Match escrita por Sali, Sulpícia


Capítulo 1
Animals


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Como foi dito nas notas, a história conterá homossexualidade, álcool e linguagem imprópria. Portanto, se não gosta, nem precisa continuar.
No entanto, se te agradar, espero que goste da nossa história! ♥
Ah, cada capítulo terá como título uma música diferente, e o título desse é essa música aí:
https://www.youtube.com/watch?v=gCYcHz2k5x0
Não sei vocês, mas eu adoro ela.
Se gostarem de ler ouvindo música, é uma boa sugestão ♥



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Yan estava animado. Muito animado.

E, se tratando do garoto de cabelos azuis, “animado” era quase um eufemismo para sua empolgação diante daquele evento.

Com um sorriso de orelha a orelha, ele caminhava ao lado de uma amiga, se abanando com o ingresso.

O havia comprado no último lote, por um golpe de sorte. Mas o importante é que não perderia por nada aquela festa.

— Boa noite.

O garoto sorriu para o segurança, entregando juntos o ingresso e a identidade. Mesmo que tivesse uma aparência um tanto jovem, com o rosto fino, de grandes olhos castanhos, tinha idade suficiente para curtir tudo que tinha direito.

— Tudo certo. — o segurança retomou, após confirmar a validade do passe. — Aproveite!

— Obrigado! — Yan agradeceu mais uma vez e atravessou as portas da boate, ainda sorridente.

Havia ainda um obstáculo que o separava do som alto, da luz negra, de todas aquelas cores. Uma mesa simples, coberta por toalha preta, com uma garota sentada.

Yan mal hesitou. Dobrou a manga e estendeu o antebraço, sentindo o geladinho da tinta neon quando a garota carimbou em sua pele o desenho simplificado de uma flor-de-lis.

Ele sorriu, analisando a marca.

Era da cor de seus cabelos.

— Espera aí, apressadinho! — ouviu sua amiga, Sara, chamá-lo no exato momento em que planejava começar sua aventura. Contra a própria vontade, esperou que a garota recebesse o próprio carimbo no dorso da mão antes de alcançá-lo, alguns passos à frente da mesa.

— Não vou perder mais tempo por sua culpa, Sara. Preciosos minutos foram desperdiçados enquanto você acabava essa maquiagem! — acusou-a, embora permitindo que ela enlaçasse seus braços.

— Não é todo mundo que tem a habilidade de se maquiar rápido igual a você, Yan. E por enquanto, vamos limitar o número de vezes em que iremos dividir o Uber, se você resolver reclamar toda vez. — Sara resmungou, mas Yan ouviu metade do que foi dito.

Ele estava vidrado na festa, na imensidão de luzes multicoloridas piscando no teto, nas paredes e, principalmente, na imensidão de pessoas que dançavam no centro da pista de dança e espalhavam-se por todo o local.

Não tinha certeza se Sara ainda tagarelava ou se também admirava o ambiente que os engolia na medida em que adentravam a multidão, separando-os completamente do que quer que acontecesse no lado exterior da boate. A batida animada da música, juntamente com o ritmo dos corpos se mexendo, penetrava cada um de seus poros e fazia sua ansiedade crescer cada vez mais. Yan tinha grandes expectativas para aquela noite, tanto que algum canto de sua mente, bem no fundo, o alertava que elas talvez não pudessem ser correspondidas como ele desejava.

O garoto resolveu simplesmente ignorar aquilo e deixar que Sara o guiasse em direção ao bar. Como um grande fiel na crença de que cada um faz seu próprio destino, ele faria aquela noite ser sensacional, de uma maneira ou de outra.

Depois de alguns minutos espremendo-se no meio das pessoas, os dois conseguiram finalmente chegar ao balcão do bar e analisarem o cardápio. Sara soltou um assobio baixo.

— Essa é a primeira vez em muito tempo que eu encontro preços realmente acessíveis em uma balada.

Yan fitou as bebidas e os respectivos preços, arqueando a sobrancelha.

— Nem tudo aqui é tão acessível assim.

— Considerando que a maioria das baladas cobra dezesseis reais por uma garrafinha de Skol Beats, tudo aqui pra mim tá barato — replicou, fazendo seu pedido para o barman e abrindo a carteira para pagar. — Bom, o ingresso dessa festa foi mais caro do que a maioria, porém menos do que eu esperava para um evento desse tipo. Isso tudo é novidade para mim.

Yan não respondeu; em vez disso, resolveu pedir justamente por uma garrafa de Skol Beats e batucar os dedos no balcão enquanto esperava. Diferentemente de Sara, era quase um hábito frequentar esse tipo de lugar — claro, quando seu dinheiro permitia —, e quando leu sobre a proposta da Match, mal se importou com o preço ser talvez alto demais para algo que ele normalmente não pagaria. Não pensou duas vezes antes de chamar a amiga para acompanhá-lo — afinal, que pessoa melhor ele encontraria para isso? Sara podia não ser uma grande fã de baladas, mas quando ela decidia que iria curtir, era a mais animada da festa.

— Talvez os organizadores estejam mais preocupados com a satisfação das pessoas do que com o dinheiro. — Yan opinou após algum tempo, quando ambos já tinham suas bebidas em mãos.

— Quem se preocupa com algo além de dinheiro hoje em dia?

Yan deu de ombros.

— Algumas pessoas que não sejam capricornianas como você.

Sara deu-lhe uma cotovelada, mas tinha um sorriso nos lábios.

Touché — respondeu, tomando um gole de sua bebida, e alargando o sorriso ainda mais quando determinada música começou a tocar. — Ai meu Deus, Yan! Essa é a nossa música! Vamos!

Se jogaram juntos na pista de dança.

 

————— — — —————

 

— Heineken.

O barman colocou agilmente uma long-neck verde sobre o balcão, diante dos olhos de Victoria. A garota meneou a cabeça em agradecimento e deixou o bar, perdendo-se na pista de dança.

As luzes caóticas piscavam ao seu redor, iluminando a marca que havia sido colocada em seu braço, cerca de cinco centímetros abaixo do ombro. Em roxo, era o desenho de duas flechas simples, cruzadas dentro de um círculo. Havia sido necessário somente alguns segundos para que Vic decorasse o símbolo e agora caminhava entre as pessoas, deixando que o corpo acompanhasse o ritmo da música e saboreando a cerveja que tinha em mãos. Estava sim interessada em encontrar seu match, mas não queria fazer daquilo uma obsessão, afinal de contas, ainda queria curtir bastante aquela festa.

— Ei, gata. — a certo momento ela sentiu um puxão no braço, mas o rapaz responsável por ele tinha um triângulo carimbado na bochecha e ela revirou os olhos.

— Hoje não. — respondeu simplesmente e afastou-se, esbarrando em uma pessoa de cabelos azuis no caminho. — Opa, foi mal.

O rapaz tinha o rosto pintado por tinta neon, formando um padrão bonito de pontos coloridos ao redor dos olhos. Abriu um sorriso largo, sem deixar de dançar em nenhum segundo.

— Relaxa, maravilhosa. — gritou e se virou, voltando a dançar com alguém que Vic ignorou, sem deixar de rir um pouco com a atitude dele.

Estaria mentindo se dissesse que não queria beijar alguma boca naquela noite, mas também não se incomodaria se seu match fosse um garoto como aquele. Sinceramente, também adoraria dançar um pouco e curtir aquela festa com alguém mais divertido que a amiga mal humorada que a havia convidado.

— É você? — uma voz vinda do nada surgiu atrás dela a certo ponto, dando-lhe um susto devido ao volume.

— Como? — ela indagou, virando-se e dando de cara com um rapaz sorridente, cuja pele era negra como a dela e os cabelos, cacheados e cortados em um undercut. Ele apontou a própria marca, um X laranja circulado. Realmente era semelhante à dela, mas não igual. Ela fez que não com a cabeça.

— Merda! — o rapaz exclamou, rindo e arrumando a franja que lhe caía no rosto. Era visivelmente gay e parecia ser alguém legal. — Sou Lucas! — ele completou, apresentando-se.

Ela sorriu.

— Vic! — gritou simplesmente. — Vamos dançar! — sugeriu então, bebendo um gole da cerveja e recebendo uma resposta positiva. Sorriu e ergueu os braços, acompanhando o ritmo da música e os movimentos do rapaz próximo de si.

Logo, a música mudou e os dois começaram um twerk muito bem feito. Vic sempre gostara de dançar e, aparentemente, Lucas também. E, por mais masculina que a garota parecesse, com os cabelos crespos quase raspados, top, camiseta e jeans, ela rebolava muito bem.

— Ali! — ela gritou a certo momento, erguendo-se de uma vez e chamando a atenção do rapaz.

— O quê? Quem?

Vic franziu a testa, coçando a nuca. Em uma fração de segundo, teve a impressão de ter visto, de relance, duas flechas cruzadas, roxas como as dela.

— Eu acho que... vi meu match?! — murmurou, baixo demais para se sobrepor à música.

— Como?! — Lucas indagou.

— Meu match! — Vic gritou simplesmente e tentou abrir caminho pela pista de dança, perseguindo o local onde vira o símbolo, segundos antes.

No caminho, esbarrou em alguém, sentindo alguma bebida respingar nas costas de sua camiseta.

— Porra, olha por onde anda! — ouviu ao longe e fez um ótimo trabalho ignorando a voz.

No entanto, logo percebeu que não seria tão fácil assim de encontrar. Parou.

— Achou?! — Lucas indagou, parando atrás dela. Ela fez que não com a cabeça.

— Vamos dançar! — completou. Talvez fosse melhor continuar rebolando.


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Notas finais do capítulo

Então, por hoje é só, viu?
Nem eu nem a Dark Angel somos as loucas dos reviews, mas adoraríamos um feedback legal.
Bom, por enquanto é isso. Até o próximo capítulo ♥