Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 19
Capítulo dezesseis: Introdução às aulas de química - Equilíbrio.


Notas iniciais do capítulo

MENINAS!!!!! FIQUEI SEM COMPUTADOR!!! MAS GANHEI UM NOTEBOOK AGORA E ENTÃO POSSO POSTAR! DESCULPEM A DEMORA!



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Residência dos Herondale - 21:37 - Quarto do Jace.

Pela décima quinta vez naquela noite, ele verificou o próprio telefone. Estava inquieto, ninguém que o conhecesse poderia negar esse fato. Mas - mais que inquieto! - ele estava suspeitoso.

Seria possível uma pessoa mudar tanto em um período de tempo ínfimo? Não, ele não acreditava nisso. Mudança requeria atitudes e postura, busca pela mesma e trabalho duro. Não era algo meramente justificado com um "eu mudei" ou um par de desculpas. Não mesmo. E, sinceramente, ele desconfiava que Clary estava tramando alguma coisa.

O que havia acontecido? Poucos dias atrás, a menina encontrava qualquer brecha para poder se atracar nele. Até mesmo aquela maldita festa, a qual serviu para ganhar bons machucados e despertar o sentimento de vingança no irmão, ela tentara abusar do controle dele. 

E agora... Ela estava... hmm... casta? Sim, casta. Comedida. Nenhum beijo em público, pouquíssimo contato no privado. Ele até mesmo passara a noite na casa dela e dormiu na mesma cama na noite anterior, mas ela apenas deu-lhe um beijo na testa e um abraço apertado. Não que ele estivesse reclamando... Era um menino de Deus, deveria mesmo evitar todo e qualquer tipo de contato físico... E ele nem mesmo gostava daquilo...

A quem ele estava tentando enganar? Nem ele mesmo sabia. Deus podia ver em seu coração, não havia ninguém a ser enganado além dele mesmo. Tolo. Ele gostava do contato... gostar talvez fosse uma palavra fraca demais pro que ele sentia. Uma sensação de ardência na boca do estômago, o acelerar do próprio coração... O descontrole que ela causava nela.

Há muito tempo vinha sendo um rapaz controlado e poder se soltar um pouco das rédeas... Mas ele tinha total ciência de que não era mais essa pessoa. Ele era um Jace calmo, obediente, que evitava confusões.

Lembrou-se de como tudo era antes do incidente. Era impaciente e - por mais que fosse uma criança ainda - permitia que o próprio gênio perdesse a razão muito facilmente. Ele adorava competir e competia por prazer. Competia na liga juvenil de Muay Thai e por várias vezes conquistara as medalhas de competições estaduais e nacionais. Era mesmo um prodígio.

Até que... Mandou um dos meninos para o hospital num golpe bem injusto durante um acesso de raiva por uma provocação besta. Coisa de criança, mas que na hora pareceu totalmente justificável. E então foi o estopim para sua mãe. Ele estava terminantemente proibido de continuar praticando e competindo e, ainda por cima para compensar, seria mandado durante todo o verão para uma cidadezinha do Texas, para ser posto nas rédeas pela avó paterna - Imógen - uma beata cristã que criou os filhos na base do cabresto e da vara de goiaba.

O que resultou numa disciplina fora do comum e do início de um hábito católico ferrenho. Três meses com vovó Imógen e Jace retornou rezando o terço todo dia às 6 da tarde em ponto sintonizado com o canal da Canção Nova. Sua mãe não contava com isso - não mesmo. Ela pensou que fosse um castigo para o garoto ter de ir à Igreja, como fora pra ela na infância. Mas não... Ele encontrou na Igreja um modo de terceirizar a responsabilidade de fazer escolhas. Mas resolveu não criticar de início. Qualquer tentativa de conversar com Stephen resultava na discussão "devemos deixar as crianças escolherem qual religião seguir". Ele fora católico praticante durante grande parte de sua vida e, se tivesse casado com uma mulher um pouco mais religiosa, talvez continuasse seguindo com a tradição. 

Balançou a cabeça, tentando jogar para longe as memórias desagradáveis e focar no problema da vez. Por que o atual desinteresse de Clary?

Estaria ela começando a duvidar da atração por ele? Vendo que não era racional gostar de um futuro padre? Ou então as atitudes do irmão estavam surtindo efeito nela? Um café aqui, uma provocação saudável ali... Grrrr! Como Jace detestava essa situação. Como poderia Sebastian querer roubar a garota dele? Oh céus... Garota dele... Ele era tão, tão injusto com ela... Tratando ela com tanta possessividade, com tanta falta de tato, sabendo que ela gostava dele e que as esperanças dela não seriam correspondidas no futuro. Mas a parte descontrolada dentro dele - a parte que ele esperava que Deus não conseguisse ver - era alimentada pela sensação de ter ela, como se fosse um direito dele, de poder tê-la nos braços para beijar e tocar e manter longe do irmão. 

Ele era mesmo um idiota, todos poderiam notar pelo jeito que pensava. Gostava dela. Cada vez mais. E satisfizera o lado obscuro da alma - aquele que gostava de brigas e do coração acelerado - agarrando a menina naquela cama, no meio da festa barulhenta, com gosto do sangue que um dos socos de Sebastian provocou na boca. 

Talvez... Talvez ela estivesse esperando uma atitude dele, para variar, já que fora ele quem a dispensou na última vez. Se fosse isso, ela poderia esperar sentada, pois ele - JONATHAN CHRISTOPHER HERONDALE - iria continuar exatamente do jeito que estava. Ele até preferia que fosse assim, facilitava muito as coisas para ele. Que grande favor ela estava fazendo a ele, poupando da experiência inútil para um futuro padre, porque ele definitivamente conseguiria viver sem isso. Passou a vida inteira sem beijar na boca, não seria por causa de uma ruivinha irritante que iria depender disso. Não mesmo. Ela que esperasse sentada mesmo.

Bufou. 

Como ela poderia ser tão presunçosa? Achando que ele sentiria falta se ela fizesse greve de beijos? O que ela pensava que ele era? Um libertino? Um adolescente com hormônios exalando por todos os poros? Gargalhou para si mesmo. Ela estava completamente enganada. 

Mas a risada nos lábios dele morreu assim que o pensamento da possível carência dela provocar a busca por alguém disposto a levá-la para cama. Alguém como... Sebastian.

Droga! No instante seguinte, já estava de pé - pondo a carteira e o celular no bolso. Desceu as escadas correndo, deparando-se com a mãe na sala. 

— Mãe, vou na casa da Clary. - Anunciou.

— Nossa... Você dormiu lá ontem, está indo tão tarde hoje... Pelo amor de Deus, Jonathan, não quero essa menina aparecendo grávida!

Sebastian - que vinha da cozinha com uma colher de doce de leite na boca - soltou uma gargalhada. - Não seja ridícula, mãe. É mais fácil ele aparecer grávido que ela. Todos sabemos que o máximo que eles fazem no quarto é dormir. 

— Você se interessa tanto pela minha vida sexual, não é mesmo? - Jace sabia que não deveria cair na provocação, mas não estava se reconhecendo naquele instante.

— Humpf! Como se você tivesse uma... - Revidou Sebastian, se divertindo com a vermelhidão surgindo nas bochechas do irmão.

— Pare de perturbar seu irmão! Mas faz sentido. - Celine sorriu. - Emma não deixaria você dormir lá se não confiasse que você deixaria as mãos nos lugares certos. Ok, vá, mas leve o carro. Está tarde.

Jace cerrou os punhos ao passar por Sebastian para pegar a chave do carro, mas saiu o mais rápido possível de casa com o pensamento de que iria fazer algo que seu irmão nem contava com, algo que seu irmão subestimava nele. 

Mas estava fazendo aquilo unicamente para o bem de Clary. Ela o fizera prometer que iriam fazer coisas como aquelas, não é mesmo? E ele não queria que a carência dela a fizesse ter que baixar o nível e procurar Sebastian. Iria fazer aquilo apenas pelo bem da amizade dos dois. Era uma alma muito altruísta. 

(N/A: ATA KKKKKKKKKKKKKKKK)

Quando estacionou próximo à casa da menina, seguiu clandestinamente para o quintal dela. A luz do quarto estava acesa, o que significava que a mesma provavelmente estava nele. Escalou a parede do modo que havia descoberto recentemente, sem cair dessa e daquela vez, encontrando a menina deitada mexendo no celular. 

Adentrou o cômodo, vendo-a pousar o telefone e encará-lo. - Hmm... Jace? Aconteceu alguma coisa?

Ele tirou a carteira e o telefone do bolso, colocando-os sobre a escrivaninha dela, e sorriu o que esperava ser seu sorriso mais convidativo. - Eu não posso querer ver minha namorada?

Ele a viu corar e balançar a cabeça com um sorriso tímido. - Claro que pode, mas por que não entrou pela porta? Minha mãe adoraria falar com você.

Ele não acreditava na coragem que ele estava tendo. Não sabia de onde tirou a mesma para caminhar até a porta e girar o pino que à trancava.

— Não estou aqui em missão oficial. - Foi vagarosamente até ela. Podia sentir o coração começar a acelerar, o surgimento daquela sensação que tanto gostava, e então percebeu que não precisava encontrar coragem. Ela já estava ali, trancafiada, desde sempre. 

— Deixe de brincadeira... - Ela riu e se levantou. - Vou avisar Emma que você está aqui...

Mas então ela já estava de volta contra a cama e ele tinha uma expressão completamente séria. - Jace? O que você tá fazendo?

Ele não respondeu, apenas abaixou de encontro a ela e uniu os lábios e um beijo leve. Apenas uma prova. Era o que ele queria. Um sinal de que ela sentia tanto quanto ele sentia naquele momento. Tudo que ele fazia questão de fingir que era para ela, mas era apenas uma mentira que nem ele mesmo acreditava. Ela ofegou, surpresa, o que o fez se separar e olhá-la nos olhos. 

Ela estava confusa, confusa demais. Ele estava tomando uma atitude? Não esperava que o plano de Isabelle fizesse efeito tão rápido. Abriu a boca para falar algo, mas então ele desceu para lhe dar outro beijo, dessa vez mais forte, subindo a mão pela barriga, por fora da blusa, mas mesmo assim...

Ela puxou o ar, como se estivesse esquecido de respirar segundos antes, e o coração acelerou a 200 km/h em menos de 2 segundos. As mãos dele subiram ainda mais, tirando um punhado de cabelo ruivo de cima do peito e pousando a mão bem sobre o seio esquerdo.

Deus do céu... Ele não pode estar me apalpando...

E ele de fato não estava. Queria sentir o coração dela tão acelerado quanto o dele. Tão faminto. E de fato estava. Afastou-se dela pela segunda vez.

— Seu coração está tão acelerado. - Ele soltou como se fosse um suspiro fraco e ela teve que se esforçar para ouvir. 

— Eu sei. - Respondeu. - Está muito diferente do seu, aposto. - E ela apostava mesmo. Ele era sempre tão calmo e contido. 

Mas ele balançou a cabeça e, no segundo seguinte, estava tirando a camisa cinza que vestia. O peito nu da academia dos padres surgiu. Puta merda... Ou melhor, pensou, Santa mãe de Deus. 

— Hmm... Jace? - Ela questionou. Será que ele estava drogado?

— Sinta-o. - Ele disse apenas, puxando a mão dela para cima, para encostar na pele quente bem acima de onde estava o coração. E ela o sentiu, tão acelerado quanto o dela. Acelerado demais. - Acho que tem uma aposta para me pagar. 

— E o que você quer? - Provocou. Ele estava tão diferente, com aquela expressão séria e sensual, sem camisa no meio de seu quarto, cheio de mãos.

— Você. - Ele soltou e ela engasgou sem crer, mas ele já estava sobre ela, beijando-na, as mãos buscando o corpo dela. Era pegadinha, só podia ser. Obra de Isabelle, com toda certeza, mas a mente dela parecia não colaborar.

O corpo, menos ainda. Concedendo a ele passagem e mãos passeando pelas costas nuas, sentindo a blusa subir pela própria barriga, desnudando-se. Tomou impulso e rolou por cima dele, que sentou-se no meio da cama, puxando o quadril dela para baixo, o que fez ambos romperem o beijo para gemer. Ela estava mais alta que ele, finalmente, e a boca dele gostou de reparar isso, tecendo beijos pelo pescoço dela.

Padre uma ova. Foi tudo o que ela conseguiu pensar quando as mãos de polvo dele puxaram sua camiseta para cima, deixando-a apenas com o sutiã e o short de dormir. As bocas voltaram a se unir e ele estava mais ousado, mais fogoso, puxando-na para baixo enquanto dava um beijo tão enlouquecedor nela, roubando todo o ar da menina e incendiando os pulmões e o resto do corpo. 

Ela desgrudou a boca da dele para recobrar a razão. Aquilo estava errado demais, ele não queria mesmo estar fazendo isso, ela sabia. Algo deveria ter acontecido e ela precisava acalmá-lo e resolver aquilo, mas ele não dava trégua, passando a boca pelo pescoço, mordendo o queixo dela.

— Jace!... Hmm... - Ela tentou chamá-lo, mas pareceu um gemido, pois a mão dele já infiltrava-se por dentro do sutiã, o polegar áspero criando uma textura, gemeu outra vez. - Hmm... Jace... espera... - Mas sua voz estava tão fraca. Ele puxou ela ainda mais para baixo, projetando o quadril pra cima e criando a sensação mais perfeita para ela, que não pôde conter outro gemido, puxando ele para mais perto. - Ai meu Deus... — Murmurou, para então ter sua boca tomada com fulgor.

Ele inverteu as posições, jogando-na de costas no colchão, soltando o peso em cima dela, o que foi demais e fê-la buscar algo para afastá-lo dela, algo que fizesse aquela sensação perturbadora parar, por mais que fosse tão... bom. Mas ele não tinha uma camisa para ser puxada, então as unhas - mesmo que curtas - puxaram o que deu das costas, lanhando-o como uma gata, fazendo-o praguejar e beijá-la com mais força, amassando o seio que embalava, soltando ainda mais o peso nela.

Não. Errado demais. Aquele não era Jace. As mãos dele começaram a abrir o próprio cinto e as mãos dela foram acompanhar, tremendo - alucinada - o que o fez tirar a concentração de si próprio e começar a descer o short dela, o que causou um gelo na espinha da menina.

Jace nunca faria aquilo por livre e espontânea vontade. Ele queria ser padre. Ele iria ser padre. Reuniu toda a força que conseguiu e o empurrou para longe. Ele parecia mortificado, ainda mais quando ela engatinhou de costas para o outro lado do colchão e, por mais que ele estivesse indo atrás, a expressão dura dela o fez parar. 

— Clary? Hmm... você não...?

— O que você está fazendo, Jace? - Ela questionou, ainda ofegante, com o short desalinhado e o sutiã branco à mostra. - O que diabos você está fazendo?

— Estou... hmm... beijando você? - Ele parecia surpreendentemente inocente aos olhos dela e uma sensação desagradável brotou nela.

— Bem, você não pode fazer isso.

— Beijar você? - Ele parecia incrédulo.

— Não... Me beijar desse jeito. - Ela suspirou e puxou a camisa para cobrir o próprio colo. - Eu sei que a experiência é nova pra você e que provavelmente tem algo maquinando pela sua cabeça, mas eu não tenho tanto autocontrole assim. Por Deus! Você não pode chegar aqui e fazer isso e pensar que eu não vou querer levar adiante. 

— Mas eu... - Eu pretendia levar adiante, era o que ele ia dizer, mas ela o cortou. 

— Eu sei, você quer experimentar. Mas se não vamos até o final, não temos por que fazer isso. - Ela repassou o plano de Isabelle na cabeça e quis socar a própria cara. Não acreditava que estava recusando ele. Queria tanto a volta daquela sensação que poderia chorar. - Nós vamos ser castos a partir de agora, você não precisa se forçar a esse tipo de coisa por minha causa, eu prometo. Vamos pegar leve e seguir assim. Não quero levar você a fazer nada que você não faria.

A não ser desvirtuar você. Os pensamentos dela eram apenas de culpa pelo plano estar dando tão certo, mas não podia voltar atrás. Ele ia subir pelas paredes e ela continuaria fingindo inocência. 

— Eu... - Ela o cortou novamente.

— Tudo bem, sério, mas vá embora, por favor. - Respirou fundo. - Eu preciso me recuperar desse estado antes que acabe te atacando. 

Ele balançou a cabeça. - Clary...

— Eu já disse, Jace, eu...

— Me escute, caramba! Pare de me interromper. - Ele foi até ela, puxando a mão dela e a apertando. - Não me sinto honrado admitindo isso, mas não posso mentir para você nem para mim mesmo. Eu fiz porque quis, porque perdi o controle, porque Deus não botou a mão na minha cabeça e disse PARE. Sinto muito se a fiz pensar que me induziu a fazer isso... Ultimamente eu tenho estado tão... perdido. Mas fico feliz por você me respeitar. Fiz sem refletir e sem pensar, de cabeça quente, algo que não deveria estar acontecendo, mas vou me comportar melhor. - Desceu e depositou-lhe um beijo casto nos lábios. - Vejo você amanhã, também tenho que me livrar de uma situação lamentável. 

E, do mesmo jeito que chegou, partiu. Seu lado futuro padre ficou orgulhoso de encontrar uma amiga tão boa, mas seu lado egoísta detestou a rejeição. Não pôde deixar de se perguntar que se fosse Sebastian em seu lugar, será que ela o teria parado?


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Notas finais do capítulo

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