Coroa de Vidro escrita por Sof1A


Capítulo 6
Seis


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem a demora fofuchos
Espero que vcs gostem



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          Mare parece meio em choque, tem muita coisa acontecendo em pouco tempo, por dentro eu estou pior do que ela mas preciso fingir, tem uma rainha telepata louca de olho em mim. 

          — Prometo-me a você, príncipe Tiberias — A voz de Evangeline sai aguda e abafada. Devo ter me distraído e perdido um bom pedaço do que está acontecendo, Cal está noivo.  — Aceito. 

          Evangeline abre um sorriso triunfoso e garanto que se pudesse iria se exibir para as perdedoras da Prova Real. Cal, ao contrário de sua mais nova pretendente, está com um sorriso duro como pedra, um falso sorriso, mas a garota nem parece notar, na verdade acho que ela nem se importa. 

          Pelo canto do meu olho vejo Evangeline agarrar o pulso se Mare e sussurrar algo à ela, provavelmente uma ameaça de morte, mas só dura o suficiente para deixar uma marca roxa que as criadas deverão disfarçar depois. 

          — Por mais fantástico e feliz que o dia de hoje tenha sido — diz o rei Tiberias, ignorando o sentimento no salão —, devo lembrar a todos do porquê desta escolha. O poder da Casa Samos unido ao meu filho, e aos filhos do meu filho, ajudará a guiar nossa nação. Todos os presentes sabem da situação precária do nosso reino, com guerra ao norte e extremistas tolos, inimigos do nosso modo de vida, tentando nos destruir por dentro. A Guarda Escarlate pode parecer pequena e insignificante, mas representa uma mudança perigosa para nossos irmãos vermelhos.

          Irmãos, ata. O salão inteiro parece pensar o mesmo por causa de suas caras de desdém. O rei é um mentiroso, se a Guarda fosse tão insignificante assim eu e Mare já estaríamos mortas.

          — Caso tal levante rebelde venha a se consolidar — ele prossegue —, terminará em carnificina e em uma nação dividida, o que não posso tolerar. Precisamos manter o equilíbrio. Evangeline, Kerenna e Mareena nos ajudarão a fazer isso, para o bem de todos nós. 

          Cochichos começaram a se espalhar pelo salão, alguns apenas acenam e concordam com a cabeça, outros estão indignados com o resultado da prova real. Mas ninguém se manifesta, ninguém ousaria fazer isso. 

          — Força e poder. 

          O Lema ridículo ecoa pelo salão quando todos os presentes repetem as palavras. Me atrapalho ao dize-las, acho que meu cérebro não processa lemas feios. Cal me encara nesse momento, seu olhar me dando forças. 

          O banquete começa. Eu tento comer mas a fome não vem, mesmo tendo ficado um dia inteiro sem comer nada. Vejo Maven falar algo ao ouvido de Mare, que está logo ao meu lado. Ela não o responde. Apenas bebe o liquido dourado, imito sua ação. O liquido desce pela minha garganta com um gosto amargo, logo me sinto meio tonta, sera isso champanhe? Decido não beber mais isso, não quero vomitar. 

          — É suficiente — Maven toma o cálice luxuoso da mão de Mare, o substituindo por um copo de água. Mare toma de uma vez o conteúdo dele. Maven se estica e pega meu cálice também — Isso vale para você também. 

          — Mas eu gostei dessa bebida — diz Mare. 

          — Vocês vão me agradecer depois. 

          — Obrigada — Digo da maneira mais sarcástica possível. Seu olhar é doce, calmo, quase igual ao de Cal.   

          — Sinto muito por hoje de manhã, meninas.

          — Claro que sente — Continuo com o sarcasmo.

          — É sério — ele diz. 

           Nós três nos sentamos ao lado da família real na mesa principal. 

           — É que... — ele começa a explicar — ... geralmente os príncipes mais novos têm a chance de escolher. É um dos poucos benefícios de não ser o herdeiro — ele completa com um sorriso horrivelmente forçado.

          — Não sabia disso — Diz Mare sem graça, sem saber o que responder. 

          — É, bom, você não tinha como saber. Não é culpa sua.

          Ele lança um olhar para o salão em festa, como se quisesse pescar alguma coisa. Me pergunto que rosto estaria procurando.


          — Ela está aqui? — cochicha Mare, tentando parecer contrita. — A garota que você escolheu?


           Ele hesita para depois negar com a cabeça.


          — Não, eu não tinha ninguém em mente. Mas era legal ter a opção de escolher, sabe? Não é como meu irmão. Ele cresceu sabendo que não teria voz no próprio futuro. Acho que agora tenho um gostinho de como é ser ele. — Me seguro para não pensar qualquer coisa relacionada aos livros, Elara pode estar observando minha mente, nunca se sabe.


          — Você e seu irmão têm tudo, príncipe Maven — Mare sussurra rápido, mal consigo escutar. — Você mora num palácio, tem força, tem poder. Não saberia o que é dificuldade nem se ela te desse um chute na cara. E acredite: ela faz isso direto. Então, perdoe-me se não sinto muito por nenhum de vocês.

          — Tem razão, Mare. Ninguém deveria sentir muito por mim. — Maven lança um olhar sobre Cal, que ri junto de seu pai. Em seguida volta o olhar para nós duas, seus olhos parecem carregar uma tristeza repentina. O que quase me fez sentir pena dele, quase. Porém me lembro de quem ele é, do que ele fez. Não, do que ele vai fazer. 

****

          A corte brinda o fim do banquete. Dezenas de taças erguidas em direção à mesa real. Dezenas de prateados bajulando o rei. Em breve eu e Mare teremos aulas sobre cada uma dessas casas, mas eu já sei identificá-las, pelo menos a maioria. A internet ajudou muito. 

          Lord Samos é o último a levantar. Quando o faz, o silêncio toma conta do ambiente. Esse homem é respeitado mesmo entre os titãs. Apesar de seu traje preto ser simples, costurado em seda comum, e de não carregar grandes insígnias ou joias, ele exala um inegável ar de poder.

          — Volo Samos — Posso ouvir Maven sussurrando para Mare. — Chefe da Casa Samos. Possui e administra minas de ferro. Cada uma das armas usadas na guerra sai das suas terras.

          O brinde de Volo é curto e direto.

          — À minha filha — troveja em voz forte, grave e firme. — À futura rainha.


          — A Evangeline! — grita Ptolemus, erguendo-se de um salto para ficar ao lado do pai. Todos erguem suas taças para saudar a nova princesa e futura rainha. Ninguém ousa discordar deles. As taças refletem a luz, parecendo estrelas brilhando num céu prateado.

         Quando terminam o rei e a rainha se levantam, seguidos por Cal e Evangeline e depois Maven e Mare, eu me levanto por ultimo. As casas prateadas fazem o mesmo em seguida, as cadeiras sendo arrastadas no chão de mármore fazem um som agudo e chato. Em seguida o rei e a rainha sorriem para seus convidados e descem aos poucos os degraus rumo à saída principal. Cal segura a mão de Evangeline, seguindo atrás do casal real. Maven faz o mesmo com Mare, e eu sigo atras de todos, sozinha. 

          Seguimos escoltados por um grupo de sentinelas até o andar de cima. Não entendo a necessidade de ser escoltado dentro da própria casa, mas algo me diz que essa razão é a Guarda Escarlate. Este lugar já foi atacado uma vez, e eles não querem correr o risco. Vamos nos levantar, vermelhos como a aurora. O lema se repete em minha mente, me fazendo lembrar de todos os acontecimentos que eu já li. 

          — Tudo correu bem — diz Elara soltando a mão do marido quando chegamos ao andar dos aposentos reais. Ele parece não se importar nem um pouco. — Levem as meninas aos quartos — ela conclui. Quatro sentinelas se separam do grupo, prontos para nos escoltar.

          — Eu levo — dizem Cal e Maven em uníssono para depois se entreolhar espantados. Elara levanta uma de suas sobrancelhas arqueadas.

          — Não seria apropriado. 

          — Eu levo Kerenna e Mareena, Mavey leva Evangeline. — Propõe Cal rapidamente. Maven morde o lábio ao ouvir o apelido, ele foi chamado assim por Cal desde criança, uma maneira carinhosa de chamar o irmão. Maven não parece pensar dessa forma. O rei dá de ombros.

          — Deixe-os, Elara. As garotas precisam de uma boa noite de sono, e os sentinelas dão pesadelos em qualquer dama — brinca o rei, acenando jocosamente a cabeça para os guardas. Após alguns segundos em silencio a rainha dá meia-volta.

          — Pois bem. 

          Aparentemente Elara não gosta de receber ordens, ela gosta de fazer elas. Ela não gosta do poder que o rei tem sobre ela. 

          — Para a cama — diz o rei num tom mais autoritário. Como se nós fossemos fazer qualquer outra coisa. 

           — Onde fica meu quarto exatamente? — pergunta Evangeline, cravando os olhos em Maven. A garota meiga e educada que será a futura rainha sumiu, dando lugar à verdadeira Evangeline, uma bruxa dissimulada. Maven engole em seco ao olhar para ela. 

          — Por aqui senhora... madame... senhorita. — Ele estende o braço para ela, mas a mesma dispara na frente rumo à seu quarto. 

         — Boa noite, Cal, Kerenna, Mareena — suspira Maven, fazendo questão de encarar Mare. Ela apenas acena para ele. Ela deve estar pensando em muitas coisas, até onde ela sabe irá se casar com ele. Eu sei que não vai.

          — Você escolheu uma campeã mesmo — murmura Mare quando Evangeline já não pode mais ouvir. Cal fecha seu sorriso para logo pôr-se a andar rumo nossos quartos. 

           Subimos pela rampa espiralada e minhas pernas curtas penam para acompanhar as passadas largas do príncipe, que parece não notar, perdido em seus pensamentos.

           Por fim, ele encara Mare com os olhos em brasa como carvão.


          — Não escolho nada. Todo mundo sabe disso.


          — Pelo menos esperava por isso. Quando acordei hoje de manhã não tinha nem namorado.


          — E você sabe — prossegue —, tem aquela história de que pelo menos vai ser rei. Deve fazer bem ao ego.

          Mare não tem medo mesmo. O príncipe volta a olhar para frente, seus olhos escurecem. Logo chegamos ao quarto de Mare, seu sentido elétrico deve estar a enlouquecendo, com todas essas câmeras, as que eu posso ver e as que eu não posso. Eu abro um leve sorriso para eu mesma, até antes de ontem eu era apenas uma garota normal que estava esperando a continuação de sua série de livros favorita. Agora eu vivo nela, e eu ainda não acredito no fato de eu estar bagunçando toda a história.

          Voltamos a andar rumo ao meu quarto dessa vez, mas o palácio não parece mais tão bonito, sinto ondas de frio passar pelo meu corpo, não que ele me afete, mas eu posso sentir. O ambiente parece esfriar ao redor de mim. Por um segundo penso que eu estava perdendo o controle, que eu acabaria congelando o castelo inteiro. Fecho os olhos, isso não pode acontecer. 

          Sinto o toque quente das mãos de Cal em meus ombros e o pensamento se desfaz. Ele deve ter percebido o que estava acontecendo. 

          — Kenna? Tudo bem?

          — Desculpe. E-eu... — Balbucio, balançando a cabeça.

          — Não se desculpe. Você ainda não sabe controlar. Mas vai conseguir, eu sei disso. — Eu abro um sorriso.

           Ele me leva até o quarto, que se ilumina e ganha vida assim que entramos. Luzes com sensores de movimento, suponho. Como nos livros devem ter pelo menos quatro câmeras no quarto, mas não posso sentí-las como Mare faz. 

            — É para sua segurança. Se alguém interceptar suas cartas ou descobrir sobre você...

            — Para minha segurança? As câmeras também? 

            — Kenna, não há câmeras aqui. 


            — Se você acha...

            Volto a sentir meu corpo ficar frio, em seguida o ambiente. Eu preciso controlar isso. Aparentemente meu poder é o oposto do de Cal, eu posso irradiar frio, ele, calor. A diferença está em que eu consigo criar meu gelo, ele precisa da pulseira-isqueiro para acender uma chama.

            — Hey, sei que você vai conseguir lidar com isso. — Diz ele como se tivesse lido meus pensamentos. 

            — Eu preciso conseguir. Não posso sair por aí congelando tudo, Príncipe Encantado. 

****

   SUA AGENDA É A SEGUINTE:

7h30 — Café da manhã8h — Protocolo11h30 — Almoço13h — Aulas18h — JantarLucas vai acompanhá-la em todos os momentos. A agenda não é negociável.Sua majestade,Rainha Elara da Casa Merandus


            O bilhete é curto e grosso, sendo direto até demais. Duas horas de protocolo. Só de pensar em fazer as aulas de etiqueta já fico inquieta. As criadas demoram um pouco para entrar, devem ter arrumado Mare primeiro. Quando finalmente chegam eu coloco o bilhete na cômoda a minha frente. Depois de várias tentativas de roupas escolho mais simples, um vestido básico branco, com sapatilhas e um cinto fino cinzas. Meu cabelo, preso em um rabo de cavalo. A maquiagem pesa em meu rosto, me deixando ainda mais pálida. 

           Lucas e Mare me aguardam na porta. O segurança bate o pé no piso de mármore. 

          — Você está atrasada um minuto. Essa mocinha aqui já se atrasou também, ao todo perdemos dois minutos. — Diz assim que piso para fora do quarto.

          — Você vai ficar de babá só até a gente aprender o caminho? 

          — Falei a mesma coisa. — Disse Mare. 

          — O que acham?

          — Acho que é o começo de uma longa e divertida amizade entre nós três, oficial Samos.

          — Penso o mesmo, Lady Titanos.


          — Não me chame assim.


         — Como quiser, Lady Titanos. 

         Solto uma risada, que se espalha rapidamente entre nós três, mas que logo desaparece.

          O café da manhã parece sem graça, em comparação ao banquete de ontem. A sala de jantar menor já enorme, sua mesa gigante está posta apenas para quatro. Para a infelicidade de todos os presentes as outras duas pessoas são Elara e Evangeline. As duas já estão quase terminando a salada de frutas quando chegamos. Elara nem se dá o trabalho de nos olhar, mas o olhar penetrante de Evangeline equivale pelas duas. O sol reflete em sua roupa metálica a fazendo parecer um globo de espelhos.

          — Comam rápido — Diz a rainha sem levantar os olhos — Lady Blonos não tolera atrasos.

          Evangeline esconde uma risada com a mão.

          — Vocês ainda têm aula de protocolo?

          — Então você não tem? Excelente — Evangeline fica séria com o comentário de Mare, mas finge não estar ofendida.

          — Só crianças fazem aula de protocolo.

          Para a surpresa minha e de Mare, Elara nos defende.

          — Lady Mareena cresceu em circunstâncias terríveis. Nada sabe dos nossos modos, das expectativas que precisa atender agora. Certamente entende as necessidades dela, não é, Evangeline? — A repreensão é discreta porém ameaçadora. Evangeline acena com a cabeça, sem coragem de encarar a rainha nos olhos.  — Hoje o almoço será no Terraço de Vidro, juntamente com as moças da Prova Real e suas mães. Tentem não tripudiar sobre elas — acrescenta Elara. Evangeline fica branca de vergonha.

          — Elas ainda estão aqui? — pergunto sem querer. — Mesmo depois... de não serem escolhidas?

          Elara confirma.


          — Os convidados permanecem aqui ao longo das próximas semanas, para honrar adequadamente o príncipe e sua noiva. Só partem após o Baile de Despedida.

          Sinto um um arrepio repentino, milhares de pessoas, prateados de olho em mim e em Mare. De olho em qualquer deslize, qualquer defeito. 

          — E, depois do baile, partimos com eles — continua Elara, manejando a faca. — De volta à capital.

          Sinto medo por Mare, aqui ela ainda estaria perto de sua família, mas em Archeon ela estaria muito longe deles. Felizmente eu não tenho ninguém para sentir falta. 

          Quando finalmente conseguimos sair do café da manhã Lucas nos aguarda na porta, nos guiando por uma passagem. Ele caminha com um sorriso no rosto.

          — Seu rosto está sujo de melância. 

          — Claro que está — rebate Mare, limpando a mancha com a manga do casaco.

          — Lady Blonos está bem ali — avisa ele, apontando para o fim do corredor.

          — Qual é a dela? Ela voa ou o que? — Pergunto, não me recordando dela dos livros. Lucas dá uma risada animadora.

          — Não exatamente. Ela é uma curandeira. Existem dois tipos de curandeiros: os de pele e os de sangue. Toda a Casa Blonos é formada por curandeiros de sangue, ou seja, podem curar a si mesmos. Eu podia jogá-la do alto do Palacete e ela sairia andando logo depois sem nenhum arranhão.

          — Então se eu... — Mare comenta. Lucas parece perceber e quebra o gelo.

         — Ela ficará bem. Já as cortinas...

         — É por isso que é nossa professora. Porque somos perigosas — Concluo, mas Lucas nega com a cabeça.

         — Lady Laris, ela é sua professora porque você come feito um cachorro e tem uma postura horrível. Bess Blonos vai lhe ensinar a ser uma dama, e, se de vez em quando ficar com frio ou levar um choque, ninguém vai culpar vocês.

          Lucas bate à porta, que se abre lentamente revelando uma sala iluminada pelo sol. Serei um completo desastre nisso, tenho certeza.

          — Volto com o almoço de vocês — Lucas avisa. Seguro a vontade de gritar "não nos deixe aqui!" e permaneço parada no chão. Lucas dá um empurrão em mim e em Mare. A sala é bonita, porém simples. Está completamente vazia, não querem correr o risco de estragar algum móvel.

          — Olá? — A voz de Mare ecoa pela sala vazia. A resposta nunca vem. Atravessamos a sala até chegar as janelas, que não dão para o jardim, mas sim para uma sala branca vários andares abaixo. Uma pista de corria circula a sala abaixo, e uma grande máquina estranha se mexe. Várias pessoas fazem fila para tentar desviar dos ataques da máquina que se move cada vez mais rápido. Duas pessoas parecem ganhar da máquina que para de repente. São mais ágeis do que os outros que caíram já fazia tempo. Mesmo daqui de cima reconheço seus rostos. Cal e Maven.

          Chamas vermelhas voam e destroem alvos em movimento, os dois possuem uma mira perfeita. Evangeline atira uma nuvem de dardos de ferro, derrubando um a um os alvos.

          — Gostam do espetáculo, senhoritas? — Uma voz surge atrás de nós. Me viro e o que vejo não é nada legal. Lady Blonos é uma daquelas senhoras viciadas em cirurgias plásticas, com exceção de que ela faz a plástica em si mesma. Seu rosto é completamente artificial, sua pele muito esticada, sua boca muito grande. Tudo errado. 

          — Perdão — Diz Mare. — Entramos e você não estava aqui...

          — Reparei — ela interrompe, já com raiva de mim — que vocês tem a postura de uma árvore contra o vento.

          Lady Blonos segura meus ombros e os empurra para trás, forçando-me a ficar ereta. Ela faz o mesmo com Mare em seguida.

          — Meu nome é Bess Blonos e vou tentar transformar vocês em damas. Serão princesas algum dia, e não podemos aceitar que se comportem como selvagens, podemos?

          Selvagens. Mesmo não sendo daqui, sinto todo o desdém em sua voz. Vermelhos também são pessoas sua velha esticada. 

          — Não, não podemos — Minha voz sai sem emoção nenhuma.


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Notas finais do capítulo

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