Match escrita por Sali, Sulpícia


Capítulo 5
One Dance


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas ♥
É com uma mistura de pesar e felicidade que anunciamos que esse é o penúltimo capítulo de Match. Ainda vai ter um epílogo bem curtinho, mas, tecnicamente, já acabou.
Obrigada a todo mundo que acompanhou a gente aí e curtam o capítulo de hoje! ♥
A música dele é One Dance, essa aqui, ó: https://www.youtube.com/watch?v=3IIspaicSnY



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Yan tentava não pensar muito. Em nada. E acabava falhando miseravelmente.

Ele e Vinícius não falaram muita coisa, apenas se dirigiram em silêncio de volta para a pista de dança e tentaram não derrubar seus drinks enquanto voltavam a dançar, o que não foi muito difícil, considerando que muitos casais ainda esperavam por suas bebidas de graça e outros decidiram não se arriscar na pista como eles. Sendo assim, tinham muito mais espaço e menos corpos para esbarrarem, mas Yan não tinha certeza se conseguia ver aquilo de maneira positiva.

Apesar de ter agido de maneira descontraída, como se beijasse garotos com frequência — bom, ele de fato beijava garotos com frequência, mas ele não beijava Vinícius com frequência —, Yan não sabia muito bem como agir naquele momento, e ter muito mais espaço e um pouco menos de público ao redor deles só o deixava mais desconfortável e cada vez mais ciente de cada um dos seus movimentos. Pensar demais nunca era uma coisa boa, e era isso que fazia.

A questão era que Yan queria beijar Vinícius de novo. Queria muito. Mas ele não sabia se ele também queria. Afinal, mesmo que houvesse tomado a iniciativa, Vinícius já estava bêbado, como ele mesmo havia admitido, e tinham bebidas grátis em jogo. Quem se negaria a ganhar bebidas grátis se o preço fosse só dar um beijo em um garoto? Ele não estaria colocando sua sexualidade em risco, afinal, por mais que a maioria dos homens hétero tivesse uma masculinidade muito frágil. Vinícius não parecia ser desse tipo, o que deixava Yan ainda mais na dúvida.

Enquanto dançavam — Yan, talvez mais refletindo do que acompanhando o ritmo da música com o corpo —, ele tentou decifrar o que a expressão de Vinícius dizia, mas era uma incógnita. Ele só parecia contente com o novo drink e dançava como antes, nada que o garoto de cabelos azuis não estivesse fazendo, embora sua mente estivesse um pouco presente demais. Não fazia ideia se Vinícius ainda pensava sobre o beijo, e não o conhecia o bastante para que adivinhasse. Parecia o mesmo de antes, como se o fato de seus lábios terem se tocado não tivesse alterado em nada quem ele era, e Yan não sabia exatamente se sentia-se feliz ou desapontado por isso.

Seria muito mais fácil ignorar tudo isso se Vinícius não tivesse dado um dos melhores beijos da vida dele. Merda!

Yan resolveu tentar esquecer. Resolveu desfrutar da sua bebida, fechar os olhos e deixar o ambiente da festa o envolver da mesma maneira que o havia envolvido quando havia entrado, com ou sem Vinícius. Dançou com ele, trocaram algumas poucas palavras quando a música alta permitia, deram algumas risadas, mas Yan resolveu deixar no passado que haviam se beijado. Talvez algo tão bom devesse durar tão pouco para que não fosse estragado.

Achava que estava indo muito bem com o plano, e pensava que aquilo não poderia ser tão difícil, agora que a festa estava em sua reta final para acabar e os dois talvez nunca mais precisassem se ver na vida. Porém, enquanto se dirigiam para o bar apenas para devolverem os copos vazios, Vinícius o encarou.

Yan simplesmente soube que ele estava pensando no beijo aquele tempo todo também.

Ele tentou ignorar. Pensou que poderia ser apenas coisa da sua cabeça, colocou o recipiente vazio no balcão e deu alguns passos em direção à qualquer lugar que fosse, sabendo perfeitamente que o olhar de Vinícius queimava em sua nuca. Aquilo meio que o impediu de pensar com clareza, sua mente tornou-se enevoada, e antes que se desse conta, o hálito de Vinícius fazia cócegas em suas bochechas novamente.

Ele não se lembrava de ter se aproximado da parede, mas lá estava ele sendo prensado contra ela, o corpo de Vinícius quase colado no seu pela proximidade, seus dedos apertando sua cintura com firmeza, a respiração pesada fazendo seu peito subir e descer rapidamente. Yan teve medo de subir o olhar para os seus olhos e perder completamente o controle, mas fitar seus lábios entreabertos não era lá muito melhor para sua sanidade. Sentia-se entorpecido; a sensação era quase a mesma de estar em um sonho, sua mente girava e Yan encontrava-se perguntando se aquilo seria mesmo real, quando podia sentir tão claramente todos os indícios do momento: o calor que subia em seu corpo; a essência suave porém notável do perfume que Vinícius usava e que, de alguma forma, havia resistido até ali; o toque em sua cintura que indicava tudo menos incerteza.

Havia muito tempo que Yan não se sentia completamente desarmado. Ele não ousou mexer sequer um milímetro, nem mesmo para tocar qualquer parte que fosse de Vinícius, ainda descrente do que poderia estar prestes a acontecer — do que poderia estar prestes a se repetir. Ele estava pensando demais, e sua mente poderia ter analisado cada mínimo detalhe, mas mal fazia trinta segundos de que eles estavam naquela posição.

Yan — Vinícius havia sussurrado, mas de alguma forma, o garoto de cabelos azuis sabia perfeitamente que aquele tom e aquele mover de lábios não poderiam ter sido nada além do outro chamando seu nome; não, implorando pelo seu nome. — Eu posso te beijar de novo?

Puta merda. Yan estava completamente em transe.

E, de alguma forma, ele acordou dele.

Sua respiração estava igualmente pesada, e nenhuma das sensações do seu corpo haviam mudado, muito menos suas vontades, mas Yan não se sentia capaz disso. Ele ergueu a mão, percebendo agora que ela tremia, e a pousou, hesitante, no peito de Vinícius, soltando um suspiro que era muito diferente do que ele gostaria de estar soltando.

— Não.

————— — — —————

Aos poucos, a festa ia se aproximando do fim. Alguns matchs já iam embora juntos, uns bem próximos e outros que pareciam estar lado a lado somente pela obrigatoriedade da festa.

Sara não vira Yan novamente, mas sabia que o garoto conseguiria se virar bem, se fosse o caso de ir embora sozinho. Por isso mesmo, esqueceu-se dele por alguns instantes e se voltou para Vic, que já havia terminado seu drink e a encarava com um sorriso leve.

— A festa tá acabando... — a garota mais alta falou a certo ponto, os lábios quase roçando na orelha de Sara. Seu tom de voz era meio decepcionado, meio sugestivo.

— É uma pena... — Sara respondeu então, falando pouco porque a comunicação era difícil, devido à música alta.

— Como você pretende embora? — Victoria indagou, rodeando com os braços a cintura do sua match e puxando-a para perto. Era uma pergunta quase retórica.

A garota mais baixa sorriu e mordeu o lábio.

— Eu tenho uma ideia… — sugeriu, inclinando a cabeça para que a outra ouvisse sua voz.

Victoria apenas baixou os olhos para ela, numa pergunta não-verbal. Sara abriu um sorriso e aproximou-se da outra, quase tocando os lábios no lóbulo de sua orelha.

— O que acha de irmos para a minha casa?

O sorriso que brotou nos lábios de Vic veio quase naturalmente. Ela ergueu a sobrancelha, divertida.

— Pelos velhos tempos? — gracejou, fazendo com que Vic risse.

— Pelos novos tempos. — Sara respondeu então, com uma piscada, e roubou um beijo rápido de sua match antes de puxá-la pela mão.

Deixaram os copos já vazios no balcão do bar e se dirigiram à saída, por mais que ainda curtissem a música que tocava no ambiente caoticamente colorido.

————— — — —————

Vinícius não se mexeu.

Seu lábio tremeu, ele franziu o cenho — só agora Yan tomou a coragem para olhar seu rosto, e isso quase o fizera falhar para dizer aquela única palavra —, apertou a cintura de Yan um pouco mais forte, mas se afastou. Um passo, e era como se uma cratera estivesse entre eles, em um piscar de olhos. Ambos sentiam como se tivessem levado um balde de água fria no corpo.

— Mas... — Vinícius abriu e fechou a mão que agora pendia ao lado do seu corpo, como se esquecesse o que fazer com ela agora que não tinha Yan nos braços. — Yan, cara, eu não sei mais, eu sempre fui hétero, sempre tive certeza disso, mas se você quer que eu diga, você me deixou mesmo na dúvida hoje… E eu pensei que você…

— Não é isso. Eu quero te beijar de novo, Vini. De verdade. Mas como eu vou saber que você quer isso mesmo ou é só porque tá bêbado e faltam opções? Você mesmo disse antes que tava sobrando.

Vinícius parecia chocado. Ele olhava para Yan, completamente incrédulo, como se não acreditasse que estava sendo rejeitado, e era quase possível ver mágoa no rosto dele.

— Eu te beijei antes. — argumentou.

— Em troca de bebidas. — Yan apontou para o bar. — E você também já tava bêbado.

Vinícius olhou para o bar, olhou para Yan, olhou para os próprios pés, completamente sem ação, sem a menor ideia de como prosseguir. Olhando em seu celular que permanecera esquecido em seu bolso já há algumas horas, Yan constatou que já eram três da madrugada — ele logo teria que ir embora, e a festa já estava no fim. Então, ele provavelmente tomou a decisão mais precipitada da sua vida.

— Eu vou te passar o meu número. — anunciou, o que fez Vinícius erguer os olhos e o encarar com expectativa. — Se você ainda se lembrar disso e quiser me beijar depois dessa festa, sóbrio — ele deu ênfase na palavra — você me procura.

Vinícius abriu um sorriso largo, e Yan quase desistiu da ideia no momento e o beijou ali mesmo. Parte de si gritava que aquilo não iria acontecer e ele devia aproveitar enquanto pudesse, porque um beijo entre os dois nunca iria se repetir, mas a parte que dominava o fez erguer o braço e digitar seu número no celular de Vinícius quando este o entregou para ele. Essa mesma parte também salvou o contato de Vinícius no celular de Yan, mesmo sem a certeza de que ele realmente seria necessário um dia, e quando os dois foram para a saída para chamar um Uber para cada, foi essa mesma parte que também fez Yan ficar na ponta dos pés e dar um beijo na bochecha de Vinícius, rindo enquanto entrava no carro e ainda o via parado no mesmo lugar, com um sorriso bobo dançando nos lábios.

Mesmo que fosse só por aquela noite e eles nunca mais se falassem, Yan ficou feliz.


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Notas finais do capítulo

Bom, por hoje é só.
Obrigada a todo mundo que comentou o capítulo anterior ♥
Até semana que vem, pesssoas! :3



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