Bangtan Boys - Park Jimin

Overcome

Capítulo 1 - Recomeço

"E se você ainda estiver sangrando, você é um dos sortudos
Porque a maioria dos nossos sentimentos, estão mortos e acabados"
Daughter

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Kim Eunji, Coréia do Sul

[08:37 AM]

O avião estava prestes a pousar.

Todos os passageiros estavam acomodados em seus devidos lugares se entretendo esperando a aterrissagem, diferente deles eu, Kim EunJi, olhava para a janela com os olhos lacrimejando, não querendo derrubar lágrimas em público. Era apenas mais uma adolescente viajando sozinha para encontrar sua “família”. Meu olhar recaía constantemente a tela de bloqueio de meu celular, era uma foto de mim abraçada com meu namorado, Harry e minhas duas melhores amigas: Danna e Lizzie. Nós quatro estávamos felizes na foto e sorriamos com jovialidade, agora meu motivo de sorrir estava do outro lado do mundo. Principalmente quando um de meus amigos tinha sumido sem aviso prévio.

Meu coração doía ao lembrar-se das palavras de Harry. “Eu sei que está sendo difícil para você, mas várias outras pessoas passaram por isso e superaram, seguiram suas vidas.”, não era esse conselho que eu queria ouvir, talvez se ele não tivesse aberto a boca para falar teria sido bem melhor afinal não eram os pais dele que estavam separados. “Quanto ao nosso relacionamento, veja bem, não vejo sentido em continuarmos estando a milhares de milhas de distância. Mas sei que poderemos continuar como bons amigos!” Um abraço rápido e um sorriso forçado foi sua despedida, deixando-me sozinha na porta da escola prestes a desmoronar.

Como se não pudesse piorar, eu me lembrava claramente da última vez que falei com minha melhor amiga. “Estou ocupada demais para conversar agora.” ela digitou após visualizar a mensagem, “Tenho uma festa para ir, mais tarde conversamos!”. Danna me ignorava enquanto Lizzie estava desaparecida, e mesmo assim ninguém parecia se importar comigo. Isso fazia com que me sentisse ignorada por meu namorado e minha melhor amiga, era como se eu sequer fizesse diferença ao lado deles, ambos não estavam me levando a sério.

Meu pai acariciou sua cabeça quando me deu a notícia e viu os meus olhos tristes brilharem prestes a se derramar em lágrimas, tentou me explicar que um dia isto iria acontecer e que era completamente natural, mamãe estava apenas tentando ser feliz novamente. Não entendia como os dois conseguiram seguir em frente de forma tão normal e madura, enquanto eu não tinha sequer digerido a informação. Já haviam se passado dois anos que os dois se separaram, só não esperava ter a notícia de que minha mãe iria se casar novamente. Por conta da agenda lotada de meu pai, eu acabaria morando com omma até terminar a escola junto de sua nova família.

Estar em um avião indo para a Coréia do Sul era a última coisa que eu queria no momento, suspirei tentando convencer a si mesma de que aquilo certamente me faria bem, talvez um recomeço fosse o que eu estivesse precisando no momento. Olhei para a tela do celular novamente, se meus amigos se acostumaram tão fácil com a minha ida, por quê não fazer o mesmo? Mudei minha foto de fundo, agora era uma foto de mim abraçada com meu pai no Central Park, não queria me torturar lembrando deles toda vez que desbloqueasse o celular. Abri um livro e comecei a ler, procurando despistar pensamentos que pudessem me deixar nervosa e acabei por cochilar.

Não demorou muito para que o avião aterrisasse em Seul, depois de finalmente ter me organizado e conseguido encontrar a minha enorme mala,me direcionei para a sala de espera. Respirei fundo, meu nome agora era Jung EunJi. Era um choque muito grande para  poder lidar de uma vez só. De longe viu minha omma  com um sorriso aliviado ao encontrar-me, ela era basicamente igual a mim em questão de aparência. Tinha os cabelos lisos castanhos e olhos negros, um sorriso amável e um olhar sonhador.

— Omma — choraminguei abraçando-a forte, não tinha me dado conta do quanto tinha sentido falta de sua risada contagiante e bom humor. Naquele momento eu não me importava de estar chateada por ela ter outra família com outro homem, apenas sentia-me em casa por estar em seus braços.

Várias pessoas entravam e saíam do aeroporto com pressa, dentre elas, uma garota baixinha de cabelos cor de fogo. Fechei os olhos fingindo não vê-la, talvez fosse apenas a minha imaginação carente me pregando uma peça.

— Seja bem vinda anjo. — minha omma acariciou os meus cabelos com um olhar acolhedor, até que alguém se pronunciasse.

— Até que ela se parece com você hyung.

Eu me soltei do abraço de minha mãe, me deparando com dois adolescentes de minha idade. Um deles era sorridente e o outro tinha um sorriso quadrado.

— Olá, eu sou o Hoseok, seu irmão. — o garoto sorridente acenou timidamente.

Irmão.

Eu lembrava-me de ouvir que o marido de minha mãe tinha um filho também, só não esperava que o garoto fosse da minha idade e nos dois fossemos conviver juntos. Apesar do choque consegui sorrir, algo no meu meio-irmão conseguiu fazer com que eu risse.

— Olá — acenei o cumprimentando — sou Jung EunJi. — pronunciei o novo sobrenome com alguma dificuldade, contudo percebi que tanto omma quanto ele sorriram aliviados.

— Este é Kim TaeHyung, um amigo meu. — ele cutucou o garoto que me cumprimentou curioso. — Aliás, pode me chamar de J-Hope.

 Franzi a testa olhando para minha mãe que tentou conter um sorriso.

— Porque eu serei sua esperança. — disse fazendo um aegyo, roubando algumas risadas de todos ali,e  principalmente de mim que até então estava receosa e acatada agora já me sentia mais à solta.

— Hobi, não faça com que ela passe vergonha em público. — TaeHyung provocou enquanto nós quatro se dirigiamos para a saída rindo.

Park Jimin, Cheongwa

[23:57 PM]

Seus fones de ouvido estavam no volume máximo, e mesmo assim conseguia ouvir seus pais discutindo baixinho no cômodo ao lado. Cerrou os punhos forçando-se em fazer seu dever de física, embora a sua irritação não colaborasse com o seu raciocínio.

— Ele nunca entende! — ouviu a exclamação de sua mãe, fechou seus olhos não querendo ouvir aquela discussão pela milésima vez.

Os fios ruivos atrapalhavam sua vista, tentava ao máximo focar no que lia, mas as fórmulas no livro não pareciam fazer sentido algum. Estava cansado com os olhos pesando, uma xícara de café pela metade estava ao seu lado, não podia simplesmente dormir então bebeu todo o líquido em um gole só. Queria afundar-se em sua cama e mergulhar no conforto do mundo dos sonhos, esquecer sobre provas que definiriam seu futuro e no que os seus pais queriam ou não. O som da discussão estava cada vez mais alto, e a força que ele fazia para apertar a caneta em sua mão começava a machuca-lo.

Aquela era mais uma típica noite de Park Jimin.

O garoto ficaria acordado até altas horas digerindo o discurso de seus pais no jantar sobre faculdades, depois os ouviria falando sobre o como seu hyung desapontara seus pais, se trancaria em seu quarto e estudaria ouvindo típicas discussões de sempre. Isto quando não falavam sobre sua irmã mais velha, aquilo apenas alimentava sua raiva dos pais.

Depois de bufar por conta do presente cansaço, Jimin tirou seu óculos ajeitando a armação, colocando-o na cabeceira de cama. Assim que sentiu seu celular vibrar resolveu ver quem tinha lhe mandado mensagem.

Oh Moonsuk “Podemos conversar? Gostaria de me desculpar.”

Fechou os olhos por um momento, tentando processar o por quê justamente ela lhe mandaria mensagens no meio da noite. Não, ela não queria pedir desculpas. Park Jimin não queria suas desculpas. Bocejou, estava cansado demais para pensar nela, estudos ou em sua família. Tratou de desligar as luzes de seu quarto, afundando-se em sua cama, procurando por algumas horas, fugir de sua realidade.

Kim Eunji, Cheongwa

[10:03 AM]

Para mim já era habitual ser a garota nova de uma escola, já estava acostumada em ser olhada de cima abaixo com curiosidade ou de ser simplesmente ignorada. Como meu pai era um policial e sempre estava investigando algum caso importante, sempre acabavamos nos mudando de uma cidade para outra. Prometi a si mesma que sobreviveria à aquele dia com um sorriso em seu rosto, e só choraria a noite em meu quarto onde ninguém pudesse me ver. Aparentemente eu demonstrava estar normal e equilibrada, por dentro apenas queria ficar sozinha e refletir sobre a bagunça de sentimentos pela qual eu passava.

— Prazer, — um garoto alto lhe chamou me atenção — sou o Representante de Turma, Kim NamJoon.

Eu curvei a cabeça respeitosamente, ainda tentando me habituar com a diferença gritante de tratamento entre os asiáticos e americanos.

— Ki… — senti o sangue lhe subir ao rosto quando percebi que estava prestes a falar o seu “ex” sobrenome, sempre procurava usar o sobrenome dos Jung já que estava morando debaixo do teto deles, embora meu sobrenome real fosse Kim. Sentia como se eu devesse aquilo a eles — Jung EunJi. — sorri torto.

— Espero que seja recebida calorosamente pelos outros alunos, — o garoto puxou a alça de sua mochila enquanto falava — qualquer problema, por favor, me contate imediatamente.

— Obrigada. — disse formal com um sorriso envergonhado enquanto procurava meu irmão na multidão de alunos. Não fazia a mínima ideia de como tinha perdido Hoseok de vista.

— Achei você! — fui surpreendida pelo mesmo no meio do corredor.

— Pensei que estivesse perdida, tome mais cuidado da próxima vez, francamente…

NamJoon olhou para Hoseok, que assim que terminou seu discurso fraternal notou o amigo a sua frente.

— Oh, hyung, essa é a minha nova irmã, ela não é fofa? — disse apertando as minhas bochechas rindo. Abraçou-me de forma protetora, procurando deixar mais do que claro que nenhum de seus amigos poderiam encostar em sua irmãzinha.

— Bom dia — ouvi uma voz melódica atrás de mim, deparando-me com um ruivo sorrindo timidamente — você é nova aqui?

— Jung EunJi, minha irmã. — Hobi apresentou-me antes que eu pudesse sequer processar, fazendo com que eu sorrisse amarelo para ele. Apesar do sorriso tímido do rapaz, havia algo de diferente em seu olhar.

— Oh, Park Jimin, — sorriu tímido — prazer em conhecê-la.

NamJoon pigarreou chamando a atenção dos demais.

— As aulas já vão começar, andem! — anunciou.

Insistindo que deveria agir como um bom irmão, Jung Hoseok resolveu me levar até a sala. O esforço dele para fazer com que eu se sentisse confortável era bem visível, embora eu já estivesse acostumada com primeiros dias de aula. O meu pai constantemente mudava-se de cidade por conta de seu trabalho, já tinha chegado a trocar de escola duas vezes em um ano só, minha escola anterior era a única escola escola qual eu tinha permanecido mais tempo que as demais.

A única coisa que jamais pensei que fosse lhe atrapalhar era o fuso, dez horas de diferença era muita coisa. Demoraria para me acostumar com o fato de que dez horas da manhã em minha antiga casa, seria oito horas da noite em minha nova casa. Era uma mudança grande em minha vida, mas teria de me adaptar com o tempo. Contentei-me com o fato de Hoseok ser um meio irmão agradável e carinhoso, embora eu não se sentisse pronta para sentir algum afeto por um completo estranho. Minha mãe tinha me mimado bastante nos últimos dias, levando-me para fazer compras ou me convidando para cozinharmos kimbap juntas. Meu padrasto, apesar de ser um homem de negócios sempre muito ocupado também demonstrou se esforçar para fazer com que eu me  sentisse em casa. Era como se soubessem de algo que não quisessem que eu soubesse, fazendo com que eles se sentissem culpados.

 Eu  tinha de admitir que desde o divórcio de meus pais, nunca tinha se sentido tão amada e familiarizada com algum lugar antes. Era difícil aceitar que agora os Jung eram a minha família, e que futuramente meu pai casaria-se com outra mulher e teria outra família, mas eu faria o possível para lidar com a situação.

A sala de aula era extremamente organizada com todas as carteiras alinhadas em fileiras, os alunos conversavam em um tom de voz baixo, todos devidamente uniformizados. Nada muito diferente de minha escola antiga, as pessoas conversando animadas sobre suas férias e rindo. Apenas uma única garota chamou a minha atenção, ela trajava o mesmo uniforme que todos os alunos, mas suas vestes eram mais sujas e amassadas. Os cabelos da menina estavam um pouco desfiados e ela olhava para frente silenciosa sem trocar uma palavra com ninguém, era quase como se ela não estivesse lá. Quis conversar com ela, mas antes que pudesse me mover o professor começou a aula fazendo-me voltar minha atenção à lousa.