Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 20
Capítulo dezessete: Introdução às aulas de biologia celular - Apoptose.


Notas iniciais do capítulo

Um dia atrasada, mas sigo aqui!
Bjos de princesa.



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Residência dos Penhallow - 7:15 pm - Banheiro.

Apoptose. Morte celular programada. Acontece quando a própria célula percebe um erro não-corrigível ou quando a hora simplesmente chega. Era pelo que Aline Penhallow estava passando naquele momento. 

Havia mesmo algo errado com ela, porque não conseguia parar de ser feita de boba pelas pessoas. Mas isso não iria continuar acontecendo - não mesmo. Se Isabelle Lightwood ou qualquer um daquela família desprezível achava que iria sair dessa intocado, estavam muito mais que enganados. Estavam iludidos.

Terminou de passar o resto do pó descolorante que tinha no pote em mãos nos cabelos que antes daquela noite eram do castanho mais escuro possível, lavando as mãos logo após. Fitou-se no espelho, os cabelos lambidos para trás com aquela substância viscosa. 

Se o que ela precisava para se vingar era tomar os meios de controle, era o que ela faria. Isabelle Lightwood tinha apenas três coisas a seu favor:

Ela era bonita. Era popular. E tinha os parentes descolados.  Mas Aline iria acabar com a raça da garota, nem que fosse a última coisa que fizesse naquela escola.

Residência dos Herondale - 8:23 pm - Quarto do Jace.

Jace estava terminando a lição de biologia quando ouviu batidas na porta. A cabeça de Alec surgiu pelo vão mesmo sem Jace ter dito um "entre", mas não era uma atitude imperdoável. 

— Hey, Jojo... - Alec soltou, parecia meio abatido, explicando porque o garoto não havia berrado ao entrar na casa, como geralmente fazia. - Seu irmão deixou eu subir, cadê a tia? - Nesse ponto, Alec já estava sentado em sua cama.

— Deu um pulo no médico com meu pai, parece que ela pegou uma virose e precisa de um antibiótico, mas nada grave. - Respondeu, pegando o pacote de biscoito que estava do lado do caderno. - Você quer?

— Opa, piraquê de limão! - E pegou um. - Quevoxexáfaxendo?

— Hã?

Alec engoliu o biscoito. - Perguntei o quê você tá fazendo.

— Ah, terminando a tarefa de biologia. Pensei em adiantar logo pra estudar química com a Clary amanhã.

— Soube que ela é realmente boa em química. Ela gabaritou a prova do Mongestern noutro dia. - Alec comentou, mordendo outro pedaço. - Será que ela me ajuda pra recuperação?

— Sei lá, pede a ela. 

— Deus me livre e guarde! Aquela menina me odeia! - Exclamou. - E eu sou bonito demais pra apanhar dela. 

Jace riu. - Ela melhorou do hábito de bater em pessoas.

— Sim, e passou ele pra você, senhor briguento. - Jace balançou a cabeça, sem saber como discordar seriamente daquela sentença. - Mas então... como estão as coisas?

— Coisas?

— Sim, coisas... Você sabe... - Alec jogou verde, mas Jace não colheu o maduro. - Olha, não vamos tornar tudo tão constrangedor, sabe? Somos primos, é normal falar disso. Tia Celine pediu pra eu vir conversar com você, sabe...

— Hmm, não?

— Sobre aquela palavra com S, Jace.

— Ah... Entendi... Salvação. Relaxe, Alec, você frequenta a Igreja aos domingos e é um bom garoto, o Senhor não vai te jogar no inferno só por ser um fornicador. 

— Sexo, seu idiota. SEXO. - Alec berrou.

— Hã? Mas... sexo?

— Não se faça de desentendido. Izzy disse que te viu se esgueirar pela janela da Clary de novo esses dias.

— Isabelle não tem nada melhor pra fazer que vigiar a janela da minha namorada? - Ele estava irritado. Alec, percebendo isso, tentou suavizar. 

— Olha... não é nada demais, sabe. Basicamente os três "P"s que você tem que saber.

— Três "P"s?

— Sim... Proteção no Pinto, seu Panaca. 

— Quê? Cruzes! Sai daqui Alec! - E jogou um dos biscoitos em Alec. O mesmo riu e comeu o objeto tacado.

— Eu só estava dizendo... Tia Celine não quer que você apareça com um bebê, ela não vai criar por você.

— Eu e a Clary... a gente não... - Jace balançou a cabeça e o primo pôde ver o quão envergonhado ele estava em falar aquilo em voz alta. - A gente não... transa, tá legal? Não é assim que funciona.

— Pera... Não é assim que funciona— Alec estava tentando não julgar ou mostrar algo além de tentativa de compreensão. - Você não funciona assim ou ela?

— Os dois, acho. - Respondeu, mas não parecia estar convencido. Alec agradeceu a si mesmo por ter ido ter aquela conversa. Tava na cara que o primo não entendia nada. - Não, eu. Ou ela. Não sei bem qual dos dois, mas definitivamente não estamos em sincronia.

— Como assim?

Jace suspirou. Não acreditava que estava desabafando sobre aquela rejeição com o primo. - Eu tentei, sabe. Me envergonho por isso, porque eu não deveria estar tendo atitudes como essa, mas eu tive e ela... ela me rejeitou. 

— Rejeitou você? Jace... essa menina tá tão na sua desde o momento em que pôs os olhos em você, numa missa de domingo. Acho meio impossivel acreditar no que você está me dizendo. 

— É a verdade. - Bufou. - Mas acho que ela me rejeitou pelo que ela achou que eu queria... Ela veio com uns papos de "se não vamos levar até o final, não vamos fazer isso também", como se ela estivesse me forçando a ter esse tipo de atitude. 

— E ela está? 

— Eu... não, não está. - Jace cerrou uma das mãos em punho e bateu na escrivaninha. - Inferno! Eu gosto dela, Alec, gosto mesmo. Não esperava gostar tanto, mas gosto. Até aí tudo bem. Só que eu não consigo lidar com a atração que sinto por ela. São os poucos momentos de descontrole, mas eles existem. E quando eu finalmente tomo alguma atitude - e finalmente mesmo, porque na festa da Camille só faltava a Clary implorar pra eu fazer alguma coisa - ela taca um balde de gelo na minha cabeça. Eu não sei o que fazer... ela respondeu a minha investida, mas então ficou toda hesitante me mandando ir embora.

— É, primo... - Alec suspirou. - Só há uma coisa a fazer nesse caso.

— E o que seria?

— Prove para ela que você quer fazer isso. Que ela não está te forçando. 

— Mas aí é que tá, Alec. Eu não deveria estar fazendo esse tipo de coisa. Eu quero ser padre, lembra?

— Ah, infeliz, para com essa glicose anal que ninguém tá aguentando mais. Você não precisa ser virgem pra ser padre, os padres só não podem casar ou coisar pra proteger os bens da Igreja, não porque Deus os proibiu. Você sabe muito bem disso. 

— Glicose anal?

— Cu doce. E você está desviando do assunto.

— Sim... eu sei disso. Mas padres devem fazer voto de castidade do mesmo jeito. Devem viver longe do pecado.

— Você. Não. É. Padre. 

— Ainda.

— Sim. Então ainda não precisa abrir mão de transar. - Alec pôs a mão no ombro do primo. - Não me leve a mal, a Clary de longe nem faz meu tipo, mas pecado é deixar uma menina que gosta mesmo de você acabar na cama com caras babacas, tipo eu ou Sebastian.

Sebastian. Jogou sal na ferida. 

— Huh... Você tá certo. Vou dar um jeito de fazer isso dar certo. Valeu, Alec. - Jace agradeceu, mas ainda refletia a respeito com seus botões.

 — Eu geralmente estou. - E deitou-se de costas na cama, enquanto Jace girava a cadeira de rodinhas pra ficar de frente pro primo.

— Mas então... você parece meio... abatido. Aconteceu alguma coisa?

— Na verdade sim. 

— E o que foi que aconteceu?

— Eu... tenho me sentido meio confuso. - Admitiu. - Sabe, você já passou a vida inteira gostando de uma coisa e percebeu que talvez você possa gostar de outra?

— Hã?

— Deixa eu tentar explicar... - Alec sentou-se e inspirou fundo. - Você sempre gostou de carne. Carne? É, vai ser. Então. Carne é boa. Seu pai come carne, sua mãe come carne, todo mundo adora carne. Carne é importante pro seu desenvolvimento, pra ser saudável e não é opcional não comer carne. Mas então... Você conhece alguém vegetariano. E a pessoa, ao contrário do que você sempre achou, é saudável e parece se sentir bem comendo só verduras. Ela não precisa de carne, porque o que ela come dá conta dela. E então você acha que comer um pouquinho de legumes não vai te matar. Você pode provar e talvez gostar e, se não gostar, não tem problema, porque você pode continuar a comer carne. Você tá me entendendo?

— Hum, não? 

— O fato é... E se eu na verdade poderia passar a minha vida inteira sendo vegetariano, mas por conta do que me ensinaram a comer eu sempre coma carne?

— Mas você gosta de carne? Ou come obrigado?

— Não sei se eu gosto ou se eu aprendi a gostar pra não ser o único vegetariano da família.

— Você se incomoda de comer carne?

— Não.

— E acha o gosto ruim?

— Definitivamente não.

— E se acabasse toda a carne do mundo, você se sentiria mal?

— Talvez, não sei. Quer dizer... Carne é bom. Mas e se a dieta vegetariana...

— Cara, eu acho que o segredo de tudo é uma dieta balanceada. Se você gosta de carne mas quer provar a verdura, prove a verdura. Coma dos dois, não é como se você só pudesse escolher uma coisa pra comer por refeição. Variar as vezes faz bem.

— Mas eu posso escolher comer os dois?

— Alec, é o seu prato, você pode comer o que você quiser.

— Caramba, primo... Obrigado! Na verdade, isso resolve mesmo o problema da minha cabeça.

— Esse era o problema? Achei que você estava tentando decidir se iria virar ou não vegetariano.

— Pfff... Eu gosto demais de carne de verdade pra virar vegetariano. Foi uma analogia.

— Dã, seu idiota, você acha que eu não percebi? Sério mesmo que você acha que eu tenho um emocional de uma pedra?

— Claro que não... talvez. Mas isso não importa, eu tenho que voltar pra casa. Vou tentar bolar um jeito de fazer a Clary topar dar aulas de química pra mim. 

— Beleza, vai lá. - E viu o primo se levantar e caminhar até a porta. - Hum, Alec?

— Oi?

— Você é gay?

Alec engoliu em seco. Ele gostava de meninas também, mas sentia um carinho estranho crescer no peito por Bane, como uma erva daninha infiltrada. E era autoconsciente demais pra não reparar nesse sentimento acontecendo. - Não sei. Iria te incomodar se eu descobrisse que sim?

Jace pareceu refletir por quase um minuto antes de responder. - Não... quer dizer, vai ser meio estranho não te ver catando as meninas nos eventos do clube, mas... se tiver que ser assim, pode contar comigo pro que precisar.

— Uh, valeu, primo. - Isso tocou o coração de Alec. - Sério mesmo.

— Que isso! A gente é família e família é pra isso mesmo.

 


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Notas finais do capítulo

SE QUISER JOGAR, VEM!
MAS VAI COMENTAR, VEM!
COMENTA SIM ou NÃO
ou NÃO ou NÃO ou NÃO
ou Não?



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