Looks escrita por Bugaboo


Capítulo 7
Memórias


Notas iniciais do capítulo

Voltei gente! Desculpa a demora ❤
Boa leitura e espero que gostem!



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Tudo o que eu ouvia machucava por dentro. Eu não sabia o que fazer, apenas saí correndo e me deitei na cama, foi aí que meus olhos não aguentaram mesmo, as lágrimas escorriam por meu rosto. Doía muito.

Não demorou muito para que houvesse batidas na porta.

— Pode entrar. — Tentei disfarçar a voz.

Minha mãe abriu a porta, eu já não sabia mais como reagir. Ela parecia preocupada, ainda mais após me ver daquele jeito.

— O que aconteceu? — Foi sua primeira pergunta antes de se aproximar.

— Nada… — Tentei esconder meus sentimentos.

— Se fosse nada não estaria assim.

— E-eu ouvi.

— Ouviu o que, meu amor? — Ela passava a mão sobre meus fios de cabelo dourados, provavelmente para tentar me acalmar, mas isso não parecia funcionar.

— A conversa sua com o papai.

Acho que eu não deveria ter contado para ela, me senti muito mal por isso. Porém melhor agora do que guardar por um tempo.

— Eu não queria que fosse dessa forma.

— O que?

— A forma de como você soube da notícia.

— Então é verdade?

— Sim, meu amor. — Ela me abraçou. — Eu vou viajar daqui alguns dias para um lugar muito longe, mas eu quero que você fique aqui e cuide de seu pai por mim, tá? — Os olhos dela começaram a brilhar.

— Por que não posso ir com você?

— É uma viagem… diferente. Eu não sei quanto tempo vai durar.

— Mas você vai voltar, né?

— É claro. — Ela beijou minha testa.

O clima continuou triste e sombrio. A partir de agora, eu não sei mais o que fazer, falar, pensar ou viver.

 

***

Há alguns meses atrás:

 

O sol estava deixando o céu para dar início a noite, com maravilhosos tons de laranja sendo pintados por pintores que já nos deixaram. Era legal assistir tudo isso​ da janela de meu quarto.

Estava tudo normal, calmo. Isso continuou até de repente uma melodia doce começar a tocar e invadir meus ouvidos.

— O que é isso?

Saí andando seguindo o som, que ficava cada vez mais alta na direção de uma sala perto do quarto de meus pais. Se não me engano, deve ser do cantinho da mamãe.

Realmente eu estava certo. Minha mãe estava tocando o piano branquinho dela enquanto o sol invadia o lugar. Parecia um sonho. Aquela era a salinha onde ela ficava à vontade para fazer o que gostava de verdade.

— Adrien? — A melodia parou e ela me observava pelo canto dos olhos.

— Oi… Eu só estava te vendo tocar.

— Tudo bem. — Desta vez ela se virou para me ver, soltando um largo sorriso. — Quer tentar?

Me aproximei e sentei no colo dela. Essa seria a primeira vez que eu colocava meus dedos sob as teclas do instrumento. Minha ansiedade para começar logo foi tanta, que a primeira tentativa foi um desastre. O som executado pelo piano era tão ardido que com certeza não era igual o da minha mãe, que segurou meus braços para não continuar.

— Calma. Acompanha minhas mãos.

Coloquei minhas mãos em cima das dela e acompanhei cada toque suave e delicado de seus dedos no piano que criava a música novamente.

Não parecia ser difícil, acho que a única coisa necessária é a prática. Mas não era isso que importava agora, o importante era aproveitar o momento. Foi uma das melhores frases que minha mãe me ensinou, algo que vou guardar para sempre no meu coraçãozinho.

 

***

Já havia se passado uma semana após essa revelação surpresa, e mesmo assim acho que ainda estou chateado, afinal, foi uma surpresa mesmo.

O porta malas da limusine estava aberto, os funcionários ajudavam a colocar as coisas da minha mãe ali dentro, que não era muito na minha opinião, apenas duas malas, uma rosa e outra verde.

Enquanto ela se despedia de cada um, eu abraçava uma folha de papel que por mais simples que parecia, era especial. Por último, foi minha vez. Dei um abraço bem forte enquanto a mesma o retribuía. Eu não sabia mais o que fazer, dava para sentir a água saindo pelos meus olhos.

— Por favor, não chora. Não é assim que quero me lembrar de seus olhos maravilhosos. — Limpou minhas lágrimas.

— Não consigo…

— Eu sei que não. — Ela deu um sorriso. — Saiba que você é meu filho, meu para sempre. Não deixe ninguém mudar quem você é. — Encostou sua testa na minha.

— Fiz isso para você. — Entreguei o papel que eu estava sem querer amassando, na verdade era um desenho que eu havia feito: eu, ela e meu papai. Uma família feliz.

— É lindo. Irei colocar em um porta retrato. — Deu um último toque em meu cabelo. — Tchau, meu Docinho de Leite! — Beijou minha testa.

Ela foi se afastando e finalmente entrou no carro, e assim este saiu da sua área​ e foi embora para longe.

Agora eu não tinha mais o que fazer, minhas esperanças se foram junto com aquele carro. Apenas subi as escadas e me deitei na cama do meu quarto.

Por alguns minutos deixei meus olhos se fecharem e meus pensamentos escaparem para outros lugares, memórias. Cada momento, cada sensação, todos valeram a pena. Como quando fomos à praia, fiquei tão envolvido com a areia que um bichinho mordeu minha mão, enquanto meus pais riam dessa cena. Ahhh, doeu por uns cinco dias, mas não deixei de aproveitar. Posso sentir o cheirinho do mar e todas suas maravilhas sempre que…

— Adrikins! — Tive que abrir os olhos rapidamente, Chloé estava passando pela porta.

— Oi Chloé.

— O que você estava fazendo?

— Pensando…

— Ah, pensar é chato. Vamos fazer alguma coisa legal!

— Desculpa Chloé, não estou bem para brincar agora. — Abracei uma almofada que estava ali.

Ela se aproximou e se sentou ao meu lado. Por mais que eu quisesse ficar sozinho, não era uma má opção ter companhia.

— Eu fiquei sabendo do que aconteceu.

— Como?

— A mulher da porta ligou em casa e pediu para eu vir conversar com você.

Nossa… Será que avisou a Marinette também? Isso seria ótimo! Realmente seria bom que viesse me visitar.

— Obrigado por ter vindo.

— De nada. Agora você tem que esquecer e seguir em frente. Sei como é triste, mas você ainda tem uma maravilhosa e incrível amiga.

— Quem?

— Eu!

Nesse momento eu me segurei para não rir, parece que aquela não era a menina sorridente e sensível que eu conhecia, e sim uma que tentava deixar a imagem de sua mãe para trás e seguir os passos de seu pai.

— Se é assim, obrigado por ser minha amiga.

— Você não tem que agradecer, agradecer também é chato. Agora esqueça o passado e viva o presente, eu também já passei por isso e estou muito mais feliz agora. — Piscou para mim.

“Saiba que você é meu filho, meu para sempre. Não deixe ninguém mudar quem você é.”

Não, eu não posso ouvir o que ela diz! Minha mãe tinha razão, eu não posso deixar ninguém dizer o que mudar na minha vida.

— Desculpa, eu não posso continuar assim. — Desci da cama, recebendo um olhar confuso da menina.

— Onde você vai?

— Sorrir um pouco.

Saí andando. Pelo menos ela não veio atrás de mim. Lá estava eu na escada de novo, descendo pé por pé e entrando na salinha onde a Natalie estava sentada em sua mesa.

— Adrien? Do que precisa?

— O Gorila já chegou?

— Já. Porquê?

— Pede para ele me levar na casa da Mari, por favor?


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Notas finais do capítulo

Vamos passear na casa da Mari gente!
Tchau tia Amélie... Sentiremos saudades! ❤
E então? O que acharam? Alguma teoria? Me digam nos comentários!
Beijos da Super Bugaboo e até o próximo capítulo ❤



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