Nosso menino escrita por Miller


Capítulo 1
único


Notas iniciais do capítulo

olar, pessoas

tava eu no meio da madrugada, divagando sobre Teddy Lupin e seu relacionamento com o Harry... e então, eis que imaginei uma cena, na plataforma 9 1/2, onde o Harry e ele conversavam.

essa oneshot não é a coisa mais profunda que você vai ler e também não será a mais maravilhosa

ela foi inspirada em apenas um momento, uma cena aleatória que surgiu em minha mente e eu decidi escrever...

espero que gostem ♥



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Teddy estava nervoso. Não havia forma de dizer aquilo sem parecer patético, mas pelo menos para si mesmo ele podia admitir: ele estava total e completamente nervoso. Tanto que sentia o corpo inteiro tremer, fazendo com que cada passo que dava em direção à plataforma parecesse um a mais em direção ao chão.

Sabia que as pessoas acreditavam que ele havia puxado o lado desastrado da mãe e, não pela primeira vez, se perguntou se ela também se sentira daquele jeito – feito uma gelatina – enquanto se encaminhava para a primeira viagem para Hogwarts. Será que as pernas dela tremiam tão estupidamente também? Será que ela se sentia tão perdida quanto ele ao atravessar as barreiras e deparar-se com um grande e vermelho trem?

Ela também se sentira tão pateticamente ansiosa que não conseguia controlar seus cabelos que insistiam em mudar de cor de segundo em segundo?

— Eu estou chamando muita atenção. — Ele murmurou, irritado consigo mesmo.

— Nah, sou só eu. Você sabe, o cara da cicatriz e tudo o mais. — Harry, que havia o acompanhado até ali, comentou, fazendo-o sorrir levemente e sentir alguns nós de ansiedade se desfazendo dentro de si.

Teddy gostava muito do seu padrinho. Ele sempre conseguia acalmá-lo quando tinha um daqueles momentos de nervosismo – que eram muito mais comuns do que ele gostaria de admitir.

Talvez porque se identificasse com o tio, afinal ambos haviam sido órfãos. Talvez porque era simplesmente muito fácil ouvi-lo contar histórias sobre seu pai e dos marotos nos tempos de Hogwarts – e fora da escola também, assim como as histórias dele e de seus amigos, Ron e Hermione. Teddy achava sempre emocionante ouvi-las, mesmo com o passar dos anos.

Ou talvez fosse porque, uma parte dele – a que ele tentava esconder, mesmo que se deixasse levar às vezes – o considerasse como um pai.

Nunca havia falado sobre aquilo para ele, é claro. Sentia-se muito constrangido sobre aqueles sentimentos. Harry tinha a esposa dele e os próprios filhos. E, apesar de ter crescido com a presença constante do homem, Teddy sempre tivera medo de acabar sobrecarregando-o demais com seus problemas desinteressantes de criança.

Não que Harry parecesse se incomodar. Na verdade, ele nunca parecia se importar se Teddy estava ou não sendo irritante. Harry sempre parecia disposto a ouvi-lo contar sobre suas brincadeiras, seus tombos ou sonhos. Ele era o melhor amigo de Teddy – embora ele também não comentasse sobre aquilo – e nunca o havia deixado na mão, incluindo aquele dia, na ida dele para Hogwarts. Andrômeda, sua avó, não pudera acompanha-lo até a estação, portanto, sem qualquer hesitação, Harry assumiu o trabalho – o que ele teria feito de qualquer forma, afinal, com Andrômeda indo ou não, ele quereria estar presente naquele momento.

A verdade era que, desde que Teddy tinha lembranças, Harry sempre estivera presente e, mesmo depois de casado e com os novos integrantes da família, ele nunca o havia deixado de lado.

Teddy adorava ir para a casa dos Potter e conversar sobre quadribol com a tia Ginny enquanto observava o tio Harry ler documentos. Adorava quando todos eles se juntavam – principalmente quando Victoire estava junto – e travavam partidas acirradas nos jardins (mesmo que, em grande parte das vezes, Teddy acabasse caindo da vassoura). Adorava poder brincar com James Sirius, fazendo-o rolar de rir com suas metamorfoses. Adorava contar histórias para Albus e balançar Lily em seu colo – mesmo que Ginny dissesse que a estava mal acostumando.

Ele adorava todos eles. Tanto que a perspectiva de se ter de ficar tanto tempo afastado – depois de passar os primeiros onze anos de vida praticamente morando naquela casa – juntando com todos os pensamentos e ansiedades toscas que o tomaram desde que acordara, fazia com que ele sentisse o estômago apertar.

— Está tudo bem, Teddy? — Harry o arrancou de seus devaneios quando se inclinou em sua direção, encarando-o com os olhos muito verdes tingidos de preocupação.

— Sim... — Teddy respondeu sem nada de convicção, fazendo com que o outro arqueasse uma sobrancelha.

— Sabe, quando eu fui para a estação de King’s Cross pela primeira vez, eu estava sozinho. Meus tios simplesmente me enxotaram na estação e eu fiquei vagando de um lado a outro, perguntando para vários trouxas se eles sabiam onde ficava a plataforma 9 ½. — Os olhos de Harry brilharam enquanto um sorriso nostálgico aparecia em seus lábios. — Nenhum soube me informar, obviamente e, por alguns instantes, eu imaginei que acabaria perdendo tudo e que teria de passar o resto dos meus dias preso na Rua dos Alfeneiros, nº 4, tendo de conviver com Duddley o resto dos meus dias.

 — Que pensamento... trágico. — Teddy comentou, embora estivesse curioso sobre a história.

— Bem, você pode dizer que eu tinha essa imaginação meio fértil às vezes. Eu fazia algumas comparações bastante... inventivas. — Harry meneou a cabeça, sorrindo um pouco mais. — De qualquer forma, eu encontrei os Weasley. Molly e os garotos me ajudaram e, assim, eu consegui ultrapassar a barreira. Quando eu cheguei desse lado — apontou para o lugar onde estavam — não conseguia acreditar. Eu estava nervoso, é claro, embora muito mais curioso do que com medo. Eu não fazia muita ideia do que era magia até então... foi surpreendente. — Harry passou as mãos pelos cabelos, gesto característico, e então voltou a fitar Teddy com compreensão. — O que estou querendo dizer, Teddy, é que é normal estar nervoso. É um grande passo. Você está iniciando uma das melhores fases da sua vida. Você vai passar um ano longe de casa, aprendendo milhares de coisas novas. Você não precisa ficar envergonhado por se sentir nervoso. Francamente, se você não estivesse nervoso é que seria estranho.

Pela segunda vez naquele dia, Teddy sentiu-se mais calmo ao ouvir as palavras do tio. Sorrindo para ele, Teddy disse:

— Obrigado. Eu... estou apavorado, na verdade. — Admitiu, sentindo as bochechas esquentarem e o cabelo voltar a mudar: desta vez para rosa.

Que patético.

— Eu também estou, para ser bem sincero. Estava tão acostumado a te ver sempre em casa... não sei se vou me habituar com a ideia de que você já está grande o suficiente para ir para a escola. — Harry meneou a cabeça. — Quem vai acalmar o James com as mudanças de aparência agora? E as histórias de ninar do Albus e da Lily? Quem vai fazer a Ginny parar de brigar comigo com apenas um olhar? Com quem eu vou poder jogar quadribol nos finais de semana e fazer competição de feijõezinhos de todos os sabores quando você não estiver?

Teddy sentiu o peito apertar ao ouvi-lo dizer aquilo, mas não de uma maneira ruim. Era bom saber que, apesar de tudo, Harry também iria sentir sua falta.

— Bem, nós podemos trocar cartas, não podemos? — Teddy indagou e sentiu os cabelos modificarem para um amarelo berrante.

Por que só cores chamativas?

— Suponho que teremos de nos contentar com isso. — Harry disse e então voltou a sorrir. — Você vai ter de me contar como está indo no seu primeiro ano. Hogwarts é incrível!

— É o que todo mundo diz.

— É a verdade.

Naquele momento, o som do apito do trem ecoou por todos os lugares, indicando que faltavam apenas dez minutos para a partida. Suspirando, Teddy segurou o malão mais perto de si, sentindo as mãos suarem.

— Hey. — Harry voltou a chamá-lo, fazendo com que ele o encarasse.

— Sim?

— Estou orgulhoso de você, você sabe disso, não sabe? — Harry comentou, encarando-o profundamente.

— Eu...?

— Eu gostaria muito que seus pais estivessem aqui e sei que você também gostaria, mas eu fico feliz em poder te trazer. — Ali estava um dos motivos pelos quais Teddy adorava muito o seu padrinho: Harry nunca pesava suas palavras quando o assunto envolvia seus pais. Teddy odiava ver as pessoas encarando-o com pena ou com tristeza ao falarem daquele assunto, mas Harry sabia. Seus pais haviam morrido para dar um mundo melhor para ele e, apesar de doer, apesar de sentir falta deles todos os dias, sentia muito orgulho de seus feitos. Sentia muita alegria de ser filho deles. Não havia necessidade de pena ali. E, Harry, assim como ele, compreendia. — Fico feliz em poder te ver dando esse passo tão grande. Eu gostaria que Sirius estivesse comigo quando eu fui para Hogwarts pela primeira vez, acho que teria sido mais...

Incrível. É incrível que você tenha vindo. — Teddy completou e então esticou-se para que pudesse abraçar o padrinho. — Obrigada, Harry. Eu... estou muito feliz que você está aqui. Na verdade, não havia ninguém que eu quisesse mais do que você para estar comigo agora. Eu... — Mas não conseguiu completar, pois as palavras entalaram em sua garganta, fazendo-o precisar engolir em seco para não acabar lacrimejando.

Mas Harry pareceu entender, pois retribuiu o abraço, tão forte quanto podia, antes de voltar a encará-lo.

— Vou sentir sua falta.

— E eu vou sentir a sua. Mande um beijo para a Ginny por mim e diga para o James, o Albus e a Lily que em breve estarei de volta e cheio de histórias sobre Hogwarts para eles.

— Eles vão ficar felizes com isso. Ou tão felizes quanto crianças podem ficar quando falamos algo que eles não entendem. — Harry comentou, fazendo com que ambos rissem. — Certo, é melhor você ir, Teddy. O Trem já vai sair.

— Okay. — Teddy assentiu, porém não se moveu.

Notando isso, Harry voltou a se abaixar, de modo que seus olhos estavam no mesmo nível.

— Hey. — Chamou o menino. — Vamos lá, eu preciso ter uma história incrível para contar quando chegar em casa. O que eu vou dizer para Ginny se eu chegar lá com você? Ela precisa saber que nosso menino foi para Hogwarts e que eu não estraguei tudo.

— Nosso... menino? — Teddy murmurou, meio atordoado ao ouvir aquilo, mas Harry simplesmente sorriu.

— Você não acha que James te chama de “irmão” à toa, não é? — E, bagunçando os cabelos da criança, Harry puxou o malão de suas mãos. — Vamos, Teddy, vamos encontrar um vagão vazio para você.

E eles foram.

Quando finalmente encontraram, Teddy abraçou o padrinho mais uma vez – mais apertado do que a anterior – e então se despediu, subindo no vagão, sentindo-se menos nervoso e mais feliz do que lembrava de ter estado desde que acordara naquela manhã.

Sorrindo, seus cabelos finalmente voltaram para o azul habitual enquanto que, pela primeira vez desde que havia chegado naquela estação, Teddy conseguiu apreciar o momento, sabendo que, em poucas horas, estaria começando uma nova etapa de sua vida e que, quando o ano letivo acabasse, poderia correr plataforma à fora para encontrar as pessoas que ele amava... para as pessoas que o amavam.

Afinal, ele era o menino deles.


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Notas finais do capítulo