O despertar escrita por Tha


Capítulo 5
V – Preciso respirar, certo?


Notas iniciais do capítulo

OOPA, TUDO BOM? Olha eu demorando de novo, espero que se acostumem, vai ser bem comum :



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Ti.tu.be.ar: sf. Manter-se em estado de hesitação, de indecisão; vacilar.

Antes

— Você prometeu que passaria ao menos esse fim de semana comigo – Minha mãe diz ajeitando meu casaco pela milésima vez aquela tarde.

— Eu sei, mas também prometi a Miriel que o encontraria, tenho que manter pelo menos uma né – Eu estava sorrindo, mas no fundo sabia que estava apenas enrolando para ir para casa enfrentar os fantasmas de lá, para enfrentar a janela vazia de Adam. Não era segredo nenhum que a Ballard havia se tornado meu melhor esconderijo porque eu não tinha lembranças desse lugar.

— Peter também sente sua falta, sabia? Ele me disse que faz tempo que você não vai ao Fosso.

Quatro meses, você quer dizer. Engoli em seco, esse assunto era ainda pior.

— Tudo bem, você ganhou, janto em casa amanhã.

— Ah Ally, que bom!

—Tudo bem – Rio e fecho a porta do seu carro, me apoio na janela aberta e beijo sua testa – Te amo.

— Se cuida.

Ver minha mãe sorrindo depois do que houve com meu pai é o peso da balança que eu precisava para compensar as tragédias da minha vida. Compensar pelo que fiz com a Hazel, compensar pela vida péssima de Adam. Ela era minha âncora, e nada tiraria ela de mim. Não como meu pai.

Já tinha decidido ir para o dormitório arrumar minhas roupas sujas, que por acaso, a pilha só aumentava de um modo que eu não conseguia controlar quando senti braços ao meu redor e logo em seguida estava rodando no ar.

Estava tonta quando Miriel me colocou no chão e me encarou com aquele sorriso de matar.

— Quando me disseram que Allyson Hale não iria beber com a gente, pensei, é impossível, mas sentimos sua falta no Billiard’s.

— Que bom que ainda faço alguma diferença – Zombo – Oi Kyla, que bronze!

— Hale – Ela me abraça também.

Eu ia mudar de assunto e perguntar sobre a viagem quando Miriel começou a agir de forma estranha. Ele semicerra os olhos e coloca as mãos na cintura. Conheço bem aquela pose, então começo a suar frio, e antes que ele possa falar alguma coisa, me explico:

— Sou eu.

— Não, é cheiro de Caído, Ally, relaxa.

— Sou eu – Repito cerrando os punhos – Não queria contar antes da viagem de vocês porque ainda estava tentando achar um jeito de reverter isso, mas não dá. E preciso contar, agora.

— Do que vocês estão falando? – Kyla toca meu braço suavemente e eu suspiro.

— Allyson tá com alguma coisa, uma essência Caída, não sei como, mas...

O que eu tinha mais medo acabou acontecendo, Miriel se afastou consideravelmente de mim e me olhou de forma estranha, como se eu fosse uma doença contagiosa, como se ao se aproximar de mim, ele também ficasse... escuro.

— Por que não consigo sentir? – Kyla também se afasta.

— Ele é um original – Explico – E meu sangue tá diluído com sangue Bruxo e Nephilim. É como uma...

— Uma guerra – Ele completa – É, eu posso sentir.

— Foi Darko – Imploro, me sentindo impotente depois de muito tempo – Ele me transformou em uma Jaguar, esperando que eu me juntasse a ele. Isso é impossível, eu sei, mas é horrível, Miriel, é como... a morte dentro de mim. Mas ainda sou eu, vocês podem confiar em mim, eu juro.

— Quem mais sabe?

— Acho que a Nick desconfia, e eu contei ao David depois do enterro do Adam e da Hazel, ele vem me ajudando com a fome.

— Você tá bebendo sangue? – Kyla pergunta, horrorizada.

— Não diretamente da veia, qual é gente, vocês me conhecem, eu não mato.

— Ava sabe? – Miriel cruza os braços e me viro para ele.

— Estava planejando contar tudo hoje, para a Clove também, mas Jason não pode saber de forma alguma.

— Ah Ally – Relutante, Ky se aproxima de mim e pega minha mão, me oferecendo algum tipo de conforto – Estamos aqui, para o que precisar.

— É, conta com a gente – Miriel também vem até mim e encosta seu ombro no meu.

— Obrigada.

— Acabei de encontrar o casal magia – Digo ao fechar a porta do dormitório e encontro Clove deitada lendo um livro – Você viu meu celular?

— Em cima da escrivaninha.

— Valeu. Ei, tá afim de tomar um sorvete?

— Não obrigada.

— Ah, qual é – Lhe dou um tapinha no pé antes de voltar para minha cama a fim de pegar minha bolsa – Até deixo você colocar aquele adicional de chantily.

— Já disse que não.

— O que tá rolando? – Me deito ao seu lado e cutuco sua barriga – Desde quando você rejeita o sorvete do Enzo’s?

— Desde que preciso estudar.

— Clove...

— Quer saber, Ally? Foda-se seu sorvete, foda-se você. Dá o fora!

— Mas o que...

— Sai!

— Eita, tá bom, que mau humor – Me levantei e fui até a porta, sabendo que não ia adiantar de nada insistir agora – Conversamos mais tarde – Não houve resposta.

Uma vez, em Riverland, Kaio me disse que não importa o quão as coisas estão boas, sempre haverá noites solitárias que você gasta em seu quarto, em um carro, ou até em uma festa cheia dos seus amigos mais íntimos, momentos em que se sente como se as paredes estão desabando ao seu redor.

Não me esqueça, por favor ­— Kaio disse – Eu nunca vou esquecer você.

Bom, Kaio morreu nas mãos de um Caído em uma saída de campo, e é isso que me motiva a ligar para Ava e contar tudo de uma vez por todas. Minhas paredes estão desabando, e agora só ela pode me ajudar.

— E aí! – Ava diz quando chego e sorri para a atendente quando termina de pedir. Procuro dinheiro na bolsa enquanto a garota me olha com expectativa.

— Milk Shake de chocolate com avelã, obrigada.

— A que devo a honra? – Ava diz.

— Você tem ido a Riverland, certo? – Nos sentamos do lado de fora, em umas mesinhas de ferro branco.

— Sim, por que?

— Como estão as coisas por lá?

— Até que bem, tudo se acalmou depois que Darko se foi. Estão esperando sua visita, Pryia está louca para te ver e só fala nisso, é como se eu nem estivesse lá.

— Pois é, Ava, sobre isso – Rio desconcertada e coço a cabeça, me atrapalho toda quando nosso sorvete chega – Preciso contar uma coisa.

— Tem alguma coisa a ver com seu comportamento estranho de ontem? Porque a Clove me disse que depois de...

— O que? Não, não, é sobre Darko e Atlântida. Não venho sido muita sincera desde que saí de lá, sei que ando estranha e distante e... o que quero dizer é que não sei se passo da barreira do acampamento porque... porque eu...

— O que você tem que eu não tenho?

Uma voz feminina atrapalha completamente meu raciocínio, tudo bem que eu não estava indo nada bem, mas eu precisava esclarecer as coisas antes que tudo viesse a tona de um jeito desagradável. E quando me virei para encarar a garota, meu mundo ficou completamente sem chão e meu rosto perdeu a cor, a garota era Amélia Bennet, um dos amores mais épicos do meu atual namorado.

Agora

— Então, Filha da Profecia, hein? – Cameron me encara enquanto observo Clove dormir no banco de trás. Eu não queria admitir que ela havia me comovido de fato, mas pela sua história, não por causa do Jason. Eu sentia que lá no fundo eu o amava, mas algo estava diferente. Compramos um removedor de tinta de cabelo e voltei a parecer a Allyson de sempre, não precisava mais fugir, ia enfrentar o problema de frente – Ally?

— Sim? – Me viro para frente e abaixo o som do rádio.

— O que vai acontecer agora?

— Eu não sei, vou deixá-la decidir, ainda estou com frio na barriga de encontrra todos de novo.

— Vocês deviam ser muito unidas antes, sabe, viajar até Nova Iorque apenas para te convencer... ela te ama, e a coisa deve estar feia.

— Teve uma época em que ela teve dúvidas, mas sei que o que temos é especial, depois do que houve em Atlântida, perder nossos melhores amigos...  A gente tinha esse grupo e... – Procuro um salgadinho na bolsa, não quero que ele me veja enquanto falo disso, não quero que ele note a fraqueza em meus olhos  – Eram muito especiais para mim, sabe? Até aquela noite. Até... – Paro de falar e mordo o lábio inferior, com medo de estar indo longe demais.

— Até o que?

Uma pressão louca aumenta em meu peito, e agora tudo está voltando, minha vida verdadeira, minha vida antiga, a casa frágil em Ellicot, o som da água misturado com o cheio da baía; as paredes enegrecidas do meu dormitório em chamas; os desenhos em verde-esmeralda que o sol formava ao brilhar por entre as árvores do abrigo. Todos esses outros eus, empilhados uns nos outros, escondidos para que ninguém os descubra. E de repente sinto que preciso continuar a falar, senão vou explodir.

— Até ela aparecer, mexer com o Jason, mexer com os meus amigos, provocar o incêndio. Não foi eu, foi ela, foi tudo ela.

— E onde ela está agora?

— Não sei, ficou me caçando em todos os lugares, mas parou de me seguir depois que fui para Nova Iorque, então...

— Riverland – Clove diz ainda deitada e me viro novamente – Por isso fui te procurar. Jason foi com ela para Riverland.

— O que?

— Pensa Ally, a garota é uma versão mimada, fútil, má e egoísta de você mesma, é claro que ela iria para o único lugar onde a beleza se manteria intacta. E não é só isso, acho que ela planeja fazer o mesmo com Jason.

— Bem-vindos à Ellicot – Cam anuncia – Alguma primeira parada?

— Pode dirigir mais um pouco. Holland?

— Definitivamente.


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