Foclore Oculto. escrita por Júlia Riber


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

_Qual foi a ultima vez que postou?
—Já fazem 84 anos...
Gente perdão mesmo pela demora, motivo: problemas pessoais (como sempre). Mas para recompensar vou postar dois capítulos de uma vez (aeeee)



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Amordaçada com um pano sujo, braços presos pelas correntes com quais costumavam-se prender os escravos, sentada e amarrada a cadeira, a moça de cabelos longos e loiros estava em silêncio amedrontado no centro daquela sala bagunçada com móveis antigos jogados pelos cantos.

Ela não o via, mas sentia a presença de seu sequestrador que a observava logo atrás com olhar sanguinário; Ele era um jovem negro, magro e de cabelo raspado, usando trapos como roupa. Ele era Cícero Akilah, sete anos mais jovem e conhecido por outro nome, Saci.

 Saci levantou o machado que empunhava e respirou fundo para tomar coragem, a moça tentou falar, mas a mordaça não lhe permitiu, o que fez seus olhos azuis lacrimejarem ainda mais.

Ao ouvi-la choramingar Saci se aproximou em passos lentos com o olhar fixado nos cabelos loiros de sua vitima.

— Tu me enganaste, Carlota — disse o antigo Saci com um sotaque que misturava o português com o Tupi, algo que era comum no século XVIII. — Não lhe serve de nada agora chorar, vosmecê pediu por isso.

Carlota tentou murmurar prováveis desculpas, mas Saci as ignorou, já estava cansado de ser bonzinho em um mundo onde todos lhe  tratavam com desprezo e ódio por algo que ele sequer escolheu, nascer negro.

Ao se direcionar a frente de sua vítima, Saci voltou o olhar para o machado, pois tinha medo de fitar o rosto da garota que um dia amou e fraquejar em mata-la. Ele caminhou ao lado da refém e quando ficou a frente dela, segurou o machado com mais firmeza e enfim lhe dirigiu os olhos. Porém, em um sobressalto Saci notou que quem estava a sua frente já não era mais Carlota, não tinha olhos azuis nem cabelo cor de ouro, e sim, olhos negros e cabelos ruivos. A Moça amordaçada e presa era Núbia, que o fitava com medo. O Saci, no entanto ergueu o machado e o empunhou com força, em seguida viu-se sague, uma cabeça com olhar triste rolar pelo chão de madeira e escuridão... Cissa acordou em um sobressalto.

Ele estava soado, ofegante e cansado. Já havia dois dias que não dormia e quando enfim tirou um cochilo teve um pesadelo como aquele! Ele fechou os punhos e tentou respirar com calma, mas sentia seus batimentos cardíacos acelerados e todo seu corpo tremendo em desespero. Em sua mente a imagem do machado passando pelo pescoço de Núbia persistia, o que o fazia sentir vontade de cortar a própria cabeça.

Ele queria dizer a si mesmo que jamais faria aquilo, mas era impossível não se lembrar que foi exatamente daquela forma ele matara Carlota. Decepando a cabeça.

Cissa olhou para cima em desespero pedindo força a seus orixás, depois se levantou, ascendeu as luzes e foi até o espelho encarar a si mesmo. Notou que estava bem diferente do seu eu no sonho, mais forte, mais velho, mais humano, porém no fundo ele sabia que aquele garoto escravo ainda morava ali dentro, e o demônio Saci também.

Cissa negou com a cabeça, mas de relance notou que seu reflexo não fez o mesmo. Ele olhou para o espelho com estranheza e seu reflexo sorriu maldoso.

— Axé — disse Cissa se afastando do espelho, mas seu reflexo tinha vida própria e prosseguiu imóvel lhe encarando.

— Está com medo de matar a menina? — disse o reflexo de Cissa.

Cissa ainda com os olhos arregalados somente murmurou para si mesmo:

— Isso é mais um sonho, mais um pesadelo.

— Sua vida é um pesadelo. Mas ela é um sonho — o reflexo sorriu daquela forma sapeca que era costumeira de Cissa. — É claro que eu estranhei de inicio sua afeição por uma Cabrall, mas agora até sinto falta da garota.

Cissa franziu os olhos entendendo que aquele não era seu reflexo, era seu outro eu.

— Saci — rosnou Cissa —. Sai da minha cabeça, fica calado, saia da minha cabeça agora!

— Eu posso ficar calado, mas sempre vou estar aí — disse o reflexo apontando para a própria testa.

— Você não vai me convencer a fazer algo de mal para Núbia, pode falar o quanto quiser, eu não vou matar ninguém!

­— Matar? Quem falou em matar? Não! Por que eu mataria aquela gracinha.

Cissa franziu os olhos, pois enfim estava compreendendo Saci e não gostando nada daquilo.

— Se você ficou na minha cabeça esse tempo todo...

— Eu vivi tudo que você viveu com Núbia Cabrall — completou o reflexo com um sorriso malicioso. — Eu entendo sua paixão por ela, entendo de verdade amigo, mas se ela nos trair, teremos que fazer o mesmo que fizemos com Carlota é o único jeito. Corte a cabeça dela, Cissa, ela prefere ficar do lado de Edgar, ela não te entende, ela tem nojo de você, não confia em você mesmo depois de tudo que fez por ela. Corte a cabeça dela Cícero!

Cissa rosnou e avançou até o espelho.

— Cala a boca! — berrou ele quebrando o espelho em um soco.

Logo Cícero despertava novamente em sua cama, e passou longos minutos tentando controlar os batimentos cardíacos, quando conseguiu enfim respirar fundo ele foi ao banheiro, lavou o rosto e ficou um longo tempo fazendo caretas e gestos de frente ao espelho para se certificar que seu reflexo não ganharia vida própria, logo concluiu que realmente estava acordado, felizmente, porém isso não significava que o que tivera era somente um pesadelo irrelevante.

Desde que Tereza ajudou a selar ainda mais o Saci, fazendo-o se calar, o demônio só conseguia se comunicar com Cissa pelos sonhos, então aquele pesadelo poderia ser sim um grande perigo. Se o Saci realmente estivesse vidrado em Núbia, como já esteve por Carlota, uma grande tragédia poderia acontecer.

Aquilo tudo era de mais para cabeça de Cícero, todos os seus maiores medos estavam batendo em sua porta de uma só vez, o Saci voltara a atormenta-lo e estava colocando em risco a vida de quem ele amava. E apesar de todas as peculiaridades, Cissa, quando se encontrava enrascado e sem saber o que fazer recorria ao que todos recorrem, a mãe.

Ele pegou o celular e foi até o Contato de Tereza, queria ligar e ouvir a voz de sua mãe adotiva, porém decidiu enviar somente uma mensagem já que eram duas da madrugada ainda.

Sem sono algum e medo de dormir, Cissa foi até a estante da sala e pegou alguns livros de magia e feitiços para ler, enquanto fumava o cachimbo que há muito ele sequer tocava, somente deixava guardado no fundo do guarda roupa. Ele sabia que aquilo não era um bom sinal, pois quem gostava de fumar era o Saci, então se Cissa sentiu tal necessidade era porque o Saci estava pedindo. Seja como for, ele precisava relaxar então só daquela vez ele fez a vontade de seu demônio interior.

Cissa, deitado no sofá, deu uma tragada forte no cachimbo e soltou a fumaça na janela logo ao lado. Depois virou uma página do livro e antes que desse mais uma tragada ouviu algo vibrando próximo, a um metro de distancia, então fitou em cima da mesa a tela de seu celular brilhar, celular este que Cícero quase nunca usava. Ele devia ser único rapaz de 22 anos em pleno século XXI que não gostava de tecnologia.

Mesmo sem vontade, Cissa deixou o livro no sofá e caminhou até o celular. Viu na tela em letras grandes “Mãinha”, o que o fez expressar surpresa. Ele tossiu e pigarreou para sua voz não deixar tão claro que ele estava fumando, e, só então atendeu.

— Oi Mãinha, ligando de madrugada, que linda. Tudo bem?

— O que tu acha? — disse ela em sua voz firme e o sotaque baiano — Oxente menino, tu me manda uma mensagem como aquela e quer que eu fique bem? Que eu volte a dormir?

Cissa deu uma risadinha.

— Calma mãe! Eu só te disse que tem um demônio querendo me levar para o mal caminho e perguntei como se amaldiçoa um objeto, nada de mais — ironizou ele.

— Saci de novo — Supôs Tereza agora mais preocupada.

— Saci sempre, ne. Sonhei com ele, mas tenho medo de não ter sido só um sonho.

— O que ele te disse?

— Acho que... Ele está meio vidrado em Núbia e agora que ela me largou quem tá se sentindo traído é ele, sei lá. O que interessa é que o Saci quer que eu a mate. E mãe, eu preciso protegê-la de todas as formas possíveis, só que para isso quero fazer umas bruxarias básicas e é ai que você entra.

— O que tu tá aprontando? — questionou ela naquela costumeira voz de mãe dando bronca.

— Nada! É só... Uma ideia ai que eu tive.

— Odeio suas ideias — resmungou.

— É, eu sei.

 — Você me disse que voltaria para casa, meu filho — lembrou Tereza e lamento — disse que ia desistir de destruir o maldito capuz, porque mudou de ideia?

— Não vou desistir da Núbia — respondeu Cissa simplesmente.

Ele pode ouvir o suspiro de Tereza do outro lado da linha, o que lhe deu uma pontada no peito. Cissa pensou em dizer algo que a consolasse, mas ela falou antes:

— E Será que a Núbia também não desistiria de você?

— É o que irei descobrir, mãinha, mas por enquanto, preciso me preparar para tudo.

— Pare de me preocupar, Cícero!

— Precisa rodar a baiana não, tá bom? — brincou Cissa.

— Idiota — respondeu Tereza simplesmente.

Cissa riu e respirou fundo.

— Ficarei bem, prometo, mas preciso da sua ajuda, mãe. Preciso muito.

Houve um longo silencio ponderado do outra lado da linha.

— Eu... Vou te ajudar, meu filho.

...

Noite acordou a casa inteira piando e falando as poucas palavras que sabia enquanto voava pelo corredor do andar de cima.

— Sangue, oi, bah tche, morte, lá, Iara, bem, olá, batata... — dizia Noite.

O primeiro a abrir a porta foi Edgar, isto porque ele já estava acordado e esperando o sinal.

— Você conseguiu?

Noite jogou para Edgar o jornal que levava nas garras e Edgar sorriu.

— Está virando um ladrão profissional, Noite — admirou Edgar e o corvo pareceu gostar, pousou em seu ombro como se quisesse ver o jornal também.

Logo Iara abriu a porta do quarto de hospedes.

— O que deu nesse corvo?

— Noite trouxe o jornal como pedi a ele pela manhã — explicou Edgar olhando o corvo com orgulho —. E tem quem prefira cachorros...

Iara sorriu fixando olhar no jornal.

— Ótimo! —. Ela pegou o jornal da mão de Edgar o que o deixou com cara emburrada, porém ela não ligou, somente analisou a primeira página e sorriu.

— Aqui Edgar! Escute o titulo: “As falcatruas de Jorge Montes e seus cumprisses” E olha a frasinha que vem depois...

— Subtítulo — corrigiu Edgar.

— Tanto faz! Olha: ”Por que nossas cidades não crescem, mas as posses de nossos prefeitos sim? Enfim temos a reposta, corrupção”.

Edgar sorriu torto e bateu o cajado no chão em comemoração, já Iara deu pulinhos de felicidades enquanto gritava:

— Isso, isso! Jorge ta ferrado! Ahhhhhhh. Eu sou incrível!

Edgar levantou uma sobrancelha, mas não disse nada, estava acostumado com o jeito hiperativo de Iara.

Logo Núbia saiu de seu quarto, descabelada e com cara de sono.

— Que barulheira é essa? — resmungou ela.

Iara imediatamente correu até Núbia e mostrou-lhe o jornal.

— A gente conseguiu, mocinha. Jorge está destruído!

Ela riu de forma maléfica, já Núbia tentou abrir um sorrisinho só para não desaponta-los, mas realmente não tinha Jorge como sua maior preocupação.

Logo os três desceram para o café da manhã e comentaram mais sobre a notícia do jornal, que aliás, parara de falar sobre os Cabrall, resumindo, as coisas estavam indo exatamente como planejaram.

— Joaquim deu um jeito de usar todas as provas que entreguei a ele sobre os crimes de Jorge de uma forma bem explicativa e direta — disse Iara ainda lendo o jornal. — O povo vai ler isso aqui e se voltar contra o prefeito no mesmo instante.

— Isso é ótimo — comentou Edgar sentado no seu lugar, ao centro da mesa. Ele bebeu alguns goles de café e Noite que estava em seu ombro puxou com o bico o cabelo do dono. — Noite! — repreendeu Edgar e o corvo apontou com a cabeça para a cesta com pães franceses, colocada no centro da mesa.

Edgar revirou os olhos, mas pegou um dos pães e começou a dar pedacinhos deste para o corvo.

— Tu tem que aprender a pedir comida de outra forma que não seja puxando meu cabelo — resmungou Edgar enquanto alimentava a ave e Núbia, que estava sentada ao lado esquerdo dele, riu.

— Você o ensinou a roubar, mas não ensinou a pedir comida? — perguntou ela em tom provocativo.

— Eu ensinei os dois, mas Noite só aprende o quer aprender.

— Teimoso igual ao dono — murmurou Iara ainda lendo o jornal.

Edgar a encarou e Núbia voltou a rir. Iara no entanto ignorou ambos e continuou a comentar sobre as reportagens de Joaquim.

— Sabe, quando fui visitar esse jornalista ele parecia furioso por Fim do Mundo só dar notícias sobrenaturais para seu jornal, mas mesmo assim continua escrevendo-as, acho que é porque o povo gosta.

— Faz sentido, eu só assistia o jornal quando falava sobre notícias paranormais — lembrou Núbia enquanto comia seu segundo pão com manteiga. — Hoje em dia, depois de tudo que vi, acho que eu não veria tanta graça.

— Entendo plenamente — disse Edgar junto a uma risada rouca. Ele então voltou-se para Iara — Mas porque diz isso? Há alguma notícia relacionada no jornal?

Iara assentiu e colocou o jornal na mesa.

— Sim, duas. A primeira não é surpresa. Fazendeiros que vivem entre Fim do Mundo e Matagal dizem ter avistado várias vezes o Curupira. Alguns se sentem perseguidos por ele.

— Nossa cozinheira deve saber muito bem como esses fazendeiros se sentem — comentou Edgar com um sorriso sádico o que fez Iara gargalhar.

— Você é maldoso, Edgar — acusou ela entendendo muito bem a referencia.

Núbia por sua vez levantou uma sobrancelha.

— Vocês sabem sobre o lance da Ângela com o Curupira? — ­ perguntou a garota um tanto surpresa

— Óbvio — respondeu Edgar.

— Quem não sabe — debochou Iara. — Mas então, a segunda noticia achei mais interessante. Alguns turistas que visitaram a vila Cantinho disseram ter visto uma espécie de zumbi na rodovia próxima. Era um homem seco, sem pedaços do corpo que se arrastava pelo asfalto. Corpo seco?

— Bate com a descrição, mas ele é do sudeste, por que viria para o Sul?  — disse Edgar descrente.

— Eu sou do norte e daí? — disse Iara dando de ombros. — Já faz um tempinho que as criaturas sobrenaturais não respeitam mais suas regiões, querido. Hoje em dia a gente vai para onde estivermos seguros, sem perigo de alguém gravar vídeos nossos para jogar no Youtube.

Edgar assentiu lentamente, considerando a ideia, já Núbia segurou para não rir do ultimo comentário, pois Iara parecia achar ter um vídeo dela ou de outra criatura jogada na internet, algo realmente sério.

— Portanto que ele não esteja aqui por nossa causa, está ótimo — concluiu ele e Iara assentiu.

Núbia já tinha ouvido falar sobre o corpo seco, leu sobre ele num dos livros de folclore que estudou nos últimos dias. Corpo seco era um homem tão ruim que após morrer nem o céu nem o inferno lhe aceitaram, então ele saiu do tumulo e até hoje vaga por ai caindo aos pedaços, resumindo, era o zumbi brasileiro, nada mais que isso, porém definitivamente Núbia não gostaria de cruzar com ele.

— Será que corpo seco não apresenta perigo para população da região? — questionou Núbia.

Edgar deu de ombros com indiferença, já Iara fitou a garota com um sorrisinho sábio.

— Quem sabe... Mas aí não é problema nosso, queridinha.

Núbia suspirou tentando relevar a maldade de seus tutores e voltou a comer.

Após o café Núbia subiu novamente ao quarto para vestir algo mais adequada para passar o dia e ao abrir o guarda roupa se deparou de novo com a camisa de Cissa. Ao pega-la sentiu vontade rasga-la e ao mesmo tempo, de abraça-la. Ela suspirou e foi até a cama, deitou-se e ficou observando a camisa, tentando decidir como se livrar daquela lembrança de Cissa.

Porém, ao invés disso, só conseguia lembrar-se dos lábios dele passando-lhe pelo pescoço, dos beijos, do corpo a corpo. Núbia tentou tirar esse pensamento da cabeça e logo se recordava dos treinos, das escaladas em árvores, das conversas aleatórias, das cócegas e até mesmo das vezes em que lutaram juntos.

Cissa a resgatara de Ângela quando tal ficara maluca e Núbia salvou Cissa da mula sem cabeça. Cissa também a resgatara do boto, lutou com ele, será mesmo que ele teria se arriscado tanto só pelo medo de seu plano dar errado? Logo Núbia lembrou-se de algo a mais. Após Curupira leva-la para longe do boto cor-de-rosa, Cissa ficou sozinho com aquela criatura que apesar de ridícula tinha certo poder. Núbia pensou que Cissa não teria chance com um cara que controlava água, porém ele o derrotou. Agora Núbia lembrava-se das explosões que vinham da cachoeira, do vento forte, do tornado...

— Redemoinho — murmurou Núbia para si mesma —. Edgar disse que no trato que fizeram o Saci só poderia usar seu poder uma vez... Cissa guardou esse poder por todos esses anos, poderia lutar contra Edgar com ele, mas o usou para me salvar.

Núbia então lembrou que Cissa afirmou só continuar o plano porque Curupira o obrigou ameaçando sua mãe Tereza. Aquilo sem dúvida era um forte motivo, Núbia, por exemplo daria tudo por sua tia então compreendia plenamente a aflição de Cícero, ainda sim, Cissa cogitou em fugir com Núbia, o que significava que ele definitivamente não queria prosseguir o plano, na verdade, quando pediu a Núbia para roubar o capuz, pareceu sofrer profundamente com isso.

Todos aqueles pensamentos fizeram Núbia concluir que Cissa realmente gostava dela, entretanto aquilo não mudava os atos que ele já havia cometido antes, Cissa não era a pessoa que Núbia achava ser e aquilo ainda a feria muito.

Logo, como uma mensagem, Núbia ouviu uma batida emitida pela janela, depois outra e dessa vez ela pode ver que era uma pedra a responsável pelo som. A garota se levantou e foi devagar até a janela abrindo-a, em seguida viu mais uma pedra voando em sua direção, mas conseguiu desviar curvando corpo para o lado.

— Hey, quem é o filho da...

— Desculpa — disse alguém lá baixo, Núbia imediatamente se debruçou na janela notando Cissa a alguns metros, sem poder se aproximar muito do casarão Cissa teve que ser bem habilidoso e forte para jogar aquelas pedras.

Núbia o olhou feio e ele simplesmente lhe sorriu cínico, só então ela notou que ainda segurava a camisa dele e imediatamente a jogou para trás, no chão do quarto antes que Cissa notasse a peça de roupa.

Com os lábios, mas sem som Núbia disse: “O que faz aqui? Sai.”

Cissa negou com a cabeça e fez sinal com o dedo para que ela se aproximasse. Núbia, no entanto, também negou com a cabeça, Cissa por sua vez, expressou um biquinho e juntou as mãos em clemencia, o que somente fez Núbia revirar os olhos. Cícero então formou um coração com as mãos e Núbia lhe mostrou o dedo do meio como resposta o que fez o rapaz cair na gargalhada.

— Ela é tão doce — murmurou Cissa para si mesmo. Ele então voltou-se para Núbia e disse com os lábios. “Vem, por favor.”

Núbia respirou fundo, nervosa, mas não resistiu, ela fechou a janela e trocou de roupa rapidamente, depois saiu do quarto se certificando que Edgar e iara estavam longe. Quando a janela do quarto de Núbia se fechou, respectivamente Cissa entristeceu pensando que ela havia dado um bom fora nele, no entanto o rapaz prosseguiu ali mais alguns segundos com esperança e logo viu Núbia abrindo a porta do casarão o que esboçou nele um amplo sorriso. Ela saiu marchando até Cissa, o pegou pela manga da camiseta branca que usava e começou a puxa-lo para o bosque.

— Que bom que você aceitou falar comigo, menina — disse ele todo feliz.

— Cala a boca e vem, antes que Edgar te veja.

Cissa nem ligou para grosseria de Núbia, primeiro porque sabia que ela tinha motivos para estar assim, segundo por que ele esperava reverter aquele comportamento, logo.


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