Cidade dos Ossos - Vista por Outros Olhos escrita por Ann Wolf


Capítulo 10
Damos cabo de um grupo de vampiros


Notas iniciais do capítulo

No ultimo capitulo:
Briana fugiu do Instituto mas Alec e Lauren foram atrás dela e conseguiram encontra-la. Mas agora, alguém se esconde nas sombras. Quem é essa pessoa?



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Eu, a Briana e o Alec ficamos em alerta máximo depois de ouvirmos aquela voz. Ao meu lado, a Briana permanecia com os seus sentidos bem aguçados enquanto eu e o Alec ainda estávamos um pouco ao escuro no meio disso tudo.

                - Seguiste-me? – Pergunta a Briana, desembaraçando-se dos meus braços. – Por que o fizeste?

                Novamente, ouvimos uma gargalhada que veio desta vez acompanhada. O Alec coloca-se atrás Briana e de mim, tendo as suas costas encostadas nas nossas. Era óbvio que este pronto para alguma luta, tal como eu.

                - Eu não te segui. Apenas me aproximei para ver o que se passava. – Diz a voz.

                A Briana fica ainda mais rígida. Já se consegue ouvir alguns ruídos ao fundo do corredor e é possível ver-se um certo brilho ao longe. Uma certa raiva e ansiedade toma conta de mim, formando palavras e subindo-me até á boca para serem proferidas no tom de desafio. 

                - Deves ser mesmo cobarde para nos tentares colocar ansiosos quando nem tens coragem para mostrar a cara. – Ouço rosnar de todos os lados, muito provavelmente devido ao eco. – Se não gostas de ser humilhado mostra-te.

                Uma rajada de frio provoca-me arrepios e sinto os braços a ficarem com pele de galinha devido a isso. A loira está já com uma das mãos no cinto e o Alec possui o seu arco nas mãos. Apenas eu continuo desarmada mas não por muito tempo, pois levo a minha mão direita até ao cano da bota onde tenho o meu bastão, disposta a ativá-lo.

                Algo como um grito ressoa por cima da minha cabeça, o suficiente perto para me atacar, mas a Briana saca do chicote que adota a forma de duas kindjals no seu final e que despedaça a criatura que passou por mim. Esta desface em cinzas, o que me dá a certeza de que era um vampiro.

                Não penso mais nisso e ativo o guisarme nas minhas mãos. Agora tudo faz sentido, a postura da Briana, a maneira como a voz falava, o sentimento de perseguição que ela sentia. É como somar dois mais dois.

                Bato com a extremidade da guisarme no chão e espero pelo próximo ataque. Não demora muito, ao que parece os vampiros estão escondidos nas sombras á nossa volta e eu não consigo saber com certeza quantos devem ser. Um deles tenta atacar a Briana, saltando por cima de nós e aterrando no meio do nosso círculo. Infelizmente, não consigo ser o suficiente rápida, pois sou presa pelo pescoço por um deles. O Alec, não sei de que maneira consegue libertar-se de com quem estava a lutar, dando-lhe um pontapé que o fez aterrar dois metros adiante, e coloca-se atrás da Briana, atirando um flecha ao intruso.

                Eu, que já sinto o hálito do que me prende ao lado do meu pescoço, rodo a lança nas minhas mãos, espetando o gume inferior na cabeça dele, que urra de dor dando-me tempo para sair do seu aperto, e depois trespassando-o.

                - Isto está feio, malta. – Digo eu.            

                - Não me subestimes, Lauren. – A Wayland parece estar a divertir-se. – Eu posso lutar com um bando de vampiros burros que obedecem a um rapaz tão cobarde que nem tem a coragem para lutar.

                - Briana, e que tal não os enfurecermos. – Pede o Alec, suspirando.

                Duas criaturas emergem da escuridão e uma delas agarra-me o gume da lança. Tento puxa-la mas ela não mo permite e lança-me um sorriso, mostrando os caninos afiados. O seu companheiro tenta deitar me abaixo com um soco no estomago mas eu desvio o golpe, recebendo-o no meu ombro direito, o que me provoca uma dor lancinante. Rodo o bastão de maneira a provocar-lhe um corte profundo no estomago. Ele desfaz-se em pó enquanto o outro seu companheiro o fixa surpreendido. Ele grita e salta para cima de mim, aproveitando-se da minha súbita pausa, lançando-me ao chão frio e áspero que quando embate contra as minhas costas me provoca um ranger de dentes.

Concentro-me mante-lo afastado de mim graças á haste da guisarme mas ele parece estar possuído por a mais pura raiva, pois está completamente descontrolado e tenta desesperadamente arranhar-me a cara ou morder-me, e eu continuo a dar-lhe pontapés e joelhadas para que saia de cima de mim.

Uma das suas mãos provoca-me dois cortes abaixo do nível dos olhos, perto da minha bochecha, o que me cause uma dor cega.

— Filho de uma… - Largo a minha mão esquerda da haste e agarro uma das lâminas seráficas do meu colete. – Semangelaf!

A lâmina assume a sua forma e o vampiro tenta fugir da sua luz mas não sai a tempo. Espeto-lhe a Semangelaf no pescoço e rodo-a. Ele desfaz-se em cinzas que me cobrem o corpo todo, provocando-me náuseas.

Levanto-me a cambalear e vejo que a Briana e o Alec estiveram a sair-se muito bem embora também estejam com alguns arranhões aqui e ali. Vou para o lado deles e a Briana começa a rir.

— Foi um momento bem passado, não?

Reviro os olhos e foco-me nos vampiros que restam, que são poucos deva-se dizer. Talvez uns nove. Começo a rir também e o Alec solta um género de uma gargalhada também, e provoca o chefe dos vampiros.

— Estás a perder a tua distração! Os teus lacaios em breve serão apenas um monte de cinzas.

Ele rosna-lhe mas depois ri-se. Calculo que ele deve ter alguma carta na mão, algo que poderá afetar tanto o Alec quanto eu.

— Alec, toma conta da Briana. – Peço.

— O quê? – Grita-me a Briana.

Os seus olhos parecem estar, novamente, a tornarem-se laranjas. Não a quero furiosa comigo, mas se alguém não a proteger, tenho o pressentimento que seria o mesmo que estar a dar vitória aquele estupido vampiro com quem ela se meteu naquela noite. E isso é algo que eu não permitirei.

Coloco-lhe a minha mão no seu ombro e miro-a olhos nos olhos, esperando que ela compreenda o que eu estou a pensar. Ela acena a cabeça, fazendo beiço, mas concorda. O Alec aproxima-se mais e encosta-se a ela, para servirem de retaguarda um ao outro.

Enquanto isso, eu aventuro-me até a um pequeno grupo de quatro lacaios que se formou. Eles olham-me sedentos de fome e com os caninos a sobressaírem-se da boca, rasgando-lhe os lábios e deixando gotas de sangue escorrerem-lhes pelo queixo. Os seus olhos não são nada mais do que simples órbitras completamente vazias.

Só a face deles está me a causar vómitos. Posso gostar do Raphael mas ao menos ele não tem esta aparência nojenta e suja. Penso para mim mesma.

Desativo a Semangelaf coloco-a novamente no meu colete. Os vampiros continuam a observar-me e eu espero. Espero até ao momento certo.

É então que um deles, desordeiramente, me tenta atacar pelas costas, um grande erro da parte dele na minha opinião. Faço um círculo com a minha guisarme á minha volta, fazendo uma roda grandiosa, e quando me viro na direção onde ele devia ir, ele já não se encontra lá. Os outros companheiros dele lançam-se a mim ao mesmo tempo mas eu, prevendo o golpe deles e com a ajuda do apoio da minha arma, salto para das costas de um deles e faço um salto mortal aterrando atrás de um deles e aproveitando a chace para o trespassar com o gume inferior da lança. Ele solta um urro antes de desaparecer.

Olho para o grupo. Já só se encontram dois mas ainda se estão a rir. Levanto a sobrancelha e franzo o sobrolho. É quando sinto algo a espetar se no meu ombro e no meu pescoço. Grito de dor.

Ao que parece não eram apenas quatro mas cinco, e um deles tinha-se escondido nas sombras, seguindo a mesma estratégia que eu, e agora que eu estava ao seu alcance era como se tudo tivesse valido a pena. Sinto o sangue a escorrer pelas feridas abaixo e um nó formar-se na minha garganta.

Tento pensar depressa num plano excelente e lembro-me que por detrás de uma destas paredes deve haver uma divisão com luz solar o suficiente para os matar. A aproximação dos vampiros é evidente e obrigo-me a focar-me no meu plano. Recuando aos tropeções e pisando muitas vezes os pés de quem me está a segurar, que a cada metro entranha mais as garras na minha pele, consigo chegar a uma das portas. Dou uma cabeçada ao vampiro que está atrás de mim e caímos os dois, com força suficiente para quebrar a porta de madeira. Esta despedaça-se com o nosso peso e então só ouço os gritos agonizantes das criaturas da noite. Os dois vampiros que se aproximavam recuam pois a luz do sol chega a provocar-lhe algumas chagas, que estão a começar agora a cicatrizar na escuridão, mas o seu outro colega, que serviu de “amortecedor” para a minha queda, não teve tanta sorte e encontra-se agora a revirar-se no chão a urrar de dor até que se evapora numa nuvem de pó.

Tento levantar-me mas os meus joelhos cedem e caio ao chão levando as minhas mãos ao pescoço, onde o sangue se aproxima. Desvio o olhar para cima e observo os vampiros que restam a lamberem os cantos da boca ao verem o meu sangue tão perto deles tendo apenas como ameaça mortal o sol.

Retiro a Semangelaf novamente do colete e ativo-a, para o caso de algum deles, sedento e completamente fora de si, tenha a ideia de se aproximar.

Um deles falo mas uma seta certeira atinge-o no peito e ele desaparece sendo seguido pelo seu outro amigo. Um sorriso rasga-me os lábios antes de eu soltar um gemido com as dores que me atingem no ombro e no pescoço. A guisarme encontra-se ao meu lado, desativada por não estar em contacto com a minha pele, e nem penso em agarra-la porque com as dores que eu sinto nem capaz seria de a segurar corretamente.

— Lauren! – Ouço a Briana a gritar e a correr até mim. – Meu deus, estás a esvair-te em sangue.

O Alec segue atrás dela e agacha-se ao meu lado, retirando o meu cabelo, que está agora sujo com aquele líquido vermelho e com um cheiro metálico, e acena para a loira.

— Eu estou bem. – Ela não me ouve e começa a completar a minha runa de iratze, demonstrando um sorriso ao ver como eu recuperava lentamente das minhas feridas.

 Eu também rio antes de me dar conta da silhueta que se encontra a cinco metros atrás da Briana.

 Num ápice, levanto-me, mesmo ainda me sentido fraca e zonza, e lanço-me na direção dele colocando a lâmina seráfica encostada no seu peito.

 Ele ri e levanta as mãos em sinal de rendição mas eu não me conformo e contínuo com a minha postura ameaçadora. Á minha frente encontra-se um rapaz entroncado, com uma aparência de 20 anos e com o cabelo e os olhos castanhos avelã. O sorriso dele parece divertido mas para mim é macabro.

— Damon. – Profiro

— E eu a pensar que não sabias quem eu era. – Ele olha para a Briana, que entretanto se tinha levantado e se encontrava atrás de mim com o Alec ao seu lado. – E, pelos vistos, a Briana arranjou um novo acompanhante.

 - Dana-te, pode ser. – Diz ela, irritada.

Ele solta uma gargalhada e a fúria que costumo esconder dentro de mim aflora ao cimo da pele.

— Por que nos atacaste? Quero uma resposta! – Falo, em tom imperativo e espetando a lâmina um pouco na sua pele.

— Achei graça encontrar a minha querida Briana sozinha. – Arrepio-me com as palavras dele, ele volta a rir. – Só me queria divertir um pouco. E tens de concordar que o meu objetivo foi concretizado, de certa maneira.

Ele segura numa das madeixas do meu cabelo que se encontra suja de sangue e passa a língua nos lábios enquanto olha para o encarnado que me cobre o cabelo ao mesmo tempo que fixa a Briana. Sei o que ele quer dizer com esses gestos e o Alec também, pois aproxima a Briana um pouco mais dele, colocando-lhe o braço á volta dos ombros. O que Damon queria mesmo era que a Briana tivesse as mesmas feridas que eu e estivesse coberta de sangue, algo que o iria colocar louco de desejo.

O sentimento de náusea e ira é me impossível de conter e então, num movimento rápido e impercetível, decepo-lhe a mão que me segura o cabelo. Ele grita de dor e recua um pouco agarrando-se ao coto ensanguentado que lhe ocupa agora o final do braço direito. O olhar dele não transmite dor mas ódio, algo de que eu deveria ter medo mas que apenas me deixa satisfeita.

— Sua cabra! – Grita.

— Se eu fosse a ti não me provocava mais e não me metia com a minha família, ou então aquilo que te irei decepar da próxima vez não será uma mão, podes ter a certeza. – Digo, com uma expressão de superioridade, coisa que não me é habitual fazer.

 Ele recua, desaparecendo nas trevas. Eu suspiro e viro-me para a Briana e para o Alec. Quando já estamos muito próximos, a loira abraça-nos, rindo ao mesmo tempo.

— Obrigada. Eu adoro-vos. – Ela afasta-se e dá um beijo na bochecha do Alec, corando logo de seguida. – E obrigada, Alec, por me teres protegido tão bem.

— Não te ia deixar sozinha.

Um sorriso maroto aparece na minha cara ao vê-los assim, mas não comento nada. Em vez disso, vou buscar a minha arma e guardo-a no cano das minhas botas. Observo ao meu redor o ambiente, para além de alguns montes de cinza aqui e ali, a porta despedaçada e alguns pingos de sangue, tudo parece normal. O Alec tem alguns cortes nos braços desnudos e um rasgão na camisa de onde surge uma linha vermelha viva e a Briana tem um corte que vem desde a nuca até á maçã-de-adão.

É então que se ouve um ruido sonoro que vem de um dos bolsos do Alec. Este procura no colete e encontra o telemóvel, de onde provinha o som.

Aproximo-me mais, ficando ao lado da Briana.

— Fala, Jace. – Jace? Será que já saíram da Cidade dos Ossos?— Sim. O quê? Mas isso é longe. Certo, nós estaremos aí daqui a pouco.

Uma expressão carrancuda apoderasse da sua face, ele abaixa o olhar.

— Está bem, eu levo-as. Tá, encontramo-nos daqui a pouco. – Ele desliga a chamada e recebe os nossos olhares curiosos. – Que foi?

— O que o Jace quer? – Pergunta a Briana.

— Ele quer que a gente se vá encontrar com ele e com a Clary no Taki’s.

Acho que tanto o meu queixo, quanto o da Briana, caiu. O Taki’s é um restaurante onde é servida comida a todos os Habitante do Mundo-á-Parte e Caçadores das Sombras, nem é isso que é chato mas simplesmente o facto de que nos encontramos no Central Park e o restaurante fica na Broadway. O que significa: caminho muito longo.

— Acho que de certa maneira preferia os vampiros. – Confesso.

Ouço um ronco ao meu lado e a Briana olha disfarçadamente para o lado.

— Que hei-de fazer. – Foco-me no Alexander. – Ligas tu à Izzy.

— Como se me desse ordens. – Resmunga o Alec.

Eu e a Briana caminhamos á frente dele, num passo rápido. Ambas possuímos um sorriso brincalhão no rosto quando abandonamos o castelo Beleverde.


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Notas finais do capítulo

Ao que parece, Briana nunca está livre de sarilhos. Mas ao menos tens os amigos em quem contar. Mas será que Damon se irá manter afastado? E como irá correr o encontro do grupo do Taki's?



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