A festa ainda não terminara e, de fato, duvidava que terminaria tão cedo. Não quando tinham realizado os sonhos mais improváveis.

A fogueira flamejava imponente no meio do círculo animado, enquanto Brook tocava uma variedade de músicas piratas. Zoro, Franky e Jimbe bebiam comemorando; Chopper, Usopp e Luffy cantavam abraçados, junto do esqueleto; Robin também bebericava ao seu lado, observando a baderna com alegria e orgulho nos olhos. Afinal, ela também alcançara seus maiores desejos.

Nami se encontrava um pouco mais afastada, observando o grande penhasco que dava uma bela vista para a imensidão azul marinha. A parte de cima, pontilhada de estrelas brilhantes e bem casadas com a lua minguante, enquanto a parte mais abaixo fluía em ondas ainda um tanto rebeldes pela chuva de manhã cedo. Há poucos minutos também estava no meio da bagunça, se divertindo e comemorando. Instantes atrás, porém, decidiu se afastar um pouco para apreciar o que haviam conquistado até ali. Finalmente, o topo do mundo, como diziam alguns; o sonho impossível, como diziam outros; a liberdade absoluta, como dizia seu capitão. Finalmente tornaram Monkey D. Luffy o Rei dos Piratas.

A sensação que pairava, no entanto, não era nada tão fantasticamente glorioso quanto ela pensava que seria quando chegasse ali. Todos estavam felizes, sem dúvidas, além da conta. Entretanto, não parecia nada grandioso o que conseguiram. Parecia ser apenas mais uma aventura vivida, mais uma de tantas outras que ainda viriam. E ela desejava que assim fosse.

Rapidamente, entretanto, um medo súbito e inexplicável a alcançou. E agora? Estava tudo terminado? Para onde iriam? O que fariam? Continuariam juntos? Unidos?

Não queria que acabasse, não queria que tivesse fim. Ela mesma acabara de confirmar que era apenas mais uma aventura. Teriam mais. Tinham que ter mais.

Certo?

Então, de repente, seus olhos lacrimejavam e simplesmente não podia suportar a ideia de deixá-los, de perdê-los... e como se lesse seus pensamentos, percebeu o novo Rei dos Piratas se aproximar, aparentemente bastante sério. Ele ainda usava as joias que encontraram mais cedo e a coroa de ouro sobre o chapéu, colocados desajeitadamente na cabeça.

― Oe, Nami. – chamou, agora se sentando ao lado dela. ― Por que está aqui? Porque não está com a gente comemorando? – questionou, esperando ter demonstrado todo o desagrado por sua navegadora ter se excluído da festa.

Já iria puxá-la de volta para perto da fogueira, quando percebeu o que não tinha visto antes. Duas singelas lágrimas escorriam pelas bochechas rosadas.

― Oe, Oe! Nami, você está chorando! – exclamou exalando surpresa e preocupação. ― O que aconteceu?!

― Ah, não é nada não. Apenas uns pensamentos idiotas. – enxugou o rosto rapidamente, tratando de colocar um sorriso nos lábios bem desenhados.

― Shishsishi. Assim tá melhor! – exclamou o moreno, acreditando nas palavras da ruiva. ― Você fica mais bonita sorrindo! – sorriu grande após o elogio inocente, o que deixou a garota bem desconcertada, ela tinha que admitir.

Então decidiu, naquele instante, que não poderia se juntar novamente aos companheiros sem antes perguntar a ele. Ao único que lançaria o destino de todos.

― Luffy, o que vai acontecer agora?

― Como assim? – inclinou a cabeça, um tanto confuso com a pergunta.

― Agora que finalmente conquistamos tudo o que queríamos... o que vamos fazer? – repetiu, baixando a voz e o rosto, tentando não encarar aqueles grandes olhos negros.

― Nós vamos em busca de mais aventuras! – exclamou simplesmente, ainda sorrido como de costume.

Os olhos castanhos claros da ruiva sorriram junto de seus lábios, brilhando.

― Shishishi. Agora eu sou o Rei dos Piratas, Nami! – disse animado. Tirou então seu chapéu carregado com a coroa e depositou-o sobre os bastos cabelos alaranjados. ― E preciso da Rainha pra poder continuar levando a gente pra direção certa! – exclamou mais uma vez, abrindo mais um sorriso grandioso. ― Vamos voltar! – chamou e então saiu saltitando eufórico em direção aos festejos, deixando uma Nami completamente abobalhada e atordoada, apreciando sua imagem na pequena poça de água à sua beira.

Sorriu, para logo depois voltar para os companheiros. É, uma coroa e um chapéu realmente combinavam com ela.