50 Tons de Mentiras escrita por Carolina Muniz


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiiii ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722864/chapter/12

♥ Capítulo 11 ♥

"Eu desejei a você o melhor que o mundo pode dar e eu lhe disse quando você me deixou que não há nada para perdoar, mas eu sempre pensei que você ia voltar, me dizer que tudo que você encontrou foi um coração quebrado e tristeza. Para mim, é difícil dizer, mas eu tenho inveja da maneira que você é feliz sem mim."

Jealous – Labrinth

➰➰➰

Na cama, já de madrugada, enquanto pensava em sua vida e em seus modos exagerados, a garganta doendo de maneira estranha, Ana ficou confusa pela quantidade de coisas que ela tinha que analisar. Depois, não conseguiu mais dormir, o sono havia ido embora, deixando aquela sensação esquisita de que ela deveria ser diferente do que era, ou que era diferente do que eu queria ser.

Era uma sensação horrível, de quase uma crise existencial. Era angustiante aquela sensação de que um buraco imenso tinha sido cavado em seu peito de repente.

Ana levantou-se da cama e caminhou para a sala onde Kate ainda estava, com o notebook no colo e uma xícara de café numa das mãos.

— Por que você está acordada? - a loira perguntou quando viu a luz do corredor ser ligada e logo uma Ana parecendo bem cansada surgindo. - Achei que já tinha ido dormir.

— E eu fui, era a minha linda e preciosa intenção, mas... Não consigo dormir.

— Ana, você é rica, não tem que se preocupar com nada. Agora vai dormir, ou eu vou te nocautear – a garota ameaçou.

— Para que a violência? – Ana fez drama.

— Estou terminando de fazer meu currículo. Estou morrendo de sono, mas tenho que enviar isso hoje.

— Ah - a garota entortou a boca e sentou no sofá.

— A foto está ruim? - Kate perguntou, mostrando a tela do notebook a amiga.

— Claro que não. Está super gata, com certeza vai ser contrata.

— Ah, claro, até porque o objetivo é eles me contratarem pela foto, não pelo currículo em si - ironizou Kate.

— Xi, que mal-humorada - Ana reclamou.

— Não estou mal-humorada, estou com sono.

— Me dá aqui, deixa que eu termino para você.

— Sério?

— É claro. Sei mais sobre você do que você mesma - Ana disse, já pegando o aparelho das mãos da loira.

— Então, por que não consegue dormir? – perguntou a garota, cruzando as pernas no sofá de frente para a amiga.

— Não sei... – Ana resmungou.

— Sabe, depois das 1h da manhã, as únicas pessoas que ficam acordadas são aquelas que não sabem o que está acontecendo com sua vida. Ou, é claro, aquelas que precisam de um emprego. Mas como essa última não é o seu caso...

— Eu falei com o Christian hoje – declarou a Lincoln.

— Foi muito ruim?

— Nem tanto, eu acho. Mas eu também falei com a Elena.

— Eles estavam juntos?

— Não, foi em momentos diferentes.

— Ah. E aí? Como foi com a Elena?

Ana suspirou e cruzou as pernas no sofá, tirando os olhos do notebook e olhando para o nada.

— Não sei dizer - falou, sua voz saindo com dificuldade.

— Não, não fica assim. A Elena não merece isso.

— Não consigo... Eu não entendo o que eu fiz de errado para ela me odiar. Às vezes, penso tanto nisso que mal consigo... suportar – confessou a outra.

— Então pare de pensar. Ela não merece você. Na verdade, nenhum dos dois merece você.

— Ah, ele... Ele é um idiota!

Kate sorriu.

— Querida, você é a pessoa mais preguiçosa e dorminhoca que eu já conheci na vida. Se esse Christian está fazendo você perder o sono, é por que o negócio é sério.

— Kate, qual é!? - reclamou a outra.

— Olha, não é o fim do mundo, okay? Tudo bem, talvez você não tenha superado 100%, mas é assim mesmo. E pode ser que uma parte sua, nunca vá superar isso. Mas isso não quer dizer que você tenha que se fechar, que você não possa seguir em frente. Ignora, amiga. Ignora até não existir mais nada.

Ana não respondeu, apenas ficou olhando sem realmente ver o aparelho em seu colo.

Era difícil ignorar, e ainda mais fingir que não existia.

— Ana?

A garota fungou, para o desespero de Kate. A loira nunca havia visto a amiga chorar. Não que a garota estivesse chorando naquele momento, mas parecia estar prestes a fazê-lo.

Ana sempre teve aquele jeito meio durona de "nada me abala", embora isso convença na maioria das vezes, tem horas que era impossível não desmoronar, um olhar mais observador notaria que a insegurança transbordava em seus gestos, no ar tristonho que ela leva no olhar às vezes quando acabava pensando demais em tudo. Fria, grossa, arrogante, se acha! Eram adjetivos que as pessoas frequentemente usavam para se referir a Ana, mas tão pouco sabiam quem ela realmente era, quando ninguém estava olhando... E agora estava deixando transparecer para Kate.

— Eu queria chorar... - declarou. - Mas isso é coisa de pessoas fracas. E eu não sou fraca. Então eu não vou chorar. Mas eu estou muito triste, entende? Tem algo, além de chorar, que as pessoas podem fazer quando estão tristes?

Kate sentiu seu coração apertar. Doía ver Ana daquele jeito, ainda mais por pessoas não mereciam nem um "oi" dela.

— Bom, você pode xingar – sugeriu a loira.

— Puta que pariu - a menina disse como se estivesse recitando um poema.

— Está se sentindo melhor? - Kate tentou.

— Não, acho que isso não funciona.

Kate mordeu o lábio e a abraçou apertado.

— Okay... - Ana sussurrou quando Kate se afastou longos minutos depois. – Sabe, isso funcionou. Estou me sentindo bem melhor agora - a loira sorriu para ela. - Às vezes eu nem acredito que você seja real, sabia? Penso que você, talvez, seja apenas uma ilusão, uma espécie de droga que eu criei para deixar meu psicológico anestesiado.

— Uau, está meio filosófica - Kate riu, fazendo a menina rir também. - Mas eu estou aqui, nunca pense que eu não estou.

— Você é a melhor coisa que eu tenho na vida, Kate - Ana falou, recebendo outro abraço, agora mais demorado.

Com cada pequeno desastre que aconteceu em sua vida, ela deixou as águas se acalmarem, se deixou levar por algo real e seguro enquanto Kate acariciava seus cabelos.

E logo o dia amanheceu, e Kate e Ana caminhavam pelo saguão de um prédio - no Piket Place, onde a loira sugeriu - com a atendente prestativa lhes mostrando tudo. Ana decidiu que ficariam no segundo andar, não era muito fã dos apartamentos altos demais, sempre teve medo de a luz acabar e ter de subir inúmeras escadas para chegar até lá embaixo.

No mesmo dia elas se mudaram, e já era noite quando o celular de Ana tocou.

— Anastasia Timber - falou, revirando os olhos, odiava aquele sobrenome, mas era melhor do que usar Lincoln.

— Srta. Ana, aqui é Mark, da agência de automóveis.

— Ah, oi, Mark.

— Estou ligando para dizer que seu carro já chegou. Fomos até o hotel que a senhorita estava hospedada para entregá-lo, mas disseram que já havia saído de lá.

— Ah, é... É que eu me mudei para um apartamento, vou te mandar o endereço por mensagem.

— Okay.

— O senhor consegue trazer hoje ainda? É no Piket Place...

— Claro, em uma hora e meia seu carro estará aí.

— Obrigada, Mark.

— Ao seu dispor.

Ana encerrou a ligação e foi até o quarto de Kate.

— Nosso carro chegou - falou, abrindo um sorriso de orelha a orelha.

Era engraçado como Ana sempre se referia às próprias coisas como coisas de Kate também.

— Que ótimo, não precisamos mais andar de táxi - Kate suspirou.

— Uhum. Mark disse que traz em uma hora e meia, então eu estava pensando que a gente podia sair.

— Sair?

— Sim. Você não conhece os Estados Unidos, e eu pretendo te mostrar.

— Não confio nas coisas que você quer me mostrar – disse a outra desconfiada.

— Ah, qual é, Kate!? Ontem não foi tão ruim, não para você. Eu vi você e o Elliot conversando a noite toda.

A loira ficou vermelha e Ana riu.

— Ele só estava sendo simpático.

— Claaaaro.

— Ana, vê se cresce.

A garotas levantou as mãos em rendição e sorriu.

— Tudo bem... Mas agora é sério, vamos?

— Aonde?

— Sei lá, podemos ir num bar por aqui mesmo, depois podemos ir para uma boate, dançar...

— Não é muito a minha praia.

— Kate, fala sério! Estamos de férias.

— De férias? Não, Ana. Você está de férias. Na verdade, você está sempre de férias. Eu preciso arrumar um emprego, preciso de um estágio.

— Ah, sobre isso... - Ana começou, sorrindo amarelo e se sentou na cama.

— O que você fez? - Kate perguntou.

— Eu conheço um cara que trabalha no New York Times, e ele é amigo de um dos fundadores do The Seattle Times.

— E...?

— E que eu estava falando com ele sobre você, que acabou de se formar em jornalismo, que é uma ótima redatora...

Kate se ajoelhou na cama.

— Ana, fala logo!

— Bom, ele quer ver seu trabalho, e então eu marquei uma entrevista para você. Na segunda, ás 10h00min.

Kate arregalou os olhos.

— O quê!?

— É um estágio de três meses, e se você for muito boa mesmo, pode conseguir ser uma das redatoras do jornal.

— Ai, meu Deus! Do Seattle Times!?

— Sim, Kate.

A loira abriu a boca, mas não saiu nenhum som. De repente ela se jogou em cima de Ana, resultando nas duas caindo no colchão da cama com tudo.

— Você não existe! - Kate quase gritou de felicidade.

Ana riu.

— Okay, agora vamos comemorar isso e torcer para que eu não tenha quebrado um osso - falou ela, levantando-se.

— Ainda nem tirei as roupas das malas...

— Nem começa, Kate. Você não tem mais desculpas. E nem vem com "eu preciso me preparar", você nasceu para isso. Então...

Kate balançou a cabeça, sem conseguir parar de sorrir.

— Tudo bem - rendeu-se.

Ana deu uma piscadinha e foi em direção a porta do quarto, porém se virou, com a mão na maçaneta e o corpo já no corredor.

— Sabe, até posso chamar o Elliot... - não conseguiu terminar a frase, pois Kate lhe jogou uma almofada e a mesma teve que fechar a porta por reflexo.

Kate revirou os olhos quando ouviu a gargalhada de Ana.

Mais tarde, já arrumada, Ana parou de frente para a amiga, deu uma voltinha.

— E então, estou ou não estou de parar o trânsito? - perguntou, olhando-se no espelho do quarto.

— Você está é de parar o tráfego aéreo, amor! - Kate falou, dando uma piscadinha.

A garota riu.

— Você também não está nada comum - Ana disse, analisando a amiga.

— Bom, pensei em causar hoje - a loira falou.

A boca de Ana se abriu.

— Quem é você? - perguntou.

Kate sorriu.

— Você não vive reclamando que eu sou muito quietinha e blá blá blá?

— Bom, não estou reclamando agora, só estou achando estranho... Hum, acho que esse é o efeito Elliot em você.

Kate colocou as mãos na cintura e levantou as sobrancelhas para a amiga.

— Relaxa, só estou brincando, mulher.

Ana estava dirigindo seu Audi meia hora mais tarde, sem conseguir parar de sorrir por finalmente pegar no volante de seu "filho" favorito.

— Hey, é o Space Needle - Kate disse.

— Nunca foi lá? - Ana perguntou.

Kate revirou os olhos para a garota.

— Ah, imagina, com certeza já fui, mesmo que eu nunca tenha vindo aos Estados Unidos antes de ontem.

Ana sorriu amarelo.

Havia se esquecido.

Ela cresceu indo ao Space Needle, e não conseguia aceitar o fato que alguém com vinte e dois anos nunca havia ido lá em toda sua vida.

— Nós podemos ir lá amanhã, você vai adorar.

Kate sorriu, concordando. Com o tempo, ela foi se acostumando a Ana, a como a garota realmente não se importava com o dinheiro e queria dá-lo para o mundo. Kate ainda se sentia desconfortável às vezes, mas conseguiu colocar em sua cabeça que Ana apenas queria dividir suas experiências, e bem, a loira não podia pagar 600$ num jantar.

Quando chegaram à Cuff Complex, o relógio batia 21h34min.

— A gente não vai virar a noite, hein - Kate já dizia enquanto saía do carro.

Ana entregou a chave ao manobrista e pegou o número, já colocando na bolsa.

— Kate, você vai se divertir tanto que não vai querer ir embora - a garota disse, já do lado da amiga.

A loira olhou para a enorme fila que havia na frente das portas da boate e franziu as sobrancelhas.

— Relaxa, nós somos VIP's, gata. Comigo você nunca vai enfrentar fila - Ana disse, indo em direção ao segurança que olhava as identidades.

Kate foi atrás, ainda com as sobrancelhas franzidas.

— Kate, para de olhar assim, eles vão interpretar de maneira errada... E, claro que eu sou sua amiga, faria tudo por você, mas não entraria nessa briga não - Ana disse.

— Mas, Ana, por que... - Kate começou, mas foi interrompida pela amiga que pediu sua identidade. - Toma.

— Aqui - Ana deu os documentos ao homem e o mesmo abriu passagem para as duas. - Venha, Kate, não se perde não, senão eu não consigo mais te achar.

O clube estava lotado, mas o lugar era tão grande que as pessoas podiam circular sem esbarrar umas nas outras.

— Ana - Kate puxou a outra quando a mesmo se sentou num banco do balcão.

— O quê? - Ana perguntou.

— Você não acha melhor a gente sair daqui? Eu não acho que seja lugar para a gente.

— Fala sério, Kate. É o melhor lugar de todos. Quer tequila? Vou pedir.

Após duas doses, Kate ainda se sentia totalmente deslocada naquele lugar. Lady GaGa era ouvida no último volume, e todo mundo parecia estar gritando ao mesmo tempo. Ela já havia ido em algumas boates com Ana, mas nenhuma se comparava àquela.

— Que foi, Kate? - Ana perguntou, quando viu que a loira estava toda acanhada.

— Tem um bar aqui do lado, por que a gente não vai para lá? - a loira sugeriu.

Ana riu.

— Ah, Kate, eu te adoro! - a garota ainda ria quando a música mudou.

Ela não conhecia bem, mas já ouviu Ana cantá-la a plenos pulmões. A letra era bonita, mas parecia ter um efeito de ser bem mais que bonita para as pessoas da boate.

— Hey, vamos dançar, eu adoro essa música - Ana disse, levantando-se do banco.

— Agora? Não, parece que toda a boate foi para pista. Ficou doida? - Kate gritava para ser ouvida.

Ana revirou os olhos.

— Assim que é bom! - a outra gritou de volta. - Vem, Kate.

— Não, obrigada, vai você. Vou ficar aqui esperando e cuidando da sua bolsa.

Ana riu novamente.

— Okay, não sai daqui, hein.

— Vamos! - alguém gritou para Ana e a puxou pela mão em direção à pista colorida e cheia de fumaça.

Kate franziu as sobrancelhas, preocupada: Ana nem conhecia aquela criatura e foi puxada pela mesma.

A loira balançou a cabeça.

Como a garota conseguia ser daquele jeito?

Ana já estava suava, e a música ainda nem havia chegado no refrão.

Mas então tudo explodiu.

 

I'm beautiful in my way

(Eu sou linda do meu jeito)

'cause god makes no mistakes

(Pois Deus não erra)

I'm on the right track baby

(Eu estou no caminho certo, baby)

I was born this way

(Eu nasci assim)

Don't hide yourself in regret

(Não se esconda em arrependimento)

Just love yourself and you're set

(Apenas ame-se e você estará feito)

I'm on the right track baby

(Eu estou no caminho certo, baby)

I was born this way

(Eu nasci assim)

 

Kate estava no mesmo lugar quando a música acabou, e viu Ana vir em sua direção. A garota estava suada, com um coque improvisado na cabeça e segurava a mão de um cara que usava uma camisa que dizia "não esqueça da camisinha".

Kate ficou paralisada.

— Ai, você perdeu, loira - o homem disse quando já estavam perto da mesma.

— Perdeu mesmo, Kate. Essa é a melhor hora das boates - Ana disse.

O homem ao seu lado concordou.

Kate ainda estava paralisada, sem dizer nada.

— Hum... - resmungou apenas.

— Ai, quero ir ao banheiro - Ana disse, após beber a água que pediu.

— É lá do outro lado da pista - o homem ao seu lado disse.

— Ah, não, eu não vou em banheiros de boates - a garota disse, pegando sua bolsa com Kate.

— Vai aonde, então? - a loira perguntou.

— No bar aqui do lado - Ana respondeu. - Talvez lá tenha comida, estou com fome. Quer vir?

— Claro, não vou ficar aqui sozinha - Kate disse, levantando-se do banco e ajeitando a bolsa no ombro.

A loira estava parecendo a mulher perfeita: do tipo que vai em uma boate e sai de lá linda. Se bem que ela praticamente não se mexeu dentro daquele lugar.

Ah, mas Ana iria fazer a garota se mexer, assim que elas voltassem do bar.

— Ah, quer saber? Vou com vocês - o homem disse, seguindo as duas.

Kate arregalou os olhos e Ana riu da reação da garota.

Sabia o que a menina estava pensando: e se ele for um assassino?

— Kate, esse é o José, ele quem me falou dessa boate. Nós éramos da mesma escola quando eu morava aqui - Ana tratou de explicar quando já estavam na rua. – Amigos de infância, sabe.

— Você não falou que havia conhecido ele em Amsterdã?

— Não, aquele era outro José, esse aqui é de Seattle mesmo.

— É, nós perdemos contato, mas nos encontramos no Japão quando ela morou lá por uns tempos - José acrescentou.

— Ele me disse que estava em Seattle hoje - Ana continuou.

— E eu pirei, né? Então, tratei de arrastar ela para os esquemas da noite - ele disse.

Kate deu um sorriso forçado. Não havia gostado muito dele, ele parecia  influência para Ana. Mas por um momento não se perguntou se aquilo não era ciúmes. Afinal, ultimamente ela não havia gostado de nenhum dos amigos "antigos" de Ana.

Chegaram ao bar, e José pegou uma mesa enquanto Ana e Kate iam ao banheiro.

— Está tudo bem? - a menina perguntou quando terminou de fazer xixi.

— Sim - Kate respondeu, retocando o batom. - Só não esperava que você iria encontrar com um amiguinho seu e ainda me levar naquele lugar.

— Ah, Kate, o José é legal, você só tem que se permitir conhecê-lo, e aquele lugar também é legal, você nem tentou.

— Ana! Você sabe que eu não gosto desses lugares, ainda me leva num todo estranho...

— Kate, é só uma boate.

— Uma boate gay! Eu nunca vi tanta droga na minha vida.

Ana revirou os olhos.

— Para com isso. Estávamos lá para nos divertir, apenas isso. Só por que você está vendo uma coisa, não quer dizer que você tem de usar. E não é só numa boate gay que tem droga, em um monte de lugares tem.

— E aquela fumaça toda?

— Aquilo é só na pista de dança. Ah, Kate, tudo bem, se não quiser voltar, a gente vai embora.

— Você está é fazendo chantagem emocional comigo!

— Não estou nada. Estou só...

— Fazendo chantagem emocional.

Ana mordeu o lábio.

Era exatamente aquilo que ela estava fazendo.

— Tudo bem, a gente volta para lá. Mas não me deixa sozinha – Kate avisou.

— É só você dançar também, que não vai ficar sozinha. Se você ficar parada lá, sem fazer nada, vai ficar sozinha sim. Então, vai para pista de dança comigo, ou dá uma volta pelo lugar, que quando você voltar vai estar cheia de amigos novos. Lá é o melhor lugar para arrumar novas amizades.

— Então quer dizer que você precisa de novas amizades? - a loira provocou de brincadeira.

— Não, claro que não, mas ter novas não faz mal algum. Agora vamos, antes que eu desmaie de fome.

— Eu adoro quando você diz que está com fome – disse a outra.

Ana sorriu e ajeitou o cabelo num coque novamente.

— Não me deixe comer muito – pediu. – Ou então não vou conseguir dançar.

Kate riu, saindo do banheiro com a amiga em seu encalço, mas a mesma parou assim que virou no corredor para onde ficavam as mesas e o bar.

— O que foi? Quase que eu caio, Kate! - Ana reclamou, se apoiando na parede por causa do quase tombo.

— Não olhe agora, mas acho que você não vai gostar do que vai ver - Kate disse, virando-se para a garota.

— O quê? - a outra perguntou, mas não recebeu resposta, a loira apenas ficou a encarando. - O que foi, Kate!? - insistiu, mas não esperou a resposta, apenas saiu do corredor.

Ela nem precisou procurar para saber do que Kate estava falando, seus olhos foram quase atraídos para a mesa onde Christian e Elena estavam sentados, parecendo velhos amigos conversando.

➰➰➰


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eeeepa, Aninha!
Xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "50 Tons de Mentiras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.