Emotional Context escrita por Raura


Capítulo 5
Desejos Secretos


Notas iniciais do capítulo

E vamos a mais um de Emotionça que estava pronto faz alguns dias e não tive tempo de vir aqui e postar com calma.
Mais uma vez, mil agradecimentos a minha maravilhosa beta consultora: i♥A

boa leitura!



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"Não tinha nem um pouco de certeza de ter tomado a decisão certa quando decidi ir hoje à noite. Por que eu estava me fazendo passar pela tortura de o ver de novo? Eu sabia que era porque o queria perto, mesmo que não fosse perto o bastante. Uma pessoa mais forte e corajosa teria cortado todos os laços e ido embora. Uma pessoa mais forte não teria batido seus punhos contra a porta do destino” – Becca Fitzpatrick

 

Era noite de natal e novamente tinham combinado de passarem juntos a data. Dessa vez a festa seria na casa de Lestrade - a esposa e ele decidiram apostar no casamento novamente, desperdício de tempo na minha opinião. Ainda estava cogitando se iria aparecer enquanto tocava uma suave melodia em meu violino com os olhos fechados, sentado em minha poltrona. Ouvi a porta da frente ser aberta, os passos na escada até o 221B, o movimento da porta e escutei um rangido, denunciando que alguém havia se encostado no batente. .

Não precisei abrir os olhos para reconhecer quem era. Pelo perfume, só podia ser uma pessoa. Molly Hooper.

Provavelmente tinha vindo a Baker Street para tentar me convencer a ir à festa de natal. Revirei os olhos ainda com pálpebras fechadas e inspirei profundamente.

Ainda tocando, abri os olhos para encará-la – Molly não estava vestida para ir a uma festa, usava um suéter natalino, saia, meias e sapatos pretos, não usava nem mesmo maquiagem.

Molly cruzou os braços esperando. Sabia que estava sendo analisada. Nossos olhares se encontraram e ela revirou os olhos. Sem esperar um convite meu, desencostou-se do batente e se aproximou, sentando na cadeira de John. Mantivemos contato visual durante todo o tempo  que toquei até a música chegar ao fim.

— Mandaram você para me rebocar até a casa de Lestrade? – perguntei enquanto colocava o violino e o arco ao meu lado no chão.

— Não... Na verdade eu não fui lá. – Ela deu de ombros. — E nem pretendo.

— Então o que faz aqui? – percebi que meu tom rude acabou mexendo com ela. Uma das razões para eu não querer ir à festa era por não estar com disposição e nem no clima, assim pouparia as pessoas do meu humor.

— Vim lhe desejar feliz natal. – disse por fim depois de um tempo em silêncio e um respirada funda.

— Por que, Molly?

— As pessoas não deveriam ficar sozinhas na noite de natal.

— Olha quem fala. - não consegui esconder o tom indelicado em minha voz.

Molly puxou o ar com força, e tinha certeza que quando ela expirasse, ela se levantaria e sairia, me deixando novamente sozinho, mas ela não o fez. Continuou ali sentada me encarando com o olhar impassível.

— Gosto de estar sozinho. Isso me protege. - falei com a voz mais branda.

— Protege de quê, Sherlock Holmes? - Molly inquiriu inclinando o corpo, apoiou os braços nos joelhos e o queixo nas mãos, ficou me encarando. Me estudando. Comecei a me sentir inquieto sob seu olhar.

Ela esperava uma resposta e sinceramente não fazia ideia do que diria.

— Bom, meu plantão começa logo. Se você quiser, pode me acompanhar até o hospital para usar o laboratório e continuar aquela sua experiência com os tipos sanguíneos e venenos. Consegui novas substâncias nocivas... Considere como um presente de natal.

Em um segundo eu estava em meu palácio mental, ali mesmo, em meu apartamento.

Uma voz familiar ecoou pela cozinha. Ao lado de Molly, Mycroft cutucou o chão com o guarda-chuva, apoiando o peso numa das pernas. Olhou com desinteresse de relance para alguns papéis que eu tinha deixado solto em cima da lareira.

Você nunca lidou bem com determinados sentimentos, Sherlock. Não se envolva.

Mas são substâncias tóxicas - murmurei entredentes

Imprudente, irmão meu.

Pisquei e Mycroft saiu do meu campo de visão. Estava a sós com Molly, que ainda esperava uma resposta paraseu convite.

Estudei-a por alguns segundos, em silêncio. Com um pequeno impulso, me levantei de minha poltrona e dirigi-me ao meu quarto.

— Vou buscar meu casaco.

Molly sorriu satisfeita.

Nevava quando saímos de Baker Street e fomos de táxi até o St Barts. Mesmo sem nada para fazer, ela ficou me fazendo companhia no laboratório,  concentrada em seu livro. Às vezes olhava em minha direção e sorria, mas logo retomava a leitura.

Enquanto eu mexia nos tubos de ensaios que continham um raro veneno de cobra, eu finalmente percebi o quanto Molly Hooper era sozinha. Eu sabia que seus pais já tinham falecido e que ela não era chegada em qualquer tio, primo ou parente que tinha.

Molly Hooper era distinta de muitas formas.

Inconscientemente, eu acompanhei seu movimento para prender o cabelo, alguns fios ficaram soltos em sua nuca, segui com o olhar passando por seu pescoço, bochechas, seu nariz arrebitado e por fim, encontrei seus afetuosos olhos castanhos.

— Sherlock?!

Para minha distração, não notei que ela me chamava.

— Vou buscar café, você vai querer?

— Pode deixar que vou buscar

Rapidamente coloquei as coisas no lugar e fui até a cantina. Além dos dois copos de café preto, também optei por  alguns biscoitos. Aquela ala do hospital estava praticamente deserta. Os sons vinham apenas da parte onde tinham emergências e da maternidade.

Molly observava a neve cair pela janela quando voltei ao laboratório, deixei o que trouxe numa bancada próximo à ela e sentei-me na banqueta ao lado.

— Feliz natal, Sherlock. - Molly desviou o olhar da janela para mim, fixando seus ternos olhos castanhos nos meus.

— Feliz natal, Molly. - inclinei-me para beijar sua bochecha. Ela acompanhou meu movimento com o olhar,movendo um pouco seu rosto. Acabei beijando o canto de sua boca.

Naquela noite, pela primeira vez, desejei secretamente provar seus lábios.


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Notas finais do capítulo

Quero saber o que acharam sobre o capítulo!
Sim, a ideia para esse também usei para me inspirar em uma música da Muse, Undisclosed Desires.