Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 14
Capítulo doze: Fim das aulas de desenho, hora de pôr em prática.


Notas iniciais do capítulo

Yooo!!! Cá estou eu! Aproveitem!
Comentem, fantasminhas, estou decepcionada com vocês! Só por causa disso eu irei postar a metade inicial do capítulo. Ficou muito grande, desculpem. Tentarei postar o outro amanhã, já que minha semana de provas começa na terça.
Enjoy!



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Residência dos Herondale - 3:00 am - Quarto do Sebastian. 

Sebastian estava deitado em sua cama enquanto fitava o teto. Não conseguia dormir pois não conseguia também parar de tramar. De pensar no que poderia fazer. Revisava cuidadosamente cada opção. 

Ele não tinha realmente uma queda pela ruiva. Ela era bacana. Meio que irritava ele, mas era bacana. O grande problema era que, para ele, ela mantinha aquela postura de inalcançável. Mas para o irmão, o idiota do irmão certinho, ela se derretia. Garotinha estúpida. Ele estava ali, pronto para oferecer a ela uma aventura da qual ela se recordaria, e a contraposto ela estava correndo atrás do Sempre-e-para-todo-sempre-virgem Jace. Revirou os olhos. 

Precisava tirar dela aquele sorrisinho arrogante para com ele. Aquela pose de "comigo não tem chance". Se ele tinha chance até mesmo com sua paixonite de adolescente, Isabelle Lightwood, quem não estaria no páreo para Sebastian. 

Mas tirar a namorada do irmão? E o código dos homens? 

Pro inferno o código dos homens. Faria para abalar Jace também. Para que ele pudesse ver que mesmo com aquela pose de bom moço e com o apoio da mãe, Sebastian conseguia superá-lo. Afinal, todos sabiam que garotos malvados são totalmente mais atraentes para as garotas. E ele era malvado com ela. 

Revisou mais uma vez suas possibilidades. Aquele lance de ser mau com ela não estava funcionando. Não era como com Camille, onde um "Você engordou" fazia a mesma correr para a academia e fazer de tudo para agradá-lo, incluindo momentos íntimos. Não, Clary não parecia ser nada assim. Mas ainda era atraente, de fato. 

Ele levantou-se e caminhou pro outro lado do quarto, vendo o mural de fotos. Todas bem antigas. Uma dele com o irmão e os primos, aos doze anos. Isabelle ainda era a mais alta do grupo - as meninas crescem primeiro. A vergonha que foi para ele ter de ficar na ponta do pé para dar seu primeiro beijo, que fora com ela. Algo inocente na festa de ano novo, no andar de cima, enquanto os pais brindavam com taças finas. Outra dele com o irmão, ligeiramente mais velho que na foto anterior. Antes de Jace surtar com esse lance de igreja, antes também do incidente. O mais novo estava com seu quimono, segurando uma medalha, enquanto o mais velho sorria com a mão nos cabelos do outro. Eles eram mais que irmãos naquela época. Quando Sebastian costumava ser um bom garoto. 

Sorriu. Era isso. Para pegar ela, ele tinha que ser um garoto bonzinho. Foi para frente do espelho, jogando os cabelos para trás e pegando um punhado de gel na bancada para ajudar. Fez um topete que seria meio cômico se ele não fosse tão lindo. Mas ele era - e sabia disso. Fitou as pontas pretas do cabelo - traço que ele simplesmente adorava e sorriu olhando-se novamente no espelho. 

Se era um "bom moço" que ela queria, um "bom moço" ela receberia. 

                                      * * * * * * * * * *

Ainda na residência dos Herondale - 6:45 am - Quarto do Jace.

Jace se levantou e tomou um longo banho. Era domingo e dia de gastar as suas horas ajudando o padre Hodge a preparar a missa. Sua mãe não o perturbaria aos domingos, ainda mais estando de bom humor por conta de sua namorada. Teria que explicar aquilo ao padre Hodge que, acreditando copiosamente no futuro clerical do mais novo, não iria aceitar muito bem aquela notícia. Ainda mais quando o mesmo havia o aconselhado a se afastar dela. 

Vestiu a camisa social e a calça preta, calçando os sapatos envernizados e pegando a bolsa-carteiro para então rumar à igreja. Desceu as escadas e olhou para a cozinha. Não faria o café da manhã de Sebastian. Não, nem pensar. Aquele... Aquele mimadinho podia muito bem fazer as suas coisas dali em diante. 

Respirou fundo e saiu batendo a porta. Pensar na fala dele deixava Jace de cabeça quente.  Porque eu definitivamente vou tirar ela de você. Jace sempre controlou a vontade de bater nas pessoas quando a tinha, mas simplesmente não conseguia com Sebastian. Vê-lo querendo a garota por mero capricho acendia o fósforo do descontrole de Jace e o deixava ser consumido. 

Parou no meio da rua, literalmente no meio dela, e prendeu a respiração. Era isso. Todo o desconforto que ele sentia dentro de si ao ver Sebastian mostrar vestígios de interesse. Ele estava gostando dela. Não do jeito "Você é uma amiga e está me ajudando". Ele estava gostando mesmo dela. Soltou o ar que estacou no pulmão e praguejou. Ela era perigosa. Perigosa o suficiente para fazê-lo gostar dela em meros dias. 

— O que eu faço, meu bom Deus? - Ele olhou para o céu, como se esperasse resposta. Nenhuma veio. Balançou a cabeça e seguiu andando, dessa vez pela calçada. Passou em frente a uma casa aonde um casal estava brigando na varanda do segundo andar. A mulher estava com um robe azul de seda enquanto o cara já estava de terno. 

— Vá em frente! - A mulher berrou e Jace ficou assustado enquanto caminhava mais rápido para sair logo dali. - Fique com ela, afinal, é dela que você gosta!

— É, talvez eu deva fazer isso mesmo! - Foi a vez do cara berrar.

— Que estranho... - Jace disse, dando uma última olhada no casal. Mas fixou as palavras na mente. Vá em frente, é dela que você gosta! Sacudiu a cabeça novamente. Seria aquilo um sinal? Não... era só uma coincidência. Seguiu seu caminho. 

Uma senhora lhe sorriu enquanto o mesmo passava. Ela estava podando um vaso com um punhado de uma flor roxa longa, parecida com lavanda. 

— Aqui, criança... - Ela o chamou e, mesmo ele tendo lido centenas de matérias sobre pedofilia e não cair na conversa de estranhos, sua educação não permitia ignorar um velhinha. Ela estendeu uma mudinha da flor e ele a cheirou. Tinha um cheiro muito agradável e uma cor viva. - É sálvia sclarea, rende um ótimo óleo e produtos de beleza. 

— Sálvia sclarea? Nunca ouvi falar dela. 

— Eu faço sabonetes e hidratantes com ela. Sabe, eu sou formada em farmácia e cultivar plantas assim é o meu hobby. Essa aqui em particular é mais conhecida como Clary sage ou até mesmo Clary. É a minha favorita. 

Jace empacou, fitando o rosto da senhora. Só podia ser uma armação de Isabelle e Alec. Olhou ao redor. Não conseguia achar ninguém ali. A velhinha continuava a falar sobre plantas mas ele se limitou a olhar o céu. 

Se isso for um sinal... Deixe-me saber. Por favor. 

—... Clari... - Foi tudo o que ele ouviu sair da boca da senhora. Baixou o olhar para ela no mesmo instante.

— O que você disse? - Ele questionou, sério. A senhora sorriu, mostrando para ele que deveria ter sido uma das moças mais bonitas nos seus anos de mocidade. 

— Eu disse que as rosas ficam muito mais bonitas quando são expostas devidamente à claridade. - Ela repetiu e sorriu mais amplamente. - Espere um minuto, eu já volto. - Ela seguiu para dentro da casa e ele esperou. O jardim era enorme e coberto pelas plantas mais variadas. Pareceria uma confusão para sua mãe ou a própria tia Emma, que mantinham os jardins uniformes e não tão variados. Mas ele gostava. Gostava bastante. A imagem de tantas cores e aromas e formatos davam a ele uma certa paz. 

A moça voltou rápido, descendo as escadas da entrada da casa com certo cuidado e parou em frente a ele. Estendeu a mão para ele, mostrando um pequeno troço roxo no formato de concha. Ele o pegou educadamente, vendo que a coisa era embrulhada por um plástico fino. Cheirou. Tinha um cheiro muito parecido com o da sálvia. 

— Dê isso para a garota que você gosta. Vai fazê-la se sentir especial. 

— Co-Como você sabe... que eu gosto de alguém?

Ela deu o olhar de quem conhecia muito da vida e sabia bem daquilo. - Garotos não ficam tão avoados assim se não estiverem se apaixonando. 

Ele balançou a cabeça e suspirou. - Obrigado. É um gesto muito gentil. 

Ela apertou as bochechas dele e se afastou. - Que fofinho. Sua mãe te criou muito bem. Aliás, meu nome é Tessa. Sinta-se a vontade para me visitar sempre que lhe der vontade. Eu sempre o vi na missa e o achei tão bonzinho. 

— Meu nome é Jonathan. - Ele pigarreou. - Mas a senhora pode me chamar de Jace. 

— Jace?

— Meu segundo nome é Christopher. Vem de J-C. 

— Ah, sim. 

— Bem, tenho que ir agora, uma boa tarde para a senhora. 

Ela lhe sorriu e voltou para atrás do vaso de planta. Ele guardou o pequeno objeto dentro da bolsa-carteiro e voltou a seguir seu caminho. 

— Jonathan? - A voz dela o chamou. 

— Sim? - Ele virou-se novamente. Ela piscou. 

— Ela dever ser muito especial para você. 

Ele pareceu pensar, mas então sorriu. - Ela é. - E continuou seu caminho para a Igreja. 

                                     * * * * * * * * * *

Residência dos Parker - 10:23 am— Quarto da Clary. 

Isabelle puxou outra blusa do armário, dessa vez uma azul de manga longa, e pôs em frente ao próprio corpo, visualizando-se no espelho. Era recatada demais pros planos que ela tinha. 

— Cruzes, essa deve servir para a igreja. - Ela murmurou, devolvendo a roupa pro lugar de origem. Puxou um vestidinho preto que não era curto como deveria, mas era decente, ao menos. - Trágico, mas o melhor que eu vi até agora. 

— Muito obrigada. - Clary revirou os olhos, mas não parou de desenhar, toda esparramada por sobre a cama. - Não sei o que você está fazendo aqui. Não te dei intimidade o suficiente para isso. 

— Fala sério! - Isabelle riu e revirou os olhos, jogando o vestido sobre a cama e pegando outra opção. Um vestido azul um pouco mais curto, mas rodado. Fez um gesto de vômito, mas o jogou na cama também. - Nós somos melhores amigas agora. Acostume-se. Vem cá, você tem algum salto?

— Dentro do closet, parte de baixo. - Clary respondeu automaticamente. - Não sei porquê você tá fazendo isso. Eu não vou a lugar nenhum. 

Isabelle riu e devolveu um vestido rosa. - Não é opcional. Já falei com sua mãe e ela achou ótimo. Aliás, será ótimo. Sua primeira festa de verdade. Mas essas suas roupas não vão ajudar em nada. Venha. - E pegou o braço de Clary, puxando-a da cama, fazendo a mesma derrubar o caderno e o lápis no chão. 

— Mas o que você vai fazer, sua louca? - A ruiva reclamou ao ser puxada escada abaixo. 

— Vamos pra minha casa procurar algo que caiba em você. - Respondeu.

— Mãe, estou indo na casa da Izzy! - Clary berrou, ouvindo um "está bem" de sua mãe ao mesmo tempo em que era puxada pra fora da casa. Isabelle continuou arrastando a mais baixa até sua casa. - Olá, senhora Lightwood. - Clary cumprimentou enquanto as meninas passavam rápido pela sala, subindo as escadas. Conseguiu ouvir o riso da mãe de Isabelle, e enfim chegaram ao quarto. 

E que quarto. As paredes eram cada uma de uma cor, cobertas por círculos brilhantes em dourado e preto. A primeira parede, na cor turquesa, era coberta de fotos de Isabelle - e todas mesmo eram de Isabelle, sozinha; a parede amarela tinha a porta para o que Clary supôs que fosse um banheiro, já que estava semiaberta, e as paredes rosa pink e roxo tinham, respectivamente, a porta escancarada do Closet, ao lado de uma penteadeira coberta por maquiagens e outros produtos de beleza, e a porta em que elas tinham acabado de passar. A cama era enorme e ficava centralizada na parede turquesa, estava completamente bagunçada, com roupas jogadas e amontoadas, sutiãs pendurados e até mesmo uma calcinha completamente minúscula estava sendo exposta numa das extremidades.

— É mesmo a sua cara esse quarto. - Clary soltou, jogando um punhado de roupa para o lado e se jogando na cama. Isabelle deu de ombros e sorriu satisfeita. 

— Obrigada. Eu mesma que decorei. - E caminhou para dentro do closet, saindo de lá minutos depois com os braços cheios de pano. - Vou te deixar totalmente sexy essa noite. - Ela estendeu um pedaço de pano muito pequeno e preto para Clary. - Tire a roupa. - E foi fechar as cortinas, trancando a porta no caminho. Também ligou a luz. 

— Eu não quero ficar sexy. - A menina revirou os olhos, mas tirou a roupa, ficando só em peças íntimas, para começar a vestir o que Izzy lhe entregou. Era pequeno demais até mesmo para ela, que tinha quase vinte centímetros a menos que Isabelle e duas medidas a menos também de peito. Ficou apertado e curto e não caberia na mais alta de jeito nenhum.

— Está ótimo! - Izzy comemorou. 

— Está curto. 

— É para ser curto, dã. - Disse.

— Se fica assim em mim, o que deve ser para você? - Clary questionou. 

— Ah, isso é uma blusa para mim. - E riu. - Tá, acho que preto fica bem em você, mas eu gostei do vestido vermelho que você usou. - Pegou uma peça em vermelho-sangue do amontoado que trouxe do closet e jogou para Clary. - Tenta esse. Fica curto em mim e é colado demais. Vai ficar bom em você. 

— Claro, por isso que é ótimo ser uma tábua e anã. - Clary deu um sorriso jocoso, mas pôs o vestido. Ficou na medida certa, ressaltando o pouco busto que ela tinha e se agarrando às curvas. Na verdade, mostrando a ela curvas que ela sequer vira algum dia em seu próprio corpo. 

— Nossa! Realmente, menina, vermelho é a sua cor. 

Clary olhou-se no espelho da penteadeira de Isabelle e gostou do que viu. O cabelo ficava destacado, realçado pelo vestido. Izzy pegou um par de saltos pretos com o solado vermelho de algum lugar no chão e lhe entregou. 

— Acho que até eu te pegaria assim, Clary. - Izzy riu da cara de assustada da mais baixa. 

— Olha, sem querer te magoar... - Clary calçou os sapatos, que eram altos demais e totalmente fora de cogitação. - Mas você não é meu tipo. Prefiro os recatados. 

— Nem você é o meu. Lingerie branca e de algodão ferra com o clima de qualquer um. - Isabelle deu de ombros. - Realmente, ficou perfeito. 

— Não vou conseguir andar com isso, Isabelle. É a minha altura em saltos. 

— Não é tão baixo assim. - Disse e desviou de um pente que Clary pegou na penteadeira e jogou nela. - E eu te ajudo a andar com eles, sem problema nenhum. 

Clary revirou os olhos, mas deu de ombros. Estava bonita, sim, mas, mais do que isso, sentia-se fatal. Atraente. Do mesmo jeito que Izzy disse, ela se sentia sexy. Nunca quisera ser sexy antes. 

— Uau. Quem te viu, quem te vê, dona Clary. - Murmurou. - Agora sim você vai ter alguma diversão naquele quarto. Se é que me entende. 

Clary corou de modo exagerado e cruzou os braços. Isabelle não deixou a reação escapar. 

— Bem, você e meu primo já... né? - E riu sem graça. Clary desviou o olhar e então Isabelle já tinha sua resposta. - Nossa! Eu jurava que tinha visto ele escalando a sua janela noutro dia. Achei que vocês já estivessem nesse nível. Quer dizer, o Jace é quietinho e quer ser padre, mas acredite em mim quando eu falo que os quietinhos são os piores, porque eles são mesmo. 

— Bem... Nós não... Ele não me vê desse jeito, não ainda. - Clary respondeu, muito envergonhada. Isabelle sorriu em desafio. 

— E você quer que ele te veja desse jeito?

Clary pareceu ponderar e então concordou com a cabeça. 

— Minha mãe me ensinou desde cedo que não há nada impossível para uma mulher, você só tem que usar o seu poder do jeito certo. 

— Meu poder?

— Sim, o poder feminino. É o nosso dom. Desde sempre as mulheres foram subjugadas e reprimidas, mas sempre deram um jeito de fazer parte da história, de controlar a história. Ana Bolena conseguiu até mesmo separar o estado da igreja. - Ela afirmou. - Agora, você já tem o peixe e o gato em mãos, a única coisa que te falta agora é um sutiã adequado.

— O que tem de errado com o meu sutiã? - Clary perguntou enquanto tirava o vestido e os saltos. O sutiã era branco e simples, de algodão. Confortável. Ela tinha o mesmo modelo em outras cores, mas nada mais ousada. 

— Ele é ótimo, se você quiser se juntar a um convento. - Isabelle soltou. - Ele te deixa com um mono-seio, e olha que eu tô sendo otimista. 

— Bem, vai ter que servir, porque eu não tenho nada mais ousado que isso.  

Izzy pareceu pensar e seguiu para dentro do closet novamente. Voltou com um pedaço de renda e bojo verde escuro, num tom muito próximo do azul. Clary desconfiou, já que ela e Isabelle não tinham o mesmo tamanho de busto, mas ficou impressionada quando viu que serviu. Era bonito e a renda conferia um ar mais ousado, mas ainda assim não era um modelo de desfile da Victoria's secret. 

— Como você consegue usar isso? Não deve nem fechar em você.

— Ah, isso... - Isabelle sorriu. - É de quando eu tinha treze anos. Eu lembrei que ainda não me desfiz dele, então você pode usar. Fica tranquila que eu sou limpinha com minhas coisas. 

— Você usava coisas com renda aos treze anos? - Clary ficou abismada. Com treze ela nem usava sutiã. Não que aos dezesseis ela precisasse tanto assim. 

— Querida, aos treze anos eu fazia muito mais que você faz aos dezesseis. - E gargalhou. Clary estreitou os olhos e atirou outro pente. 

                                  * * * * * * * * * *

Clary foi para a missa com os pais e os Lightwood, que tinham o hábito de frequentar fielmente a igreja. Ficou combinado que após a missa Alec, Izzy e Clary iriam para uma festa na casa da Jessamine - que podia fazer festas toda vez que pegava o pai traindo a mãe com a empregada, o que acontecia toda sexta-feira. Ela duvidava muito que Jace fosse, mas Isabelle disse que iria dar um jeito nisso. 

Quando a missa acabou e eles foram para a entrada da Igreja, despedindo-se de seus pais, Clary deparou-se com Sebastian, que veio andando em direção a ela. A mesma olhou ao redor para ter a certeza de que não estava frequentando um culto satânico. 

— Pensei que na casa do senhor não existisse satanás. - Ela disse para ele e Izzy tossiu para disfarçar o riso ao lado dela. Sebastian ignorou a morena. 

— Mas então o que você estaria fazendo aqui? - E sorriu. Ele estava com o cabelo penteado para trás e ela suspeitava que aquilo era gel, mas estava estiloso. A roupa quase toda preta, tirando a gravata fina vermelha, que combinava com os botões e alguns detalhes da camisa, e o cabelo descolorido davam um ar de bad boy a ele. Mas o sorriso estranhamente gentil estava mudando um pouco dessa postura. - Eu me atrasei um pouco. Não sabia que esse lance começava tão cedo. 

— A missa? - Ela questionou, querendo rir mas se segurando. - Bem... Tomara que a missa de seis e meia te espere para começar na semana que vem. Isto é, se você vier na semana que vem. 

— Virei. Estou tentando melhorar minhas relações com o de lá de cima. - Respondeu e sorriu. 

— Bes, é realmente um milagre te ver por aqui. - Alec disse, chegando perto deles e dando um tapinha nas costas do primo. - Vem com a gente pra festa da Jess. Eu vim de carro, posso te dar uma carona. 

— Hum, claro. - Ele disse e ajeitou a gola da camisa. Virou-se para Clary então, vendo o vestido azul claro que ela usava, e riu. - Não vão te deixar entrar na casa com a aparência de treze anos, anã. 

— Quem...? - Ela começou.

— A Jess, dona da festa. Ela não vai querer a polícia batendo lá e vendo que estão dando bebida para "menores".

—... te perguntou? - Concluiu e gargalhou, dando um High five em Izzy. - Ui, toma, otário. 

— Hahaha. Realmente. Treze anos não é só no visual. - Ele revirou os olhos. - O que estamos esperando?

— Seu irmão. - Foi Izzy quem respondeu. Sebastian não fez questão de olhar para ela após o incidente do baile. 

— Huh, e o santinho vai para a festa? Duvido muito. 

— Eu também. - Clary endossou. Izzy revirou os olhos. 

— Ah, mas acredite em mim, ele vai. - Declarou. Não tardou muito e Jace chegou, a roupa simples que usava debaixo daquele manto de coroinha. 

— Sebastian? - Ele questionou. Sebastian passou um braço ao redor do ombro de Clary, a empurrando para baixo, e riu. 

— Eu mesmo, em carne, osso e gostosura. Resolvi conhecer Deus um pouquinho. Foi muito legal ver aquele cara de vestido falando o tempo todo. 

— O padre?— Clary perguntou, saindo do abraço de Sebastian. 

— Sim, sim. Esse cara aí. 

— Bem... - Clary ignorou o mais velho dos Herondale e virou-se para Jace. - Nós estávamos esperando você para saber se quer ir conosco à festa da Jessamine. 

— Não gosto muito de festas. - Ele soltou. - Mas obrigado pelo convite. 

Clary suspirou baixinho, desapontada. Então aquilo tudo seria para nada. Tá, tudo bem. Ela podia lidar com isso. Não era como se ele realmente tivesse que fazer algo por ela. 

— Então vamos te dar uma carona. - Izzy soltou e ele assentiu, caminhando, então, com os quatro para o carro. - Alec, pare no posto de gasolina antes de irmos. Eu e a Clary temos que trocar de roupa. 

— Graças a Deus! - Sebastian soltou, acomodando-se no banco de trás, entre Clary e Jace com a desculpa de que o mais novo teria que descer primeiro. - Não é por mal, mas essa roupa está ridícula em você. - Disse para Clary. 

— Dê a sua opinião para alguém que se importe com o que você diz. - Ela resmungou. Estava desapontada demais para brigar com o idiota. 

— Eu gostei. - Jace respondeu, impondo sua presença. 

— Dê a sua opinião para alguém que se importe com o que você diz. - Disse Sebastian e então riu. Não demorou muito para que Alec chegasse ao tal posto de gasolina, e Clary desceu do carro junto de Isabelle, que carregava uma bolsa grande. 

Foram para o banheiro feminino, entrando ambas na cabine que era milagrosamente um pouco mais larga do que o esperado. Clary passou o vestido por sobre a cabeça e calçou os saltos, cujos passou a tarde inteira treinando andar. Isabelle tirou apenas a blusa, continuando com seu jeans escuro de cintura baixa, e vestiu um top roxo, que parava um dedo abaixo dos seios e era fechado até o pescoço. Jogou uma blusa também roxa transparente aberta por cima da roupa. Trocou os saltos moderados por uma plataforma marrom com pedrinhas roxas na parte superior e ajeitou o cabelo. Alguns diziam que top nunca deveria ser usado com cintura baixa, que beirava a vulgaridade, mas nada disso fazia sentido para Isabelle. Ela estava simplesmente sensacional. 

— Ele não vai, Isabelle. Eu te avisei. Isso tudo foi em vão. 

— Eu já te disse, confia na tia Izzy que ela sabe mais. - Afirmou Isabelle, soltando o cabelo de Clary e o espalhando de modo despojado por sobre os ombros. Estendeu um batom vinho para ela, que passou sem reclamar, e então estavam prontas. - Não se esqueça de fazer o seu melhor olhar inocente para o que vier agora, ok? 

— Hã, mas por quê?

— Só confia em mim, baixinha. - E seguiram para fora do banheiro. 

— Ah, lá estão elas. - Alec disse. Jace ergueu o olhar para encontrar as duas caminhando, mas focou em Clary propriamente. E ele não reconheceu a namorada. Ela usava uma roupa curta e grudada, também estava bem maior. Caminhava meio desajeitada, os cabelos flutuando por sobre os ombros e um sorriso contornado por batom vermelho escuro. Sentiu algo queimar dentro do peito e não soube muito bem o que estava acontecendo, o que estava sentindo, mas soube que o que quer que fosse, Sebastian estava sentindo também, pois poderia jurar, mesmo sem ver a própria cara, que a do irmão estava igual. E pela sua garota. 

— Puta. Merda. -  Sebastian disse para Jace ouvir. - Onde essa ruivinha escondeu esse potencial todo? 

— Olha o código dos manos. - Alec respondeu e desviou o olhar, sorrindo. 

— Foda-se os manos. - Ele murmurou, mas só Jace ouviu. Virou-se pro irmão, aproximando-se do ouvido do mesmo, e sussurrou. - Sabe como é o ditado... O que os cornos não veem, os chifres lhes contam. 

— Eu tenho certeza de que o ditado não é esse. - Ele respondeu. - Acho que tá mais para quem se mistura com galinha não voa.  

Sebastian revirou os olhos e o ignorou enquanto as meninas adentravam o carro. Isabelle estava esbanjando a sensualidade de sempre, algo que ela nunca conseguiu não usar. Mas quando meninas quietinhas como Clarissa Adele Parker resolviam usar algo assim, a mudança era nítida. 

— Você está quente. - Ele disse para ela. Izzy virou-se no banco para lhe sorrir. 

— Créditos para mim. - Ela disse. - Ela vai ser a sensação dessa festa, você verá. Terei que passar a noite tirando os caras de cima de você. 

Caras. Uma voz ecoou na cabeça de Jace. Caras, caras da escola. Incluindo Sebastian, que agora mesmo irá fazer de tudo para conseguir o que era dele.

— Huh, Jace, desculpe a demora... - Izzy soltou inocentemente. - Nós já vamos te deixar em casa, ok?

Ele respirou fundo, sabendo que iria se arrepender disso, mas não podendo deixar a própria namorada de mão beijada pro irmão. - Quer saber? Acho que não será ruim essa tal de festa. Acho que vou com vocês. 


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Notas finais do capítulo

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XoXo
Undisclosed Desires.