Capítulo 22

Não conseguira dormir naquela noite. Parecia que sua mente não queria parar de funcionar e as imagens dos seus últimos dias passavam como flash’s rapidamente pela mente dela. A saída do clã, o novo apartamento, o encontro com Hanabi, a festa de aniversário e o amor que compartilhava com Naruto. Tudo parecia ter dado uma volta de 360° e ela ainda não sabia como se sentir em relação a muitas coisas. No dia seguinte iria sair da vila e a ansiedade não deixava que ela pensasse em mais nada.

Já estava tudo preparado. Deixaria o apartamento trancado e Sakura se comprometeu em ir uma vez ao mês da uma olhada em como estavam às coisas, tanto no apartamento de Hinata, quando na casa de Naruto e Kushina.

Ela ia levar pouca coisa, somente algumas peças de roupas e o necessário para o tempo de viagem.  Não tinha certeza sobre pra onde iria, o que Naruto lhe dissera é que passariam um tempo na antiga casa de Kushina e depois procurariam um lugar onde ele pudesse treinar com alguém que o ajudasse com a kyuuby. Hinata não quis tirar as esperanças dele, mas achava quase impossível que alguém pudesse auxiliá-lo com a kyuuby, o que ela tinha de informações sobre o selamento era que tudo foi feito com muita descrição, provavelmente tirando as pessoas da vila não existia mais ninguém capaz de ajuda-lo. Mas deviam ter esperança.

Aquela semana tinha sido mito agitada, tivera que organizar tudo para a viagem. Passar para o sensei o substituto tudo sobre sua turma, organizar a documentação que precisaria para atravessar algumas vilas que os exigiam. Era tanta coisa em que tinha que pensar que a dúvida de estar esquecendo algo sempre passava por ela.

Por vontade própria não procurou saber o que ia acontecer com Chiyo. Toda vez que fechava os olhos ainda se lembrava do terror que sentiu ao toque dele. Sentia sua pele formigar atrás do pescoço onde ele havia tocado e paralisado. As lembranças angustiantes só sumiam enquanto estava dando aula ou quando estava com Naruto. Ela queria mesmo esquecer tudo, e estava torcendo para que aquela viagem se encarregasse disso.

Desistiu de ficar na sua cama e foi para sala. Lá estava mais fresco e ela poderia ver o céu através da janela enquanto estivesse deitada no sofá. Seus pés tocaram o chão gelado e ela não sentiu frio, mas sim uma sensação boa de estar num lugar que podia chamar de seu. Ainda podia se lembrar de quantas vezes comparara seu quarto no clã como uma torre onde ficava prisioneira. Agora, morando ali, experimentava o sabor da liberdade e da felicidade.

Deixou seu corpo relaxar no sofá e se cobriu com o cobertor que tinha trago. Era tão reconfortante observar o céu, parecia que seus pensamentos entravam em ordem. De repente ouvir um barulho na sacada, vinha direto da janela. Levantou-se e foi ver o que era, poderia ser algum animal. Ao aparecer na janela tomo um susto ao ver Naruto sentado no corredor ao lado de fora do prédio.

—Naruto-kun? O que está fazendo ai?

Assim como Hinata, ele não havia conseguido dormir aquela noite. Tantos pensamentos lhe causavam ansiedade. Uma nova vida as portas de começar e ele não tinha ideia do que iria acontecer, mas ao mesmo tempo não tinha nenhuma dúvida do que estava fazendo. Precisava se afastar da vila por algum tempo, por ele e por Hinata. Queria que ela perdesse a sombra que passava em seus olhos toda vez que ela estava perto de algo que a fazia a lembrar dos Hyuugas e de tudo que passara. Mesmo que ela não dissesse, ele sabia que ela tinha um peso no coração quando se lembrava.

—Desculpe — seu sorriso era gentil — Eu não conseguia dormir, e bem — seu sorriso agora era de constrangimento — eu consigo pensar melhor perto de você, então acabei parando aqui.

—Entre, não quero que pegue um resfriado ou algo assim.

Hinata sorria enquanto o via caminhar em sua direção. Quando deixaria de sentir todas aquelas sensações ao vê-lo? Esperava que nunca!

—Está com medo? — A voz de Naruto não passava de um sussurro. Já estavam na sala, enquanto ela estava deitada no sofá ele tinha as costas apoiadas no mesmo móvel próximo a onde o rosto dela estava. Tinha ficado em silêncio por muito tempo desde que ele chegara.

—Um pouco — Hinata confessou — Mas não por ter que sair da vila. Meu medo é de não conseguir deixar o que quero para trás. São muitas coisas ruins, Naruto-kun. Sei que já devia ter esquecido, mas... Todo momento em que fecho meus olhos as imagens estão lá.

Naruto se inclinou para perto dela e com uma mão acariciou seus cabelos.

— Queria poder te fazer esquecer tudo. — ela sorriu — Mas não posso, vamos tentar construir novas lembranças, tudo bem?

Ela sorriu em confirmação. As coisas do passado não poderiam ser alteradas, mas eles tinham um futuro pela frente e poderiam fazer dele o melhor possível. Teriam muito que enfrentar, mas ela tinha certeza que juntos conseguiriam realizar o que desejava, e desde que estivesse com ele as coisas que aconteceriam eram detalhes.

Ela dormiu enquanto ele acariciava seus cabelos e desejou poder estar daquela forma todos os dias. Desejou que dali pra frente tudo que conseguisse pensar antes de dormir fosse o quanto amava e era amada.

&&&&&&&&&&&&&&&&&

— Está vendo aquela montanha ali? — Kushina apontava com muita animação — eu e seu pai fizemos nosso teste para jounnin ali. Era de sobrevivência e no final tivemos que lutar um contra o outro.

— E quem ganhou? — Naruto sorria enquanto viajava pelas árvores com Hinata ao seu lado e Kushina mais a frente enquanto conversavam.

— Ele, mas foi por muito, muito pouco mesmo. Ele sempre foi um gênio, e eu, bem, eu sempre fui muito esforçada. Aquela era a luta decisiva, tínhamos apostado que quem perdesse deveria desistir do sonho de ser Hokage.

— Também queria ser Hokage, Kushina-san? — Hinata tinha acordado muito bem naquela manhã e estava feliz por ter começado a viagem tão bem.

—Obviamente, mas aquele chato e me desculpe por falar assim do seu pai Naruto, mas ele realmente era, também queria ser Hokage, o final da história vocês já sabem. Ele se tornou Hokage e depois da luta que perdi começamos a namorar.

Eles estavam na estrada há quase duas horas desde que saíram da vila. Não houve despedidas, eles preferiram dar até logo a seus amigos na noite anterior. Um das coisas mais tristes que aquela viagem traria era o fato de que Hinata provavelmente não estaria presente no nascimento do filho de Neji, e isso era uma coisa que a deixou mais triste do que tudo. Sabia que não voltaria à vila em menos de um ano, mas fez questão de deixar com Tenten um berço lindo que deu de presente para seu afilhado que logo estaria no mundo.

Ninguém da família de Hinata fora se despedir dela, além de Neji. Enquanto se afastava na vila ela sentia como se lentamente algumas correntes saiam de sua vida. Era como se pudesse ouvir o som delas se quebrando e saindo do seu coração.

Kushina disse que demoraria para que eles chegassem a sua antiga casa e por isso decidiram que iriam parando em algumas cidades para conhecer toda o caminho necessário. A ideia era procurar por informações sobre a alguém capaz de treinar Naruto naquelas vilas e cidades por onde passariam. O Uzumaki havia dito que Tsunade não estipulara nenhum tempo de limite para que eles estivessem fora da vila.

Fizeram a primeira pausa em um pequeno vilarejo para poderem almoçar. Apesar de tudo que tinha acontecido a viagem seguiu em clima de tranquilidade. Kushina não parou de falar um minuto e junto com Naruto não havia espaço para silêncio ou pensamento ruins que pudessem angustiar a Hyuuga.

Os três primeiros dias passaram tão rápido que ela nem percebeu. No caminho havia tanta coisa para se olhar, coisas que ela nunca tinha sonhado em conhecer. No dia em que passaram próximo ao mar Hinata ficou parada por tanto tempo encarando a imensidão azul que tal gesto arrancou sonoras gargalhadas de Kushina. Era tudo tão bonito que não pode resistir e se livrou das sandálias correndo em direção a agua para sentir seus pés molhados.

Logo atrás dela Naruto corria com a mesma alegria enquanto se livrava dos sapatos e da camisa, para logo depois passar correndo com mais velocidade por Hinata e segura-la nos braços jogando a si mesmo e a ela na agua quente daquela tarde de outono. Kushina, mais atrás, juntou as mochilas de ambos e sentou-se observando o casal que se divertia na água.

Era engraçada aquela sensação de completude. A lembrança ainda era fresca em sua mente, e ela tinha certeza que nunca iria se esquecer, estar com aqueles dois, em particular com seu Naruto, fazia ela ter sentimentos que só vivenciara ao lado do amor de sua vida. Nada tinha saído como os dois planejavam, mas no final, ela estava feliz e o mais importante, Naruto parecia estar mais do que feliz. Era tão diferente a sensação de aproveitar a felicidade de outra pessoa. Então aquilo era ser mãe.

—Naruto!!! Hinata!! — Kushina acenava da praia tentando atrair atenção dos dois — Vamos ficar na aldeia aqui perto. Daqui a pouco é noite.

— Já vamos! — Naruto respondeu

Naquela noite Hinata deitou com um sorriso enorme no quarto que estava dividindo com Kushina na pequena pensão que encontraram para passar a noite. O medo que sentia de não conseguir deixar o passado em Konoha ia se esvaindo a cada minuto daquela viagem, não encontrava nenhum resquício de arrependimento pelo que estava fazendo. Se sair da vila lhe traria algum alívio e felicidade não teria medo por mais nenhum segundo e sim aproveitaria cada momento daquela viagem.

&&&&&&&&&&&&&&&&&

—Kaa-san — O bico de desgosto de Naruto era no mínimo engraçado — Quanto tempo falta pra gente chegar a sua casa?

—Naruto... — Kushina começava a entender a fama impaciente e ninja número um imperativo e cabeça oca de Konoha — Eu vou te responder pela terceira vez : QUANDO CHEGAR EU VOU DIZER.

Naruto se encolheu assustado. Devia prestar mais atenção no que Shikamaru e Kiba sempre disseram sobre mães: elas eram perigosas. Ajeitou a mochila nas costas soltando um suspiro cansado e buscou a mão de Hinata que corria sorridente ao seu lado.

Depois de quinze dias na estrada eles pareciam ter desenvolvido uma espécie de comunicação visual. Quando ele menos esperava Hinata fazia ou dizia coisas que estavam passando pela mente dele. Era diferente perceber o quanto as coisas haviam mudado em tão pouco tempo, o quanto ele próprio havia mudado também e se adaptado a sua nova vida. Há algum tempo ele reclamava da solidão que sentia, de não conseguir mudar seu futuro e se sentir sozinho apesar dos amigos que estavam ao seu lado.

Meses antes ficara mexido com o inicio do namoro de seus melhores amigos Sasuke e Sakura. E agora estava ali: longe da vila, acompanhado de sua mãe e de uma garota que fazia questão de sempre dizer o quanto o amava. Apesar de grande maioria lhe considerar o tipo de cara impulsivo que não pensava em nada antes de fazer daquela vez tinha sido diferente. Ele pensara em cada detalhe e em cada consequência que aquilo podia trazer para a vida dos três que faziam aquela viagem.

Em relação a sua vida tinha certeza que encontraria alguma pessoa que o ajudaria a treinar melhor. Se Jiraiya ainda fosse vivo com certeza era ele seria o melhor professor, mas infelizmente ele já não estava entre eles. Sair da vila lhe garantiria acesso a pessoas que ele nunca vira ou conhecera e por mais dificultoso que fosse ou aparentemente impossível , ele achava que poderia conseguir alguém que pudesse lhe orientar com relação a Kyuuby. Não havia mencionado com ninguém algumas coisas que lera nos pergaminhos que herdou de seu pai.

De acordo com o que Minato escrevera existiam alguns sobreviventes do clã de Kushina, que não mais se chamava por Uzumaki por medo da perseguição de antigos inimigos. Naruto lera em alguns papéis que algumas pessoas que fugiram na época do massacre do clã de sua mãe ainda viviam na época em que seu pai foi Hokage. Sua esperança era ir até a vila da nuvem e encontrar algum descendente. Ainda de acordo com o que tinha lido o selo pelo qual a kyuuby foi a presa havia sido uma das formas de selamento desenvolvidos pelo antigo clã Uzumaki. Que era responsável pela criação de grande parte dos selamentos executados no mundo ninja.

Um dos outros pontos que teve que analisar antes de sair da vila estava com relação a Hinata. Ele sabia o quanto ela ainda estava perturbada por tudo, e por mais que tentasse apagar a tristeza que volta e meia via nos olhos dela, sabia que não conseguiria, não ali em Konoha que despertava tantas lembranças dolorosas. Naruto sabia da responsabilidade que tinha. Ela aceitara aquela viagem pensando nele, acreditando nele e ele queria ser o suficiente para que ela voltasse a sorrir sem a sombra da tristeza no olhar.

Aquilo era outra coisa que ainda o deixava meio que assustado. Ele seria suficiente pra ela? Conseguiria suprir as necessidades de Hinata? Fez com que ela embarcasse naquela aventura de peito aberto, e se havia alguma dúvida sobre os sentimentos dela por ele, ter aceito aquela viagem fez com que ele percebesse que o amor dela era mais profundo do que tudo que ele já havia tocado. Isso lhe dava motivação para evoluir. Queria encontrar a pessoa certa e treinar o máximo que conseguisse para manter Hinata em segurança. Nunca mais queria ver os olhos assustados que vira ao encontra-la sendo atacada pelo Hyuuga maldito.

Ele não sabia quanto tempo seria necessário para fazer tudo aquilo. Não queria passar muito tempo fora da vila, acreditava que em menos de dois ou três anos conseguiria seu objetivo. Ele não podia simplesmente ficar tanto tempo longe da vila que tanto amava. Deixara Sasuke e Sakura e seus laços com seu time estavam tão fortes quanto nunca esteve. Queria estar presente no casamento dos dois, mas aquilo seria quase impossível, provavelmente Sakura não deixaria que o namorado enrolasse por muito tempo para marcar a data do casamento.

—Chegamos — Kushina parou e apontou para uma casa que já era possível ser avistada por entre algumas árvores. Estavam próximos a fronteira com o país do trovão e o país da terra.

No meio das árvores que formavam uma extensa floresta uma casa que mais se aparentava com uma cabana, erguia-se timidamente entre troncos envelhecidos e uma vegetação mediana. As paredes eram de madeira e as portas e janelas estavam pintadas de branco.

—Bem vindos ao nosso novo lar — Kushina exclamou enquanto conduzia seus dois acompanhantes para a entrada da casa.

A casa era tão pequena por dentro quanto aparentava ser externamente. Uma sala que dividia espaço com uma cozinha, um banheiro e um quarto completavam a atmosfera aconchegante. Em todo lugar era possível ver tecidos que faziam a decoração do lugar. Hinata acho que nunca tinha visto uma casa tão fofa como aquela, parecia uma de suas antigas casas de bonecas.

— É um pouco pequena, mas acho que vamos nos acomodar bem, pelo menos enquanto não voltarmos a viajar.

— Eu achei ótima— Naruto já tinha se livrado da mochila e sapatos e se jogado no pequeno sofá da sala. Era até engraçado ver um garoto de corpo tão grande tentando caber num móvel de dois lugares. Parecia até mentira, mas em poucos segundos ele estava... Dormindo.

—Não acredito — Hinata falou sorrindo.

—Ele arrumou um jeito de se livrar da faxina na casa — Kushina também sorria —Vamos, Hinata, acho que precisamos de um bom descanso também. Amanhã damos um jeito nas coisas e vemos como vamos nos organizar.

Hinata teve que recusar firmemente a oferta de Kushina para que ela dormisse na cama. Não achava justo que Kushina dormisse em um fuuton no chão enquanto ela ficava na cama. Quando se deitou ao lado da janela observando as estrelas sentia como se tudo naquele momento fosse se tornar diferente. Eles finalmente haviam chegado ao seu primeiro destino. Antes de dormir ficou repassando o quanto queria que tudo desse certo para eles naquela viagem.

&&&&&&&&&&&&&&&&&

Já havia passado quase o mês desde que Naruto saíra da vila e Sasuke começava a achar que aquele ar de tensão que parecia pairar sobre o escritório da Hokage nunca ia acabar. Foi a contra gosto que subiu pela quarta ou quinta vez, já havia perdido as contas, as escadas que o levaria para a sala de Tsunade. Era um saco, mas como último Uchiha vivo ele havia se tornado uma espécie de líder do clã. E sua presença tinha sido requisitada muitas vezes durante o mês. A maioria dos assuntos que lhe chamavam para resolver tinha haver com algum caso antigo do departamento policial Uchiha que precisava de revisão de Sasuke ou algo do tipo.

Porém a reunião que o aguardava seria diferente. O conselho tinha convocado todos os clãs de importância dentro da vila para o julgamento que Hiashi , líder Hyuuga, havia pedido para um de seus membros : Chiyo. Pelo que ele sabia a situação estava entorno de que Tsunade queria que Chiyo fosse julgado como uma pessoa qualquer, que a ele fossem aplicadas a lei da vila, enquanto Hiashi queria que seu subordinado passasse por um julgamento dentro do clã Hyuuga. Sasuke sabia o que significava aquilo. Com um julgamento pelo clã a Chiyo ficava a disposição uma sentença direta de Hiashi. E pelo que ele estava sabendo daquela história toda Hiashi estava querendo livrar o Hyuuga de uma condenação bem pesada por tentativa de estupro a Hinata.

O fato de Naruto estar fora da vila tranquilizava Sasuke, se bem conhecia o amigo provavelmente ele invadiria a reunião e gritaria a todos que quisessem ouvir o quanto era ridículo tentar esconder um crime como aquele, o Uchiha tinha que admitir que concordava com Naruto. Diferentemente do Uzumaki, ele conseguia usar o cérebro antes de deixar a emoção falar mais alto, por isso sabia que a melhor opção não era bater de frente com um clã tão antigo quantos os Hyuugas. Dentro do que estivesse ao seu alcance Sasuke cuidaria para que o desejo de Naruto não fosse esquecido, afinal, se tinha poder decisão e se estava carregando a responsabilidade de ser o líder de seu clã, iria fazer valer a pena e fazer alguma coisa boa por Naruto.

Não demorou muito para que a sala do conselho estivesse com todos os seus lugares preenchidos. Tsunade foi a ultima a chegar acompanhada com os dois velhos conselheiros da vila. O clima não era amistoso, mesmo que não tivesse seu sharingan ativo no momento, Sasuke podia ver o quanto o clã Hyuuga parecia desconfortável com aquela situação, o quanto o próprio Hiashi parecia deslocado com aquilo. Quando os conselheiros pediram a palavra repetiram toda a acusação formal feita a Chiyo e o pedido de transferência de julgamento exigida pelos Hyuugas. O que estava sendo discutido ali era quanto os outros clãs estavam dispostos a ceder para o líder Hyuuga.

Ele nunca havia se interessado por essa coisa de regras entre clãs e vila, mas por causa dos últimos acontecimentos resolvera que era melhor saber um pouco mais do assunto. De acordo com o que leu a única forma de Hiashi conseguir mudar o julgamento era convencendo a maioria dos líderes do clã a autorizarem aquilo. Sasuke não precisou pensar duas vezes para decidir que seria contra, o problema residia no fato de que alguns líderes para conseguirem favores futuros de um clã tão grande quanto os Hyuugas.

— E então? Vamos votar isso logo. — A sempre impaciente e pavio curto Tsunade levantou do seu lugar e se dirigiu aos líderes dos clãs — Cada um vai ter a oportunidade de votar e justificar seus motivos.

Sasuke ouviu pessoa por pessoa. Esperava ouvir mais algumas oposições a Hiashi, mas as únicas que ouviu foram a de três clãs : Nara, Akimichi e Yamanka. Ele já esperava aquilo, se bem conhecia os pais de Shikamaru, Chouji e Ino eles não deixariam uma coisa como aquela acontecer.

—Sua vez, Uchiha. — O conselheiro chamou a atenção de Sasuke.

—Meu voto é não.

— Sua justificativa. — Foi a vez de a conselheira falar

—Meu voto é não, e não tenho porque dar explicações. — Tsunade olhava pra Sasuke com um pedido mudo nos olhos como se dissesse “colabore, Uchiha”. Um suspiro irritado saiu dos lábios de Sasuke, já que queriam tanto ouvir o que ele tinha a dizer não devia deixa-los esperando para sempre. — Certo, porque eu deveria permitir que alguém como o julgado recebesse uma punição leve pelo que ele fez? Não preciso de favores futuros dos Hyuugas para dar meu voto sim. Portanto, é não.

Hiashi fechou o punho sobre o braço da cadeira que ocupava. Ele já devia estar acostumado aquilo, Uchihas sempre foram insolentes e tinham o pensamento de que eram os donos do mundo, e com aquele moleque não ia ser diferente. Ouviu as palavras dele e guardou para que no futuro se lembrasse daquilo. Os Hyuugas ainda voltariam a ser o clã mais importante da vila. E quando aquilo acontecesse, bem, os Uchihas teriam algumas contas a pagar.

Felizmente ele não precisaria de um voto de alguém insignificante como Sasuke. Ganhou a votação com mais de 60% dos votos. Chiyo teria um julgamento sigiloso no clã Hyuuga.

—Como já chegamos a decisão, a reunião está terminada. O conselheiro se levantou sendo acompanhado por todos os presentes.

—Espere! — Tsunade bateu o braço da mesa atraindo a atenção para si — Como Hokage exijo saber sobre a sentença final, entendeu, Hiashi?

Hiashi balançou a cabeça sinalizando que havia entendido. Em poucos minutos a sala estava vazia e Tsunade caminhava com a sua fúria em ebulição para voltar a sua sala. Aqueles líderes idiotas! Pareceram cachorrinhos acuados frente a Hiashi. Como ela estava grata por Naruto estar bem longe dali, tinha certeza que se o Uzumaki estivesse por perto naquele momento ela teria que star correndo atrás dele para evitar uma confusão maior.

Já do lado de fora do prédio Sasuke andava rumo a casa de Sakura. Tinha adiado por um mês o pedido que havia dito pra Naruto que faria a namorada no dia do natal. Foi tanta coisa acontecendo em pouco tempo que ele tivera que protelar aquilo em algumas semanas. E bem, tinha que confessar que ainda estava tentando encontrar maneiras de abordar o assunto com Sakura.

Provavelmente a garota passara uma boa parte da vida imaginando um momento romântico para um pedido de casamento, e Sasuke, bem, Sasuke era ele né. Não era o que podemos chamar de especialista em romantismo. Passou a mão pelos cabelos, hábito que adotara ao ficar nervoso, quando chegasse frente a ela pensaria em qualquer coisa.