eu sei que eu provavelmente estou de castigo, mas podemos passar na igreja por alguns instantes? 

Ela não fez nenhuma objeção e em menos de vinte minutos, lá estava ele, ajoelhado do outro lado de uma cabine, com o Padre Hodge sentando, esperando pela voz dele. 

— Perdoe-me, padre, pois eu pequei...

                                  * * * * * * * * * *

Ainda em frente à escola, Clary sentava-se no banco do carona do carro de sua mãe. 

— O que foi, Clary? Você parece apavorada. 

Clary respirou fundo. - Acho que eu acabei de arrumar um namorado.

  


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Notas finais do capítulo

Gostou? Comente!
Não gostou? Comente para que eu possa melhorar!
Tá indiferente? Comenta uma coisa aleatória.
Mas por favor, comente!
Z, você já sabe, não leia minha fic. Te amo.
XoXo
Undisclosed Desires.



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