50 Tons de Mentiras escrita por Carolina Muniz


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Oii ♥ Só sei q eu nao demorei, ninguém pode dizer o contrário, obrigada pelos comentários, irei responder com certeza.



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♥ Capítulo 17 ♥

"Você vai ter momentos ruins, mas eles sempre vão te acordar para as coisas que você não estava prestando atenção."

— Desconhecido

➰➰➰

Mais uma vez Ana estava no andar 17 do prédio La Mar, no centro de Seattle, no sofá da sala da Dr. Carla Adams enquanto a mesma lhe olhava como se a qualquer momento pudesse ver sua alma.

Desde a primeira vez que a viu, Ana não se sentiu como se visse mais uma vez pessoa comum, a morena apenas não havia decidido se aquilo era bom ou ruim. E também tinha aquela sensação, aquela coisa que sentia dentro do peito quando Carla a olhava fixamente, ou quando ela falava sobre si mesma para dar confiança a Ana começar também, quando aqueles olhos azuis ficavam tão centrados em cada detalhe da garota, sempre analisando de forma quase obsessiva, como se procurasse por algo que Ana ao menos sabia que tinha.

— Como foi sua infância? – a psicóloga questionou.

Era a terceira consulta com Carla Adams e também a terceira vez que a mulher tocava naquele assunto.

— Normal – Ana deu a mesma resposta.

Carla balançou a cabeça para cima e para baixo, pressionando os lábios um no outro.

— Como é sua relação com seus pais?

A morena deu de ombros.

— São divorciados e eu falo mais com meu pai.

— Não tem um bom relacionamento com sua mãe?

Ana se mexeu desconfortável, era complicado falar sobre sua mãe, era como se ela fosse o ponto frágil que fazia Ana querer desistir de tudo e apenas ir para casa.

— Eu não quero falar sobre ela – falou.

— Tudo bem, quando você se sentir confortável para falar nós falamos.

Ana mexeu no cabelo e cruzou as pernas.

—Terminamos? – questionou.

Estava ali há quase vinte minutos e só conseguia pensar em ir embora. Sinceramente, o que falar com uma estranha ajudaria em algo? Era tudo tão desconfortável, Ana não conseguia falar abertamente nem com Kate, imagina com uma mulher que nunca vira na vida?

Ana deixou o celular com os fones de ouvido no sofá e seguiu para a cozinha, pegou uma garrafinha d'água e bebeu completamente de uma vez só. Estava suada, ofegante e cansada. Correu três quadras aquela noite. Naquela tarde foi com Mia escolher os vestidos, e Grace achou uma boa ideia chamar Elena, e jogar algumas indiretas sobre quando seria Ana no lugar de Mia. Nem é preciso dizer o quanto tudo se tornou desconfortável de repente.

Não houve discussão, apenas um fato de algo que nunca aconteceria entre Elena e Ana.

A morena deixou a garrafa em cima do balcão e encarou o frasco de vitaminas ao lado.

Estava praticamente cheio, só retirava algumas pílulas para jogar fora. Ela estava bem, corria, comia quando precisava e tomava bastante água.

Estava perfeitamente bem.

Dali uma hora teria um jantar na casa dos Grey, Grace disse que tinha uma notícia a dar a todos. E Ana sentia uma sensação de nostalgia com aquilo, desde sempre era assim, os Grey e ela como uma família só.

A morena nem havia percebido o quando havia sentido falta daquilo durante os últimos anos, a sensação de ter uma família que se preocupa, o calor materno que só Grace tinha, a irritação que sentia com Elliot implicando consigo, as risadas que dava com Carrick tentando ser adolescente, o coração disparado quando Christian dizia 'oi', as broncas que levava de Tiff quando Mia e ela assaltavam a geladeira de madrugada.

A garota balançou a cabeça para dispersar os pensamentos e seguiu para o quarto, sentindo a cabeça doer e o estômago reclamar.

Ana lavou o cabelo e o secou com o secador, fez uma maquiagem leve, colocou um vestido vinho e sapatos louboutin pretos, pegou sua bolsa e as chaves do carro e seguiu para fora do estacionamento.

Ana caminhou pelo terraço com o celular contra a orelha, mirando o céu escuro cheio de estrelas, o frio de outono estava mais forte, convidando o inverno que logo chegaria, e a morena sem casaco tentava se aquecer se movimentando de um lado para o outro.

— Tudo bem, pai, eu entendo... - falou ao aparelho. - Não, não precisa se preocupar, eu juro que comi.

Ana estava no terraço do Space Needle, numa ligação com seu pai - bem inesperada e já irritada porque sabia que fora Kate quem havia ligado para ele e contado de mais uma de suas crises.

Ao contrário de tudo o que seu pai era, Linc se preocupava verdadeiramente com Ana, com certeza mais pela culpa do que por qualquer outro motivo - pelo menos era o que a morena acreditava. De qualquer forma ali estava ele, ralhando com a garota sobre fazer tudo o que a médica disser e se esforçar, que assim que ela precisasse dele ele estaria voando para Seattle.

Mas Ana não queria aquilo, não queria seus pais no mesmo lugar, não queria seu pai no seu pé fazendo discursos sobre ela ser uma garota linda e inteligente que tinha uma vida inteira pela frente como se ela tivesse pensando em suicídio.

Ela já estava uns bons vinte minutos naquela ligação, até que finalmente conseguiu convencer seu pai de que estava seguindo tudo a risca e que nem sentia mais nenhuma vontade de, bem, não comer.

A garota encerrou a ligação e suspirou enquanto mirava a cidade lá embaixo, logo escutando a porta do restaurante se abrir.

— Por que parece que toda vez que eu te vejo você está mais magra? - a pergunta foi retorica, mas Ana sentiu o impacto.

A garota se virou para a pessoa que secretamente estava um pouco - só um pouco mesmo - ansiosa para ver.

Christian estava vestido com um terno preto elegante, o cabelo arrumado, porém, já mostrando sinais de que ele passou as mãos por ali diversas vezes e um sorriso de canto que Ana queria que ele não desse.

É sério, aquele tipo de reação que ela tinha à ele não era normal!

— Provavelmente porque você me vê muito pouco - ela respondeu após se recuperar do choque de realidade que levou ao ver o homem tão bonito a sua frente.

— Isso é um convite? - ele retrucou sugestivamente, o sorriso cafajeste ainda ali.

Ana balançou a cabeça em discordância, mas não conseguiu evitar o sorriso.

Christian mordeu o lábio inferior e desviou o olhar do dela quando seus olhos se prenderam ao sorriso da garota. Ana sempre teve um sorriso perfeito, de fazer as pessoas sorrirem de volta não importava a situação, aquele sorriso havia feito seu coração disparar e ele sentiu medo daquilo.

— Então - ele se aproximou - sua amiga é ótima em responder perguntas.

Ana franziu o cenho.

— Se bem que ela nem precisava dizer nada, só olhar para você que eu já percebo que não está "se esforçando".

A morena revirou os olhos e bufou com raiva.

— Kate não devia falar da minha vida para você. E quer saber? Eu não sou uma criança - ela resmungou. - Para de ficar falando como se eu fosse uma.

Dessa vez foi Christian quem revirou os olhos.

— Então para de agir como uma. Quanto você está pesando? 20 kilos ou menos?

Ana bufou novamente e cruzou os braços.

— Você sabe que isso não é da sua conta, não sabe? - ela vociferou.

— É da conta de qualquer um que se importa com você.

Ela se xingou mentalmente quando seu coração deu um solavanco pelas palavras de Christian.

— Christian, eu acho que você não se importa nem com a sua mãe, imagina comigo - desdenhou.

— Essa guarda toda levantada é só comigo ou você é assim com todo mundo?

A morena mordeu o lábio inferior e desviou o olhar.

Às vezes nem queria ser grosseira com Christian, mas acabava sendo só por ele respirar perto dela.

— Eu vou voltar para a mesa - ela falou, já contornando o Grey.

Mas Christian segurou sua mão, e ela sentiu o coração bater mais rápido.

— Você pode parar de tocar em mim? - Ana suspirou irritada, mas nem mesmo o tom cortante conseguiu encobrir o nervosismo.

E Christian percebeu, mas não comentou.

— Você está gelada - ele falou, subindo a mão por seu braço.

Ana estava arrepiada - pelo vento gelado, claro.

— Está frio aqui - ela respondeu. - Melhor eu entrar logo.

— Por favor, se esforce - disse ele.

Ana piscou os olhos lentamente e puxou a mão para si, desvencilhando do toque do outro.

— Eu estou bem - ela falou.

— Por isso você ficou tonta aquele dia? - Christian se estressou de repente. - E você acha que eu não percebo durante todos esses jantares que você vai ao banheiro assim que acaba de comer e volta mais pálida do que papel? Ana, você não é a primeira pessoa do mundo a fazer isso, não é uma novidade tão grande e com certeza não é difícil perceber. Não sei como minha mãe ainda não se deu conta.

— Eu sou adulta, e ela é sensata em entender isso - Ana declarou no mesmo tom do outro. - Coisa que você pelo visto não faz.

— Adulta... - ele ironizou enquanto tirava o próprio paletó.

Ana se irritou.

— Por que você se importa? - ela ignorou suas falas. - Eu não consigo te entender.

— Eu não sou o cara frio e arrogante que você imagina - ele se defendeu ao que sem pedir a permissão da menina, colocou o próprio casaco por sobre seus ombros.

Ana não resistiu e apertou o casaco quente e cheiroso em seu corpo. Não era uma grande novidade Ana sentir frio, seu corpo não tinha muita imunidade desde sempre, e qualquer vento que batia, era capaz dela ficar resfriada e de cama.

— Para de tentar ser legal comigo, não serve para você - ela murmurou num tom baixo. Parece que você e Elena combinam esse tipo de coisa, não é?

— Eu não sei sobre a Elena - ele respondeu sinceramente.

Ana colocou uma mecha de canela atrás da orelha e mirou a porta do restaurante.

— Eu estou bem, okay? Eu tenho acompanhamento psicológico, vitaminas que engordam e uma dieta rigorosa? Está satisfeito?

— Você ter essas coisas não quer dizer que você pratica...

Tudo bem que ele tinha razão, mas Ana gostava de se enganar em pensar que ter era o mesmo que fazer.

Ela estava bem.

MuitoBem.

— Mia já deve estar preocupada, tenho que voltar - ela murmurou e Christian levantou uma das sobrancelhas. - Eu vou comer - suspirou.

Ele balançou a cabeça concordando.

— Não sei porque se importa tanto - ela comentou enquanto andava em direção a porta.

— Também queria saber - Christian sussurrou de volta, um segundo depois torcendo para Ana não ter escutado.

Mas a morena escutou, e apenas engoliu em seco, saindo do terraço do Space Needle e voltando para a mesa.

O jantar transcorreu bem, Ana ainda vestia o casaco de Christian enquanto beliscava a sobremesa depois de deixar o garçom levar seu prato praticamente intocado. Mesmo com o aquecedor ligado e com o casaco em si, a morena ainda sentia frio e também uma sensação ruim de mal estar, não conseguia se concentrar na conversa na mesa, respondia as perguntas direcionadas a si com sim e não e torcia para que não prolongassem.

— Ana? - Mia chamou. - Ana - a garota estalou os dedos, finalmente recebendo a atenção da morena.

Ana a encarou.

— Sim? - questionou.

— Você está bem? - perguntou a Grey, fazendo todos prestarem atenção em Ana.

A morena balançou a cabeça para cima e para baixo enquanto sentia os olhos de Christian - que estava sentado ao seu lado por obra de Mia - em si fixamente.

— Eu vou ao toalete, já volto - disse ela, deixando a sobremesa de lado.

Não sabia o que estava acontecendo consigo mesma, era um sono terrível de repente, precisava de água gelada em seu rosto.

A garota se levantou e recusou quando Mia e sua amiga se prontificaram a ir com ela. Não precisava chamar mais atenção do que já havia.

Missão malsucedida, pois foi só levantar que Christian teve de segurá-la quando sua visão ficou turva.

— Ana - Grace se levantou junto de Carrick, deixando todos alertas.

— Eu estou bem - ela falou, agradecendo mentalmente por não ter gaguejado enquanto sentia o coração como uma hélice de ventilador por ter as mãos firmes de Christian em sua cintura.

Ela olhou para o mesmo e ignorou seu olhar semicerrado provavelmente por sua tontura e por não ter comido de verdade.

— Eu levantei muito rápido, foi só isso - tentou tranquilizar a todos, e a si mesma. - Eu volto logo.

Ana seguiu para o corredor onde ficava o banheiro feminino, fechou a porta atrás de si e inspirou profundamente o ar.

Passou a mão pelo cabelo e recostou a cabeça contra a porta.

Ainda tentando controlar os próprios batimentos, ela caminhou em direção a pia de mármore.

— Não, eu não posso gostar dele. Isso é muito trouxa. Ele acabou com a minha vida, eu não consigo nem tocar piano por causa dele, eu não posso desenhar sem pensar nele... Aaaah, que ódio! - vociferou para si mesma, ignorando todos os sistemas ruins que estava sentindo.

Evitando o espelho, ligou a bica e molhou as mãos, levando automaticamente à testa e à nuca.

Não sabia o que estava acontecendo consigo mesma, mas não estava bem. Sentia o estômago embrulhar, e ânsia sem aviso prévio subir por sua garganta, não a dando tempo nem mesmo para se virar.

Não havia nada em sua barriga a não ser água e uma maça que havia comido àquela tarde, pois nem contava as duas garfadas que deu no steak tartare e uma única cereja que comeu da clafoutis.

O jato de vômito saiu nojento e amarelo, fazendo tudo doer pelo esforço desnecessário e não vir nada de seu estômago.

Mas continuou e continuou.

Seu estômago queimava, sua garganta ardia, sua cabeça parecia que estava prestes a explodir, era como se seu cérebro estivesse batendo com força contra a caixa craniana, seu corpo parecia mais do que cansado, como correr uma maratona durante cinco dias seguidos.

A morena encarou a si mesma no espelho, o rosto tão pálido que beirava ao azul, a pele brilhava com o suor frio e a cabeça latejava mais do que tudo. Descansou a testa contra o espelho e fechou os olhos.

Era a pior sensação do mundo aquela que estava se apossando dela.

Ana inspirou o ar no novamente, sentindo um gosto metálico de repente subir por sua cabeça, fazendo-a ficar tonta e sentir uma dor aguda no centro da testa, como quando você come muito gelado e seu cérebro congela, só que muito pior. Abriu os olhos e mirou o espelho novamente, assistiu enquanto sangue e mais sangue escorria de seu nariz, fazendo uma poça no mármore e tornando uma cena macabra no espelho.

Naquele momento Ana queria arrancar a própria vida de si, queria desaparecer para que aquilo parasse de doer, parasse de acontecer. Não dava mais para aguentar. Era como se todo seu estômago queimasse junto ao sangue que não parava de escorrer, as palavras que nunca paravam de retumbar em sua mente, era como ondas grandes demais para conseguir nadar contra. Então ela se deixou levar, mas a maré nunca abaixava, nunca chegava a areia.

Ana ao menos sentiu o impacto... Sempre estava escuro... Escuro... Até que tudo apagou.

 

...➰...

           Ana e Mia estavam no jardim da mansão dos Lincoln - quando deveriam estar na mansão Grey, mas saíram escondidas para que Mia não precisasse arrumar o próprio quarto.

Ana empurrava Mia no balanço ligado à árvore de magnólia.

— Mais alto - a Grey pediu.

Ana sorriu e empurrou mais forte, porém a força pegou Mia de surpresa, fazendo a garota se desequilibrar por estar em pé e escorregar para a grama.

— Mia! - Ana sussurrou, correndo até a amiga. - Vem cá, você está bem?

— Está doendo, está doendo muito... - a garota gemeu de dor, o rosto de molhado de lágrimas enquanto Ana a ajudava se sentar.

— Não, Mia, não precisa ficar com medo, a tia Grace vai cuidar do seu machucado - Ana prometeu para Mia, já se levantando. - Não se mexa - mandou, seguindo rápido para dentro da mansão.
Seu coração estava disparado, por culpa dela Mia havia caído do balanço e machucado o joelho, estava chorando e com dor.

Sempre fazia tudo errado! Sempre machucava as pessoas!

A garota correu para dentro de casa chamando pela mãe, mas nada dela responder.

Subiu as escadas e seguiu para o quarto principal, já ofegante pela corrida.

— Mãe! Mamãe! - bateu na madeira da porta, logo descendo a mão para a maçaneta.

Sabia que seu pai não estava em casa, então sua mãe estava sozinha.

Girou a maçaneta e abriu a porta, porem sua mãe logo tampou sua visão com o próprio corpo enquanto amarrava o robe vermelho em seu corpo.

— O que houve? Você não estava na casa dos Grey? Por que não esperou que eu te buscasse, Anastasia? - a loira questionou claramente com raiva.

— É que... - Ana começou, mas o fato de sua mãe simplesmente fechar a porta atrás de si, fazendo as duas ficarem fora do quarto fez com que a garota estranhasse. - O papai ta' em casa? - questionou.

— Não, sabe que não. Por que estava gritando desse jeito? Já falei que não gosto de escândalos!

Ana engoliu em seco, lembrando- se de Mia.

— É a Mia, ela caiu do balanço, está machucada, precisamos levá-la para tia Grace - ela falou rápido.

— Tudo bem, vou trocar de roupa, pegue uma bolsa de gelo e coloque onde ela se machucou.

— Não, mamãe, acho que é grave, está inchado e roxo...

— Só faça o que eu mandei, Anastasia - Elena foi firme e voltou para o quarto.

Ana franziu o cenho, mas obedeceu a mãe.

Logo Elena chegou e com Christian atrás de si, o que fez Mia choramingar ainda mais porque ela era mimada por seus irmãos e ter um ali só a fazia querer mais atenção.

— Ei, vai ficar tudo bem - ele foi gentil quando se ajoelhou a sua frente.

Mia fungou e passou os braços pelo pescoço do irmão, Ana se levantou e mirou os dois.

Christian sempre cuidava de Mia, até mesmo Elliot que gostava de implicar ficava preocupado até quando a garota espirrava. A morena sempre quis um irmão para aquele tipo de situação, para ficar com ela quando os pais brigavam, para ajudar com os deveres de casa, para pegá-la no colo quando machucasse o joelho.

Talvez Ana estivesse tão ocupada em estar preocupada com Mia - e também sentindo uma pitada de inveja - que nem se perguntou no momento como Christian havia chegado ali tão rápido, sem contar que ele deveria estar fazendo um trabalho na casa de um amigo - pelo menos foi o que havia dito quando saiu.

No fim do dia, Mia realmente havia precisado ir ao hospital, teve uma luxação moderada no joelho que a fez tê-lo enfaixado e foi proibida de correr até a segunda ordem de Grace. Ana ficou ao seu lado até a Mansão Grey, quando Mia dormia por todos os remédios que havia tomado.

A garota encarou a amiga dormindo em sua cama com a coberta dos Jonas Brother e uma lagarta de pelúcia nos braços, fungou em seguida.

Era para ela estar daquele jeito, com o joelho ferrado e remédios ruins no organismo.

Não Mia, quem nunca fazia nada de errado, nunca machucava ninguém e não era uma droga para os pais.

Ana fechou os olhos com força, com raiva por ter lágrimas ali.

Sua mãe já havia dito um milhão de vezes que não queria que ela chorasse, que era errado, mas ali estava ela, chorando novamente.

A garota saiu do quarto e seguiu pelos fundos para a varando, não querendo que Elena visse que ela estava chorando.

Com a cabeça baixa, a garota se sentou no balanço da varanda, só então percebendo Christian mexendo no celular ao seu lado.

— Eu não si você - ela murmurou, a ponta do nariz vermelha.

Passou as costas da mão pelo nariz e colocou o cabelo atrás da orelha.

— Não foi culpa sua, Ana, ela só caiu.

— Eu empurrei forte demais - ela insistiu.

Christian guardou o aparelho celular no bolso e se virou para Ana.

— Tenho certeza que ela faz o mesmo com você, e que foi ela quem pediu. As pessoas caem, tudo bem? Acontece. Não é sua culpa.

Ana sorriu de lado e limpou o rosto.

— Que bom que você chegou rápido, se não seria uma droga para conseguir leva-la para o carro - comentou.

Christian se ajeitou no banco e desviou o olhar.

— Uhum - resmungou.

— Como chegou tão rápido? - A morena disparou.

Christian passou a mão pelo cabelo e mirou Ana.

— Eu estava lá, fui buscar a Mia porque ela não arrumou o quarto. Vocês duas precisam parar de fazer isso, sempre terminam de castigo.

Ana piscou lentamente duas vezes e franziu o cenho.

— Achei que estivesse na casa de um amigo... É, deixa para lá. Acha que a mamãe está brava comigo? Ela parecia.

Christian sorriu para Ana.

— Por que ela estaria?

— Ela esta sempre brava comigo.

Ele riu sem humor.

— Deve ser porque você é diferente dela, nunca vi mãe e filha serem tão diferentes como vocês - ele falou sem pensar, e provavelmente nem percebeu o que falou, pois não se desculpou pelo fato de ter feito Ana se sentir mal por mão se parecer com a mãe quando tudo o que ela queria era ser exatamente como ela.

                              Claro que aos dez anos tudo o que Ana queria era ser como sua mãe, ela ainda não sabia como seria bom para o próprio caráter aquele fato.

...➰...

 

Ana acordou e mirou o teto branco acima de si. Mais uma vez em um mês estava acordando em um hospital, aquilo não era bom.

Uma movimentação ao seu lado a chamou atenção e ela olhou para a poltrona perto da cama.

— Filha, que bom que acordou.

 

➰➰➰

 

 

 


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Notas finais do capítulo

xoxo



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