Capítulo 14

 

— O que está acontecendo? — Foi a pergunta que Hiashi fez ao ver o sobrinho saindo do quarto de Hinata com uma pequena bolsa azul na mão.

 

— Estou pegando as roupas de Hinata-sama. — Respondeu Neji calmamente.

 

— E quem lhe deu ordens para isso? — O tio dele estava visivelmente furioso.

 

— Eu me ofereci para fazer isso.

 

— Eu só não uso o selo para lhe castigar, por que não quero perder um dos melhores ninjas do clã.

 

— Acho que o senhor terá que ceder mais algumas coisas se quiser que eu continue dentro do círculo Hyuuga. — Era chegada a hora de correr todos os riscos.

 

— Seja direto Neji.

 

— Eu vou me casar. — Ele falou sem titubear.

 

— Posso saber quem é a felizarda Hyuuga?

 

— Não é uma Hyuuga. — Ele falou sentindo que o tio cada vez tinha mais ódio refletido no olhar. — O senhor a conhece. Mitsashi Tenten, minha antiga parceira de time.

 

— Com certeza você deve estar louco, por isso irei desconsiderar isso. — O líder do clã falou friamente.

 

— Não estou louco Hiashi-sama. — Neji discordou do tio. — Vou me casar com Tenten.

 

— Qual o motivo disso Neji?

 

— O primeiro é porque a amo. — Ele tinha que fazer de tudo para dar certo. Até mesmo admitir sentimentos para alguém que não acreditava nele.— E o segundo é por que ela está grávida.

 

Hiashi não precisava estar com sua linhagem sanguínea ativa para saber que o sobrinho falava a verdade. O que havia acontecido? De repente todo o império que lutara para construir parecia estar ruindo. Primeiro Hinata se rebelara, mas aquela ele sabia que não tinha salvação. Agora Neji. Neji sempre foi o que ele achava que poderia continuar com sue legado. Pois ele sempre seguiu as leis, agora pelo que sabia, não seguira tanto assim. Chegara até mesmo a pensar em fazer o casamento dele com sua filha mais velha, deixando a liderança para ele. E agora era traído daquela forma.

 

— Você foi muito irresponsável. — Tinha que dar um jeito de contornar aquela situação. — A gravidez não há como remediar, mas poder encontrar uma solução para isso. Provavelmente a criança herdará o byakugan, então ela será criada pelo clã. Quando nascer  entregarei há alguma boa família. Você poderá se casar com uma boa moça Hyuuga.

 

— Acho que o senhor não entendeu. — Agora ele também estava com raiva.— Eu amo Tenten, e não permitirei que meu filho seja criado por outras pessoas que não seja ela e eu.

 

— Neji... — Hiashi suspirou. — Você está preste a se tornar o líder da família secundária. Por tanto, sabe que seu casamento deve ser feito com uma Hyuuga.

 

— Ótimo. — Ironizou Neji. — Desisto da minha posição e me caso com Tenten.

 

— Mesmo que você não tivesse que assumir esse cargo. Eu não aceitarei esse casamento. — Decretou Hiashi tentando colocar fim naquela discussão. — O clã Hyuuga não aceitará.

 

            — Então a partir deste momento estou cortando quaisquer ligações com os Hyuugas. — Neji sabia o que estava fazendo. Já havia cogitado essa possibilidade milhares de vezes, desde que soubera da gravidez de Tenten. — Estou deixando o clã.

 

— Se passar por esta porta pode ter a certeza de que nunca voltará. É isso que quer?

 

— Essa foi a melhor proposta que o senhor já me fez. — Disse Neji virando as costas e saindo no clã. — Se quer tanto me impedir de deixar os Hyuugas terá que o usar esse maldito selo. Só que antes que você conseguir dobrar a minha vontade, eu já terei morrido.  Já tomei minha decisão.

 

— Não vou usar o selo. — Grunhiu o líder. — Prometi a mim mesmo que nunca o usaria em você como forma de recompensar a morte de Hisashi. Seu pai não gostaria de te ver abandona a família Neji.

 

— Meu pai não gostaria de me ver infeliz. — Corrigiu Neji. — E garanto que ele gostaria de ficar perto do neto, e não entregar para alguém desconhecido.

 

— A decisão é sua, garoto. — Vendo que não tinha mais o que argumentar Hiashi se retirou torcendo para que o sobrinho tirasse aquela ideia da cabeça. Até parecia que os ideais de Hinata estavam nele.

 

Sua mão apertou mais a alça da bolsa. Tudo havia acabado. Sua decisão fora tomada. Querendo ou não sentia um pouco de tristeza. Seu tio se transformara em um frio.

 

Não queria acreditar que ele tinha mesmo proposto entregar a criança para uma família Hyuuga. Como podia ser tão insensível? O bebê de Tenten seria seu familiar também. Hiashi perguntara se ele abandonaria a família. Não era a mesma coisa que o líder do clã Hyuuga estava fazendo, ao querer separar o sobrinho do filho? Tinha esquecer-se de tudo e se concentrar no futuro. Tinha que resolver muitas coisas. Seu desligamento dos Hyuugas não seria tão fácil assim. Praticamente começaria uma nova vida. Mas teria ao seu lado do que lhe importava no momento.

 

 

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Ela temia pelo primo. Sabia que não seria tão fácil pegar as roupas dela no clã Hyuuga. Provavelmente ele se encontraria com Hiashi, e Hinata não esperava uma boa conversa.  Seu pai era bem mais tolerante com Neji do que alguma dia foi com  ela, mas isso não mudava muita coisa. Só queria que ele voltasse logo e acabasse com aquela angustia que ela sentia que só se extinguiria quando ela chegasse.

 

— Vai dar tudo certo. — Murmurou Naruto, que estava sentando ao seu lado no tapete que cobria o chão da sala.

 

— Espero que sim Naruto-kun. — Ela deixou que ele a abraçasse. A sensação de segurança foi imediata, era assim que se sentia ao lado daquela pessoa que tanto amava.

 

— Não está com sono?

 

— Será impossível dormir antes de Neji-nii-san chegar. — Ela respondeu.— Estou preocupada com ele.

 

— Seu pai não faria nada com o Neji. Ou faria?— Perguntou o loiro desconfiado.

 

— Espero, sinceramente, que não.

 

Ele queria acreditar nela, só que as últimas atitudes de Hiashi não lhe davam tanta certeza. O pai de Hinata parecia estar fora de si. Não conseguia assimilar que um pai poderia permitir que ferissem a filha da forma que Hiashi deu consentimento a Chiyo para que machucasse Hinata.

 

            — Amanhã a gente podia começar a organizar sua nova casa. — Comentou Naruto.

 

            — Pode ser. — Concordou Hinata. — Tenho que ir à casa da Tenten... — A morena deu um suspiro longo. — Estou com medo Naruto-kun.

 

— Eu sei. — O Uzumaki apertou mais o abraço em torno dos ombros de Hinata e a olhou carinhosamente. — Mas não precisa ter ok?. — Ela fez que sim com a cabeça e recebeu o beijo dele de bom grado.

 

Tinha certeza que nunca se acostumaria às emoções que a invadiam toda vez que os lábios dele cobriam os dela. Poderia se passar anos e sempre sentira o mesmo calor no peito e o mesmo formigamento na nuca. Seu corpo parecia se mover por conta própria. Antes que ela percebesse já tinha as mãos nos fios dourados do cabelo dele. Ele aumentou o ritmo do beijo e ela ofegou.

 

— Naruto-kun... — Disse ela tentando fugir dos lábios afoitos dele. — Sua mãe está no quarto ao lado.

 

— Ela está dormindo. — Ele disse voltando a beija-la.  Parecia estar ensandecido. Os beijos de Hinata era uma droga muito forte. E toda vez que ele começava com o primeiro não sabia ter forças necessárias para parar.

 

O barulho da porta os interrompeu. E Naruto olhou para Hinata com a expressão de uma criança que havia perdido seu pirulito. Ela riu e ele também enquanto se levantava e ajudava.

 

Quando ele abriu a porta viu Neji parado. Com uma  bolsa não mão. Pediu que ele entrasse e o guiou até a sala, onde Hinata os esperava com uma expressão aflita.

 

— O que aconteceu? — Foi a primeira coisa que ela perguntou ao ver o primo.

 

— Consegui pegar suas roupas. — Disse ele entregando a bolsa para Naruto que colocou sobre o sofá.

 

— Não foi só isso, foi? — Ela convivia  a bastante tempo com Neji para saber quando ele omitia alguma coisa.

 

— Eu também estou deixando o clã. — Ele viu as faces perplexas de Hinata e Naruto. — Contei tudo para meu tio. E ele não aceitou meu casamento com Tenten.

 

— Mas... — Ela tentava achar uma alternativa. — Vocês podem esperar mais um pouco, tentar convencer meu pai.

 

— Não há mais tempo. — Ele suspirou.— Tenten está grávida.

 

Hinata ficou de boca aberta, e Naruto não ficou atrás, pois não sabia que Neji e Tenten mantinha um relacionamento tão sólido. Depois do choque inicial ele sorriu e parabenizou Neji.

 

— Que legal Neji.— Falou o Uzumaki com seu costumeiro sorriso. — Parabéns.

 

— Obrigado Naruto. — Disse Neji sorrindo pela primeira vez nas últimas horas.

 

— Também fico feliz por vocês. — Concordou Hinata. — Você tem razão. Não há mais nada o que fazer. Só que eu não queria que você tivesse que sair do clã. Papai tinha que enxergar o que está fazendo. Separando nossa família.

 

— Acho que isso não vai acontecer. — Falou Neji. — Você sabe como Hiashi-sama só dá importância para aquele clã. Só um milagre faria com que ele reconsiderasse suas atitudes. Eu não sie o que ele pretende Hinata, mas é melhor tomar cuidado. Ele não vai aceitar tão facilmente a sua saída de lá.

 

— Estarei preparada. —Foram poucas as vezes que ele viu aquela determinação no olhar da prima. — Não vou permitir que ninguém controle minha vida.

 

— Está tarde. — Disse Neji se preparando para ir embora. — Se precisar de alguma coisa estarei na casa de Tenten. Sabe onde me achar.

 

— Ok.— Respondeu Hinata.— Diga a Tenten que amanhã irei visita-la.

 

— Hai. — Naruto fechou a porta quando Neji saiu. Voltou para sala e perguntou a Hinata o que queria saber.

 

— Desde quando eles estão juntos?

 

— Quase um ano. — Disse Hinata relembrando

 

— Isso sim é uma novidade. — Viu que ela bocejava.— Está com sono. Por que não vai dormir?

 

— Por que não quero que você durma nesse sofá. — Ela resmungou. — Já disse que eu durmo aqui e você pode continuar em seu quarto.

 

— Já disse que não tem problema nenhum. — Ele rebateu. — Estou acostumado a dormir em sofás e em coisas menos confortáveis. Agora pare de reclamar e vá dormi.

 

— Ok. — Ela se levantou .— Boa Noite Naruto-kun.

 

— Eu amo você Hina.— Ele falou antes dela chegar ao corredor. Hinata sentiu seu coração acelerar. Voltou para perto dele e o beijou como nunca pensou que um dia conseguiria

 

— Eu também amo você Naruto-kun, muito.

 

Ele sorriu feito um bobo enquanto ela se distanciava novamente. Tinha conseguido muito mais que merecia. Hinata era incrível demais. Cada vez que ela sorria ele sentia seu u mundo parar, como se só ela importasse e nada mais. Jogou-se no sofá com os braços apoiando sua cabeça. O sorriso não abandonava seu rosto. Parecia um sonho. Não queria acordar. Mas sabia que a realidade era diferente. Tantos problemas. Poucas soluções. Nunca seria capaz de agradecer o suficiente a Hinata por tudo. Ela estava desistindo de tudo por ele. E Naruto não hesitaria em desistir de algo por ela.

 

Era tão estranho estar no quarto dele. Fechou as cortinas querendo um pouco mais de escuridão para poder dormir. Pegou a roupa  que precisava de dentro da bolsa que Neji trouxera e usou o banheiro dele para tomar um banho. Sentia-se tão exausta depois daquele longo dia. Na parte da manhã achava que seria obrigada a casar com Chiyo, agora estava com Naruto. Quanta mudança. E tudo estava saindo de uma forma que ela nunca imaginou. Deitou-se na cama e aspirou o cheiro dela. O perfume era dele. E ela se viu entorpecida de novo. Estava cada vez mais apaixonada. Foi fácil entrar no mundo dos sonhos sentindo o cheiro dele.

 

 

Naruto acordou cedo. Não que quisesse, mas foi impossível continuar dormindo com a agitação de Kushina pela casa. Abriu os olhos quando ela passava pela sala.

 

— Te acordei, não foi?— Ela perguntou.

 

 

— Acho que sim. — Ele murmurou ainda sonolento.

 

— Desculpa. — Ela pediu.— Não consigo dormi depois que o sol nasce, costume.

 

— Tudo bem. — Ele sentou-se no sofá.

 

— Por que não dorme um pouco no meu quarto?

 

— Não.  — Bocejou. — É melhor eu acordar. A Hinata não parece ser o tipo de pessoa que acorda tarde.

 

— Tens razão.— Ela sorriu.— Vou preparar o café.

 

— Resolveu seus assuntos com a baa-chan?— Perguntou Naruto antes de sua mãe ir para cozinha.

 

— Sim. Já tenho permissão para ficar em Konoha.

 

— Isso é ótimo.

 

— Acho que terei que voltar onde eu morava. — Ela comentou. — Tenho que pegar algumas coisas.

 

— Depois vemos isso. — Ele se levantou. — Vou usar o banheiro do seu quarto, ok?

 

— Sim.

 

 

Hinata acordou meia-hora depois. Após tomarem café-da-manhã, Naruto a levou até a academia para que ela pudesse trabalhar e de lá seguiu rumo a ANBU.

 

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As crianças estavam agitadas naquele dia. Pequeninos futuros ninjas corriam de um lado para o outro sem dar sossego para sua professora. Hinata suava para controla-los. Já marrara o cabelo por causa do calor devido ao esforço. Só que por mais que eles dessem trabalho, ela adorava o que fazia, não trocaria por nenhuma outra profissão. Virou-se de repente quando ouviu que batiam na porta. Pelo vidro pode ver o sorriso larga de Naruto. O que ele estava fazendo ali. Foi até a porta e abriu.

 

             — Oi Hina. — Ele falou sorridente.

 

            — Boa tarde Naruto-kun.— Respondeu ela sorrindo. A criança que  estava em seus braços se remexeu. E abriu os olhos.

 

— Quem é esse?— Perguntou Naruto curioso. O garotinha olhou para o loiro com cara de quem não gostou do jeito que ele falou.

 

— Esse é o Eiko-kun. — Respondeu Hinata.— Diga olá para o Naruto-kun, Eiko-kun.

 

— Oi. — Resmungou o menino com a voz baixa. Não havia gostado nem um pouco do jeito que aquele cara estranho olhava para sua sensei.

 

— Ele tem o jeito do teme. — Comentou  Naruto. — Ah! Lembrei do que tinha que te falar.

 

— Diga.

 

— Vou sair em uma missão. Devo voltar hoje, por isso só vou poder te encontrar a noite para que possamos ajeitar sua casa.

 

— Ok. Vai ser perigoso?

 

— Que nada. — Ele fez um gesto de desdém com as mãos. — O Sasuke vai comigo.

 

— Tome cuidado. — Ela acariciou o rosto dele com a mão que não se ocupava em segurar  Eiko.

 

Ele a beijou levemente nos lábios e ouviu o resmungo do garoto.

 

— Acho que você não gosta muito de mim, né? — Brincou Naruto vendo a cara zangada do menino.

 

— Percebeu? —Eiko sorriu.

 

— Tem mesmo a personalidade do teme. — Naruto riu mais vez. — tchau Hina. E tchau para você também, Eiko-teme.

 

— Ainda está com sono?— Perguntou Hinata a Eiko depois que Naruto foi embora.

 

— Não. — Respondeu o garoto.

 

— Que ir brincar?

 

— Hai. — A morena colocou o menino no chão e bagunçou os cabelos negros dele.

 

— Quem é aquele moço, Hinata-sensei?

 

— Bom... — Ela não sabia como explicar. — É uma pessoa que eu amo muito e que também me ama.

 

— Seu namorado? — O menino a pegou de surpresa. Na verdade, Naruto não havia feito realmente o pedido.

 

— Acho que sim. — Ela respondeu. — Agora vá brincar.

 

Quando o menino se afastou ela ficou pensando nas palavras dele. O que ela era de Naruto? Ela sabia o quanto ele a amava, pois ele demostrava isso. Mas mesmo assim. Ele não tinha falado nada a respeito disso. E ela também não queria pressioná-lo. Estava feliz em só poder estar do lado dele.

 

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— Agora que já falei toda a situação para você tem alguma ideia, Chiyo?— perguntou Hiashi.

 

— Fica difícil fazermos alguma coisa Hiashi-sama. — Comentou Chiyo. — Se ela ao menos tivesse sido forçada a deixar o clã. Mas ela foi de livre e espontânea vontade.

 

— Sei disso, mas deve haver algo. Os Hyuugas não podem perder a honra desse jeito. Temos que trazê-la de volta.

 

— Bom... O senhor me disse que ela foi vista no antigo apartamento do Uzumaki. — Ele viu Hiashi confirmar— Posso tentar convencê-la a voltar.

 

— Faça o que quiser. Tem carta-branca da minha parte. Só quero que ela volte. E quando isso acontecer, o casamento de vocês se realizará imediatamente.

 

— Estou partindo agora.

 

Chiyo fez uma leve reverência e saiu da sala.

 

Aquela garota estava lhe dando muito trabalho. Mas a beleza dela vali apena. Desde o momento que a vira o desejo de tê-la cresceu dentro dele. E ele não se importava com que precisaria fazer para ter Hinata para si. O casamento caiu como uma luva, pois mataria dois coelhos com uma cajadada só. Conseguiria mais poder dentro do clã, e desfrutaria do belo corpo que ela tinha. Era um sacrifício para ele ter tido que se controlar durante os treinos enquanto a via se movimentando. Mas sua vez chegaria, e ele não esperava a hora.