O despertar escrita por Tha


Capítulo 9
IX – E se?


Notas iniciais do capítulo

OPA, TUDO BOM?



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Mi.la.gre: sf. Ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais.

Antes

Clove trouxe a garrafa de vinho para a mesa ao lado de minha mãe, que trazia a travessa de enchiladas. O cheiro estava fazendo meu estômago roncar e fiquei aliviada por, finalmente, sentir outro tipo de fome.

Ainda estava com a cabeça no ombro de Jason quando ouvi a campainha. Ele logo foi atender a porta, tentando causar uma boa impressão, e o ar imediatamente pareceu mais gelado sem seu abraço.

Coloquei meu lado Bruxa em prática para esconder o cheiro que minha parte Caída exalava para os Nephilins. Com o tempo eu estava aprendendo esse modo de deixar todos as sensações da Tríplice em ordem dentro de mim. Acho que deu certo, já que abracei Peter sem mais complicações.

— Estava com saudades – Ele diz.

— Me desculpe, tem sido uma loucura.

— O jantar está pronto – Mamãe anunciou e quase suspirei de alívio ao me retirar da conversa.

— É, ele ainda não vai com a minha cara mesmo – Jason coloca o braço ao redor do meu ombro e sorrio, procurando o passador de cinto da sua calça jeans para enroscar o dedo.

— Eu posso ouvir – Peter arqueia as sobrancelhas.

— Droga.

Eu me lembro bem da última vez que comi comida mexicana. Estava no Enzo’s com meu pai, discutindo sobre como eu me sentia perdida e ele apenas me disse para perdoar as pessoas certas acima de tudo porque não sabiam o que estavam fazendo. Então logo depois do jantar liguei para Jason e fomos juntos ao cemitério. Meu pai sempre foi um homem inteligente demais para esse mundo, pensava sempre a frente de qualquer outra pessoa, e comida mexicana sempre foi um lance nosso, uma piada interna que compartilhávamos.

Mas hoje, quando minha mãe decidiu fazer enchiladas, por cima de toda aquela vontade, meu coração se encheu de tristeza, de uma saudade que vez ou outra me fazia bem. E aqui, sentada ao lado do amor da minha vida e da minha melhor amiga, senti que tudo estava no lugar novamente, estava com a minha família, e quem poderia desistir da família?

Espero que meu pai esteja com água na boca agora, seja lá onde ele estiver. Essa é para você, grandão.

Bom, foi quando Clove foi buscar mais vinho que o clima começou a ficar tenso.

— Não quer repensar a ideia de me substituir no Fosso?

— Não – Minha mãe e Jason responderam ao mesmo tempo.

— Minha filha precisa ter uma vida normal, Peter! Deixe-a viver.

— Ela não é normal, Lanna, é uma Nephilim, e precisa aceitar isso. Allyson?

Olho para os três, pausadamente. Jason está evitando me encarar, então mexe no seu prato com certa arrogância, sabe que não pode mais me impedir de fazer nada. Lanna me suplica em silêncio para que eu fique em casa, segura com ela. E Peter tem um ar confiante, um ar de um líder que precisa de uma sucessora.

— Eu não... não posso voltar lá.

— É por causa da Beth? Ally, ela é do conselho, e você salvou aquelas pessoas, impediu Darko de criar um exército que poderia nos destroçar, cumpriu seu destino. Vá ao menos...

— Hazel e Adam os salvou – Me levanto ruidosamente da cadeira e quando Clove chega na porta, volta para a cozinha – Não ouse dizer isso novamente.

— Allyson, você é a Filha da Profecia, não Hazel e Adam.

— Vá embora, por favor.

Peguei o caminho para o meu quarto e fechei a porta com força antes de me sentar na minha antiga cama e encarar a sacada.

— Podemos entrar? – Jason coloca apenas a cabeça para dentro e Clove faz o mesmo embaixo dele, a imagem imediatamente me remete a um dos últimos episódios de Friends, então sorrio – Olha, somos bons mesmo.

— Entrem.

Os dois ficam um tempo em silêncio, cada um de um lado meu, então Clove não se aguenta e pergunta:

— O que estão dizendo lá embaixo?

Aguço minha audição e reconheço a voz da minha mãe, retirando os pratos da mesa.

— Sinto muito, Peter, mas eu lhe disse que ela fica sensível quando se trata daquela noite em Atlântida.

— Ela precisa de treinamento adequado, tem uma habilidade incrível, e além do mais, já se passaram quatro meses.

— Quanto tempo ficou de luto pela Marie? Conhece bem a sensação de perder uma ligação como essa.

— Nada – Respiro fundo – Não estão dizendo nada.

♕♕

Na segunda-feira, depois das aula de matemática e imunologia, pego o carro para me encontrar com David em East Bay. Ele está trabalhando meio período em uma editora de Portland que tem um polo aqui em Ellicot, perto da fronteira.

Estaciono de frente para o prédio comercial e levanto a cabeça, tampando os olhos por causa do sol, e tentando descobrir o fim daquilo. Respiro fundo, entro no elevador, aperto o botão do último andar e me preparo mentalmente para consertar a bagunça que minha cópia causou.

Quando a porta se abre, não é difícil encontrá-lo na mesa, digitando algo no computador e tomando café. David me vê, acena, e eu vou até sua sala, é pequena, mas legal. Ele fecha a porta, mas é de vidro, então não me sinto muito a sós.

 – Aqui até que é bem legal – Comento me escorando na mesa.

— É né, que bom que finalmente veio.

Ótimo, ela não o visitou.

— Então, a que devo a honra?

— Peter foi jantar lá em casa esse fim de semana – Cruzo os braços – Pediu para que eu voltasse ao Fosso, mas...

— O que você respondeu? Quer dizer, por que não voltar? Fazer a diferença.

— Eu não sei, fico querendo ajudar as pessoas, mas aí me lembro que, literalmente, tenho a escuridão dentro de mim agora, me deixando podre. Então... sei lá, você é minha nova Hazel, lembra? O que devo fazer?

— Ally, olhe pela janela – David segura meus braços e me vira – Me diz o que você vê.

— Prédios, anúncios... e ali tem um bar onde um cara sempre pede meus documentos, ele sabe quantos anos eu tenho – Bufo e sopro uma mecha de cabelo que caiu no olho.

— Vejo uma cidade cheia de gente cega que precisa de um milagre.

— Acha que posso ser uma... heroína, apesar de tudo?

— Se tem que se compare ao superman, esse alguém é você.

— Deus, você é muito nerd – Sorrio e me viro para encará-lo – Tenho que ir procurar um vestido para o baile da Ballard, com a Clove, então vou precisar de sorte.

— Olha, levando em conta seu carma com bailes e festas, quer mesmo ir?

— Sair da cama é perigoso hoje em dia, mas alguém me disse que a gente tem que viver um pouco aqui fora.

— Nossa, quem te deu esse conselho péssimo?

— Um cara que eu namorei uma vez – Peguei minha bolsa e ele riu – Até mais.

— Ei Ally – Ele me chama e paro na metade do caminho – Acha que se não tivesse ido a Riverland, ainda estaríamos juntos?

— Por que a pergunta? – Engoli em seco, com medo da resposta.

— Sei lá, você tocou no assunto no almoço de sexta e fiquei pensando.

Ah, merda!

— Eu tenho mesmo que ir – Ando de costas e quando me viro, quase dou de cara com a porta transparente – Belo discurso motivacional, sério, bem Hazel. A gente se vê na rodinha amanhã?

— Claro – Ele sorri, sabendo muito bem que não consegui disfarçar que minha saída, na verdade, era uma fuga.

Não fui às compras já que não conseguia parar de pensar no assunto, no paradeiro da minha versão egoísta. Ela poderia muito bem estar com qualquer um dos meus amigos, fingindo ser eu, plantando o ódio.

Então fui ao meu dormitório, encontrei Clove e Kyla conversando sobre vestidos e imaginei que estavam combinando algo sobre o baile. Falaram comigo mas eu passei direto para o cesto de roupas. Tirei tudo de lá e joguei no chão, gritando de raiva. Esperneei como uma garotinha mimada de 15 anos, mas não liguei. Estava pronta para queimar tudo, até abri a mão, e Clove me impediu.

— Ally, calma – Ela disse, ainda incerta.

— Até pouco tempo atrás esse ainda era o meu quarto. Até alguém invadir e roubar ele! – Jogo outra roupa no chão – Até o meu lençol tá com o cheiro dela, isso porque teve a decência de trocar o perfume.

O celular de Kyla toca e ela sai do quarto para atender.

— Por que diabos você estava cheirando seu lençol – Clove pergunta se virando para mim. Recuso-me a responder que estava tentando sentir o cheiro de Jason. Isso seria vergonhoso – Amiga, às vezes você é bem estranha.

— É o Miriel, tenho que ir – Kyla volta apenas para pegar a bolsa.

— Me leva com você – Salto as roupas e quase tropeço, mas junto as mãos na sua frente.

— Allyson, não pode ir comigo, você ainda não comeu essa semana, vai que...

— Sério gente, eu tenho que sair daqui.

— Pode deixar – Clove levanta e segura meu braço – Vamos tomar um pouco de ar fresco e pensar sobre coisas boas, por exemplo, a rodinha de hoje.

Agora

Peguei a chave nova da casa com a minha mãe no almoço, achei que não iria precisar, mas quando cheguei, ela já tinha trancado tudo e estava dormindo sobre uma pilha de documentos no escritório.

Enquanto os meninos colocavam as malas no chão da sala, fui até lá, a chamei e a levei para a cama. Então voltei à cozinha em silêncio e abri os armários, apenas para encontrar as mesmas caixas de cereal ao lado dos potes de manteiga de amendoim.

— Hey, aqui é bem legal – Ian se senta como se já fosse de casa e Cam faz o mesmo.

— É.

— Por que veio para cá?

— Eu e Cameron tínhamos assuntos para resolver.

— Hm, assuntos – Ele diz e isso pareceu tom de ciúme – Ei, lembra quando foi passar o feriado de ação de graças na minha casa?

— Sim, me lembro – Disse rindo e me sentei com eles.

Mas como eu poderia esquecer? Ian sempre me questionou o porquê de eu nunca passar os feriados com minha mãe. Eu já tinha contado que meu pai morreu de câncer, mas como contar que assim que eu pisasse o pé na minha cidade natal, coisas ruins aconteceriam? Coisas muito, muito ruins. Então certo dia, acho que ele ficou com pena dos meus feriados na companhia de maratona de séries e me levou para sua casa.

“– Sala de estar – Comentou Ian, passando por um arco quando andamos mais um pouco pela casa – E esta é a segunda sala de estar, ou uma sala em que ninguém fica. Talvez uma sala de sentar? Quem sabe? E esta é a sala de jantar formal, que nunca usamos, mas temos...

— Nós usamos sim a sala de jantar – Disse uma voz de mulher – Talvez uma ou duas vezes por ano, quando temos companhia.

— Para mostrar os pratos bons – Comentou Ian.

Minhas pernas pararam de responder ao som da voz da mãe de Ian. Fiquei sem reação numa das pontas da mesa, com o coração na boca, quando ela entrou pela porta.

A mãe de Ian era tão alta e impressionante quanto ele, com cabelos pretos amarrados em um rabo de cavalo. Os olhos dela eram castanhos e sem maquiagem. Pequenos pés de galinha apareceram no canto dos olhos quando um sorriso largo brotou em seu rosto ao ver o filho. Ela usava uma calça jeans e um moletom largo.

Cruzou a sala, envolvendo-o num forte abraço.

— Nem sei onde estão os pratos bons, Ian.

— Onde quer que estejam, devem estar se escondendo dos pratos de papel – Ele riu e ela se afastou.

— E essa deve ser a Allyson? – O olhar dela se desviou por sobre os ombros de Ian, dando um sorriso de boas-vindas.

— Não, pelo amor de Deus – Disse ele – Eu já falei que o nome dela é Ginger, mãe.

Os olhos da mãe se arregalaram e o rosto ficou um tanto corado.

— É, eu não...

— Eu sou a Allyson – Eu disse olhando feio para ele – A senhora acertou.

Ela se virou e deu um tapa no braço de Ian. Com força.

— Ian Hardy! Meu Deus, eu achei... – Ela bateu de novo e ele riu – Você é terrível – Balançando a cabeça, ela se virou para mim outra vez – Você deve ser uma jovem muito paciente para ter sobrevivido a uma viagem até aqui com esse idiota.

Então ela me abraçou. E foi um abraço de verdade, um abraço com carinho e afeição. Não sabia dizer quando tinha sido a última vez que minha havia me abraçado, já que saí de novo sem dizer adeus. Senti um nó na garganta, mas o reprimi antes que fizesse papel de boba.”

Subi com os dois e os coloquei no quarto de hóspedes. Cam pulou logo na cama para marcar território e Ian ficou com o colchão. Para falar a verdade, ele não pareceu se importar, mas estava inquieto, como se algo estivesse o incomodando.

Cameron desceu para procurar algo para comer e nós dois ficamos arrumando sua estadia, fui pegar lençóis e ele os travesseiros.

— Agora pode me contar a verdade sobre o porquê de ter voltado? Sei que não tem nada a ver com a faculdade porque essa cidade é pequena demais para um polo da Collumbia e não acho que aqui tenha pesquisas.

— Meu pai trabalhou aqui antes de morrer. Não aqui, quer dizer, em East Bay. Surgiram uns assuntos de emergência e Cam quis vir, só isso. Enfim, está bem mesmo em dormir no chão?

— Tô, tranquilo. É bem mais confortável que as camas de albergue na Europa.

— Dá pra acreditar que já faz um ano que estivemos em Madrid para aquela conferência idiota? – Sorri.

— É, loucura.

— Nunca vou te perdoar por ter me arrastado para aquela tourada.

— Ah, qual é – Ele largou o travesseiro dramaticamente – Não foi tão horrível assim. Só depois que você começou a chamar os bêbados da rua de selvagens.

— Foi horrível desde o início, por isso eu gritei – Ri – Foi péssimo.

— Ah, tá bom.

— Você me fez chorar!

— Fiz nada.

— Você fez chorar no meio da rua – Apontei e me sentei na cama abraçando a barriga, minhas bochechas já estavam doendo – Não teve graça.

— Você estava furiosa, teve graça sim, estava com aquela cara – Ian me imitou e foi o estopim para eu explodir em gargalhadas – Mas tem que confessar que eu me redimi quando entramos escondidos naquele parque de diversão com aquelas cervejas mexicanas.

— Sim, é verdade – Sorri – Ai meu Deus, foi o amanhecer mais lindo que eu já vi.

— É, foi mesmo – Ele me olhou terminando de arrumar as coisas – Foi a minha melhor noite na Europa.

— Viu? É disso que eu tô falando, você é o único que consegue fazer isso comigo, me esquecer das tragédias da minha vida.

— Ally... – Ele se aproximou, mas eu passei as mãos pelo cabelo e me levantei.

— Deve ter alguma coisa para comer lá embaixo, vou arrumar meu quarto, a gente se vê – Saí de lá com o rabo entre as pernas e o mais rápido que consegui para não me arrepender do momento que tivemos.

No meu quarto, tudo ainda parecia igual, mesmo depois de anos. Minha mãe não tocou na decoração, nem nas páginas coladas na parede, que agora estavam tomadas pelo efeito do tempo. A roupa de cama era a mesma desde que fiz 15 anos e acho que ela lavou quando soube que eu viria. Ou sempre lavava esperando que eu fizesse uma surpresa.

Corri até a cômoda e levantei os porta retratos que tinha abaixado quando fui embora. Tinha vários com todos os meus amigos e aquele que sempre gostei, aquele dia com todos na sala de estar, aquele dia em que todos ainda estavam vivos, e mesmo que a situação parecia ruim naquela época, hoje era ainda pior, pois Hazel e Adam não estavam mais comigo.

Hesitei quando cheguei ao último, pois sabia do que se tratava. Eu e Jason parecíamos felizes, intocáveis e eternos. Estávamos no bar do Holland, sentados na mesa de madeira envelhecida. Eu ria enquanto levantava um copinho de tequila. Enquanto eu sorria para a câmera, mas Jason sorria para mim e apontava. Com um brilho nos olhos que qualquer um diria que não existia nenhuma outra mulher no mundo além de mim naquele momento. Ele ainda me amava, eu ainda era dele e ele ainda era meu. Que tolice, que pensamento de criança. Que felicidade armada.

— Ex?

O susto foi tão grande que deu tempo apenas de eu pegar um abajur e o levantar.

— Meu Deus Ian, eu quase te mato – Suspiro revirando os olhos.

— Com um abajur rosa, Allyson?

— O que você quer? – Devolvi o objeto à cômoda.

— Parecia uma turma animada, por que foi embora? – Ian tinha um hálito fresco de pasta de dente e se sentou na minha cama. Bufei e fui buscar um edredom.

Eu queria ir aonde não visse nenhum risinho desdenhoso ou ouvisse os sussurros que as pessoas destilavam como cobras. Queria ir aonde ninguém me conhecia para que ela não me roubasse de mim mesma. Onde ninguém tivesse ouvido a história ou qualquer versão da verdade que estava começando a ser repetida a ponto de eu mesma questionar o que realmente tinha acontecido naquele baile de 4 anos atrás. A maluca que colocou fogo no próprio dormitório com o namorado ainda dentro. Queria ir aonde meus amigos não corressem risco de vida apenas por estarem a 5 metros de distância de mim.

— Você sabe da história, precisava me distanciar das pessoas da minha cidade, conhecer gente nova – Foi o que eu disse.

— Não, isso é o que todo mundo diz quando vai para Nova Iorque, você não é todo mundo – Ele inclinou a cabeça para o lado, e quando não respondi nada, desistiu – E isso não tem nada a ver com esse ex?

— Não – Sorri – Ele era um babaca, foi bom ter terminado – Não se a última frase é uma total mentira.

— O que ele fez?

— Me trocou por uma menina que eu não gostava na noite do baile do dia dos namorados.

— Puts, pesado – Ele sorriu – Mas o que Cam veio fazer aqui com você?

— Vamos viajar – O empurrei da cama e coloquei os bichinhos no chão, mas ele pegou um e começou a mexer na orelha do animal – e precisava de uns arquivos da minha mãe, além de pedir ajuda de uns amigos antigos. É coisa da faculdade – Fui até a sacada e hesitei um pouco ao fechar a cortina. Maldita janela da casa da frente. Quando me virei, Ian estava com um olhar interrogativo – Vamos para a Grécia.

— Caramba, adoro a Grécia, vou também.

— Não pode ir.

— Por que? Cam também vai.

— Ian – Cheguei bem perto dele e encarei fundo seus olhos castanhos, criando uma conexão – Vá para casa amanhã, você não quer ir comigo, não quer ver as coisas que eu terei que fazer.

— Claro que quero ir – Ele riu – Tá falando como alguém daqueles filmes de terror.

— Puta merda – Dei um passo vacilante para trás até acertar a cômoda. Potes e vasilhas de creme chacoalharam. O som delas caindo no chão me fez perder o controle. Meu coração disparou tanto que achei que ia vomitar. Fechei minhas mãos com força para não queimar a madeira atrás de mim. Minhas Persuasões nunca deram errado. Nunca.

— O que? – Ian perguntou preocupado.

— O que você é?


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