If it happens escrita por Nanaho


Capítulo 3
Terceira Regra


Notas iniciais do capítulo

* Achei ia demorar muito tempo para escrever esse último. Acho que eu tenho o mau hábito de complicar as coisas. Eu disse mais cedo que as palavras estavam transbordando de mim, e elas estão. É como se em algum lugar dentro de mim tivesse um cano quebrado e ele não parasse de jorrar palavras. Eu pensei que eu gostaria de enrolar até postar esse capitulo. Mas eu percebi que não era necessário.

* Eu também vou ter que editar a história e adicionar drama. Sinceramente, eu nunca vi essa história como drama até que uma menina comentou comigo que se sentiu triste. Então, eu começo a achar que eu estava triste e até então não sabia a razão.

* Em um parte desse capitulo que é pequenino como outros, sugiro que você (leitor) procure essa música aqui: Noturna (Silva part, Marisa Monte), e a ouça enquanto lê.



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3

 

Terceira Regra: Se você acredita que está apaixonada por mim, você não está 

 

 

Ponha isso na sua cabeça. Bom. Muito bom. Agora repita. Isso mesmo. Repita. Você não ama Natsu Dragneel. Muito bom, garota. Quer dizer, você o ama, sim. É claro que ama, ama muito. Mas não do outro jeito. Aquele jeito inconstante, instável e perigoso. Você o ama do jeito totalmente seu e seguro. Diferente, protetor, enciumado. Mas existem várias formas de amar, então está tudo ok ama-lo do seu jeito. Você faria tudo por ele se necessário, brigaria com ele se fosse preciso, declararia uma guerra se fosse preciso. Se ele te chamasse você iria. E se você o chamasse ele iria. Por que é isso o que os amigos fazem, não é? Eles estão lá quando você precisa deles e até mesmo quando não sabe que precisa deles.

 

 

Antes de começar a ler você deve saber que eu vou matar alguém até o final dessa história.

 

[...]

 

Depois daquela primeira vez. Vieram outras duas. Tão melhores quando a primeira.

Sabe quando você pega uma panela quente e deixa cair água dentro e faz aquele som bem característico: tiiizz. Feche os olhos agora. Imagine esse som em sua mente mesmo que você não possa ouvi-lo. Agora, imagine, que ao invés de aço é pele. Um calor insuportavelmente agradável que irradia de sua pele e ameaça fazer seu corpo entrar em combustão. Imagine essa mesma pele incandescente entrando em contato com água e produzindo aquele som característico – “tiizz” – só que em vez de água, é pele, a pele de outra pessoa que quando em contato com a sua provoca essa mesmíssima reação. Essa sensação é algo que você nunca esquece. Se você compreende isso então sabe que é único.

Neste momento eu só posso te contar o que eu senti. Só posso contar de uma maneira abstrata e figurativa as coisas que eu senti. Era como estar em chamas e não perceber que tinha uma queimadura até ser tarde demais. Por que aquilo me marcou. Marcou-me de uma forma que eu sou incapaz de transcrever. Mesmo que se passassem 40 anos eu me lembraria de tudo como se estivesse acontecendo agora: o coração ricochetando atrás das minhas costelas (um alien querendo arrebentar ossos, carne e músculos e escapar da prisão), a pele que queimava sem haver fogo, os pulmões que me pareciam um par de peças inúteis e descartáveis por que não captavam ar suficiente. Nunca seria o suficiente.

Por momento eu achei que passaria mal. Estava calor de mais e não havia ar o suficiente. Eu realmente achei que iria desmaiar e isso seria tão patético que eu tive o  desejo de rir. Como você é esquisita Lucy. Verbalizei meus pensamentos, mas ele apenas riu, a sua boca nunca abandonou minha pele e pensei: ok. Está tudo bem se eu desmaiar devido a essa overdose de sensação. Era totalmente justificável. Já fazia muito tempo desde que eu sentia algo como isso.  Então eu era um nervo exposto, sem proteção recebendo uma bomba de sensação e sem a capacidade de filtra-las e administra-las.

Minha respiração está irregular. O coração começa a bater mais rápido. Fico imóvel na cama. A boca está seca e me pego pensando na minha mãe há poucos passos do quarto. Pergunto-me se ela pode captar os meus pensamentos e visualizar as minhas memórias. Deus queira que não. Tudo menos isso. A paranoia me consome: e se... Eu vou para sala, apenas para averiguar e fico alguns passos de distância para que minha mãe não me note.

Mãe, eu chamo com a mente. Tento outra vez. Mãe? Ok. Nada. Ainda é um ser humano que não lê os pensamentos do outro.

— No que você está pensando? — os olhos dela estão sobre mim. Olho para mamãe. De repente, me sinto assustada como se tivesse sido pega em flagrante. O que ela acharia se eu contasse para ele? O pensamento vem tão rápido e se vai com a mesma velocidade. Não. Definitivamente não. Cada nervo meu grita como se fosse um individuo e não uma unidade: ELA SABE!               

— Nada — digo rápido demais. Sinto o rubor tomar minhas bochechas. Então, minto: — Eu ia pegar alguma coisa, mas não lembro o que era.

Ela permanece olhando para mim por um longo tempo, não mais do que 10 segundos. — Você deveria refazer seus passos e ver se consegue lembrar — sugere. Assinto. É exatamente o que vou fazer: voltar para o quarto e ficar lá.

Eu gostaria de ter a habilidade de armazenar as memórias em caixas e deixa-las guardadas. Assim elas não saltariam quando quisessem para me fazer sonhar (quanto tempo um sonha dura? Eu ainda me sentia em um sonho). Assim eu poderia tê-las sempre que quisesse, guardar sempre que eu quisesse mais tê-las me assombrando e  novamente poder relembra-las. Mas, não existe um botão de liga e desliga e o meu cérebro não podia ser organizado com a mesma facilidade que se tem em um computador.

Eu me permito um escape seguro. Eu me deito, ajeito os fones em minhas orelhas e fecho os olhos quando a música começa:

 

[ venha cá não há nada a temer,

pode ser que o silêncio te escute]

 

Eu sinto que estou louca. Como se os meus sentimentos não fossem meus. Como se os meus pensamentos não fossem meus. Como se essa pele não fosse minha (o que está acontecendo comigo?). O sentimento é o mesmo de querer rasgar seu caminho através de uma membra, mas no meu caso eu estou tentando sair da minha própria pele. Quero fugir. Sinto que estou sendo seguida, mas o inimigo sou eu. Não tem como fugir de si mesma. Não tem como fugir que você *****.

[ é só relaxar,

é só se entregar,

não se preocupar

é bom pra pensar em nada,

em nada ]

 

Estou sufocando dentro de mim mesma

(Socorro)

 

[ é bom se lembrar de respirar de novo]

 

Eu sinto meus pensamentos frenéticos: estou dentro de um furacão do qual não posso escapar.  Não posso. Não posso. Não posso. Não posso. Não devo. Não me é permitido. É errado. Tão errado. Cai em uma teia de aranha. Uma teia que eu mesma criei. Meu coração está chutando minhas costelas outra vez.

Rolo na cama. Saia da minha cabeça, eu imploro. Posso sentir a minha pele acender como o pavio de uma vela. Lábios sobre pele macia, sobre outros lábios, sobre carne redonda e corada, lábios em minha pele. Cada beijo. Cada toque. Uma libertação. Mais do que um ato simples de prazer. Um lampejo desejo. Tão intimido. Mais do que apenas sexo. Enlouqueci. Enlouqueci. Essa é a única resposta.

Pego o celular. Clico na última conversa e digito: estou enlouquecendo.

 A resposta vem em seguida. Rápida. Certeira. Como se estivesse esperando que eu me manifestasse. Está pensando nele?

 Sim (eu estou).

Sim (eu também estou enlouquecendo por causa disso).  

Alguém me jogou de um avião sem paraquedas. Eu estou em queda livre. Braços e pernas agitados e em posição estranha. Errado. Tão errado. O coração saltando dentro do meu peito. Um gosto ruim na boca. Gelo ao invés de sangue. Há quilômetros do chão, caindo, caindo e caindo. Não há nada em que eu possa me segurar. Eu só queria impedir a dor. A dor que vai vir com a queda. Os meus pensamentos vão em direção a Ícaro que se aproximou demais do sol e teve a cera de suas asas derretida. Ao contrário de Ícaro ninguém havia me dado asas. Desde o começo eu jamais poderia me manter neste céu, eu nem ao menos havia me aproximado do sol. (Eu queria me aproximar do sol?).

Alguém havia me dado um avisado. Não um. Não dois como foram para Ícaro. Foram três avisos.  Eu quebrei cada um como se fosse vidro e agora eu sentia o resultado  de estar andando sobre cacos por tanto tempo. Agora sentia como se eu estivesse prestes a ser quebrada também (outra vez). Assim como Ícaro, eu também tinha sido avisada. Ícaro recebeu dois e ignorou um e olha no que deu: [advertiu Ícaro de que deveria voar a uma altura média, nem tão próximo ao sol, para que o calor não derretesse a cera que colava as penas, nem tão baixo para que o mar não pudesse molha-las.”¹ ]. Mas eu o compreendia. Assim como Ícaro eu fiquei deslumbrada com o Sol, eu o **** a distância do mesmo jeito que se *** coisas perigosas e disse que o que eu sentia não era *** (não é ***).

Eu também sentia que a qualquer momento alguém ia irromper pela porta do meu quarto e apontar o dedo na minha cara e dizer: eu te avisei.

O telefone vibra. Uma mensagem. Você o ***?

 Uma pergunta ridícula. A resposta é obvia: sim. Ele é o meu melhor. Eu o amaria mesmo se ele fosse um cacto e eu um balão (ah, o clichê). Literalmente, ele era um cacto com suas folhas em formas de agulhas e eu era um balão cheio de remendos.

O telefone vibra uma segunda vez. Eu demoro um pouco mais para responder dessa vez. Eu me levanto, vou ao banheiro, lavo as mãos. Fujo para a varanda e observo o céu ao entardecer. Isso me deu tempo para pensar.

 

[VOCÊ ESTÁ ********** POR ELE? ]

 

 A mensagem não veio toda em letras maiúscula, apenas o ‘v’. Para mim parecia que estava em letras maiúsculas, brilhando como neon durante a noite, ferindo os meus olhos com toda aquela luz colorida. Aquela pergunta era um absurdo tão grande e sem precedentes que eu fiquei sem palavras. Aquela sugestão chegava a ser ridícula e ofensiva. Senti a pele ficar gelada como se a temperatura tivesse despencado.

Começo a mover os dedos. Estou matando alguém hoje. Neste exato momento. Espero que, por favor, você possa me perdoar. Espero que... Por favor, não me odeie por ter que te matar. Acontece que é bem mais fácil do que ter que viver com você, entende?

Clico em enviar. Está feito. Não existe mais retorno. Uma consoante. Duas vogais.

Você entende o que estou matando aqui? Você entende o que estou fazendo aqui?

(Você entende?)


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Notas finais do capítulo

As vezes o que a gente quer e o que queremos proteger e manter conosco são completamente diferentes. Lucy podia ter se arriscado, podia ter se conformado de que ela estava realmente **********, mas ela tinha muito o que por em risco. Risco que ela não estava disposta a correr.

* a frase em colchetes que fala sobre ícaro eu retirei de um site de mitologia.



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