Cidade dos Ossos - Vista por Outros Olhos escrita por Ann Wolf


Capítulo 2
Eu avisei


Notas iniciais do capítulo

Depois do que aconteceu no último capitulo, Jace, Alec e Izzy terão algumas explicações a dar a Lauren? Como vai ela reagir?



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Depois de saber do sucedido na discoteca, dou uma palmada na cabeça do Jace que solta um gemido.

— Viram a porcaria que foram fazer? Como acham que a Clary deve estar depois do show que vocês fizeram? - Acho que a minha face está mais vermelha de raiva do que nunca. - E eu a avisar-vos!

— Eu não sabia que aquela muda ia seguir, muito menos que a minorca podia ver nos!

Irrito-me com a irresponsabilidade do Jace. E o que parece não sou a única. O Alec e a Izzy, que se esforçam penosamente para não cruzar olhares comigo, possuíam um olhar inquisidor que lançavam diretamente para Jace.

— E tu tinhas de abrir a boca e falares sobre o nosso mundo! - O Alexander parece estar a beira de um ataque de nervos.

Sinto que há mais alguma coisa no meio desta história. O Jace, que permanece encostado da parede, está um pouco sonhador e pensativo.

Reconheço-o no brilho dos seus olhos. Já o Alec e a Isabelle estão muito calados e o maia velho demonstra uma expressão um tanto ou nada ciumenta. Olho para o relógio pousado na lareira que marca 2 da manhã. Ocorre-me uma ideia um pouco repugnante mas que, com certeza, dará os seus resultados.

— Jace, vamos comunicar isto ao Hodge. - Ele arrepia-se um pouco antes de suspirar e seguir caminho ao meu lado.

Quando fechamos a porta e começamos a andar, é quando lhe lanço a primeira de algumas questões que tenho em mente.

— O que é que aconteceu?

— Nada. - Resmunga ele, entre dentes.

— Não consegues mentir-me. Vamos, fala. - Estou a começar a divertir-me com a expressão dele. Parece-se quando uma criança é apanhada a fazer alguma asneira.

Ele para um pouco e eu sigo-lhe o exemplo.

— Aquela Clary...é bonita.

Quase me engasgo para não rir da cara do Jace pois, embora não pareça, ele está com as maças do rosto rosadas.

— De facto. Mas foi só isso? - O meu sorriso manhoso ameaçava-me já rasgar os meus lábios.

— Acho-a muito interessante.

Fico paralisada, esforçando-me pare me lembrar de como de anda e fala. O Jace? Interessado numa mundana? Bem, já eram alguns progressos mas...Ui. Se a Briana sonha...

— Lauren, estás bem? - Pergunta-me ele distraidamente.

Reflito sobre a minha resposta durante um tempo.

— É surpreendente como uma mundi conseguiu tão facilmente fascinar-te quando nenhum de nós o pôde algumas vez fazer.

Ele não me reponde, mas parece ficar a remoer o assunto durante alguns segundos até voltar a erguer a cabeça.

Sigo em frente até chegar ao elevador onde espero que o Jace se apresse. Eu estou feliz por saber que ele ainda tinha alguns sentimentos humanos mas receio a maneira como a Briana, a irmã dele, irá reagir quando descobrir.

Passamos o resto do percurso até à biblioteca em silêncio e quando lá chegamos, no meio da penumbra, conseguimos distinguir as asas esvoaçantes de Hugo avisando o Hodge da nossa presença.

Ele observa-nos muito espantado e eu quase saio por onde vim quando ele se levanta e o Jace faz o relatório da missão.

— Entendo. Jace, tens de trazer a rapariga para aqui. Não há tempo a perder. - O Hugo agita-se no ombro do Hodge, dando a perceber que este estava muito nervoso. - O nosso segredo pode colocá-la, e a nós, em perigo.

A minha garganta enrola-se num nó assim que o meu tutor afirma que a Clary está em perigo. Só depois de os olhos dele e do loiro se focarem em mim vejo que estou a hiperventilar.

— Se a Clary está em perigo é por minha culpa. Por nossa causa! - Cerro os dentes e os punhos logo que este pensamento toma a forma de palavras

O Hodge limita-se a fitar o chão não me dando a confirmação que eu quero. Mesmo que o repudie, as mentes dos caçadores das sombras seguem quase sempre os mesmos valores e ele conhece os meus. A responsabilidade e a verdade estão sempre em primeiro lugar. E por essa razão eu não confio nele.

— Eu vou buscar a Clary. Afinal a culpa foi minha. - A voz do Jace, que ressoa acima de mim, apesar de me trazer alivio, este é também acompanhado por preocupação e desespero. - Posso ir busca-la agora?

— Se fores eu também vou. A Clary é minha amiga, não a posso abandonar.

Jace sorri para mim antes de colocar as suas mãos nos meus ombros. Olho para ele e não precisamos de palavras para comunicarmos. Ele quer que eu me acalme e confie nele só que eu tenho medo de perder duas pessoas com as quais estou tão ligada. No entanto acabo por concordar com ele ao vê-lo sair da biblioteca e a afastar-se pelo corredor.

— Lauren. Ele ficará bem. - Diz o Hodge, atrás de mim. - Ele é forte e vai trazê-la sã e salva.

Apesar de estar com aparência de fraca, ainda possuo garras para arranhar por isso não gosto como o Hodge fala. Para alem de que as suas palavras foram as mesmas de quando os meus pais foram para aquela missão suicida.

Viro-me para ele com os olhos a faiscar de raiva enquanto ele se mantém imóvel.

— Eu não preciso nem irei precisar do seu apoio. - Caminho pacificamente para o corredor e sigo para a sala de armas onde encontro o Alec.

Ele está distraído a olhar para a sua estela de tal maneira que não me dá importância. Quem se apercebe da minha presença é a Izzy, que tinha ido à cozinha fazer algo.

— Que aconteceu? Onde está o Jace? - Pergunta.

Sinto a minha altura a diminuir à medida que os olhares penetrantes dos Lightwood se prendiam em mim.

Enquanto Izzy apenas me questionava com o olhar, arqueando as sobrancelhas, o Alec tinha uma expressão diferente, algo como desaprovação, e agora transmitia-a na estela que estava rodeada por uma das suas mãos, cuja força era visível à distância.

— Ele saiu. - Duas palavras que me engasgavam antes de ser proferidas.

Penso que a Izzy e o Alec perceberam o que eu queria dizer já que o último deixa-se cair na poltrona enquanto a irmã tenta mostrar a sua postura calma, embora o nervosismo esteja presente.

Não falamos. A Izzy e o Alec vão buscar comida e quando voltam comem no mais puro silêncio trocando por vezes olhares como meio de comunicação. Não suportando mais esta monotonia assustadora, saio da sala e vou para a cozinha, novamente, onde quase parto os pratos que se encontram por lavar na banca.

O silêncio dos irmão Lightwood fez-me refletir acerca das minhas ações e dos efeitos que elas causam. Sou interrompida pelo som estridente do telefone. São 4 horas da manhã. Quem iria ligar a uma hora destas?

Levo o auscultador ao ouvido antes de ouvir a voz grave que me atemoriza o pensamento.

— Jace? - Pergunta a Briana.

Respiro fundo silenciosamente e conto até três mentalmente e só depois lhe respondo, finalmente.

— Não, Briana. É a Lauren.

— Oh. - Ela solta um suspiro de desamparo. - Eu queria falar com o meu irmão. Ele está aí?

— Ele está a dormir. - Que desculpa mais esfarrapada. - Eu é que vim à cozinha beber água. Mas é algo urgente?

Ela faz uma pausa e ouço ao longe a voz de Maryse e do Max. Com certeza o regresso deles deve estar próximo e a Briana quer avisar o irmão.

— Não. Eu só queria falar com ele. - Silêncio total do outro lado da linha que é depois substituído por um repetitivo bep.

Coloco o auscultador no seu devido lugar para logo a seguir soltar um longo suspiro.

— Que conversa mais interessante.

Aproveito o para lavar a louça já que não vou conseguir dormir decentemente esta noite.


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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo irei postar quando puder



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